ㅤㅤTinha pilhas de coisas que Ji-soo se mudou e nunca mais olhou para elas. Nessa noite de insônia, alguma coisa lhe incomodou para começar a revirar aquela velharia cheia de poeira.

ㅤㅤDepois de tossir bastante, ela achou um álbum de fotos de quando era criança... caramba, parecia que aquilo não tinha sido há tanto tempo, mas ela tinha vinte e sete anos. Nunca pensou que sua vida passaria dessa forma, mas não tinha mais o que fazer.

ㅤㅤContinuou mexendo ali, sentada no chão, só ela e as caixas. Pegou uma que era praticamente uma gaveta de seu antigo quarto. Tinha um pequeno saquinho que nunca tinha reparado, e quando puxou a cordinha, viu um anel do lado de dentro. Um anel com o nome de 'Sana'... Quem era Sana? E porque ela teria uma aliança com o nome dessa moça em sua gaveta? Será que era uma amiga que pediu para guardar? Não, não fazia sentido, pois essa amiga teria ido visitá-la... Então, só restava essa opção. Ji-soo iria dar esse anel para uma mulher chamada Sana.

ㅤㅤEra demais para sua cabeça, ela esperava estar sonhando e que isso tudo era um grande pesadelo, e quando voltasse para a cama, acordaria como um anjo, como sempre foi. Foi assim que se deitou, cobrindo seu corpo como se tivesse fugindo de um monstro. Na-yeon percebeu sua presença na cama e encostou suas mãos enquanto continuava a dormir. Ji-soo acha o ato fofo, dando um beijo na sua testa.

ㅤㅤFechou os olhos, esperando cair logo no sono. E assim aconteceu, depois de uns quinze minutos deitada ali, confortamente. Mas o lugar que acordou, dessa vez, parecia mil vezes mais confortável do que estava. Cortinas brancas ventando para dentro do quarto, iluminando o ambiente a ponto de não consegui-la fazer abrir os olhos. Essa era uma sensação deliciosa, por que ela estava amando cada segundo do que estava acontecendo, sem entender bem o porquê.

ㅤㅤQuase não reparou na loira ao seu lado, dormindo como um anjo. A propósito, ela parecia mesmo um anjo daquele jeito. Não sabia seu nome, como estava ali, dormindo ao seu lado, mas essa sensação ela não gostaria de apagar jamais. Acariciou seu rosto com a mão, o que pareceu fazer cócegas em suas bochechas e Ji-soo fez com que ela acordasse sorrindo.

ㅤㅤ— O que te faz acordar tão feliz assim?

ㅤㅤ— Você ainda pergunta? Você está aqui comigo, nada pode ser mais especial do que isso. — Descansou seu braço em cima de seu corpo, fazendo um carinho em sua cintura.

ㅤㅤParecia que Ji-soo era mesmo especial que ela. No meio de um misto de sentimentos, ela encarava Sana, tentando decifrar o que exatamente ela fazia-a sentir. Nada naquele mundo fazia o menor sentido, mas, mesmo assim, Ji-soo se sentiu em casa.

ㅤㅤ— Quero falar com você.

ㅤㅤDe repente, o telefone começou a tocar novamente. Parecia uma cena de filme, mas sempre que isso acontecia, Park sentia um aperto no peito, de que algo estava errado ali. Mas, ainda assim, ela sabia que não poderia simplesmente deixá-lo tocando para sempre ou desligar.

ㅤㅤSe sentou na cama, vendo Sana continuar deitada na cama com um sorriso no rosto. Não parecia se importar em esperar, nem nada do tipo. Apenas caminhou até onde ele tocava e o atendeu.

ㅤㅤE acordou em sua cama de manhã, completamente sozinha. No fundo, ela se lamentava, porque aquela cama não era tão confortável quanto a dos seus sonhos. Se é que isso poderia ser chamado de sonho, tão realista quanto era.