ㅤㅤ𝗖𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟮: 𝗣𝗶𝗲𝗰𝗲 𝗼𝗳 𝗖𝗮𝗸𝗲
ㅤㅤChristopher se encontrava na cozinha. Sim, além de fotógrafo, ele sabia se virar e preparar algumas coisas. Estava fazendo um bolo de morango, o que agrada qualquer tipo de pessoa — desde que não seja um psicopata. Quer dizer, até Bang sendo o que era, sabia apreciar o sabor da fruta.
ㅤㅤMas é claro que ele não queria apenas ser gentil com isso. Estava atrás de descobrir um pouco mais sobre seus novos vizinhos. E aquele garoto, em particular. Não sabia explicar o que era isso, mas sentia uma forte curiosidade quando lembrava daquele rosto inocente.
ㅤㅤSabia que iria destruir isso em pouco tempo.
ㅤㅤTocou a campainha com o bolo nas mãos, torcendo para não deixar seu lado desastrado falar mais alto e acabar fazendo alguma besteira. Depois de alguns segundos, uma mulher abriu a porta. Franziu o cenho por não reconhecer aquele rosto de lugar algum.
ㅤㅤ— Oi, posso ajudar? — perguntou de maneira genérica, sem ter a mínima noção de quem era aquele homem.
ㅤㅤ— Você é o vizinho da casa ao lado, não é? — O garoto passou pela mãe, chegando até a porta para vê-lo claramente.
ㅤㅤSeus olhos mergulharam nos dele. Sabia que sentir esse tipo de coisa era errado, já que sabia exatamente qual seria seu fim. Talvez tivesse um jeito de salvá-lo de si próprio? Não quando ia a fundo atrás dele.
ㅤㅤ— Sim, sou eu. — Abriu um sorriso convidativo. — Vi que estavam se mudando e decidi preparar esse bolo como um desejo de boas vindas.
ㅤㅤQuem o via falando desse jeito, não poderia sequer imaginar que ele era um psicopata doente que fotografava suas vítimas indefesas. Parecia mesmo um anjo caído batendo na sua porta.
ㅤㅤ— Ah, desculpe! — a mulher riu, sem jeito. — Por que não entra? — Deu espaço para que ele entrasse.
ㅤㅤ— Obrigado. — Fez um sinal de cumprimento com a cabeça e passou pelos dois, deixando o bolo na mesa mais próxima.
ㅤㅤ— Por favor, não repare na bagunça. — disse.
ㅤㅤ— Não se preocupe, sei que mudanças são complicadas. — disse, ficando de pé em um lugar mais vazio.
ㅤㅤ— Sente-se, eu vou preparar um chá para comermos o bolo. — Saiu dali, indo em direção à cozinha.
ㅤㅤNesse momentos, ambos ficaram sozinhos, sem saberem o que dizer. Christopher se sentou em um dos sofás. Mas aquele garoto queria tanto conversar com ele, saber mais sobre ele. Por algum motivo, ele o achou muito interessante.
ㅤㅤ— Meu nome é Jeong-in. — quebrou o silêncio. — E o seu?
ㅤㅤ— Bang Christopher. — respondeu sem dar muitas chances. Por mais que quisesse conversar com ele, fazer isso na frente de sua mãe o deixava inquieto.
ㅤㅤ— Posso chamar só de Chris? — Abriu um sorriso tão meigo quanto o primeiro. Era tão sutil e fofo que era praticamente impossível esquecer.
ㅤㅤ— Claro. — Sorriu fraco, sem desviar os olhos dele. — Então... Por que decidiram se mudar pra cá? — resolveu perguntar.
ㅤㅤ— Bem... Meu irmão morreu recentemente. — o clima pesou.
ㅤㅤ— Não precisa falar sobre isso, se não quiser. — entendeu que era um tópico sensível.
ㅤㅤ— Não, não, está tudo bem. Na verdade, nós não sabemos se ele realmente morreu. A algum tempo atrás, ele disse que iria sair à noite e não voltou mais. — essa descrição...
ㅤㅤChristopher sentiu um arrepio percorrer pelo seu braço. Por que ele sentia que tinha alguma coisa haver com isso? Pode ser que estivesse ficando louco, mas talvez responderia a conexão que ele sentia com Jeong-in.
ㅤㅤ— Qual... era o nome dele? — perguntou, sentindo o medo antes da resposta.
ㅤㅤ— Han Ji-sung. — respondeu com a maior naturalidade.
ㅤㅤNesse momento, uma sensação de tonteira invadiu o corpo de Christopher, como se ele estivesse vendo o velório do garoto bem diante de seus olhos. Por mais que pensasse que seria fácil lidar com isso, não era.
ㅤㅤ— Jeong-in. — Sua mãe chegou na sala, furiosa. Tocar no assunto pode ter sido uma má ideia em vários sentidos. — Não falamos sobre ele. Você sabe.
ㅤㅤ— Desculpa, mãe... — Abaixou a cabeça, sentindo-se culpado por despertar essa dor mais uma vez dentro de seu coração.
ㅤㅤ— Desculpe, eu tenho que ir. — Se levantou tão rapidamente que eles puderam jurar que não estava se sentindo nada bem.
ㅤㅤ— Você está bem? Aconteceu alguma coisa? — Yang se levantou, preocupado.
ㅤㅤ— Não, estou bem. — disse, se aproximando da porta, evitando olhar para seus olhos inocentes enquanto os seus estavam tomados pela culpa.
ㅤㅤ— Mas e o bolo? — a mulher perguntou.
ㅤㅤ— Fica para a próxima.
ㅤㅤFechou a porta atrás de si e correu para seu apartamento. Aquele lugar que servia de lar, agora parecia o cativeiro que sempre foi. Mas só agora ele pode perceber isso. Correu até o banheiro, sentindo seu estômago revirar. Vomitou na pia, sentindo-se impotente. Essa era a pior sensação.
ㅤㅤNão era fácil lidar com as consequências de seus atos.
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