ㅤㅤTrabalhar numa locadora sempre foi o emprego perfeito para Yeon-jun, um ambiente calmo e tranquilo que as pessoas só iam para alugar seus filmes e voltavam para devolver. Era como uma terapia para a cabeça agitada que sempre teve.

ㅤㅤ— Yeon-jun. — seu chefe, Kang Tae-hyun apareceu, chamando sua atenção. — Esse é seu novo colega de trabalho, Choi Soo-bin. — Apontou o garoto ao seu lado.

ㅤㅤPor um segundo, Yeon-jun o analisou de cima a baixo, mas não com um olhar julgador. Pelo contrário, queria conhecê-lo melhor assim que o viu. Parecia um garoto tímido, mas que não tinha medo de se arriscar em um novo lugar.

ㅤㅤ— Prazer. — Ele estendeu a mão. Yeon-jun não tardou em apertá-la.

ㅤㅤ— O prazer é todo meu. — respondeu com educação.

ㅤㅤ— Vou deixá-los sozinhos para se apresentarem melhor, mas não se esqueçam de voltar ao trabalho. — Tae-hyun disse, dando as costas ao ir embora.

ㅤㅤ— Então, Soo-bin... — Yeon-jun se inclinou na bancada, olhando-o de mais perto. Ele não parecia se sentir envergonhado com isso. — O que você gosta de fazer?

ㅤㅤ— Você vai achar que é mentira, mas eu gosto de estudar, ler... — ia dizendo, antes de ser interrompido.

ㅤㅤ— Não, eu quis dizer... O que você gosta de fazer de bom? — perguntou, arrancando um riso do próprio.

ㅤㅤ— Eu gosto de ouvir música. — respondeu simplista.

ㅤㅤ— Que tipo de música? — ficou mais interessado.

ㅤㅤ— One Direction. Conhece?

ㅤㅤO coração de Yeon-jun disparou, como se nunca tivesse conhecido outro garoto que ouvia One Direction. E realmente não conhecia, ele era o primeiro.

ㅤㅤ— Baby, you light up my world like nobody else... — começou a cantar.

ㅤㅤ— The way that you flip your hair gets me overwhelmed... — completou, ambos sorrindo juntos. Mal conhecia aquele garoto, mas sabia que iam se dar muito bem.

ㅤㅤ— Acho que seremos bons amigos. — disse. — Mas é melhor começar a trabalhar, ou Tae-hyun pode aparecer aqui furioso com a gente.

ㅤㅤ— Você parece mais chefe que ele.

ㅤㅤVirou de costas, indo até as prateleiras para começar a arrumá-las. Era bom vê-lo trabalhar, porque o último que ocupou aquele cargo, mal olhava para ele, um verdadeira antipático. Mas Soo-bibn parecia ser diferente. Com poucos minutos de trabalho, os dois já se mostraram ser uma futura dupla muito boa. Yeon-jun estava ansioso para conhecê-lo um pouco melhor.

ㅤㅤ[...]

ㅤㅤ— Ei, Soo-bin! — chamou sua atenção, logo depois de pendurar seu avental. — É hora do almoço, está afim de irmos comer em algum lugar?

ㅤㅤ— Seria maravilhoso! — Sorriu grande e fez o mesmo movimento que ele. — Mas, na verdade, eu acabei de chegar na cidade, não tem nenhum lugar que eu conheça.

ㅤㅤ— Deixa essa parte comigo. — Abriu a porta, esperando que ele passasse. — Sei de um lugar muito bom aqui perto. Assim não atrasamos na hora de volta.

ㅤㅤ— Parece que você teve bastante tempo para pensar sobre isso. — Riu, andando do lado dele na calçada.

ㅤㅤ— Acredite, Tae-hyun só aparenta ser gente boa. Você não faz ideia de quantas broncas eu já recebi daquele homem. — Suspirou, se lembrando de maus momentos.

ㅤㅤ— Eu imagino... — Acabou rindo de sua frustração.

ㅤㅤQuando finalmente chegaram no restaurante, Yeon-jun segurou a porta para ele e entrou logo em seguida. Ele estava atrás e não podia ver sua expressão, mas Soo-bin estava impressionado com o lugar.

ㅤㅤ— Yeon-jun, isso não é muito caro? — perguntou com um medo enorme de estar incomodando.

ㅤㅤ— Não se preocupe com isso, é por minha conta hoje. — Se sentou em uma mesa vazia. — Eu quem convidei.

ㅤㅤ— Caramba, você é um ótimo colega de trabalho. — disse, arrancando um riso seu. — Mal nos conhecemos e você já paga a conta?

ㅤㅤYeon-jun apenas sorriu, deixando a conversa morrer. Não queria que fosse assim no dia em que conheceu uma pessoa nova, mas tinha um certo assunto que estava lhe incomodando muito, ao ponto de não conseguir se concentrar no que estava acontecendo naquele exato momento.

ㅤㅤ— Yeon-jun, está tudo bem? — ele perguntou ao notar que algo estava errado. — Você mexe no celular de cinco em cinco minutos. — fez uma observação, já que ambos esperavam seus pedidos.

ㅤㅤ— Já que você perguntou, tem uma coisa que está acontecendo, sim. Eu tenho um irmão, o nome dele é Bem-gyu, e ele está tendo uma fase muito difícil. Ele só tem quinze anos e quer sair de casa.

ㅤㅤ— Mas por que? — queria entender.

ㅤㅤ— Ele está tendo muitas crises de ansiedade e meus pais não entendem isso. Eles insistem que ele tem culpa do que está passando e nada do que eu falo ajuda. — Suspirou, mostrando o quanto estava cansado dessa situação. — Tenho medo de que, a qualquer momento, eu receba uma mensagem de que ele saiu de casa.

ㅤㅤ— Eu não sei descrever o quanto essa situação deve ser complicada. — Pegou sua mão em cima da mesa, chamando ainda mais sua atenção. — Mas saiba que agora você tem um amigo para poder falar sobre isso.

ㅤㅤ— Está querendo que eu pague todas as contas daqui pra frente? — Separou as mãos, segurando a vontade de chorar ali mesmo, na frente dele.

ㅤㅤ— Não seja estúpido.

ㅤㅤLogo em seguida, o garçom chegou com suas comidas e o assunto se encerrou definitivamente enquanto eles comiam. Yeon-jun estava feliz por seu novo amigo.