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𝟓𝟒. 𝗐𝗈𝗋𝗌𝗍 𝖼𝗁𝗋𝗂𝗌𝗍𝗆𝖺𝗌 𝖾𝗏𝖾𝗋

˖ ଽ *.₊˚❛ CHAPTER FIFTY FOUR ៳ׄ ֢ ♡
⩇⩇. - ✶𝗉𝗂𝗈𝗋 𝗇𝖺𝗍𝖺𝗅 𝖽𝖾 𝗍𝗈𝖽𝗈𝗌 ❜

❛ Vocês dois são piores que o Pirraça. E ele é morto. ❜

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DEZEMBRO CHEGOU, TRAZENDO CONSIGO não apenas a neve, mas também uma tempestade gelada de deveres de casa, que parecia não ter fim para os quintanistas. Hydra Malfoy, Hermione Granger e Ronald Weasley, agora carregando a responsabilidade de serem monitores, pareciam estar em três lugares ao mesmo tempo. Supervisionar as decorações de Natal do castelo ⸻ Uma tarefa quase impossível com o Pirraça sabotando tudo que tocava ⸻ Vigiar os alunos mais novos que, por causa do frio cortante, passavam os intervalos dentro do castelo, e ainda dividir patrulhas com Argo Filch, que parecia sinceramente convencido de que o "espírito natalino" era uma desculpa para duelos ilegais.

⸻ Tenta pendurar festões com o Pirraça segurando a outra ponta e tentando te estrangular com ela! ⸻ Reclamou Ron, esfregando a marca vermelha no pescoço. ⸻ Juro por Merlin, aquele fantasma precisa de um exorcismo.

Hydra, encostada numa parede com os braços cruzados, bufou com desdém.

⸻ Esses pentelhos do primeiro ano não têm um pingo de respeito. Ficam soltando bombinhas e correndo feito dementadores com lombriga. Na nossa época, a gente pelo menos fingia ter noção.

⸻ Na sua época? Faz CINCO anos, desbotada. ⸻ Provocou Ron, abrindo um sorriso torto. Mesmo cansado, ele sempre encontrava energia para implicar com a namorada.

Hydra ergueu uma sobrancelha platinada e estalou a língua.

⸻ Cala a boca, cabeça-de-fósforo, ou eu enfio esse visgo debaixo da sua cueca e deixo os Narguilés fazerem o resto.

Hermione, que observava os dois de cima de um banquinho enquanto tentava consertar uma guirlanda mágica enfeitiçada por Fred e George, suspirou.

⸻ Vocês dois são piores que o Pirraça. E ele é morto.

⸻ Pelo menos ele não ronca igual o Ron ⸻ Retrucou Hydra, com um sorrisinho debochado, antes de dar um beijo rápido na bochecha do garoto. ⸻ Mas eu ainda gosto do meu ruivinho barulhento.

Ron corou até as orelhas.

⸻ Você é insuportável.

⸻ Você me ama.

⸻ Infelizmente.

Apesar da troca de farpas, havia um carinho sincero entre os dois ⸻ tão intenso quanto os rompantes temperamentais de Hydra.

Mais tarde, na sala comunal da Sonserina, Hydra sentava sozinha em frente à lareira verde-esmeralda. Estava tensa. O pergaminho que segurava nas mãos tremia levemente. Era uma carta de sua mãe. Fria, distante. Com um convite obrigatório para o Natal na mansão.

"Esperamos você dia 24. Nada de atrasos. Seu pai deseja vê-la."

A loira apertou os lábios. Draco, sentado do outro lado da sala, ao lado da namorada Wanda, observava a irmã com preocupação.

⸻ A gente vai? ⸻ Ele perguntou baixo.

Hydra soltou uma risada amarga.

⸻ Parece que não temos muita escolha, né?

Wanda franziu o cenho.

⸻ Você pode passar aqui. Ou com o pessoal da Armada. Ou... comigo. Meus pais aceitariam.

⸻ Acha mesmo que a mamãe vai me deixar em paz depois do beijo no campo de Quadribol ter virado assunto nos corredores? Depois de eu estar namorando um Weasley?! Um traidor de sangue, Draco. ⸻ Ela bateu a carta no sofá. ⸻ Ela vai arrancar minha língua e servir de enfeite de Natal.

Draco ficou em silêncio. Ele entendia. Hydra podia ser teimosa, impulsiva e briguenta, mas dentro daquelas paredes da mansão Malfoy, eles sabiam o que era crescer com medo. Com regras. Com dor. E agora havia mais: Hydra era uma lobisomem. E mais gente sabia. E os riscos estavam aumentando.

Na manhã seguinte, a última reunião da Armada antes do recesso de Natal tomou forma na Sala Precisa. Harry chegou primeiro, como sempre, e deu um sorriso pequeno ao ver a decoração exagerada feita por Dobby. As bolas douradas com "HARRY CHRISTMAS" e seu rosto faiscando em todas as direções o fizeram gemer em voz alta.

Hydra foi uma das primeiras a chegar, usando sua capa preta com detalhes em prata e o cabelo preso num rabo de cavalo alto. Sua expressão era carrancuda, e o humor ⸻ mais curto que nunca.

⸻ Se eu encontrar esse elfo, juro que enterro essas bolas douradas onde o sol não toca. ⸻ Resmungou, olhando para o teto.

⸻ Mas tá engraçado, vai. Olha isso aqui, você com cara de cu e o Harry com essa expressão de "salvem-me do Natal". Combina.

⸻ Vai tomar no cu, Ronald.

⸻ Esse é o espírito natalino, então? ⸻ Perguntou Harry, tentando não rir.

Luna apareceu pouco depois, com sua típica tranquilidade etérea.

⸻ Visgo. ⸻ Comentou, apontando para cima da cabeça de Harry. ⸻ Cuidado com os Narguilés. Costumam se esconder entre as folhas.

Hydra rolou os olhos.

⸻ Se um bicho desses cair na minha cabeça, eu taco fogo.

A chegada de Angelina, Katia e Alícia interrompeu a possível guerra entre Let e os Narguilés. As três estavam geladas, encolhidas sob os casacos.

⸻ Finalmente conseguimos substituir você, Potter. ⸻ Disse Angelina, jogando a capa no chão.

Harry franziu a testa.

⸻ Substituir?

⸻ Temos um novo apanhador. Gina Weasley.

Hydra deu um sorrisinho ao ver a surpresa no rosto do amigo.

⸻ Ela é boa, Harry. Tipo, boa de verdade. Foco de inferno na bola. Você ia ficar orgulhoso.

⸻ Bom, se for pra perder meu lugar, que seja pra uma Weasley. ⸻ Disse Harry, dando um sorriso fraco.

⸻ Mas só porque é sua cunhada, né? ⸻ Alfinetou Hydra com um olhar zombeteiro. ⸻ Não é, cabeça-de-fósforo?

Ron revirou os olhos.

⸻ Você fala como se não estivesse indo passar o Natal com sua mãe psicótica.

A expressão de Hydra se apagou.

⸻ É. Pois é.

Harry percebeu o silêncio estranho e trocou um olhar rápido com Ron. Hermione, que acabara de chegar, também notou a tensão. Ela se aproximou de Hydra.

⸻ Você não precisa ir, sabe disso, né?

Hydra abaixou os olhos.

⸻ Eu preciso. Alguém tem que segurar as pontas. E se eu fugir agora... eles vencem.

⸻ Você não está sozinha. ⸻ Disse Ron, mais sério do que o normal. ⸻ A gente tá aqui. E se eles tentarem qualquer coisa... eu juro que acabo com eles.

Hydra olhou para ele e, por um momento, seu olhar brando se mostrou por trás da muralha de sarcasmo e xingamentos. Ela se aproximou, segurou a mão do namorado e murmurou:

⸻ Você é burro, impulsivo, se mete em briga que não devia... Mas eu te amo, Rony.

⸻ E você é a pessoa mais insuportável, boca-suja, e teimosa que eu já conheci. Mas eu também te amo, Desbotada.

⸻ Achei que hoje deveríamos repassar o que já fizemos até agora, porque é a última reunião antes das férias e não tem sentido começar nada novo antes de uma pausa de três semanas... ⸻ Harry chamara a atenção de todos.

⸻ Não vamos fazer nada novo?! ⸻ Exclamou Zacarias Smith, bufando com impaciência e resmungando alto o suficiente para ser ouvido por toda a Sala Precisa. ⸻ Se eu soubesse, nem teria vindo.

⸻ Então sai, porra! ⸻ Respondeu Hydra, com um deboche entredentes e os braços cruzados. ⸻ Ninguém te implorou pra vir, muito menos pra abrir essa boca de caldeirão furado.

Algumas pessoas tentaram abafar o riso, mas não conseguiram. Colin Creevey deu uma gargalhada audível, e até mesmo Cho Chang riu, o que fez o estômago de Harry despencar como se ele tivesse tropeçado num degrau invisível.

⸻ Ele tá sempre nessa ladainha, parece que engoliu um dementador reclamão ⸻ Hydra continuou, bufando enquanto mexia no cabelo platinado impecavelmente solto por sobre os ombros. ⸻ Pé no cu e porta da Sala, Smith.

⸻ Hydra..... ⸻ Murmurou Hermione, tentando soar repreensiva, mas com os cantos da boca tremendo de tanto segurar o riso.

⸻ Que foi? Alguém tinha que dizer. ⸻ Ela deu de ombros com teatralidade. ⸻ cabeça-de-fósforo faria o mesmo.

Ron, ao lado dela, assentiu com orgulho e um sorrisinho no canto da boca.

⸻ Desbotada, às vezes você me dá medo de verdade, ⸻ Disse ele, rindo e cutucando a cintura de Hydra, que logo se virou com uma risadinha maliciosa.

⸻Você me ama assim mesmo, ruivinho. ⸻ Rebateu ela, e trocou um olhar cúmplice com ele antes de se posicionar ao lado do namorado para a prática.

Harry pigarreou, retomando o controle da situação.

⸻ Podemos praticar aos pares. Vamos começar com a Azaração de Impedimento por dez minutos. Depois pegamos as almofadas e praticamos o Estuporante de novo. Vamos lá, pessoal!

Todos se dividiram em duplas. Hydra logo puxou Ron pela manga da túnica com um:

⸻ Anda logo, Weasley. Quero te jogar longe.

⸻ Romântica como sempre ⸻ Murmurou Ron, rolando os olhos com um sorriso.

⸻ Sou uma Malfoy, querido. Isso aqui é o mais perto que você vai ter de um jantar à luz de velas ⸻ Provocou ela, já com a varinha em punho.

A sala se encheu de vozes gritando "Impedimenta!" a cada poucos segundos. Muitos tropeçavam para trás, outros caíam sentados em almofadas estrategicamente posicionadas. Hydra era particularmente rápida e feroz nos movimentos, e Rony parecia determinado a não ficar para trás.

⸻ Impedimenta! ⸻ Gritou ela, e Ron foi lançado para trás, caindo de costas sobre uma almofada.

⸻ Caramba, desbotada, me quebrou as costelas! ⸻ Ele se queixou com humor.

⸻ Mentira, cabeça-de-fósforo. Essa sua coluna já vem torta de nascença ⸻ Respondeu Hydra, abaixando-se para ajudá-lo a levantar com um sorriso de canto.

Enquanto isso, Harry observava os outros pares, sorrindo ao ver Neville se sair cada vez melhor. Depois que Neville recuperou os movimentos três vezes seguidas, Harry o encaminhou para treinar com Hermione e Rony, aproveitando para circular pela sala.

Draco treinava com Wanda Audra no canto oposto, os dois parecendo uma dupla afinada, o que era surpreendente considerando que Wanda era nascida trouxa. Mas Draco, desde que se aproximara dela, estava cada vez menos... Malfoy. Pelo menos no pior sentido da palavra.

Hydra, ao notar a troca de feitiços entre o irmão e Wanda, sorriu discretamente.

⸻ Draco apaixonado por uma nascida trouxa... nossa mãe vai ter um infarto quando descobrir... ⸻ Comentou com o ruivo em voz baixa, meio divertida, meio preocupada.

⸻ Pelo menos vocês têm isso em comum agora ⸻ Retrucou Ron com um sorrisinho torto.

⸻ Ai, Weasley... você e essa mania de ser fofo do nada, vou acabar casando com você, porra. ⸻ Murmurou Hydra, dando uma cutucada no braço dele com a varinha.

Transcorridos os dez minutos, todos pegaram as almofadas e começaram a praticar o feitiço Estuporante. A sala era pequena demais para permitir que todos duelassem ao mesmo tempo, então metade assistia enquanto a outra treinava.

Harry observava orgulhoso. Neville errou por pouco ao tentar acertar Dino, estuporando Padma Patil por acidente, mas ainda assim, era um progresso visível.

Hydra, por sua vez, duelava com tanta precisão que assustava. Mandou Rony ao chão duas vezes seguidas com um "Estupefaça!" que parecia até ensaiado.

Isso é vingança por eu comer sua última torta de abóbora no almoço, né? ⸻Perguntou Ron, se levantando com um suspiro.

⸻ É claro. E por ter usado meu sabonete de baunilha. ⸻ Disse ela, com os olhos semicerrados.

⸻ Como é que você sabe?!

⸻ Eu SEMPRE sei. ⸻ Respondeu Hydra, de braços cruzados. ⸻ Você sai cheirando igual a uma doceria.

Após uma hora de treino intenso, Harry anunciou um intervalo.

⸻ Vocês estão ficando ótimos ⸻ Disse, sorrindo satisfeito. ⸻ Quando voltarmos das férias, poderemos começar com os feitiços mais importantes. Talvez até o Patrono.

A empolgação tomou conta da sala com murmúrios animados. Os alunos começaram a sair em grupos, desejando "Feliz Natal" para Harry, que ficou para recolher as almofadas com Hermione e Ron.

Hydra recolheu algumas também, mas não antes de dar uma última espiada para o canto da sala, onde Cho e Harry ainda estavam.

⸻O Potter vai perder o BV... ⸻ Sussurrou ela com uma risadinha maldosa. ⸻ Vamos fazer um bolo!

Hermione arregalou os olhos, cobrindo a boca com a mão para não rir alto, e Ron soltou uma gargalhada.

⸻ Você não presta, desbotada! ⸻ Disse ele.

⸻ E você me ama por isso! ⸻ Retrucou ela, dando um tapa brincalhão no ombro do namorado.

Os três saíram correndo em direção à comunal, rindo e tropeçando pelos corredores como se o frio do castelo nem existisse. Por um momento, esqueceram do mundo lá fora. De Voldemort. De pais opressores. De cicatrizes e profecias.

E apenas riram, como deveriam fazer adolescentes de verdade.

────────⊹⊱⊰⊹────────

Harry atravessou o quadro da Mulher Gorda com os cabelos bagunçados e um sorriso bobo no rosto, os lábios ligeiramente inchados. Estava tão absorto, flutuando em euforia silenciosa, que nem percebeu a escuridão total que envolvia a sala comunal. A primeira coisa que pensou foi que os outros já haviam ido dormir. Mas algo ali estava... estranho. Silencioso demais.

Ergueu a varinha, meio confuso.

⸻ Lumos.

⸻ E O PARABÉÉÉÉÉÉÉNS, CARALHOOOOOO! ⸻ Gritou Hydra Malfoy do meio da escuridão.

Uma explosão de confetes dourados e vermelhos atingiu a cara de Harry como um feitiço-surpresa. Ele piscou, zonzo, e arregalou os olhos ao ver a luz da varinha iluminar a cena ridícula à sua frente.

No centro da sala comunal, alguém ⸻ provavelmente Hermione, com sua caligrafia meticulosa, sob instruções escandalosas de Hydra ⸻ pendurara um enorme banner com uma foto nada lisonjeira de Harry bocejando com a boca aberta e olhos fechados. Acima da imagem, estava escrito em letras garrafais, brilhantes e mágicas: "EX BOCA VIRGEM", com uma seta piscando direto para a boca dele.

E na mesinha da frente... um bolo. De chocolate. Fofo, bem confeitado. Ron o segurava com as duas mãos trêmulas de tanto rir, os olhos lacrimejando e o rosto já corado. No topo do bolo, confeitado com glacê cor-de-rosa, lia-se a palavra "BV" envolta por um círculo vermelho e um X atravessando ⸻ como se fosse algum tipo de maldição finalmente quebrada.

⸻ Parabéns pra vocêeeeeee! ⸻ Cantarolou Ron, começando a desafinar de tanto rir. ⸻ Nesta data queridaaa, você foi beijadooooo, o mundo aplaudiiiiiiaaaa!

Hydra surgiu ao lado dele, elegante como sempre, mesmo de pijama de seda preta com detalhes verde-esmeralda. Seus cabelos platinados estavam presos numa trança lateral perfeitamente trançada ⸻ claro, ela nunca apareceria despenteada, mesmo numa brincadeira noturna.

⸻ O que foi isso, Potter? Beijo na boca? No frio? E sem planejar? Tá achando que é quem, hein? O próprio Romeu da Grifinória?! ⸻ Gritou ela, atravessando a sala e estalando os dedos com teatralidade. ⸻ Abre espaço, cabeça-de-fósforo, deixa a desbotada conduzir a cerimônia da vergonha!

Ron entregou o bolo a Hermione (que, embora com a mão no rosto, estava rindo com os ombros sacudindo) e fez uma reverência exagerada para a namorada.

⸻ O palco é todo seu, desbotada rainha.

Hydra subiu numa poltrona como se fosse um palco de teatro e apontou sua varinha para a lareira, fazendo o fogo rugir e iluminar toda a comunal com uma luz quente e dourada.

⸻ Querido Harry James Potter ⸻ Começou ela, com voz grave e pomposa, como se lesse um juramento sagrado. ⸻ Após anos de celibato labial forçado, muitas quedas com a cara no chão e zero habilidades em flerte... finalmente, HOJE, nosso amado salvador do mundo mágico meteu um beijo decente!

⸻ HYDRA! ⸻ Berrou Hermione, entre o escândalo e o riso.

⸻ Tô mentindo?!? ⸻ Retrucou ela, rindo e erguendo uma sobrancelha com pura audácia Malfoyana. ⸻ O beijo foi bom, Potter? Pode piscar duas vezes se foi com língua.

Harry, absolutamente vermelho, parecia uma pimenta recém-descascada. Ele tentou falar, mas os confetes ainda colavam em sua testa.

⸻ Eu... é... foi só um beijo...

⸻ SÓ UM BEIJO?! ⸻ Hydra se jogou na poltrona em falso desespero. ⸻ Dá licença, isso foi um marco! Um MILAGRE! Um acontecimento histórico que merece bolo, banner, e talvez até um feriado nacional!

Ron ria tanto que caiu no sofá e se abraçou às costelas.

⸻ Meu Merlin... desbotada, você vai matar o Potter antes de Voldemort...

⸻ Se ele morrer de vergonha, já é lucro!

Hermione, agora sentada e já aceitando o caos, cortou uma fatia do bolo com cuidado e ofereceu a Harry.

⸻ Vai aceitar ou vai continuar com gosto de batom de Cho na boca?

⸻ HERMIONE! ⸻ Gritou Harry, enquanto os outros caíam na gargalhada.

⸻ Aceita logo, caralho ⸻ Hydra falou, estendendo um pratinho com outra fatia. ⸻ É sem veneno, eu juro pela minha coleção de vinhos franceses e meu armário da Gucci.

Ron arqueou uma sobrancelha.

⸻ Você tem vinhos?

⸻ Meu pai me deu quando fiz doze. "Para quando você se formar e se tornar uma decepção menor", palavras dele. ⸻ Respondeu ela, dando de ombros.

Harry, finalmente, pegou o pedaço de bolo e deu uma mordida. O sabor estourou em sua boca como um feitiço de conforto: a massa era densa, mas delicada, com um toque de manteiga fresca e chocolate amargo importado ⸻ Hydra jamais permitiria que usassem chocolate "qualquer um". E ali, no fundo, quase imperceptível, havia uma pitada de licor de framboesa. Era tão bom que por um segundo ele esqueceu completamente que tinha sido humilhado em público com um banner escrito "EX BOCA VIRGEM".

⸻ E aí? ⸻ Perguntou Ron, de boca cheia e farelos de bolo caindo no colo. Ele olhava fixamente para Harry, ansioso. ⸻ Como foi?

Harry mastigou devagar, engoliu, e franziu o cenho.

⸻ Úmido ⸻ Respondeu com sinceridade.

O silêncio que se seguiu foi quase respeitoso. Ron piscou.

⸻ Úmido?

⸻ É. ⸻ Harry suspirou, apoiando o prato no colo. ⸻ Porque... ela tava chorando.

Ron largou o garfo e parou de rir, o sorriso se esvaindo como fumaça de um feitiço mal lançado.

⸻ Ah... ⸻ Murmurou, olhando para os próprios joelhos. ⸻ Você é ruim assim de beijo?

⸻ Não sei ⸻ Disse Harry, agora visivelmente abalado. Ele arregalou os olhos. ⸻Vai ver eu sou... Merlin... será que beijei errado? Será que fiz alguma coisa com o nariz?

⸻ Claro que não é ⸻ Retrucou Scarlett, comendo uma fatia do bolo e lambendo o glacê do dedo com total desdém. ⸻ A menina vive com a torneira aberta desde o mês passado. Isso aí não tem nada a ver com você.

Ron virou-se pra ela, o cenho franzido e o tom meio defensivo:

⸻ Como é que você sabe? Já beijou o Potter pra saber?

Let deu de ombros e lançou um sorriso preguiçoso e provocador.

⸻ Ah, beijei sim. Beijo o Harry todo dia. Principalmente quando ninguém tá olhando. Ele é meu amante secreto, sabia?

Harry corou até as orelhas e deixou o prato no colo como se estivesse quente.

⸻ Let, pelo amor de Merlin...

Hermione, que estava folheando um livro com feitiços de adivinhação como se não tivesse ouvindo nada, falou sem levantar os olhos:

⸻ A verdade é que a Cho anda chorando por qualquer coisa ultimamente. Na hora da comida, no banheiro, no pátio... ontem mesmo vi ela chorando olhando pra um retrato do Dumbledore. ⸻ Hermione bufou. ⸻ E ele nem morreu.

⸻ Mas era de se esperar que uns beijinhos a animassem, né? ⸻ Comentou Ron, com um meio sorriso torto. ⸻ Tipo... não é como se o Harry fosse feio.

Hydra engasgou com o próprio bolo, tossiu alto e bateu no peito, tentando conter a gargalhada. Quando recuperou o ar, estendeu o dedo pra Rony com a boca ainda cheia:

⸻ Tu não vale uma lasca de bosta, cabeça-de-fósforo. Tu vai mesmo zoar o beijo do teu melhor amigo na frente de todo mundo?

⸻ Não tô zoando! ⸻ Ron se defendeu. ⸻ Só tô dizendo que se a menina chorou, talvez o beijo foi ruim... tipo, muito ruim.

Harry olhou para o pedaço de bolo como se fosse sua própria dignidade derretida em glacê.

⸻ ... Eu nem tinha considerado essa hipótese...

Hydra, ainda rindo, se levantou do sofá e foi até ele, bagunçando os cabelos do Potter como se ele fosse um gato molhado.

⸻ Relaxa, cicatriz. Duvido que tu beije pior que o Draco. Aquele filho da puta beija com o nariz, eu vi uma vez e quase liguei pra Azkaban. E Cho chora até quando vê chuva, caralho. Cê quer mesmo medir teu desempenho pela estabilidade emocional daquela garota?

⸻ Hydra, você é insensível demais... ⸻ Murmurou Hermione, embora uma parte dela concordasse.

⸻ E você é chata, mas ninguém aqui tá te cancelando por isso ⸻ Respondeu a loira com um sorriso de bruxa má. ⸻ Agora cala a boca e deixa o Harry comer o bolo em paz.

Ron, ainda com um sorriso malandro no rosto, se virou para Hydra.

⸻ Falando em desempenho... você nunca chorou quando eu te beijei, né, desbotada?

Hydra girou o pescoço lentamente e o encarou com os olhos semicerrados.

⸻ Se eu tivesse chorado, era de tédio, Ronald.

⸻ Mentira. Você geme.

O mundo parou.

Harry cuspiu o gole de suco que estava tomando e Hermione derrubou o livro no colo

⸻ RONALD WEASLEY! ⸻ Gritou Hermione, chocada.

⸻ Ah, que nojo... ⸻ Harry fez uma careta de puro trauma. ⸻ Vocês nunca fizeram nada perto de mim, né? Tipo, enquanto eu tava dormindo aqui... ou sentado... ou inconsciente... né?

Hydra deu um tapa no braço de Ron, que agora gargalhava.

⸻ Não, porra. Nunca! Cê acha que eu ia deixar tu ouvir alguma coisa?!

⸻ Nunca... ⸻ Disse Ron, meio hesitante, e desviando o olhar. ⸻ Quer dizer... acho que não...

Harry, ainda tentando processar tudo, olhou para o banner piscante com a própria cara idiota estampada.

⸻ Não acredito que vocês fizeram tudo isso só porque eu beijei alguém...

⸻ A gente faz por menos ⸻ Disse Hydra, tirando um confete do cabelo dele. ⸻ Imagina quando tu finalmente perder a virgindade, a gente vai ter que alugar o Salão Principal.

⸻ Aí a gente chama até o Hagrid ⸻ Completou Ron, rindo.

⸻ E o Dobby. O Dobby faz strip agora, sabia?

Harry enterrou o rosto nas mãos.

⸻ Merlin, me leva...

────────⊹⊱🍷⊰⊹────────

A noite estava fria em Hogwarts, uma brisa gelada escapando pelas frestas das janelas do dormitório masculino da Grifinória. Mas ali, na cama de Ron Weasley, tudo parecia tranquilo. Hydra Malfoy estava encolhida contra o corpo quente do namorado, os pés gelados enfiados por debaixo das pernas dele, como fazia desde o segundo ano sempre que sentia frio.

Ron resmungava algo incoerente no sono, um braço jogado displicentemente em torno da cintura dela. Hydra, de olhos semicerrados, pensava no quanto aquilo era raro. Paz. Silêncio. Um Weasley que não estava falando alto. Era quase poético.

Mas, como tudo em Hogwarts, aquilo não duraria.

⸻ RON! RON! RONALD, PELO AMOR DE MERLIN, ACORDA! ⸻ A voz esganiçada de Harry Potter atravessou o dormitório como uma maldição lançada no meio da noite.

Hydra abriu os olhos de supetão, o coração pulando no peito.

⸻ Mas que porra... ⸻ Murmurou, puxando o edredom até a cabeça enquanto Ron se sentava abruptamente, quase derrubando os dois da cama.

⸻ Harry? Que droga tá acontecendo? Tá pegando fogo? É o Voldemort? Hydra mordeu alguém de novo? ⸻ Ron disparou, meio acordado, os cabelos ruivos apontando em todas as direções.

⸻ EU NÃO MORDEI NINGUÉM, SEU CABEÇA-DE-FÓSFORO! ⸻ Resmungou a loira de debaixo das cobertas. ⸻ Ainda.

Mas a brincadeira parou no momento em que Harry falou, ofegante, pálido como o inferno.

⸻ Seu pai... ⸻ Arfou. ⸻ Foi atacado. Tinha sangue. Muito sangue.

⸻ QUÊ?! ⸻ Ron pulou da cama, os olhos arregalados.

Hydra, agora acordada de verdade, saiu debaixo dos lençóis num pulo, o cabelo loiro emaranhado em um coque torto e o olhar mais afiado que lâmina de aço.

⸻ COMO ASSIM FOI ATACADO? QUEM TOCOU NO SR. WEASLEY?! EU VOU DECAPITAR ESSA PORRA DE SER VIVO!

Harry cambaleava, pálido, com os olhos vazios e uma expressão assombrada.

⸻ Eu vi... era uma cobra gigante. Eu vi. Eu fui a cobra.

⸻ Mas que merda você tá dizendo, Potter? Tá tendo um surto? ⸻ Hydra perguntou, preocupada mas impaciente, enquanto puxava o suéter de Ron pra ela mesma vestir por cima do pijama. ⸻ Você precisa de um chá, um feitiço anti-loucura, ou um soco na cara?

⸻ Hydra, ele tá falando sério! ⸻ disse Ron, engolindo em seco. ⸻ Hazz, cara... cê tem certeza? Tipo... você viu como?

⸻ Eu era a cobra. Eu vi pelos olhos dela. E tinha muito sangue... o seu pai estava desmaiado no chão. Eu juro. Eu senti.

Hydra se virou rapidamente, o coração batendo descontrolado. O pai de Ron. Arthur Weasley. Um homem gentil, simples, que oferecia chá com biscoitos até mesmo pra ela, uma Malfoy. E agora estava... sangrando.

⸻ Merda, merda, MERDA! ⸻ Ela andava de um lado pro outro no dormitório, as mãos nos cabelos. ⸻ Que porra tá acontecendo nesse castelo? Se alguém encostar num fio de cabelo do Sr. Weasley, eu juro por Salazar, eu explodo a Torre Norte INTEIRA.

⸻ Neville foi buscar ajuda ⸻ Disse Dino, meio chocado, ainda com o rosto afundado no travesseiro.

A dor na cicatriz de Harry parecia piorar, seu corpo tremia violentamente, suando como se estivesse em febre. Hydra tentou empurrar Ron pra ir até ele, mas o ruivo estava paralisado, branco como uma folha.

Então, passos apressados ecoaram escada acima.

⸻ Ai, cacete! A professora! ⸻ Hydra enfiou-se de volta nos cobertores da cama de Ron como uma ladra em fuga. ⸻ Se a McGonagall me ver aqui, já era! Vão me decapitar, expulsar, mandar pra Azkaban por "má conduta noturna"!

A porta se escancarou e a Professora McGonagall entrou como uma tempestade de roupão xadrez, os óculos tortos e uma expressão de puro choque.

⸻ Potter! Onde está doendo?

Harry levantou a cabeça devagar. Sua respiração era irregular, a testa ainda marcada pela dor, os olhos arregalados.

⸻ É o pai do Ron ⸻ Disse, sem rodeios. ⸻ Ele foi atacado por uma cobra enorme. É sério, professora. Eu vi.

⸻ Você sonhou com isso, Potter? ⸻ perguntou McGonagall, franzindo a testa.

⸻ NÃO! Não foi um sonho. Eu estava lá. Eu vi. Eu fui a cobra. Foi real, eu não tô ficando louco, caramba!

Hydra colocou a cabeça pra fora do cobertor, os olhos brilhando de raiva.

⸻ Eu acredito em você, Potter ⸻ disse McGonagall, embora parecesse extremamente preocupada. ⸻ Vista o seu roupão. Vamos ver o diretor imediatamente.

Harry se levantou com dificuldade, e Ron, hesitante, segurou sua mão por um momento.

⸻ Vai dar tudo certo, Hazz. Se meu pai foi atacado... então a gente vai descobrir quem fez isso.

Hydra desceu da cama, indo até Ron com passos decididos. Ela segurou o rosto do garoto com força, fazendo-o encará-la.

⸻ Olha pra mim, cabeça-de-fósforo. Teu pai é forte. Um baita bruxo, e um ser humano foda. Ele vai aguentar, entendeu?

Ron assentiu, os olhos marejados. Hydra puxou ele pela nuca e beijou sua testa.

⸻ E se alguém encostar em você também... juro pela minha varinha de carvalho negro que eu vou azarar até o inferno.

Eles passaram com a professora pelas figuras silenciosas de Neville, Dino e Simas, saíram do dormitório, desceram a escada em espiral até a sala comunal, atravessaram o buraco do retrato e foram pelo corredor da Mulher Gorda iluminado pelo luar. Harry sentia que o pânico em seu estômago extravasaria a qualquer momento; queria correr, gritar por Dumbledore. O Sr. Weasley estava sangrando enquanto eles percorriam calmamente o corredor, e se aquelas presas (Harry fez força para não pensar em "minhas presas") contivessem veneno?

Hydra apertava com força a mão de Ron, andando ao lado dele com os olhos fixos no chão. A tensão entre os quatro era tão densa quanto a névoa que pairava além das janelas.

Passaram por Madame Nor-r-ra, que virou seus olhos de holofote para eles e bufou levemente, mas a professora McGonagall disse "Xô", e a gata se enfurnou nas sombras. Poucos minutos depois, chegaram à gárgula de pedra que guardava a entrada dos aposentos de Dumbledore.

⸻ Delícia Gasosa ⸻ Disse a professora.

A gárgula ganhou vida e saltou para o lado; a parede atrás se dividiu em duas e revelou uma escada de pedra que se movia continuamente para o alto, como uma escada rolante em espiral. Os quatro subiram; a porta se fechou com um baque surdo e eles continuaram em círculos fechados até alcançar uma porta de carvalho excepcionalmente lustrosa com uma maçaneta de latão em forma de grifo.

Embora passasse muito da meia-noite, ouviam-se vozes no interior da sala, uma verdadeira babel. Parecia que Dumbledore estava recebendo no mínimo umas doze pessoas.

A professora McGonagall bateu três vezes com a aldrava em forma de grifo e as vozes cessaram abruptamente como se alguém as tivesse desligado. A porta se abriu sozinha, e a professora entrou com Harry, Rony e Hydra, que seguia de mãos dadas com o ruivo.

A sala estava mergulhada em sombras; os estranhos instrumentos sobre as mesas estavam silenciosos e imóveis, em vez de zumbir e expelir baforadas de fumaça como habitualmente faziam. Os antigos diretores e diretoras nos retratos que cobriam as paredes dormiam contidos em suas molduras. Atrás da porta, um magnífico pássaro vermelho e dourado do tamanho de um cisne cochilava no poleiro com a cabeça sob uma das asas.

⸻ Ah, é a senhora, professora McGonagall... e... ah...

Dumbledore estava sentado em uma cadeira de espaldar alto, à escrivaninha; inclinou-se para o círculo de luz das velas que iluminavam os papéis à sua frente. Usava um magnífico roupão bordado em púrpura e dourado sobre uma camisa de dormir muito branca, mas parecia bem acordado, seus penetrantes olhos azuis fixavam atentamente a professora.

⸻ Professor Dumbledore, Potter teve um... bom, um pesadelo ⸻ Começou McGonagall. ⸻ Ele diz que...

⸻ Não foi um pesadelo ⸻ Completou Harry depressa.

A professora olhou para Harry, franzindo ligeiramente a testa.

⸻ Muito bem, então, Potter, conte ao professor Dumbledore.

⸻ Eu... bom, eu estava dormindo... ⸻ Disse Harry, e, mesmo em seu desespero de fazer Dumbledore compreender, sentia-se levemente irritado que o diretor não olhasse para ele, mas examinasse os próprios dedos entrelaçados. ⸻ Mas não foi um sonho comum... foi real... eu vi acontecer... ⸻ Harry tomou fôlego. ⸻ O pai do Rony, o Sr. Weasley, foi atacado por uma cobra gigantesca.

Hydra levou a mão à boca, o rosto mais pálido do que Harry jamais vira. Ron apertou sua mão com mais força.

As palavras pareceram ecoar depois que ele as pronunciou, soando ligeiramente ridículas, até cômicas. Fez-se uma pausa em que Dumbledore se recostou e contemplou o teto, meditativo. Ron olhava de Harry para Dumbledore, o rosto pálido e chocado.

⸻ Como foi que você viu isso? ⸻ Perguntou Dumbledore calmamente, ainda sem olhar para Harry.

⸻ Bom... não sei ⸻ Disse Harry, meio zangado; que diferença fazia? ⸻ Na minha cabeça, suponho...

⸻ Você não me entendeu ⸻ Disse Dumbledore, mantendo a voz calma. ⸻ Quero dizer... você se lembra... ah... em que posição você estava enquanto assistia a esse ataque? Você estava talvez parado ao lado da vítima, ou contemplava a cena do alto?

A pergunta era tão curiosa que Harry boquiabriu-se para Dumbledore; era quase como se ele soubesse...

⸻ Eu era a cobra. Vi tudo do ponto de vista da cobra.

Hydra soltou um pequeno suspiro trêmulo e encostou o rosto no ombro de Rony. Ninguém falou por um momento. Então Dumbledore, agora olhando para Ron ⸻ que continuava cor de coalhada ⸻ Perguntou em um novo tom mais enérgico:

⸻ Arthur ficou gravemente ferido?

⸻ Ficou ⸻ Respondeu Harry enfaticamente. Por que eram tão lentos para compreender? Será que não sabiam como uma pessoa sangrava quando presas daquele tamanho furavam o corpo dela? E por que Dumbledore não podia fazer a gentileza de encará-lo?

Mas o diretor se ergueu tão depressa que deu um susto em Harry, e se dirigiu a um dos antigos retratos pendurados muito próximo do teto:

⸻ Everardo? ⸻ Chamou repentinamente em voz alta. ⸻ E você também, Dilys!

Dumbledore se dirigia a dois dos retratos: um magro bruxo de cabelos grisalhos, e uma bruxa idosa de feições severas. Ambos haviam despertado ao som da voz do diretor e agora o observavam com atenção.

⸻ Everardo, preciso que vá até a ala hospitalar de St. Mungus. Procure saber a condição de Arthur Weasley e volte imediatamente.

⸻ Certamente, Alvo ⸻ Respondeu o bruxo no retrato. Seu quadro estava pendurado atrás da escrivaninha de Dumbledore, mas, em um instante, a moldura ficou vazia, ele desaparecera do quadro.

⸻ Dilys, vá até a ala hospitalar em Hogwarts. Acorde Madame Pomfrey e peça que prepare tudo, apenas por precaução. Diga que talvez tenhamos um ferido vindo para cá.

A bruxa assentiu com um pequeno meneio de cabeça e, da mesma forma, esgueirou-se por fora da moldura.

Ron e Hydra se entreolharam com apreensão, os olhos dela ainda ligeiramente marejados. Dumbledore se voltou para a professora McGonagall.

⸻ Minerva, acorde os outros filhos dos Weasley e diga que o Sr. Weasley sofreu um acidente enquanto trabalhava. Não entre em detalhes agora. Diga que estão todos autorizados a ficar na escola para o Natal, se quiserem. E leve Harry e Hydra com você.

⸻ Comigo? ⸻ Repetiu McGonagall, franzindo a testa.

⸻ Sim ⸻ Respondeu Dumbledore, finalmente lançando um olhar direto a Harry, que estremeceu sob aquele olhar intenso. ⸻ Quero que você os acompanhe até a torre da Grifinória e certifique-se de que Harry tome a Poção do Sono sem Sonhos. Hydra também precisa descansar. Ambos testemunharam algo... perturbador.

Hydra olhou rapidamente para Harry, surpresa por estar incluída, mas acenou timidamente com a cabeça. Dumbledore não explicou como sabia disso, e Harry também não teve forças para perguntar.

⸻ Ron ⸻ Disse Dumbledore, voltando-se para o ruivo. ⸻ Você pode esperar aqui. Assim que soubermos algo, você será o primeiro a ser informado.

Ron hesitou. Seus olhos recaíram sobre Hydra, claramente dividido entre ficar e acompanhar a namorada. Hydra sorriu levemente para ele, mesmo com os olhos ainda brilhando.

⸻ Vai. Eu te encontro depois ⸻ Sussurrou.

Dumbledore fez um gesto gentil com a mão, e a porta se abriu sozinha. Professora McGonagall indicou que Harry e Hydra a seguissem. Enquanto saíam, Harry ouviu Dumbledore dizer algo em voz baixa para um dos instrumentos sobre a mesa, e logo atrás a porta se fechou com um clique abafado.

O corredor parecia ainda mais escuro agora, o silêncio opressivo pesando nos ombros de Harry. Ele não queria dormir, não queria tomar poção nenhuma, queria saber como estava o Sr. Weasley. Mas Hydra caminhava ao seu lado, quieta, os dedos tocando brevemente o braço dele, como se dissesse: estamos juntos nisso.

⸻ Eu também vi, Harry... ⸻ Elaa murmurou, finalmente. ⸻ Não tudo. Mas... senti como se estivesse lá.

Ele parou, olhando para ela com surpresa. Seus olhos se encontraram por um instante, e, naquele silêncio, ele soube: ela não estava apenas sendo gentil. Havia algo mais.

⸻ Eu não entendo o que está acontecendo... ⸻ Sussurrou ele.

⸻ Nem eu ⸻ Respondeu Hydra. ⸻ Mas vamos entender. Juntos.

Chegaram ao retrato da Mulher Gorda, que acordou resmungando algo sobre o horário.

⸻ Tarta de groselha ⸻ Disse a professora McGonagall. O retrato girou para o lado, revelando a passagem. ⸻ Durma no salão da Grifinória hoje, irei fingir que não vi a senhorita no dormitório masculino.

⸻ Entrem ⸻ Ordenou ela. ⸻ E não discutam, Potter. A poção vai estar no seu criado-mudo.

Hydra tomou a mão de Harry com delicadeza e o puxou escada acima até o dormitório. Tudo estava silencioso, os garotos dormindo profundamente. No criado-mudo de Harry, como McGonagall prometera, uma pequena poção azulada repousava ao lado de um bilhete com a letra precisa da professora: Durma. É uma ordem.

Harry sentou-se na cama sem dizer nada. Hydra ficou em pé por um momento, hesitante, até que ele a olhou.

⸻ Fica um pouco? ⸻ Ele pediu, a voz baixa.

Ela se aproximou e sentou ao seu lado, os olhos nos dele.

⸻ Eu não vou deixar você sozinho nisso, Harry. Seja lá o que for.

Ele pegou a poção, hesitou por um segundo, e a bebeu de uma vez. O líquido frio desceu como gelo, mas o calor da presença de Hydra ao seu lado suavizou o desconforto.

A última coisa que Harry viu antes de o sono puxá-lo para longe foi o rosto de Hydra, sereno e firme como se estivesse ali para protegê-lo de tudo ⸻ até de si mesmo.

────────⊹⊱🍷⊰⊹────────

Quando Harry acordou, o dormitório ainda estava mergulhado na penumbra suave do amanhecer. Por um instante, ele não se lembrava de onde estava ou por que sentia um peso esmagador no peito. Então tudo voltou: a serpente, o ataque, o sangue.

Ele se sentou bruscamente, respirando fundo.

⸻ Calma ⸻ Murmurou uma voz suave ao seu lado.

Hydra estava sentada no chão, encostada na lateral da cama de Harry, com um cobertor enrolado nos ombros. Os olhos claros estavam abertos, mas havia cansaço em cada linha de seu rosto.

⸻ Você ficou aqui? ⸻ Harry perguntou, surpreso.

⸻ Claro que fiquei. Você teve um ataque no meio da noite e apagou depois de beber a poção. Achei que podia ter outro pesadelo ou... sei lá, virar uma cobra no sono. ⸻ Ela forçou um sorriso, mas ele notou o tom nervoso por trás da piada.

Harry sorriu de leve. Era reconfortante tê-la ali.

⸻ Ainda não sabemos como ele está, né?

⸻ Não. ⸻ Hydra balançou a cabeça. ⸻ Ninguém subiu pra avisar nada. Mas Dumbledore disse que chamaria Ron assim que soubesse de algo. Se ele não veio nos acordar ainda, é porque o Arthur deve estar estável.

Harry soltou o ar lentamente, tentando acreditar nisso.

O silêncio do dormitório foi interrompido por passos apressados. Ron entrou esbaforido, os cabelos ainda mais bagunçados que o normal.

⸻ Harry! Hydra! ⸻ Disse ele, a voz embargada. ⸻ Meu pai está vivo. Está no St. Mungus. A cobra... ela o atacou, mas ele conseguiu chegar até o telefone. Ele sobreviveu.

Harry quase caiu de volta na cama de alívio. Hydra cobriu a boca, fechando os olhos por um momento. Ron correu até eles, sem esperar cerimônias, e abraçou os dois de uma vez. Nenhum deles protestou.

Depois de alguns segundos, Rony se afastou, enxugando os olhos com a manga do pijama.

⸻ Mamãe e os outros vão pro hospital. Dumbledore vai levar a gente pra casa dos Black.

⸻ A gente? ⸻ Perguntou Hydra, surpresa.

⸻ Sim. Dumbledore quer que a gente fique com a família do Sirius pelo Natal. Ele disse que seria mais seguro... e que assim todos podemos visitar o papai.

Hydra mordeu o lábio inferior, processando aquilo. Um Natal na casa da familia de sua mãe. Maravilha, pensou, lembrando-se das histórias sobre aquele lugar. Mas, se isso significava apoiar Ron, ela iria.

⸻ Vou arrumar minhas coisas ⸻ Disse ela, levantando-se e esticando os braços. ⸻ E talvez roubar um chá da cozinha antes que Hermione acorde e comece a dar ordens.

⸻ Ela já está de pé ⸻ Respondeu Ron. ⸻ Está lá embaixo com Fred e George, brigando com eles porque querem dar aos duendes do St. Mungus um produto novo da loja deles pra testar como "agradecimento".

⸻ Ai, merda ⸻ Murmurou Hydra, revirando os olhos. ⸻ Melhor eu descer antes que ela exploda.

Ela lançou um último olhar a Harry antes de sair.

⸻ Vem logo, Potter. Você vai precisar de um suéter com cheiro de mofo pra esse Natal esquisito.

Harry riu pela primeira vez em horas.

Ron ficou ao lado dele, olhando em direção à porta por onde Hydra saíra.

⸻ Ela não te deixou sozinho nem por um segundo, sabe? ⸻ Disse ele, com um tom mais sério. ⸻ Dormiu sentada aí, de olhos abertos quase a noite toda. Você devia saber.

Harry assentiu lentamente, o coração apertado por uma mistura de emoções. Hydra era uma amiga de ouro.

────────⊹⊱🍷⊰⊹────────

A casa dos Black era tão sombria e sufocante quanto Harry se lembrava. As cortinas pesadas, os retratos que sussurravam insultos, o cheiro de mofo impregnado em cada canto... Era como se o tempo tivesse parado ali dentro, congelado em rancor.

⸻ Lar doce lar ⸻ Murmurou Hydra, olhando ao redor com os braços cruzados, visivelmente desconfortável. ⸻ Um toque de alegria não mataria essa casa, né?

⸻ É... um charme excêntrico ⸻ Tentou dizer Hermione, claramente tentando manter a paz.

Mas o som de passos pesados ecoando do corredor interrompeu qualquer tentativa de conversa pacífica.

Sirius Black apareceu, com a expressão fechada e o olhar queimando de suspeita. Ele encarou os jovens por um momento, os olhos fixando-se diretamente em Hydra.

⸻ O que ela está fazendo aqui? ⸻ Rosnou, apontando com a cabeça em direção à garota. ⸻ Desde quando supremacistas Malfoy são convidados na minha casa?

Hydra congelou. O ar pareceu sumir por um momento. Harry franziu a testa, prestes a intervir, mas Ron se adiantou com firmeza:

⸻ Ela é minha namorada.

Sirius piscou, como se não tivesse entendido. Olhou de Ron para Hydra, e depois de volta para Rony, claramente esperando uma piada.

⸻ Sua namorada?

⸻ Sim ⸻ Respondeu Ron, firme. ⸻ E ela não pensa como a família dela. Ela escolheu estar conosco. Comigo.

Hydra baixou os olhos, as palavras de Ron tocando algo profundo, mas também trazendo uma pontada amarga. Apesar da defesa, ela sabia que a sombra do nome Malfoy a perseguia como uma maldição. Sempre seguiria.

⸻ Hm. ⸻ Sirius bufou, virando-se e se afastando, mas não sem lançar mais um olhar atravessado para ela. ⸻ Só fiquem de olho nela. Sangue supremacista vem de berço, às vezes demora pra mostrar os dentes.

As palavras doeram mais do que Hydra gostaria de admitir. Ela respirou fundo, tentando manter a expressão neutra, mas seus ombros estavam um pouco mais curvados, o brilho nos olhos um pouco mais apagado.

Hermione tocou o braço da amiga com delicadeza, e Harry lançou um olhar de solidariedade. Mas foi Rony quem se aproximou e entrelaçou os dedos com os dela, apertando sua mão com firmeza.

⸻ Você não está sozinha, tá?

Ela assentiu levemente, sem conseguir dizer nada. As palavras do Sirius ainda martelavam em sua cabeça, misturadas com lembranças que ela queria esquecer: jantares luxuosos com discursos venenosos, olhares frios dos pais, e o eterno peso de um sobrenome que ela jamais escolheu carregar.

Ainda assim, ali estava ela. Em meio a uma casa que a odiava, com pessoas que desconfiavam dela. Mas também havia Ron, que a escolhia dia após dia. E isso, de algum jeito, fazia tudo valer a pena.

O jantar foi servido na velha sala de refeições, onde um candelabro coberto de poeira iluminava a longa mesa escura. As paredes, enfeitadas com retratos emoldurados de bruxos de aparência severa, pareciam observar cada movimento dos presentes com julgamento silencioso. Hydra sentou-se entre Ron e Hermione, o olhar fixo em seu prato, embora não tivesse tocado em nada ainda.

Do outro lado da mesa, Sirius continuava lançando olhares disfarçados ⸻ ou nem tanto ⸻ em sua direção. Era claro que ele não estava confortável com sua presença, e fazia questão de deixar isso evidente com cada suspiro impaciente e cada gole irritado de vinho.

A comida estava boa, embora o clima estivesse azedo.

⸻ Então... ⸻ Começou Lupin, tentando quebrar o gelo, com um leve sorriso. ⸻ Hogwarts ainda está tão caótica quanto nos meus tempos?

Fred respondeu antes que alguém pudesse:

⸻ Ainda mais, se levarmos em conta que a Hydra quase incendiou o Salão Principal no mês passado porque um aluno da Corvinal disse que ela era "apenas mais uma loirinha rica com o nome Malfoy".

Todos riram, até mesmo Harry e Hermione ⸻ mas Hydra apenas revirou os olhos, irritada.

⸻ Eu encostei o garoto na parede e ameacei colocar uma bomba de bosta no travesseiro dele. Nem encostei um dedo. ⸻ Resmungou, cruzando os braços. ⸻ No fim ele se mijou de medo e me deu o lugar na fila da sobremesa. Vitória.

⸻ Essa é minha garota. ⸻ Murmurou Ron com um sorrisinho orgulhoso, tentando aliviar o clima.

Sirius, no entanto, não estava convencido. Ele bateu os talheres no prato com um som seco.

⸻ Parece que o temperamento da família continua vivo e bem ⸻ Alfinetou, encarando Hydra com os olhos escuros semicerrados. ⸻ Lamento, mas não vejo diferença entre ela e o pai.

O silêncio caiu como um feitiço de congelamento.

Hydra largou o garfo com um clang, o som reverberando pela mesa. Lentamente, ela se virou para Sirius, com os olhos faiscando.

Por um segundo, tudo ficou em silêncio. Um silêncio tão profundo que parecia que o ar fora sugado da sala.

Hydra ficou imóvel. As palavras de Sirius ecoaram em sua mente como um tapa. As mãos tremeram. O coração começou a bater mais rápido. Ela piscou várias vezes, tentando segurar o que se acumulava dentro do peito - mas não conseguiu.

Levantou-se bruscamente da cadeira, a mão batendo na madeira com força, fazendo todos pularem em seus assentos. Os olhos, antes cheios de fúria, agora brilhavam com lágrimas.

Cala a boca, Sirius Black! ⸻ Rxplodiu ela, a voz falhando, mas potente. ⸻ Cala. A. Maldita. Boca.

Sirius arqueou as sobrancelhas, mas não disse nada. Ninguém disse. Até Fred e Jorge se encolheram um pouco. Ron olhou para ela, preocupado. Mas Hydra estava além de ser consolada.

Ela passou a mão no rosto, furiosa consigo mesma por estar chorando ali. Mas não dava mais. Anos e anos de dor represada estavam prestes a jorrar como um rio rompendo a represa.

⸻ Você... você me olha como se eu fosse igual a ele. Mas você não sabe de nada, Sirius. ⸻ Sua voz agora tremia, vulnerável. ⸻ Eu sou uma lobisomem. O senhor sabe disso, primo.

Todos na mesa se entreolharam em choque. Lupin engoliu em seco. Harry arregalou os olhos. Fred deixou cair o garfo.

Sirius ficou sério de imediato.

⸻ Mas nenhum dessa mesa ⸻ Continuou Hydra, olhando ao redor com olhos molhados ⸻ Sabe que o meu pai me tortura com Crucios cada vez que eu me recuso a ser "feminina o suficiente". Que eu sou trancada num quarto sem comida nem água quando minhas transformações acontecem. Que ele me chama de "aberração". Que minha forma loba é tão magricela porque eu passo dias presa num porão, gritando de dor enquanto ele observa como se eu fosse um animal doente!

Um soluço escapou de sua garganta e ela levou as mãos ao rosto, tremendo da cabeça aos pés.

Hermione tinha as mãos na boca, horrorizada. Lupin parecia ter levado um soco no estômago. Molly levantou-se, pálida. Mas ninguém reagiu mais do que Ron.

Ele se levantou tão rápido que a cadeira caiu para trás, os punhos cerrados, o rosto vermelho de raiva.

⸻ Aquele desgraçado... ⸻ Sussurrou, com a voz fervendo. ⸻ AQUELE DESGRAÇADO!

Hydra, ainda de pé, virou-se de costas, tentando esconder o choro que não parava mais.

⸻ Eu não consigo fugir. ⸻ Disse, quase num sussurro. ⸻ Não consigo fudir daquele inferno igual você primo, como meu irmão ia ficar? ainda carrego esse nome como se fosse uma maldição grudada em mim. Todo mundo me olha e vê um Malfoy. Mas ninguém vê o que eu passei pra estar viva aqui hoje.

Sirius deu um passo à frente, os olhos agora mais suaves, cheios de algo que não se via antes: respeito. E talvez até arrependimento.

⸻ Hydra... ⸻ Começou ele, mas foi interrompido.

⸻ Não! ⸻ Ela gritou, a voz embargada. ⸻ Não venha com pena agora. Eu não quero pena de ninguém. Eu só queria... só queria que, por um segundo, alguém me visse como eu sou. Não como filha de Lúcio Malfoy. Não como irmã do Draco. Não como uma aberração. Mas como Hydra. Só isso.

Ron se aproximou lentamente e a puxou com delicadeza para um abraço. Ela resistiu no início, mas depois afundou o rosto no peito dele, chorando silenciosamente, enquanto ele a envolvia com os braços, protegendo-a do mundo como se quisesse carregá-la dali.

⸻ Você não está sozinha, ouviu? ⸻ Ele murmurou em seu ouvido. ⸻ Nunca mais.

Sirius observou em silêncio, sua expressão carregada de pensamentos. Talvez, pela primeira vez, ele tivesse enxergado nela algo além do nome.

E naquela noite, pela primeira vez, Hydra não sentiu apenas raiva.

Sentiu alívio.

Hydra afastou-se dos braços de Ron com um movimento brusco, como se o contato físico fosse mais do que ela pudesse aguentar naquele momento. Enxugou o rosto com raiva, sem sucesso, já que as lágrimas continuavam a cair, como se todo o peso do mundo estivesse, finalmente, escapando pelos olhos.

⸻ Me... me deixem em paz ⸻ Murmurou, com a voz falha, e saiu quase correndo da sala, as botas batendo forte no assoalho de madeira.

O som da porta batendo ecoou pela casa, selando o silêncio que ficou. Um silêncio desconfortável, denso como fumaça. Ninguém ousava dizer nada. Todos os Weasley pareciam chocados, alguns com as bocas ainda entreabertas. Gina olhava fixamente para o corredor por onde Hydra havia desaparecido. Molly permanecia de pé, as mãos sobre o avental, os olhos marejados de compaixão genuína.

Arthur pigarreou, claramente sem saber o que dizer. Foi Hermione quem falou primeiro, ainda com a voz trêmula:

⸻ Ela... ela nunca disse nada disso pra gente.

⸻ Eu também não sabia daquilo ⸻ Disse Lupin, sua voz baixa, quase dolorida. ⸻ Nem eu.

Sirius estava com o semblante sério, os olhos fixos na mesa. Estava imóvel, mas sua expressão era como um redemoinho interno. Havia algo ali ⸻ vergonha, raiva, arrependimento. Tudo misturado.

⸻ Eu sabia que ela era uma lobisomem ⸻ Murmurou Ron, ainda em pé, os olhos vidrados na porta. ⸻ Mas ela nunca falou da forma como era tratada... Merlin, ela...

⸻ Ela carrega esse peso sozinha desde que foi mordida, não é? ⸻ Disse Hermione, agora sentada, abraçando os próprios braços. ⸻Sempre fingindo que estava tudo bem. Sempre rindo, sempre reclamando do cabelo ou do salto que quebrou, como se fossem seus maiores problemas.

⸻ Uma forma de disfarçar a dor ⸻ Disse Harry em voz baixa, os olhos escuros de compaixão.

Fred e George pareciam menos zombeteiros do que nunca. Fred balançava a perna nervosamente, encarando o tampo da mesa, e George coçava a nuca, desconfortável.

⸻ Eu nunca imaginei que o Lúcio Malfoy fosse tão... ⸻ Começou Molly, mas Sirius a interrompeu, o tom duro:

⸻ Ele é pior do que vocês imaginam. Muito pior. ⸻ Sirius olhou para Lupin, os dois trocando um olhar carregado de memórias e cicatrizes. ⸻ E agora... agora ele fez com ela o mesmo que fizeram comigo. Só que talvez pior.

⸻ Sirius... ⸻ Lupin começou, mas o outro ergueu uma das mãos, em sinal de que precisava continuar.

⸻ Eu a julguei. Eu a comparei com ele. ⸻ Sua voz fraquejou por um segundo, e todos se calaram. ⸻ E mesmo depois de tudo o que passei nessa casa maldita, eu repeti o ciclo.

⸻ Você não sabia ⸻ Disse Ron, com os punhos ainda cerrados. ⸻ Ninguém sabia. Só nós.

⸻ Mas agora sabemos ⸻ Sussurrou Hermione. ⸻ E temos que fazer alguma coisa. Avisar ao ministério?

⸻ Os Malfoy dão dinheiro ao ministro, não ia funcionar. ⸻ Gina lembrou.

Hydra Malfoy não era apenas uma garota de pavio curto. Ela era uma sobrevivente.

────────⊹⊱🍷⊰⊹────────

O sol da manhã se infiltrava timidamente pelas janelas do Largo Grimmauld, dourando o pó que flutuava no ar e iluminando suavemente a mesa da cozinha. O cheiro de chá fresco, pão com manteiga e geleia pairava no ambiente, mas havia um silêncio contido ⸻ não desconfortável, mas carregado de expectativa.

Hydra desceu as escadas devagar, o corpo coberto por um suéter velho de gola alta e uma saia preta simples. Os cabelos loiros estavam amarrados em um coque desajeitado no alto da cabeça, e ela usava apenas um batom claro, o que, para os padrões dela, era quase o mesmo que sair de pijama. Seus olhos estavam inchados e avermelhados, denunciando a noite maldormida.

Ela parou na porta da cozinha, hesitante.

Ron foi o primeiro a vê-la. Levantou-se de súbito, como se o instinto de protegê-la falasse mais alto que qualquer pensamento racional.

⸻ Hydra...

Ela desviou o olhar, os dedos apertando a manga do suéter como se precisasse de algo concreto para segurar.

⸻ Bom dia ⸻ Murmurou, quase como um pedido de desculpas.

Hermione se levantou logo atrás de Ron, os olhos cheios de uma ternura rara. Aproximou-se devagar, como quem se aproxima de um cervo ferido.

⸻ Quer sentar com a gente? Fizemos chá.

Scarlett assentiu com a cabeça, mas não disse nada. Caminhou até a cadeira mais próxima e se sentou com o corpo tenso, como se temesse qualquer reação. Molly, com um sorriso suave, aproximou uma xícara para ela e disse com delicadeza:

⸻ Coloquei um pouco de mel e camomila. Bom pra acalmar.

⸻ Obrigada ⸻ Ela sussurrou, a voz baixa, quase irreconhecível.

O silêncio se estendeu por alguns segundos até Gina, com sua maneira direta porém gentil, romper a tensão:

⸻ Você parece mais forte hoje.

Hydra olhou para ela, surpresa.

⸻ Eu me sinto... ridícula.

⸻ Você não tem ideia do quanto foi corajosa ontem ⸻ Disse Hermione, sentando ao lado dela.

⸻ Eu não queria que ninguém soubesse. Aquilo saiu... saiu sozinho.

⸻ Saiu porque tava preso há muito tempo, Hydra ⸻ Disse Rony, sentando de volta ao lado dela. ⸻ E ninguém aqui pensa menos de você por isso. Na verdade... acho que agora todos entendem muito mais.

Ela mordeu o lábio inferior com força, tentando conter as lágrimas que ameaçavam de novo.

⸻ Foi humilhante.

⸻ Não foi ⸻ Interrompeu Sirius, que apareceu na porta da cozinha com um olhar firme, mas menos duro do que de costume. ⸻ Foi humano. E... foi necessário. Eu precisava ouvir aquilo.

Hydra o encarou por um instante. Pela primeira vez desde que se conheceram, havia um traço de respeito mútuo entre os dois. A loira baixou os olhos para a xícara, segurando-a com ambas as mãos como se fosse sua única âncora.

⸻ Eu não quero ser lembrada por isso.

⸻ Então nos deixe lembrar de quem você é daqui em diante ⸻ Disse Lupin, surgindo logo atrás de Sirius. ⸻ Uma garota forte, inteligente... e sim, com um pavio curto, mas com um coração enorme, mesmo que escondido atrás de muito sarcasmo.

Ela riu, apesar de si mesma, abafando o som com a mão.

⸻ Ótimo. Agora vou ser conhecida como a lobisomem chorona com humor ácido.

⸻ Não ⸻ Disse Ronald, com um sorriso caloroso. ⸻ Você vai ser conhecida como a garota que sobreviveu ao inferno... e ainda assim teve força pra amar.

Hydra o encarou por um longo tempo. Seus olhos se suavizaram. Ela pegou a mão dele sob a mesa, apertando com firmeza.

⸻ Eu não sei como sair disso sozinha, Ron.

⸻ Então não saia. A gente vai sair junto.

*.₊ 𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒

( 𝐎𝐎𝟏 ) Olá pessoinhas!, como vocês estão?

( 𝐎𝐎𝟐 ) espero que o show hj em sp do skz seja incrivel como foi o do rj! Não achem que a Molly já gosta da hydra pela revelação tá, beijo

( 𝐎𝐎𝟑 ) Por favor, não esqueçam de votar caso estejam gostado, e se quiser, comente também <3

( 𝐎𝐎𝟒 ) Obrigada por ter lido até aqui.

beijinhos da brenda!

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