𝐗𝐈𝐕. | 𝒮 ob 𝒜 ℰstrela.
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{⚔} ࣪ ˖𐀔˖ ࣪✧─┈⊹❛𝒴𝒐𝒖'𝒓𝒆 (𝒏𝒐𝒕) ℐ𝒎𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂𝒏𝒕❜
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𝔒s ares noturnos eram extremamente agradáveis a aquele horário do anoitecer; o chegar da noite, abandonando ao calor dos raios de sol e trazendo um clima ameno ao exterior tranquilo, a luz límpida da lua nos céus salpicados por estrelas numerosas banhando-as a pele com graciosidade, seus raios mais resplandecentes brilhavam sobre campo e tudo e todos que ali estavam presentes, os ventos que iam e vinham levavam consigo as diversas flores de pétalas esbranquiçadas ou multicoloridas nascidas de maneira espontânea em meio a vegetação rasteira do extenso local ao ar livre com delicadeza, o ruído agradável do farfalhar das folhas perante a brisa fraca sobre o chão era o único a predominar além dos sons dos animais norturnos, como os pios das corujas e pássaros que faziam das vistosas árvores verdejantes seus ninhos, dentre a extensa e obscura floresta em seus arredores.
As mãos da fada mais velha trançavam seus cabelos acastanhados com afinco após devidamente penteados e finalizados, sobretudo um livro era folheado por seus dedos e seus olhos semelhantes cravados sobre as diversas páginas, a luminosidade azulada do cristal límpido pendente ao seu pescoço auxiliava o pleno entendimento das belas e poéticas palavras escritas sob o papel de aparência envelhecida que lia com exatidão, além do brilho cálido emanado através da mulher a suas costas, que obtinha suas asas originadas da magia compartilhada expostas como raramente o realizava, mal atentando-se aos movimentos cuidadosos das mãos da mãe que entrelaçavam as ondas abertas com certa sutileza para não causar dor alguma ou a distrair do ofício que tanto estimava, vez ou outra alguma expressão radiante cruzara seus traços e delineava seus lábios em um sorriso mínimo em resposta ao que compreendia, ou uma peculiar seriedade manchava seu rosto. Respostas sutis ao que parecia ser uma história tempestuosa e complexa. Já que as reações eram constantes e logo desvaneciam em neutralidade devido ao continuar da leitura com afinco.
A Fada Azul adorava cada pequeno passado com a filha, Fayrie fora sua verdadeira salvação e o motivo pelo qual a felicidade novamente pôde emergir de seu coração angustiado pela culpa, tomado pela dor; ao tê-la em seus braços pela primeira vez e desde os primeiros indícios de sua futura existência, fora agraciada com a sensação que sua magia, poder ou benção jamais seria capaz de lhe prover, mais poderosa do que qualquer coisa que já sentira. Era o fruto do amor que Octavian insistiu por lutar, era o fruto da pequena fuga de ambos para longe após a fechada da barreira, era aquela que surgira do amor inegável entre os dois.
A amou tanto que, era a única para quem contar sobre seu passado tornou-se uma torturante e temida missão. Presa em suas tentativas de encobrir seus piores erros, anos se passaram sem que o esclarecimento e a verdade fosse revelada para sua pequena fadinha.
Até o dia da família. Onde a rainha Leah, aquela que prometera junto ao antigo conselho, proferido falsas e rasas juras de que jamais iria revelar a real origem da barreira ou qualquer outro feito realizado por através de suas mãos. Era o acordo selado que acreditou ser sólido e inquebrável, até que o revelou pelo simples fato de sua estrelinha ter dito a crua verdade sobre o quão sua imaturidade e rancor obscuro que tomava seu coração - mesmo que justificável com palavras. - era visível.
A exata atitude que houvera realizado a anos atrás.
Era algo que há muito tempo a incomodara, como quando a mulher afastara sua neta, Audrey, de sua filha pelo simples ato de sua menina em portar esperança, em ser uma garotinha com a empatia e bondade a iluminar seu coração.
Leah era uma das únicas por quem a fada azul portara um dia, um certo ressentimento, não apenas por revelar aquilo que insistia em ocultar e desejara poder apagar de sua própria história de forma intensamente dolorosa, nada mais do que por um ego ferido pelas verdades ocultas em seu ser tomado pelo ódio, mas por sua Faye, por sua fé e esperança em algo melhor. Sua filha e seu marido eram suas motivações para sentir tudo em sua totalidade e ainda sim, erguer-se para observar o brilho emanado por sua luz na escuridão, o amor deles a trouxera de volta a vida, o perdão de Fayrie a libertou resultando no ressurgimento de suas adoradas asas e a fez reaprender tudo o que suas origens um dia lhe ensinaram, por isso a perdoara. Não havia ressentimento, mágoa ou dor maior do que os ensinamentos e a necessidade de cura que houvera sido mostrada para si para se ver da maneira com a qual a verdade era sua base. E sua família, a maior importância em sua vivência.
Com os fios acastanhados entrelaçados em uma trança embutida que se iniciava da lateral de sua cabeça, prendeu-os devidamente, observando o predominar dos fios azulados em meio ao penteado ao traçar um caminho carinhoso sobre os mesmos, suas mãos delicadas finalizando o penteado que por sinal, houvera sido feito com êxito, dado ao fato de que um sorriso surgiu ao rosto da mulher mais velha, os dedos posicionados abaixo do queixo ergueram o rosto jovem preso ao livro ainda aberto, encarando aos olhos azuis intensos da filha ao exercer um leve aperto em suas bochechas.
Uma risada escapou por seus lábios com a ação, mesmo que sorrir se mostrasse uma tarefa um tanto desafiadora, era notável o quão comedida aquela situação era para si, apenas pela forma como seus olhos se fechavam parcialmente ao ter a presença de um sorriso em suas feições. Era por isso que Fayrie "sorria com os olhos."
Era por isso que adorava a ver sorrir. Porquê tal característica em específico, não era sua.
̶ Mãe! ̶ Bradou com sua voz pouco enfurecida para apenas corresponder a brincadeira, antecedendo a uma risada que preencheu os ares assim que seu rosto amassado fora libertado do aperto exercido pelas mãos da fada mais velha e iniciou uma massagem breve sobre suas bochechas, seu corpo agora direcionado a frente da citada cuja atou sua total atenção.
̶ Fofucha.
Foi a única coisa que escapou por seus lábios assim que entregou o pequeno espelho conjurado a partir de cristais em suas mãos, exercendo a troca pelo livro de capa grossa e letras douradas incrustadas sobre o couro que sequer percebera o título, tornando a realizar o adorado ofício de encará-la se atentar aos próprios cabelos presos, a vendo denotar com euforia as pequenas e numerosas flores brancas que acrescentou cuidadosamente ao decorrer do singelo penteado e pouco acima de sua cabeça, formando uma espécie de coroa graciosa de delicadeza imensurável; magia pura as envolvia como um véu fino e translúcido que não as permitiria murchar tão cedo, mantendo-as intactas e belas como em seu processo de floração, as faziam reluzir como prata ou pedras preciosas em pura beleza aos mínimos raios luminosos que a lua lancara sobre ambas, a expressão de agrado que ressurgiu ao rosto semelhante da mais nova alimentou a alegria e felicidade em seu coração.
̶ A senhora sempre faz os penteados mais bonitos e delicados que eu já vi na minha vida inteira.
A intensa satisfação que sentira fora refletida em sua expressão quando se tornara transbordante; talvez lhe provendo uma leve e repentina timidez ao ser elogiada que a fez baixar sua cabeça, seus olhos presos por breves momentos a capa do livro que antes sua filha lia com atenção, o nome bordado sobre a capa lhe era bastante claro naquele instante, sendo um dos clássicos e pouco conhecidos livros que existiam em Auradon; Peter Pan.
A fada azul sabia do apreço de sua estrelinha sobre livros mais clássicos e de contos pouco explorados, além de deficientes de qualquer conhecimento mais claro, Auradon era lembrada por seus príncipes e princesas icônicos que, sentados sobre seus tronos após seus tempestuosos e dolorosos passados, governavam a suas respectivas localidades com a tranquilidade de uma vida regada por regalias e a paz que sempre ansiaram em suas gloriosas vidas.Tanto que por tal razão, nunca ninguém desconfiara de sua ajuda; sua participação aos contos protagonistas era inexistente, e sua importância só houvera quando vinculada ao erguer da barreira. A incentivou durante a infância para conhecer cada história registrada sob os dezenas de livros e contos de fada, em cada um deles havia algo novo a ser ensinado e encontrado, se mantivesse sua visão aberta para aquilo que poderia vislumbrar.
Havia a ensinado bem afinal. Quanto a tal fato, nenhuma dúvida era capaz de lhe fazer acreditar ser uma ilusão.
̶ Estava com saudades de mexer no seu cabelo, estrelinha. ̶ Revelou, os pingentes gêmeos brilhavam, correspondendo um ao outro ao estarem tão próximos e ao afeto partilhado, seus dedos afastaram uma das mechas soltas que lhe cobriam a visão plena das lindas íris que herdara de si. ̶ Quer dizer, se passaram anos desde que você entrou na Auradon Preparatória, mas nunca me acostumei a não ter uma certa fadinha lendo, surtando enquanto lê, caminhando atrás de mim por setenta por cento do tempo ou pintando em paredes e lugares aleatórios de casa.
̶ Que pinturas? Eu jamais faria isso. ̶ Fayrie retrucou, a ênfase nas palavras ditas tornava o denotar da ironia em seu tom algo tão fácil que fizera a mais velha sorrir e sinalizar de maneira negativa ao detectar a simples mentira, suas mãos encontraram as da mãe, enlaçando seus dedos em um aperto firme enquanto brincava despreocupadamente com o acessório em seu dedo anelar; a aliança que interligava seus pais, evidenciando a reunião de ambos em matrimônio. ̶ Tá, a flor pequena no armário da cozinha, mas apenas dessa vez. Sei que a senhora gostou e fiz justamente para que quando a visse, recordasse da sua amada filhinha...eu deveria ter 12 ou 13 anos na época.
Narrou sua pequena confissão ainda com seus olhos focados sobre o par de anéis e suas mãos tocando as da mãe com carinho; ambos eram originados da prata, mas um era fino composto pelo par de fios do metal precioso entrelaçados, uma pequena pedra moldada a uma estrela de cinco pontas cravada sobre ele, a pedra preciosa de tonalidade azul obtinha pequenos resquícios impuros de branco e outras nuances de tons azulados em seu interior, contrastantes as pedras transparentes e puras a sua volta, já a aliança que verdadeiramente trocaram ao selar sua união era desenhada em sua superfície, pequenas perfurações a representar as numerosas estrelas existentes ao céu acima de suas cabeças, apesar de uma brilhar em específico, delineada como uma estrela que portava quatro pontas maiores e menores e apenas um simples e minúsculo cristal em seu meio. Eram as alianças que mais admirava em todo mundo, atando sua atenção a elas desde quando era apenas uma bebê, a mãe lhe contou como suas mãozinhas curiosamente sempre procuravam tocar as jóias. Sejam aquelas que o pai ou mãe portavam.
Talvez fosse o amor que aquelas jóias representavam, por isso se sentira tão intensamente chamada por elas.
̶ Fayrie. ̶ Interrompendo seus pensamentos baseados em lembranças antigas que lhe foram esquecidas pelo ágil passar dos anos, o chamamento lhe trouxe de volta, os olhos fixos da mãe junto ao aperto leve exercido em seus dedos tornou perceptível seu propósito; conversar sobre algo que poderia ser um tanto amargo para si, algo que poderia lhe abrir feridas que desejaria estarem curadas. ̶ Apesar de sentir sua falta estrelinha, não gosto de te ver tão tensa e entristecida como te vejo algumas vezes quando está aqui. Ainda a questão com o Ben?
̶ Não. ̶ Iniciou, jamais existia entre ela e sua progenitora alguma peculiar espécie de barreira que poderia possibilitar uma falta de confiança entre ambas, não pelo dom da verdade originado da mais velha; mas pelo conhecimento mútuo que portavam sobre uma a outra, por saberem que para cada pequena parte de seu ser, de seu âmago iluminado, existia algo a mais que compartilhavam além de seu sangue. ̶ Sabe que fui proibida de usar a minha magia de maneira total, não sabe? ̶ Questionou, uma pergunta retórica que fora correspondida por um aceno sutil de sua cabeça, seus olhos fixos sobre o rosto jovem, um quase retrato fiel do seu quando portara seus anos de vida assemelhados.
̶ Mas eu não preciso usá-la para que ela aja...isso me assusta, as projeções vem sem que eu as queira mãe, eu não sei o que acontece. Elas me deixam péssima, eu...eu sinto coisas no meu corpo físico.
A informação proferida pelos lábios de Fayrie era nova para a Fada Azul, nunca quando usufruiu de seus dons houvera sentido mais do que o calor da magia a atingir sua cerne, elevando a temperatura de seu corpo em um aquecer reconfortante e estável; era algo natural, instintivo e seu, cuja sua mera existência resumia-se em necessidade de seu ser forjado para tal propósito. Ela sempre soubera como a manipular para aquilo que seus próprios pressentimentos traçavam, como a névoa esbranquiçada e etérea que acariciava seus dedos era destinada a agir por através de sua varinha ou no momento que sua consciência iluminada deveria transitar.
E talvez, tais motivos foram o suficientes para que nada a pudesse afetar; houvera nascido com seu rumo predestinado até o ponto ápice de sua jornada, traçado para ser a fada que ganhara uma bênção dos céus desde seu nascimento, a pequena entendia os propósitos que foram colocados sobre suas mãos.
Fayrie nascera naturalmente, não através da magia como a mãe, apesar de herdar e ser agraciada com seus dons e seus atributos físicos, a falta de conhecimento sobre os mesmos poderiam lhe servir como uma cruel maldição, provinda de suas raízes humanas, cujas consideradas falhas por muitas vezes; afinal o controle poderia ser exercido por nada mais do que si mesma. E para isso, o reconhecer de que aquilo que carregara era algo inevitável e merecedor de sua gentil confiança - acima dos julgamentos alheios sobre o que poderia tornar-se a capacidade da magia se cedida sobre as mãos daqueles que dela necessitavam. - a poderia libertar daquilo, do medo que atuava como o que lhe prendia em seu emaranhado de falhos e frágeis motivos.
̶ Faye, por que você não se permite estar livre?
Seu tom doce e gentil soara como uma baixa advertência assim que abandonou seus lábios com agilidade, algo indesejado conforme suas reais intenções - de consolar seus pesares. - ao o perceber fora corrigido, acentuando a doçura em seu tom para então a compreender verdadeiramente, o aconchego que trazia o enlaçar de seus dedos e aperto entre suas mãos a auxiliou em seu desejo, a empatia, um poder e habilidade que usufruiu por mútuas vezes procurava entender a raiz do que ocorria assim que seu poder solitava seu uso, que sua clarividência julgava ser necessária para o futuro entendimento - ou impedimento. - de algo que poderia resultar em glória ou ruína.
Algo que poderia a levar para um ponto distante do curso que sua vida deveria seguir...e era apenas isso. Aquilo estava a guiando para o ponto onde deveria estar, para o que precisava obter conhecimento sobre.
E ela estava relutando em seguir o seu próprio rumo predestinado, relutando-se em confiar naquilo que o tecer do destino houvera selado ao dia em que ocorreu seu nascimento e a estrela reapareceu, ou renasceu nos céus.
Ou que talvez, uma certa aparição inesperada a tentara incessantemente lhe prover o entendimento.
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"𝔑ascer sob a estrela deveria significar sorte?!"
Engoliu em seco com as constantes ondulações de novos sentimentos, sentindo extrema tensão alastrar-se por seu corpo e mente como fogo em seu estado de combustão, a dor desvanecia assim como o toque de seus dedos sobre o local dolorido, sua visão se estabilizara em um segundo perdido, no qual encarava fixamente a alta construção erguida a sua frente e um suspiro falho escapava por seus lábios entrearbertos, cujas palavras sussurantes antes libertadas denotavam as ironias existentes seu destino com pesar, suas orbes transitaram entre sua tonalidade habitual e aquela provinda da magia em seu interior, brilhando em um leve tintilar ao azulado cristalino portado pelas águas mais puras existentes por breves instantes que escaparam por seus dedos, sobrepostos pela voz pacífica exercida por suas cordas vocais pouco estáveis.
̶ Você de novo...eu realmente estou começando a pensar que vocês tem alguma espécie de fissuração em mim... ̶ Um risinho tímido ressoou, de significado deveras oposto a felicidade; soava como uma afiada provocação que não soubera portar, que transparecia em momentos onde o estresse e a raiva aquecia seus sentimentos intensamente negativos, vibrando em alta frequência por através de sua aura amável. Mesmo que não conseguindo predominar seu ser. Empolgante.
Suas mãos de temperatura altamente destoante ao cálido peso de suas emoções, frias como os metais que ornamentavam seus dedos e vestes e a gélida sensação que acometera, se espalhara por seu peito, uniram-se em um aperto desconfortável a frente de seu corpo imóvel. Este que servira como um impedimento para que os tremores lhe fossem perceptíveis - não relacionados a medo e sim, a apenas algo que acometia seu ser, cujas palavras escritas não seriam capazes de expressar ou descrever com exatidão, mas algo próximo a nervosismo. - apenas permitindo o vislumbrar parcial seu rosto bonito, suas íris intensas obscurecidas pelo capuz que o sombreava e ocultava seus traços reconhecíveis, mas notáveis em seu olhar altamente penetrante, estreitado e assertivo em sua direção, sem sequer movê-lo por um centímetro na direção do pirata.
Não sabia ao certo o interesse latente de sua líder naquela garota. Não havia nada de tão alarmante além de sua origem...e seus íris estranhamente azuis que apenas complementavam a beleza natural em seus traços. Além de sua incrível capacidade de sentir sua presença sem que seus olhos únicos sequer pousassem sobre algo ou alguém.
Somente não entendia o porquê o ordenara a seguir seus passos, a observar cada ato seu.
Era baixa, muito baixa. Talvez mal alcançasse seus ombros se próxima a si ou estivesse apenas calculando mal, exalava uma estranha calma e amabilidade por mais que a raiva transparecesse por seus atos mínimos e sutis, se muito denotados, notou os dedos esguios desmanchados de seu aperto firme, cujos diversos anéis prateados cintilavam a escassa luz bem como as fivelas bem polidas de suas luvas, exercerem seu movimento vagaroso de retirar a peça que a impedira de ser notada. Era bonita, de aparência irreal para alguém em que seus olhos poderiam pairar, mas apenas isso era notável e obtinha um certo mérito.
Em suma, lhe parecia alguém...insignificante, de valor ainda mais baixo do que os vilões que residiam a ilha quanto a hierarquia dominante, a realeza não parecia portar seu sangue ou parentesco, já que suas aparições aos poucos programas que poderiam assistir era nula e quase nunca colocada sob os destaques ou holofotes como os primogênitos dos grandes reis e rainhas de suas províncias, sua aparência incomum não era assemelhada a de nenhum daqueles, nada se comparada ao que obtinham em suas mãos; o próprio monarca de Auradon, aquele que os daria a única chance de liberdade pela qual poderiam almejar verdadeiramente, por meios um tanto duvidosos talvez, mas que apresentara sinais claros de pavor e tensão a breve menção das características únicas da citada aos questionamentos e ameaças "passivas" - incitavam de maneira subliminar uma possível maneira de a observar e ferir. - que Uma deliberadamente despejou sobre ele, após seu turbulento encontro com a jovem bonita de língua afiada e palavras certeiras que eram tão cortantes como lâminas. Nomeada como Fayrie, um nome composto por excêntricos fonemas que soavam como as nomeações dadas aos seres mágicos que seu pai tanto repudiava; fadas. Somente em um certo idioma.
Talvez isso fora o que atiçou o tilintar fraco dos questionamentos em sua mente, um pequeno interesse surgindo em uma centelha interessante de atrevimento que vira queimar sob sua pessoa, uma inconsciente necessidade de provocá-la em sua pacificidade e calma exagerada. Na forma como a sutileza e ternura transparecia por si, como seus olhos tão assemelhados ao mar, de tonalidade incomum nunca pareciam portar desdém mesmo quando cravados sobre seus oponentes, nem quando as palavras que saíram por seus lábios bem desenhados ressoaram como uma ameaça direta, uma promessa selada. Quando seu queixo se erguera com coragem e um brilho afrontoso sugira.
Aquilo sim atraia seu interesse. Alguém do lado perfeito e utópico, que não parecia ser igual.
Seu corpo se encontrava em sua direção mesmo que a muitos passos distantes, virando-se lentamente ao se desprender de seu torpor momentâneo, por fim podendo prender seus olhos obscuros em si e a cada movimento que realizava, como o cruzar de seus braços sobre o peito ou o inspirar profundo que mostrou-se necessário, seu olhar permanecia enigmático, evidenciado pela deficiência da sombra lançada e muito mais intensamente pousado sobre ele; a pequena chama de uma receosa atenção tremulando por através de suas íris fixas sobre Harry Hook, seu semblante não demonstrara nada em sua peculiar neutralidade, seu olhar era muito mais do que o mínimo conhecimento mensurável de seu incômodo. Era a rispidez a transparecer.
̶ Eu não diria exatamente isso... ̶ Confessou, sua voz rouca e profunda reverberou pelo pequeno local, um clássico sorriso irônico invadindo seus lábios, a ridícula superioridade que exalava por através do pequeno ato de erguer seu queixo e empunhar o gancho prateado que o pertencia em sua direção como uma ameaça subliminar unidos a aproximação sutil que realizava com atrevimento, a fez crispar os lábios em uma falha tentativa de controlar seus impulsos. Conter o riso nervoso que ameaçava expressar-se ao raciocinar sobre sua própria percepção do que aquilo poderia esconder. Suas habilidades loucamente incitavam palavras nada agradáveis surgidas em sua mente, mas não expressadas. ̶ Vocês de Auradon se consideram tão...importantes...
Nunca expressadas. A verdade poderia ser demais para alguém acostumado com as ilusórias nuances de mentira.
O frio do metal provindo do objeto fora sentido abaixo de seu queixo, como na primeira vez em que - verdadeiramente. - vira o garoto fora de suas visões. Mas dessa vez, recusara-se veemente a o erguer mesmo que a ponta afiada pudesse a ferir, engoliu em seco, obrigando o pirata a apenas se aproximar de seu rosto para pontuar suas próximas palavras, inclinando seu corpo em sua direção, encarando-a ao fundo de suas íris extremamente bonitas mas obscurecidas pela irritação crescente, enérgicas e carregadas pela desconfiança.
Mas não havia temor. Não havia medo. Ela não o temia.
̶ Você é só uma maneira de assegurar o que queremos, sabe...ele parece se preocupar tanto com você...me pergunto o porquê de tanta preocupação....quando a própria vida dele e a sua não valerão de nada assim que tivermos a varinha. Assim como a de todos daquele lugarzinho. ̶ Comentou ácido, o objeto nas mãos de Harry, retirado de onde antes estava, agora pendia em seus dedos, deslizando por seus cabelos ondulados ao aguardar por alguma reação por parte da garota. Alguma reação além de seu olhar afiado e atento. ̶ Mas bem, vocês sempre protegem apenas aos seus e o resto bem..isso não é uma grande novidade.
O cristal em seu pescoço chamara sua atenção, pelo talvez brilho azulado em seu interior.
A ponta do objeto metálico, pertencido a herança de seu pai, agora nas mãos de Hook puxara lentamente o colar de seu pescoço como uma provocação clara e, apesar de coberto pela gola alta da roupa que trajava seu corpo, conseguira sentir o roçar incômodo da corrente fria contra a pele ali, o pingente gêmeo brilhou de maneira sutil e perigosa. Um indicativo de que ali sua paciência chegara ao ápice de seu limite.
Relembrou por um momento do que jurou a si mesma. E ela não descumprira nenhuma promessa sua.
Nenhuma...
Sem sequer atentar-se diretamente a seus atos seguintes guiados pelo instinto que florescera em si, um soco certeiro fora desferido ao rosto do pirata, a dor talvez levemente acentuada pelos acessórios metálicos em seus dedos que causaram um pequeno e quase imperceptível corte sob a pele pálida, retirando apenas uma objeção de dor do garoto, mas sequer conseguiu sentí-la em sua totalidade antes de novamente ter o movimento brusco sentido em seu corpo; dado ao pequeno fato de que fora empurrado - ou jogado. - contra a parede de tijolos desiguais onde antes acreditara tê-la amendrontado ao concretizar sua falha tentativa em a encurralar, e onde agora seu pescoço era pressionado contra a superfície, o braço da garota - que acreditara ser frágil e incapaz. - sobre ele, roubando cada mínimo resquício de oxigênio que poderia circular por seus pulmões, a confusão nublara cada sentido seu, a dor pulsante ao local atingido e a ardência que indicava a profundidade do ferimento perdera o sentido quando percebera o olhar raivoso e mordaz direcionado a si, mas principalmente ao pequeno resquício de algo brilhante sob suas íris claras.
Os papéis inverteram-se lindamente, pelo visto o instinto que dominara a garota à sua frente não era a fuga quando algo ocorria, ela era forte e corajosa.
Como imaginara. Havia a subestimado, e a expressão de surpresa evidenciada em suas feições era uma prova muito clara de tal fato, delineando seus traços com algo que nunca cogitou ao dialogar com a mesma; um leve ardor de temor a queimar sobre seus sentidos.
Acentuada talvez, pelo sentir do objeto fino e metálico, afiado próximo a seu pescoço.
̶ Não. Toque. Em. Mim.
A forma como seu lábio superior repuxava com o tique ocasionado pela raiva em combustão, como a ponta de seu nariz quase tocava o seu e sua respiração pesada aparentava seguir o caótico compasso da sua, suas íris azuis vibrantes recém retornadas lhe encaravam ardentes sem hesitar por um instante sequer, indicavam a estranha ira que apossava-se de si naquele momento, como as palavras eram descarregadas sobre si; sua voz era baixa com leves ondulações para tons mais elevados, a calmaria e doçura - que viu-a evidenciar quando próxima ao seu grupo. - altamente contrastantes a rudez áspera que era capaz de sentir atingir-lhe como um lento golpe fatal, o qual poderia ser concretizado com apenas o mover suas mãos, o aprofundar da lâmina sobre a pele que a tingiria de escarlate, seus lábios tremeram, as palavras haviam fugido de seu domínio e nem mesmo um iniciar do sorriso sarcástico infrutífero se colocou ali, mesmo que ansiando por afrontá-la.
Indicava muito mais do que choque.
Para verdadeiramente colocá-la a prova. Era uma vontade sussurada ao fundo de sua mente, não acatada ou obedecida por seu corpo. Se encontrava em um estranho êxtase ao encarar aquelas íris intensamente azuis. A incredulidade por crer fielmente que ninguém do outro lado agiria de tal maneira. Havia sido inocente demais.
Portava a exata tonalidade a qual via os mares externos de Auradon, olhar para eles, observá-los com afinco lhe traziam sensações tão cálidas, relembravam os mais profundos sonhos que haviam sido distorcidos em sua mente.
...Observar o mar fora da barreira
Lhe pareciam mais incomuns e exuberantes tão próximos como naquele momento, encantadores e magnéticos, talvez pelo delineado azul-escuro que os contornava de maneira sutil, exaltando sua forma natural e em mesma medida tornando-os mais felinos em seu formato amendoado.
Os olhos claros envoltos naquela tempestade de tons obscuros apenas perdiam-se em pontos diferentes por instantes, mal denotados em sua memória tardiamente pois sempre acabaria pousado sobre o olhar intenso de Faye, fitando as longas asas esbranquiçadas da fada ativas em suas costas, os contornos oscilantes delineados pelo brilho que emanava, eram pouco mais altas do que sua cabeça e eram usadas com maestria; permitindo que sua altura se sobresaisse a do filho de James Hook, e com isso ganhava certo benefício ao encará-lo e o prender contra a parede erguida às suas costas, seu rosto levemente enrubescido cuja luz límpida banhava com delicadeza, inclusive as mechas azuladas em seus cabelos médios e presos, as ondas entrelaçadas caindo sobre seus ombros, mas não por seu rosto pela pequena dupla de tranças que os prendiam.
̶ O QUE VOCÊ ACHA QUE EU POSSO FAZER?!
A escutou exclamar altamente, algo que mais aparentava soar um sussurro impaciente em sua voz pacífica, carregado de ironia, transbordante em raiva evidente em seu rosto, o frio do metal lustrado da arma portada pelas mãos delicadas da fada era sentido sobre a pele de seu pescoço, a lâmina afiada contra ele provocou um leve ardor com o princípio de um corte e consequentemente, o afastamento, em um ato instintivo enterrou-se ainda mais a parede erguida atrás de si em uma falha tentativa, Fayrie folgou o próprio aperto trêmulo de seus dedos sobre a arma, temendo por realmente machucar alguém, assim como a neutralidade manchou sua expressão por instantes e um cintilar de culpa em seus olhos reapareceu, seu olhar pendendo ao arrependimento.
Isso a fez afastar-se por alguns poucos centímetros, mesmo que ainda mantendo seu braço firme sobre seu pescoço, ao menos permitiu que sua respiração retornasse em uma boa frequência.
̶ Eu nem sequer estava viva naquela época, e duvido que você também estivesse... ̶ Brincou por um instante apesar da raiva em suas feições não ter se dissipado, era como se a leveza de sua personalidade genuína estivesse presente ali a todo instante, mas seu olhar sério e profundo ainda rondava o rosto em Harry Hook com uma pequena centelha de curiosidade, tombou gentilmente sua cabeça para o lado e repentinamente, a inocência em sua feição reapareceu, o brilho terno acentuado. Isso o fez franzir o cenho. ̶ Realmente acredita que posso fazer muito mais do que vocês quanto a isso? Adivinhe, eu não posso, ninguém pode. Ou realmente acha que o poder estaria nas mãos de uma garota como eu? ̶ Replicou com o desgosto transparecido em sua voz, principalmente sob as falhas em seu tom, sua mão se desprendeu parcialmente a roupa do pirata, seus dedos folgando o aperto em um claro sinal de desistência.
Ou ao menos foi o que passou a crer assim que a "criatura mágica" baixou a arma, o aperto ao cabo da espada houvera deixado marcas desenhadas sobre a palma de suas mãos, denotando a força com a qual lidava para escoar seus sentimentos mais nocivos, Fayrie notava a forma como a encarava, a incredulidade manifestante em seu rosto era quase comedida quando seu olhar seguiu seus mínimos movimentos sem mover-se um passo sequer - óbvio que, por conta impedimento exercido por Faye, a magia também agia conforme sua necessidade. - e reparou que realmente, o tom de suas íris azuis se assemelhavam às suas, embora mais claras e sem a presença da magia em seu sangue, ainda eram muito bonitas e constrastavam com o tom escuro - aproximado ao preto azeviche. - de seus cabelos.
Se suas origens estivessem ao outro lado da barreira, provavelmente seria considerado um dos príncipes mais agradáveis aos olhos dali, principalmente no momento ao qual seus lábios tremeram em um sorriso mínimo, transbordante em sadicidade.
Em resumo, ele era excepcionalmente bonito, somente havia a irritado além da conta. Ela não poderia mentir.
Para ele, a tonalidade dos olhos dela lhe remetiam ao mar que imaginara existir fora dali e que um dia, desejou poder vislumbrar. Para ela, seus olhos tinham um ar obscuro apesar de sua cor tão vívida e pura, como os mares violentos após uma tempestade, aquilo fez por um instante, sua mente lhe dizer que poderiam ser acalmados.
Mas apenas o objeto se dissipou ao ar em partículas finas de magia, tão finas quanto a poeira dançante pelo ares mas cintilantes em sua naturalidade, magia pura sendo mostrada para si, novamente apertou o tecido com força entre suas mãos, sorrindo timidamente ao pontuar suas próximas palavras, inevitavelmente com o rosto próximo a feição assustada do pirata.
̶ Recomendo que não toque em mim, não seria agradável, deveria ter me deixado ir, vocês sequer tem a posse da varinha e se eu sumir ou me atrasar mais, podem apostar que não a terão em mãos. ̶ Concluiu. ̶ E sugiro que não toquem no Benjamim, não fizeram nada até agora e tenho certeza de que não farão mais.
Estava mentindo descaradamente, sentiu um incômodo crescer, ordenando para que a verdade pudesse escapar e por tal fato ecoar dentre sua mente, escapou por instantes em sua postura, pelo tremor leve de suas mãos ou pelo olhar relutante que lhe tomou.
Aja como uma vilã...
Afirmara pausadamente cada pequena sílaba daquelas palavras, libertando-o de quaisquer impedimento por sua parte, um último olhar averiguardor - ou julgador. - percorreu seu futuro oponente, demonstrando nada mais do que neutralidade, embora sua mente e coração lhe empurravam para o fraquejar de sua bondade, sua respiração se tornou mais densa e pesada, como se o oxigênio adquirisse tais características assim que percebeu o pequeno ferimento ao rosto do garoto mesmo que ainda próxima demais para seu próprio gosto, muito provavelmente feito por ela, assim como seus olhos claros passaram a encará-lo levemente arregalados pelo próprio susto e seu cenho se franziu, contorcido em uma expressão confusa, suas mãos tremendo em um quase ato instintivo de tocar a área ferida, impedidas pelo cerrar firme de seus pulsos.
Precisava sair dali o mais rápido possível.
E por isso, apenas se virou rumo à saída daquele local mesmo que deslocada por sua própria confusão.
A jaqueta desarrumada sobre seu ombros fora puxada para vestí-la de forma correta, se permitiu estar de costas ao pirata sem o mínimo temor; seus sentidos a alertariam, suas asas desvaneceram aos ares em um lapso fraco de sua magia e um trovão selvagem resoou naquele exato momento a superfície da cúpula dourada, enquanto enquanto mangas da peça eram recolocadas por seus braços e seus suspiros baixos, que indicavam o início de um arrependimento eram contidos. Correspondendo a magia conflitante provinda de sua criadora, suas mãos delicadas guiavam com cuidado o capuz escuro que iria voltar a cobrir suas feições duvidosas e levemente magoadas consigo mesma, mas apenas olhou pelo canto de seus olhos para o garoto, cujo parecia não ter movido um passo sequer de onde estivera, seus lábios se abriram, liberando um suspiro trêmulo que deveria reerguer sua voz firme e então, seu olhar fixado ao chão fora desviado ao rosto do mesmo por pequenos segundos ao sussurar;
̶ Eu sinto muito. Eu queria muito poder fazer mais por vocês, poder mudar tudo isso, mas não posso. ̶ A origem de seu olhar transitou novamente, encarando as feições desconhecidas, cujo sentimento não lhe era visível, pois ao menos se esforcava para entendê-lo e talvez, sentir novamente a dor de outra pessoa vítima da injustiça e crueldade provinda do medo, uma lágrima solitária deslizou por seu rosto, teimosa. Aquilo doía tanto. ̶ Sou tão impotente quanto qualquer um aqui...ou não, afinal ao menos vocês encontraram a única forma possível para vocês de conseguirem o que desejam. E eu entendo isso. Por isso, eu sinto muito...por não poder permitir que isso aconteça.
A última frase fora deixada abandonada em sua mente, sem que sua real voz manifestasse aquela pequena confissão, aquelas míseras sete palavras poderiam custar a libertação de Benjamim e ainda a segurança de seu local de nascimento junto a todos aqueles que amava, eram de um peso enorme e aquilo era o que lhe doía mais; não poder escolher ambos os lados, poderia ser bobo, mas realmente acreditara e vira que a única coisa que o grupo desejara era a liberdade, não apenas as deles como a de todos em sua totalidade, sem escolhas ou sorteios, cujas oportunidades dependiam exclusivamente da sorte; algo que com toda certeza não lhe fora dada em seu nascimento, para que cada criança como aquelas que vira lutar para sobreviver enquanto andava por cada pequeno local dali pudessem desfrutar do que mereciam, eles desejavam uma única oportunidade de uma vida melhor e nada mais.
Aquele era o preço a se pagar por desejar que tudo pudesse ser melhor para ambos os lados, ao menos na situação onde se encontrava.
Ser hipócrita e fingir não concordar, este era o preço a se pagar.
Grande hipocrisia.
Por tal motivo, era difícil ser da forma como sempre foi em seu interior iluminado pela bondade, havia esquecido que pelo visto; aquilo - procurar por justiça e ansiar pela liberdade. - lhe causava ainda mais dor do que somente se calar e agir como se tudo o que desejava fosse insignificante e irrelevante para si mesma; era por isso que todos adoravam a mentira, ainda mais quando contada para si mesmos, pois esconder-se atrás de nuances turvas de ilusões parecia mais promissor do que se pôr verdadeiramente a vista de todos ou de si mesmo, isso tinha consequências, consequências dolorosas.
Apenas fora despertada de seus pensamentos, percebendo continuara seu passos cegamente, emaranhada dentre seus próprios dilemas quando a mão firme de Harry Hook a impediu de prosseguir, segurando seu braço com força, não o suficiente para a machucar ou lhe causar hematomas, mas o suficiente para a assustar e até mesmo retirar um grito contido de Faye quando fora puxada para uma proximidade deveras estranha, ao invés de somente recuar seus passos ou voltar a lhe ameaçar com a espada que poderia conjurar naquele momento em um mínimo lapso de sua magia, Fayrie apenas ergueu seu queixo encarando de maneira fixa ao rosto próximo do pirata.
Dar uma chance...
̶ Realmente espera que eu acredite nisso? ̶ O escutou sem demonstrar o mínimo abalo, uma risada cortante fora deixada aos ares silenciosos e notara o quão baixa era segundo a sua própria altura, além da fragilidade que exalava por sua aparência irreal, suas íris azuis neutras. Uma fada... ̶ Você-
̶ Não, não espero. Nem eu acreditaria.
Silêncio.
A resposta fora tão certeira e demasiadamente transbordante em sinceridade que mal havia algo que pudesse rebater em sua mente, havia algo que não conseguira desvendar sob suas palavras tão certas e convencidas, era como se sempre soubesse o que falar mas nunca nenhuma palavra que saia por seu lábios lhe parecia mentirosa ou traiçoeira, não existia o transbordar de veneno ácido dos vilões que conhecera por toda a sua vida, o silêncio desconfortante que os dominou por instantes era um forte indício do quão se esforcara para a responder a altura, o estreitar de seus olhos claros ao tentar observá-la por através de suas mudanças mínimas de expressão ou a sombra criada pelo capuz a fez inclinar sua própria cabeça em curiosidade, apenas era possível notar o ritmo descompassado de suas respirações ocasionarem um único ruído entre ambos, nesse exato instante, notou um sutil olhar de estranhamento vindo dele a percorrer e o seguiu com atenção e avidez...
Sentiu os sentimentos conflitantes se instalarem, impregnando o interior de seu âmago pouco a pouco, percebeu que havia feito algo que definitivamente não deveria. Sua respiração pesada passou a mover seu peito com rapidez e intensidade obrigando seus olhos a se desviarem do pirata, correspondentes as novas emoções e suas cruéis consequências.
Não eram seus.
Aqueles sentimentos não eram seus.
Seguira o percurso direcionado a mão o tocava, a sua que por um reflexo falho o fez, era o menos cuidadoso possível; sequer parecia tentar ocultar seu interesse quando se aproximou para estar a sua frente e quando agora, parecia confuso ao entender algo que não saberia ao certo e realmente estava, conseguia sentir isso de maneira...literal.
E isso era interessante, por algum motivo desconhecido para si.
Harry Hook apenas sentiu os dedos da fada se fecharem sobre sua pele no exato instante em que a segurou como uma reação desesperada ao susto, a sensação que espalhou-se assemelhada a um leve choque, um formigamento momentâneo que lhe atingira algo mais profundo do que apenas sua cerne, era por esse motivo que a observara, o tilintar de brilho cristalino em seu colar talvez fora o principal contribuidor para a suspeita que se dissipou por instantes ao perceber a relutância em encará-lo nos olhos como sempre fizera sem medo ou receio. A percebeu apenas fechar seus olhos por segundos, inspirando de maneira trêmula e engolindo em seco.
̶ Eu não posso mentir, sou incapaz na verdade. ̶ Sussurou a revelação, encarando-o ao fundo de suas íris assemelhadas, havia algo ali, algo novo sob o poder que seu olhar portava. ̶ Então, não posso dizer que toda essa revolta provém de apenas o fato da minha origem ou da minha existência aqui, assim como não pode dizer que toda essa tristeza e decepção que sente não são suas. ̶ Comentou e então pode perceber; os resquícios de magia haviam voltado a tremular sob suas íris, o que percebeu desvanecendo lentamente assim que a tonalidade voltou a ser apenas o azulado vibrante, foi quando percebera que algo estava errado.
Um sorriso leve ressurgiu nos lábios bem desenhados da fada, um toque estranho de satisfação emergindo com a constatação que comecara a manchar a feição do garoto à sua frente, talvez satisfeita pela confusão vislumbrada no mesmo ou pelo aflorar das emoções negativas daquele a quem pertenciam.
̶ Eu sou a última pessoa com a qual deveria tentar mentir, gancho.
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𝔖eguindo aos amigos pelo túnel obscuro, a arma posta em suas mãos fora fortemente apertada entre seus dedos esguios - ocasionando um leve ardor, a sensação latejante que a acometera após o soco desferido. - quando seus olhos puderam vislumbrar a luz do dia, mesmo que mais fraca, resplandecer sobre sua visão, o sol não obtinha seus raios cálidos a atingir sua pele como rotineiramente, o gentil aquecer graças ao calor era inviável devido a cúpula dourada que os rodeava, a barreira que sua mãe concedera através do desejo a estrela, pouco da luminosidade, pequenos resquícios que escapavam por entre as nuvens expressas e escuras que indicavam um clima tempestuoso e incomodara levemente seus olhos desarcostumados, pairando sob a densa atmosfera de tensão e rivalidade entre o grupo, seus pensamentos mergulhados aos questionamentos confusos em sua mente foram interrompidos assim que Lonnie - pessoa que sequer soubera estar ali - em uma atitude inesperada, pousou suas mãos sobre os ombros, ao captar seu toque seus olhos claros se direcionaram a ela com carinho e ternura transparecidos em suas feições, em seu sorriso leve, respondendo ao seu toque necessário e ao seu apoio.
Até a voz intensa de Uma ecoar por seus ouvidos. Após a reconhecida voz do garoto que ganhara um soco seu e a deixara ir.
Mas principalmente, ao ar que sequer recordou trazer a seus pulmões, assim que seu olhar cruzou com o de seu irmão de coração.
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Olha só quem apareceu mais cedo, se não foi a "margarida" aqui akakaakakakakaak consegui e trouxe um capítulo grande, um tanto interessante...eu diria, mas olha, eu gostei viu, tô escrevendo faz tempo, cada mínima informação surgida em relação a Fayrie é super importante, não desconsiderem nada pois nada é colocado atoa! Enfim, eu adorei conseguir publicar ele depois de tanto tempo, espero que tenham gostado e durmam com Deus meus amores, a autora ama muito vocês! 😊💙
P.s; o desfecho da ilha vem no próximo mesmo, dessa vez eu juro que vai acabar gente kakakakakak
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