⠀⠀━ 𝐂𝐀𝐏. 3 ❜ chocolate thief.
🩰' 𝒲elcome to 𝒕𝒉𝒆 𝑐𝑎𝑝. 𝒯𝐡𝐫𝐞𝐞.
ℰ𝐒𝐓𝐀́ 𝐏𝐑𝐎𝐍𝐓𝐎?
𝒞omeçará em
três,
dois,
um!
ℳ𝐄𝐓𝐀 para o próximo capítulo : 75 comentários.
⠀⠀⠀ℳ𝐀𝐈𝐒 𝐔𝐌 amanhecer havia chegado na lavanderia Alva & Escovão e os trio já estava pronto para colocar o plano em ação. Véronique, Willy e Noodle haviam acordado mais cedo para poder explicar o que haviam decidido à menina, já que ela não estava presente na noite anterior. E por falar nisso, essa definitivamente foi uma memória que não saiu da mente tanto de Véronique quanto de Willy, porém nenhum dos dois comentaram tal fato.
⠀⠀⠀Iriam fazer Escovão acreditar que dona Alva estava perdidamente apaixonada por ele, tarefa de Véronique, que tinha a incrível habilidade de convencer as pessoas e também por Willy. Já Noodle, iria fazer dona Alva acreditar que Escovão era um aristocrata da Bavária - ou como dizia Véronique, devido a etimologia francesa: Baviera - fazendo assim, ela se apaixonar realmente por ele, iludida de que o homem era alguém da alta sociedade.
⠀⠀⠀E assim, enquanto ambos estivessem distraídos pelo amor, - que segundo Willy era a melhor o jeito de fazer as pessoas perderem o foco e a atenção - Noodle, Willy e Véronique iriam escapar para fora e dar início a venda dos incríveis, maravilhosos e deliciosos chocolates de Willy Wonka.
⠀⠀⠀Nada poderia dar errado, certo? Afinal, os planos mais mirabolantes são os que mais podem dar certo… ou não, mas enfim.
⠀⠀⠀Véronique havia acordado de bom humor, o que não acontecia já faz algum tempo, afinal havia tido uma noite tranquila e sem pesadelos. Apenas alguma lembrança aqui e ali, ela supunha que devia ser o cansaço extremo que a havia feito dormir tão profundamente, mas eu diria que teria sido outro motivo, queridos leitores. Nesse dia, ela usava uma saia em um tom de vinho escuro e uma blusa peplum rosa claro, além de uma sapatilha levemente alta, estilo Mary Jane. Também usava uma pulseira e brincos de pérolas como acessórios.
⠀⠀⠀Sendo explorada? Sim. Desarrumada? Nunca.
⠀⠀⠀Esse era um lema de Véronique, sempre procurava manter a melhor aparência possível, pois a forma como se apresenta diz muito sobre você, sendo a primeira coisa que a pessoa irá avaliar ao te ver pela primeira vez. São raras as pessoas que olham o interior antes do exterior, e podemos dizer que Willy Wonka era uma dessas pessoas.
⠀⠀⠀Ela se olhou pela última vez no espelho, para conferir a aparência e estava se preparando para sair, quando tropeçou numa caixa no canto do quarto. Véronique xingou baixinho e se abaixou para passar a mão pelo tornozelo, pois estava doendo. Quando se abaixou, ela visualizou o conteúdo da caixa e viu que eram suas antigas coisas de balé, os vestidos, sapatilhas, meias, acessórios. Hesitando, ela apanhou um par de sapatilhas rosas, delicadas com detalhes florais em dourado, as encarando e passando os dedos pelos seus traços.
⠀⠀⠀E de repente, aquelas terríveis memórias voltaram na velocidade da luz, assombrando a mente da mulher. O fogo, os gritos, a dor. A respiração de Véronique se tornou descompassada e seu coração acelerou, algumas lágrimas brotando em seus olhos o que fez ela soltar as sapatilhas rapidamente e se levantar, enxugando as lágrimas dos olhos. Ela respirou fundo e se recompôs, não queria que a vissem naquele estado.
⠀⠀⠀Ela saiu do quarto - cela - e se dirigiu para fora da ala dos funcionários em uma fila com os outros empregados. Enquanto eles passavam, Escovão fazia a chamada matinal. Véronique e Willy estavam por último, pois fazia parte do plano.
⠀⠀⠀— Bom dia, Véronique! — Wily a cumprimentou alegremente, mas seu olhar assumiu um tom preocupado ao ver que a loira não aprecia estar tendo um dia tão bom. —Você está bem?
⠀⠀⠀— Bom dia, Willy e… sim, estou bem, obrigada! — ela respondeu rapidamente, endireitando a postura, dando um sorriso.
⠀⠀⠀Porém, Willy não se convenceu da afirmação dela, seus olhos escuros e profundos demonstraram dor e ele preferia acreditar no que os olhos dizem do que nas palavras que saíam de sua boca. Olhares nunca mentem. No entanto, ele não ia pressioná-la a falar, talvez ela não se sentisse confortável para falar sobre isso e ambos saíram andando até a saída da ala dos empregados.
⠀⠀⠀— Varenne! — Escovão disse, meio grunhindo. — E Wonka!
⠀⠀⠀Ambos se olharam e Véronique teve que segurar um sorriso, o que fez Willy olhar para baixo, também tentando esconder o riso.
⠀⠀⠀— Escovão! — ouviu-se dona Alva gritar ao longe, o que fez o homem soltar um grunhido aborrecido novamente. — A privada entupiu de novo!
⠀⠀⠀Era hora de colocar o plano em prática.
⠀⠀⠀— Ah! — Willy suspirou, entrando pelo túnel que levava para a lavanderia. — O inconfundível som do amor. — ele comentou, chamando a atenção de Escovão.
⠀⠀⠀— EI! O que quer dizer com isso? — ele questionou intrigado e Véronique sorriu. Estava dando certo, era muito fácil enganar ele.
⠀⠀⠀— Não vai me dizer que nunca percebeu? — a ex-bailarina perguntou, fingindo um semblante de espanto. Ela está loucamente apaixonada por você! — finalizou retrocedendo no caminho para o túnel, juntamente com Wonka.
⠀⠀⠀— Tá falando da dona Alva? — Escovão perguntou com uma expressão estranha.
⠀⠀⠀— Perdidamente! — Willy enfatizou, fazendo um movimento com a bengala. — E por que não estaria? Veja só você. Um homem e tanto!
⠀⠀⠀Véronique tossiu, numa tentativa de esconder uma risada, o que fez Escovão grunhir, lançando um olhar estreito a ela.
⠀⠀⠀— Exatamente! — ela concordou com a fala de Willy se aproximando mais dos dois, se posicionando ao lado do chocolateiro. — Você só precisa… se arrumar um pouquinho! — ela fez um sinal de pouco com os dedos. — Comprar roupas novas, tomar um banho…
⠀⠀⠀— Banho? — o homem perguntou confuso e Véronique suspirou.
⠀⠀⠀— Sim! Um banho.
⠀⠀⠀— É o que dizem… Não é? — Willy disse se aproximando mais do homem.
⠀⠀⠀— O que eles dizem? — o mais velho replicou, com aquela voz grossa meio grunhindo.
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀— Ela vai ficar grata por um tornozelo.
⠀⠀⠀— Sim! — Escovão assentiu e nessa hora Véronique se retirou, caso contrário ela não iria aguentar tamanho constrangimento alheio e o plano todo iria pelos ares.
⠀⠀⠀— E vai adorar ver o seu joelho. — Willy continuou.
⠀⠀⠀— Certo! — Escovão concordou mais uma vez.
⠀⠀⠀— Mas se quiser vê-la suspirar… — o moreno continuou, movimentando a cabeça.
⠀⠀⠀— De fato.
⠀⠀⠀— A coxa deve mostrar! — Willy sussurrou, e Véronique emitiu um som agudo, no fundo, tentando esconder a risada chamando a atenção de Willy e Escovão e se virou, fingindo estar prestando atenção nas partículas de ar.
⠀⠀⠀Escovão voltou a atenção para Willy e deu um sorriso malicioso com um meio grunhido, uma visão horrível, de fato - sem ofensas, é claro. Ouviram a dona ALva chamar ele novamente e o homem ordenou que os dois voltassem ao trabalho, praticamente empurrando os dois para dentro do túnel. Enquanto isso, Noodle cumpria com a sua parte do plano, convencendo dona Alva de que Escovão era um aristocrata da Bavária.
⠀⠀⠀E de volta à lavandeira, Willy terminava a última etapa da primeira parte do plano, construindo uma engenhoca que pudesse fazer seu trabalho e o de Véronique enquanto estivessem fora. E é claro, enquanto cantavam.
⠀⠀⠀“Esfrega Esfrega!” A canção ecoava nos ouvidos de Véronique que agora, diferente do dia anterior, estava até cantarolando algumas partes da música.
⠀⠀⠀Willy apanhava diversas peças para a máquina, enquanto andava pela lavanderia colocando todas no carrinho e enquanto Véronique observava, ao passo que fazia seu trabalho no local. Ela tinha que admitir que além de fazer chocolates maravilhosos, ele ainda era um excelente inventor.
⠀⠀⠀— Vem cá pegar ligeiro! A calça do carteiro! — Willy cantou estendendo um pedaço de pano para Tito, o cachorro, para poder atraí-lo.
⠀⠀⠀O cachorro foi atraído pelo tecido e correu até Willy, que quando havia o cachorro perto de si, puxou uma divisória e escondeu o que estava criando, deixando os outros bem curiosos e com expressões confusas.
⠀⠀⠀“Esfrega, esfrega!”
⠀⠀⠀Algum tempo depois, quando já havia terminado sua mirabolante criação, ele abriu a divisória e revelou para todos os colegas a sua invenção. Véronique cruzou os braços e deu um sorriso, curiosa com o que Willy havia inventado dessa vez, afinal ele não havia lhe dito qual seria sua fantástica criação.
⠀⠀⠀— Senhoras e senhores, eu lhes apresento a minha mais nova invenção! — ele estendeu a mão para a criação, que era uma mistura de engrenagens, esteira, vapor e bolhas de sabão. — Uma inovação em lavagem de roupa.
⠀⠀⠀— Esfrega, esfrega! — eles disseram e Véronique olhou para eles ligeiramente assustada, mas logo se recuperou, estava acostumada com as peculiaridades dessa lavanderia.
⠀⠀⠀— Vou lhes fazer uma pergunta: como o Tito gosta de passar o tempo? Correndo atrás do carteiro. — Willy perguntou, andando de um lado para o outro. — E o que eu tenho que fazer o dia todo?
⠀⠀⠀— Esfrega, esfrega! — Os olhares deles estavam maravilhados, até Véronique havia aberto um pequeno sorriso para Willy, que na maioria das vezes concentrava seus olhares principalmente a ela.
⠀⠀⠀— Mas agora, com o emblemático, automático e prático passador de Willy Wonka, — ele disse rapidamente estendendo os dois braços para a máquina. — - por favor, não me façam repetir novamente - o Tito consegue correr e eu me esconder!
⠀⠀⠀Um carrinho começou a andar pelos trilhos e eles seguiram, ainda dizendo: Esfrega, esfrega! Véronique estava verdadeiramente impressionada, Willy já estava especialista em surpreendê-la. Enquanto os outros observavam a invenção, ela se aproximou de Willy.
⠀⠀⠀— Você é muito bom. — ela o elogiou, ainda olhando a invenção, mas Willy olhava diretamente para ela, um sorriso pintando em seu lábios enquanto observava a mulher ao seu lado.
⠀⠀⠀— Obrigado, mas modéstia à parte, eu sou bom em muitas coisas. — ele brincou, sua voz se tornando gradativamente um sussurro.
⠀⠀⠀— Quando me provar, eu irei acreditar, sr. Wonka. — Véronique sussurrou de volta, agora olhando para Willy, seus lábios se curvando em um sorriso misterioso e o olhar se voltando para a invenção.
⠀⠀⠀Willy deu uma leve risada, mas seus olhos não se desgrudaram de Véronique, o tempo que passaria ao lado daquela mulher misteriosa seria muito… interessante. Ele olhou na mesma direção que Véronique e disse a ela:
⠀⠀⠀— Precisamos ir, temos que vender chocolate.
⠀⠀⠀— Você vai pelo elevador, vou pelas escadas. Se me perguntarem qualquer coisa, caso eu seja vista, direi que vou ajudar Noodle nas entregas. — Véronique respondeu, em um tom firme, começando a andar e Willy seguiu ela, encantado com a determinação dela. A loira apanhou um saco de pano, os quais utilizavam para guardar as roupas e entregou a Willy. — Leve isso, para se esconder.
⠀⠀⠀Os dois foram até onde os outros estavam e Willy se dirigiu até o elevador, os colegas de trabalho os seguindo. O moreno entrou no elevador para roupas, que era minúsculo, então o chocolateiro teve que se encolher para poder caber no local.
⠀⠀⠀— Vou dar um pulinho lá fora com Véronique, volto antes da chamada. Até lá o Tito vai ficar no… — ele colocou a mão sobre a alavanca do elevador.
⠀⠀⠀— Esfrega, esfrega! — os outros completaram e Willy puxou a alavanca, que fez a porta do elevador fechar e subir.
⠀⠀⠀Véronique deu uma breve despedida aos outros e subiu as escadas, pegando o seu casaco que ficava num gancho à porta. Ela o vestiu e abriu a porta levemente, e a fechando também com a mesma leveza. Caminhou em passos leves até o elevador, nos fundos do local, para não ser percebida por dona Alva e Escovão.
⠀⠀⠀Assim que chegou, Noodle já havia colocado Willy - que estava dentro do saco - na cesta de roupas. A morena fez um high five com a amiga e ambas saíram para fora, olhando para os lados para ver se alguém havia vindo e assim que estavam há uma distância segura, Noodle abriu o saco e falou para Willy que estava lá dentro.
⠀⠀⠀— Pode sair! — ela disse e Willy abriu um sorriso em descrença.
⠀⠀⠀— É mesmo? — ele perguntou e a menina assentiu.
⠀⠀⠀Ele saiu do saco de pano e pulou para fora do carrinho, a felicidade estampada em seu rosto, dava para ver seus olhos brilhando e aquilo de alguma forma, deixou véronique feliz também. Após a conversa na noite anterior, sobre o segredo e a promessa da mãe de Willy, habitava em seu ser um sentimento de contentamento pelo chocolateiro, ao vê-lo avançando no caminho para realizar seu sonho.
⠀⠀⠀— Conseguimos!
⠀⠀⠀— Nem acredito que realmente deu certo. — Véronique disse com um sorriso um tanto surpreso.
⠀⠀⠀— Nada que um pouquinho de esperança não resolva, certo Véronique? — Willy deu um sorriso, olhando para a loira, que devolveu o olhar com um leve assentimento.
⠀⠀⠀Noodle observou a troca de olhares entre os dois e ficou pensativa sobre isso, achando um tanto peculiar, por assim dizer. Porém, se tratava de Willy e Véronique, não havia como não ser algo peculiar.
⠀⠀⠀— Esperem até ver quanto chocolate eu fiz ontem a noite! — Willy disse pegando a cartola e tirando um pote de dentro dela. — Nós venderemos tudo e vamos ficar… — porém o pote estava vazio, e quando percebeu isso, Willy soltou um suspiro. — Ah, não!
⠀⠀⠀— O que foi Willy? — Noodle perguntou, semicerrando os olhos levemente.
⠀⠀⠀— De novo não! — Willy respondeu, um pouco desesperado, olhando para ambos os lados.
⠀⠀⠀— O que aconteceu com os chocolates? — Véronique indagou.
⠀⠀⠀— Não sei como contar isso, mas… eles foram roubados. — o moreno respondeu, colocando a cartola de volta na cabeça.
⠀⠀⠀— Roubados? — Noodle perguntou com uma expressão confusa e Véronique mais ainda, por mais que acreditasse em Willy aquela história não estava tão certa.
⠀⠀⠀— Quem roubaria chocolates? — a loira perguntou, com um tom de voz incrédulo.
⠀⠀⠀— O homenzinho laranja! — ele explicou, sua voz soando mais dramática.
⠀⠀⠀— O quê? — Noodle perguntou em descrença, a voz ligeiramente afetada.
⠀⠀⠀“Ah, não!” Véronique choramingou em pensamento, seu rosto sendo tomado por uma expressão de desespero e preocupação. A esperança se esvaindo de seu coração, talvez aquele plano não desse tão certo quanto ela imaginava.
⠀⠀⠀— Eu não contei sobre ele? — Willy perguntou, seu olhar indo de Véronique até Noodle.
⠀⠀⠀— Não! Definitivamente não contou. — Véronique respondeu, balançando a cabeça.
⠀⠀⠀— É um homenzinho baixo, dessa altura. — O chocolateiro disse, dando um espaço entre as mãos de mais ou menos trinta centímetros, impossível haver um ser daquele tamanho. — Ele rouba meu chocolate no meio da noite, isso tem acontecido a cada três ou quatro semanas nos últimos três ou quatro anos.
⠀⠀⠀— É mesmo, é? — Noodle perguntou, agitando a cabeça, sua voz exalando incredulidade.
⠀⠀⠀Véronique por mais que quisesse não conseguia pensar diferente, aquilo era logicamente impossível.
⠀⠀⠀— Às vezes consigo ter dislumbres dele naquele limiar esquisito entre dormir e acordar. — Willy explicou enquanto gesticulava com as mãos. — Cabelo verde refletindo na luz da lua.
⠀⠀⠀— Cabelo verde, Willy? — Véronique indagou sem acreditar, deixando as mãos caírem dos lados do seu corpo.
⠀⠀⠀— Um dia eu pego ele. Quando eu conseguir…
⠀⠀⠀— Willy! — as duas amigas disseram em uníssono chamando a atenção do chocolateiro, que estava bem absorto em sua narração.
⠀⠀⠀— Sinceramente, você não espere que acreditemos nisso, não é? — Noodle questionou, sendo bem sincera e direta.
⠀⠀⠀— É claro que sim! — O moreno respondeu como se tudo aquilo que acabou de descrever fosse algo banal e costumeiro. — Qual seria a outra explicação?
⠀⠀⠀— Não sei! — Noodle respondeu descruzando os braços e os gesticulando, transparecendo uma leve frustração. — Que você vá dormir e sonhe com o homenzinho verde.
⠀⠀⠀— Homenzinho laranja de cabelo verde. — o homem de olhos verdes a corrigiu. — Hum?
⠀⠀⠀— E enquanto você sonha, enche a cara de chocolate! — Noodle finalizou, seu rosto assumindo uma expressão irritada.
⠀⠀⠀Noodle entendia a frustração da amiga e estava prestes a contagiá-la também, ela nunca deveria ter pensado por algum momento que aquele plano poderia dar certo. Ela levou a mão à testa, os dedos massageando as têmporas numa tentativa de manter a calma e não entrar em desespero.
⠀⠀⠀— Encho a cara com chocolate… oh! — Willy repetiu a fala de Noodle, no início com ironia mas baixando a voz gradativamente à medida que percebia a lógica. — Realmente faz mais sentido.
⠀⠀⠀Noodle soltou um suspiro andando rapidamente enquanto reclamava, a voz alterada frente a perspectiva da aparente falha do plano.
⠀⠀⠀— Eu não acredito que realmente achei que isso poderia dar certo. — Véronique comentou, seguindo Noodle sem demonstrar nem um pouco de alteração, porém aquela nuvem negra que a encobria voltava a estar sobre ela visivelmente.
⠀⠀⠀— Eu não acredito que comi meu próprio chocolate! — Willy murmurava ainda atrás delas.
⠀⠀⠀— Idiotice de raio de esperança! — menina de cabelos cacheados disse, a irritação sendo visível em sua voz.
⠀⠀⠀— Ei! Não tem nada de idiota no meu chocolate. — o chocolateiro se defendeu, parecendo um pouco magoado ou ofendido, franzindo o cenho e Véronique o encarou, as sobrancelhas levemente arqueadas.
⠀⠀⠀— Willy, olha só para como estamos! — a loira indicou ao redor com os braços, logo os voltando para perto do corpo. Depois de hesitar um pouco ela finalmente completou. — Talvez não fosse tão mágico, afinal.
⠀⠀⠀— Véronique, — Willy se aproximou dela, diminuindo a distância entre os dois. Seus olhos cor de esmeralda encaravam o castanho escuro dos olhos da francesa, que lembravam pequenas gotas de chocolate, o que fazia ser mais fascinante ficar olhando para ela. — você provou o chocolate, você sabe que apesar de desaparecer misteriosamente, eles não são nada ruins.
⠀⠀⠀Talvez por causa da proximidade repentina, talvez por Willy olhar tão profundamente para os olhos de Véronique ou até mesmo pelo fato de ele ser ele, Véronique não conseguiu responder. Isso raramente acontecia, ela sempre tinha as respostas na ponta da língua para qualquer um.
⠀⠀⠀A loira abriu ligeiramente a boca na espera de que alguma palavra saísse mas como não aconteceu, ela comprimiu os lábios e desviou o olhar enquanto cruzava os braços. O chão estava coberto por uma leve camada de neve e Noodle caminhava de um lado para o outro.
⠀⠀⠀— Se a dona Alva tivesse pego a gente, eu podia estar naquela cela, agora! — ela indicou a si mesma, falando sobre o armário em que Alva prendia os funcionários quando a desobedeciam. — Eu envolvi Véronique nisso tudo e ela também poderia ter sido afetada.
⠀⠀⠀— Olha, — Willy disse se aproximando de onde as duas estavam, agora que Véronique havia se juntado a Noodle. — eu realmente sinto muito. Podemos fazer mais chocolate! O único problema é que estou sem leite.
⠀⠀⠀— Bom, isso não é um problema. — Noodle respondeu, agora mais calma e apanhou uma das garrafas de leite da casa ao lado. — Leite!
⠀⠀⠀O rosto pálido de Willy recebeu um olhar horrorizado diante da ação de Noodle e foi até ela rapidamente tirando o leite de sua mão e colocando de volta na frente da residência.
⠀⠀⠀— A: Isso é roubar! — ele respondeu e se apoiou na bengala com as duas mãos. — E C: Willy Wonka não usa leite de vaca comum. — Véronique cruzou os braços seus olhos assumindo um tom opaco ao ouvir a declaração de Willy. É claro que não seria leite de vaca comum! — Para essa criação em particular eu preciso de leite de girafa.
⠀⠀⠀— E B: como Willy Wonka pretende conseguir leite de girafa? — Véronique perguntou com desdém, o chocolateiro só podia estar brincando. Leite de girafa?
⠀⠀⠀— Bem, por acaso tem uma girafa no zoológico na cidade. — Noodle respondeu e Willy gesticulou com a mão, olhando para Véronique como se isso respondesse a pergunta de Véronique. A neve começava a cair lentamente novamente, como pequenos pedacinhos de algodão doce.
⠀⠀⠀— Então vamos ao zoológico! — Willy disse animado indo na direção claramente oposta ao lugar.
⠀⠀⠀— Espera aí! — Véronique o chamou, agarrando seu braço para impedi-lo de prosseguir o puxando de volta. — Em primeiro lugar: o zoológico não é por aí, e em segundo: como vamos entrar lá? Duvido muito que eles vão te deixar entrar para ordenhar a girafa.
⠀⠀⠀Willy abre um sorriso misterioso e se aproxima de Véronique ao lado de Noodle e levanta sua bengala para mostrar algo às duas.
⠀⠀⠀— E é por isso minha querida Véronique e cara Noodle que temos muita sorte do homenzinho laranja já que ter encontrado… isso! — Ele puxa o topo da bengala em forma de círculo, que se abre como uma flor e revela uma pequena caixinha de presente.
⠀⠀⠀— E como isso poderá nos ajudar, querido Willy? — Véronique perguntou, sua voz pingando escárnio.
⠀⠀⠀Ela virou rosto para Willy, seu olhar castanho e escuro, encontrando os olhos verdes brilhantes, a apenas um palmo de distância. Ela deu um sorriso para enfatizar o que transmitia em sua voz e bom, sorrisos sarcásticos combinavam perfeitamente com Véronique, pelo menos na visão de Willy Wonka.
⠀⠀⠀O desdém óbvio da francesa não afetou Willy. Ele sabia que ela iria se surpreender com ele novamente, ele devolveu o sorriso, seu olhar passeando pelo rosto da loira.
⠀⠀⠀— Você verá, querida. — O moreno respondeu, enfatizando a última palavra, o que fez a loira revirar os olhos e arrancar um sorriso brincalhão de Willy.
⠀⠀⠀Por um momento ambos se esqueceram que até mesmo Noodle estava ali e a menina observava curiosa a interação dos dois, meditando sobre o que poderia estar acontecendo. Ela com certeza havia perdido algo.
⠀⠀⠀Após, eles planejaram como iriam entrar no zoológico de forma discreta. Esperariam até a noite e dariam início ao plano. Durante esse tempo em que eles esperaram, o trio conversou sobre diversos assuntos, como não poderia voltar até a lavanderia, Willy foi com Véronique e Noodle fazer a entrega das roupas lavadas.
⠀⠀⠀Ele conheceu várias pessoas da cidade como o Sr. Hightower que o achou um rapaz muito simpático e muito “bem-apessoado”, como ele comentou com Noodle sem que Willy e Véronique ouvissem, que ele seria um excelente par para a senhorita Varenne.
⠀⠀⠀Noodle soltou uma risadinha e concordou com a cabeça, observando Véronique e Willy conversarem sobre algum assunto desconhecido a ela. Apesar do grande contraste de personalidade, era como se eles se encaixassem, como as duas últimas peças de um quebra-cabeça aparentemente insolucionável.
⠀⠀⠀Willy era a luz que poderia iluminar o dia de Véronique. O sol depois da tempestade. Alguém que poderia colorir o mundo preto e branco da francesa, que havia se descolorido há muito tempo.
⠀⠀⠀Leves flocos de neve caíam, um sol tímido espreitando por entre as nuvens transmitindo um frio caloroso, eu diria, iluminando o caminho do trio de amigos e lançando finos feixes de sol sobre as casas da cidade, refletindo suavemente na cúpula da Galeria Gourmet. Dava para avistá-la ao longe, situando-se no centro da cidade. E mesmo que nosso trio não visse, esse sol também iluminava o topo de um antigo belo teatro da cidade, porém já corroído pelo tempo. Porém, algo grandioso o aguardava e como a fênix, ele renasceria das cinzas - e não apenas ele.
⠀⠀⠀Noodle sorriu enquanto se despediram do sr. Hightower, indo até a próxima casa com o carrinho de roupas, pensando na possibilidade de que isso poderia mesmo ser real. Ela era sensata, não costumava acreditar nos contos de fadas, apesar de adorar lê-los. No entanto, quiçá a magia dos livros pudesse se manifestar no mundo real e bem, Willy era um mágico.
⠀⠀⠀Talvez ele pudesse ser o príncipe que veio para resgatar Véronique da torre.
──── 𝒪lá, meus sweeties! Tudo bem com vocês? Chegamos a mais um capítulo e espero que vocês estejam gostando de como a fanfic está indo até agora. Comentem bastante, digam o que estão achando e dêem a estrelinha! ☆
Obrigada e até o próximo capítulo, enquanto lêem se deliciem com música clássica, balé e muito, muito chocolate!
🍬' interação: qual a música
━━ sem revisão. ▌🎩
𝐒weetie 𝐊isses, 𝒞𝒍𝒂𝒓𝒚.
© WRITERDREAMXS, 2023.
a doce bailarina.
❛❛ 𝒞OME 𝐖ITH 𝐌E
𝐀ND 𝐘OU 𝐖ILL
𝐁E 𝐈N 𝐀 𝐖ORLD
𝐎F 𝐏URE 𝐈MAGINATION. ❜❜
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