*Especial Burke*
Sei que ele não é muito amado mas...
—Preston, não deves chegar tão atrasado como a noiva!—, disse a minha mãe enquanto eu vestia o casaco e apertava os botões de punho.
— Não te preocupes, mãe, eu estarei lá a tempo! — respondi, assegurando-a de que chegaria pontualmente
Desço as escadas com um sorriso, mas o meu bom humor é rapidamente substituído pela tensão no rosto do Shane e na reação da Marie quando batem à porta. Era evidente que alguma coisa não estava bem.
—Não íamos nos encontrar na festa?—perguntei, tentando manter um tom descontraído enquanto observava a expressão nervosa no rosto do Shane.
— Sim, mas…— ele começa a dizer, mas é interrompido pela minha mãe.
— Fala, rapaz, 'mas' o quê? — disse ela, cruzando os braços. É evidente que ela também estava preocupada com o que estava acontecendo.
O Shane engole um nó que parecia ter na garganta.
— Lamento imenso, Dr. Burke, mas a Cristina não está cá. Ela não vai casar! — diz ele com aparente nervosismo.
Fico em choque por alguns segundos, tentando processar a informação. Não posso acreditar que a Cristina, minha Cristina, tenha desaparecido no dia do nosso próprio casamento. Sem dar uma explicação, sem ao menos ter um motivo para fazer isso. Meus pensamentos correm descontroladamente enquanto tento entender o que pode ter acontecido.
— O que quer dizer com ela não está aqui? — pergunto com a voz trémula. — Onde está ela? Por que não está aqui? Porque ela não vai casar?
Marie aproxima-se de mim com uma mão no meu ombro, tentando me acalmar.
— Tio Burke, eu não sei os motivos, mas acho que a minha mãe não quer casar mesmo.
Minha mãe empurra um pouco a Marie, mandando-a embora de perto de mim, e diz:
— Como é possível que ela tenha tomado uma decisão tão drástica sem sequer dar uma explicação? Mas essa mulher enlouqueceu? — ela olha para mim, preocupada.
— Talvez ela não quisesse casar. Cristina não enlouqueceu. — diz Shane, tentando acalmar a situação.
Eu tinha organizado uma festa e sabia que merecia ser punido, mas não desta forma. Tudo o que eu queria era o bem dela. Como poderia um amor de tantos anos terminar desta maneira?
— Não, isso não é real! — gritei, tentando negar a realidade que se apresentava diante de mim. A mulher que amei e com quem planejei passar o resto da minha vida simplesmente desapareceu no dia do nosso casamento. Não podia aceitar isso, não conseguia acreditar que tudo acabou assim.
Olhei para o vazio, tentando processar tudo o que estava acontecendo. Como um amor de tantos anos poderia terminar assim, sem aviso, sem explicação? Senti-me perdido, sem rumo, sem saber o que fazer a seguir.
— Não, isso não é real! — repeti mais uma vez, tentando convencer-me de que tudo não passava de um pesadelo. Mas infelizmente, sabia que não era. — Com quem ela está?
Shane hesitou por um momento antes de responder.
— Desculpe, Dr. Burke, mas não sei. Ela não deixou nenhuma informação sobre para onde iria ou com quem estaria. Parece que ela simplesmente desapareceu.
Minha mãe começou a proferir maldições.
— Uma vagabunda! Eu sempre avisei, Preston.
— Minha mãe não é uma vagabunda, sua bruxa! — gritou Marie, enquanto Shane tentava acalmá-la.
— Cale-se, você é apenas uma criança.
— Basta, mãe! — interrompi a discussão antes que fosse longe demais. Meus olhos encheram-se de lágrimas e saí de casa sem dizer uma palavra.
— Preston, volta aqui! Obedece-me! — gritava a minha mãe, mas eu só ouvia a voz ao fundo.
Entro no carro, ligo o motor e saio em direção a lugar nenhum. Não sei para onde estou indo, apenas quero afastar-me daquele lugar e daquelas pessoas. Preciso de tempo para pensar, para encontrar respostas para as perguntas que me assombram.
Enquanto conduzo, as lágrimas escorrem pelo meu rosto, sem que eu possa controlá-las. Não posso acreditar que a Cristina fez isto comigo. Eu pensei que tínhamos superado os erros do passado. Até que ponto ela é tão vingativa que pagou-me na mesma moeda?
Tento ligar-lhe, mas ela não atende, apesar do telefone dar sinal de chamada.
Enquanto isso, na minha casa, discute-se quem irá informar os convidados sobre o fim do casamento. Meu pai parece bastante irritado, enquanto minha mãe continua a resmungar palavras maldosas sobre Cristina.
— Querem que eu seja o responsável por avisar os convidados? — pergunta Shane.
Minha mãe olha para Shane com repulsa.
— Claro que não, não vamos fazer o meu filho passar por essa humilhação — diz ela.
Shane sai da casa de mãos dadas com Marie, que olha para minha mãe de forma ameaçadora.
Shane dirige-se ao palco e fala com a senhora do registo que ia realizar a cerimónia.
— Desculpe-me, mas a noiva não vai comparecer — diz Shane, olhando para a senhora do registo.
A senhora do registo fica um pouco confusa, olhando para Shane sem saber o que dizer.
— Como assim? — pergunta ela.
— A Cristina não vai comparecer. Não sei se ela entrará em contacto para remarcar a cerimónia, mas neste momento, não há casamento — explica Shane.
Ele pega no microfone e dá duas pancadas para ver se está a funcionar e começa a falar para os convidados:
— Peço desculpa por interromper o vosso convívio, mas tenho algo para anunciar.
Os convidados ficam em silêncio, prestando atenção às palavras de Shane.
— Infelizmente, a noiva não vai comparecer. Não temos mais informações sobre se haverá remarcação ainda. Mas podem continuar a desfrutar da festa.
A multidão fica chocada, sem saber como reagir. Alguns convidados começam a murmurar e a olhar uns para os outros, enquanto outros ficam em silêncio, tentando processar a notícia.
Shane desce do palco e se aproxima da saída quando, Érica aproxima-se com o seu vestido azul que combinava com os seus olhos.
— É verdade que o casamento não vai acontecer? — pergunta Érica.
— Infelizmente, sim. A Cristina desapareceu e só enviou uma mensagem a dizer que estava bem — diz Shane.
— Tu deves saber muito bem o que aconteceu, Shane! Sabes tudo o que se passa com ela! — diz Érica num tom arrogante.
— Não é bem assim, a Cristina tem uma personalidade própria. Ela não depende da opinião dos outros, ou achas que eu apoiaria uma coisa dessas? — explica Shane.
Érica olha para todos os lados, procurando por mim.
— Onde está o Burke? — pergunta ela.
— Não faço ideia, ele saiu de casa e eu vim para aqui.
— Talvez devêssemos procurá-lo juntos. Afinal, somos amigos há anos e não podemos deixá-lo sozinho em um momento difícil como este — sugere Érica.
Shane revira os olhos em resposta.
— Eu sou amigo da Cristina, não do Burke. O meu dever é somente com ela.
Érica suspira, visivelmente chateada com a resposta de Shane.
— Tudo bem, Shane, não precisas ser rude. Vou ligar para ele e ver onde ele está.
O meu telemóvel começa a tocar, e eu hesito em atender. Tinha ido a um bar beber uísque, isso é o que o desgosto amoroso faz.
Atendo o telefone ainda com a voz embargada pelo álcool.
— Alô, quem é? — digo.
— Preston, sou eu, a Érica!
— Érica, oi. Desculpa, estou um pouco bêbado agora — respondo.
— Compreendo, mas diz-me onde estás, vou buscar-te.
— Estou num bar, não sei exatamente o nome, mas em Zurique, perto do lago.
Desligo o telefone e volto a olhar para o copo vazio à minha frente. Preciso afastar -me disso, mas não sei como. A presença de Érica pode ser uma ajuda neste momento difícil.
Ela chega ainda vestida com a roupa da festa e vê-me com a cabeça deitada no balcão.
— Cristina deixou-me.
— Eu sei, o Shane contou-me. Sinto muito, Burke. Mas não podes ficar aqui sozinho, precisamos ir para casa — diz Érica, ajudando-me a levantar.
Coloquei o meu braço sobre os ombros de Érica enquanto ela me segurava pela cintura. Pagámos a conta e ela acompanhou-me até ao carro dela. No caminho para casa, ouvíamos música de fundo.
— Estou péssimo, Érica. Não sei como vou superar isto. Parecia que tudo estava a correr tão bem entre nós, mas agora ela simplesmente desapareceu sem dar explicações. — desabafei.
— Entendo, mas tu fizeste o mesmo com ela quando tentaste casar pela primeira vez, então era de esperar isso. Mas ao menos tu tiveste coragem de aparecer e dizer a verdade. Agora é preciso ter paciência e esperar para ver o que acontece. Talvez ela precise de um tempo para si mesma e quando se sentir pronta, vai entrar em contato contigo.
Érica levou-me até à casa dela e ligou o chuveiro para que eu passasse a bebedeira, mas eu entrei vestido na cabine de duche. Reparei que ela revirou os olhos ao ver-me.
— Burke, não podes entrar vestido na cabine de duche! Tira a roupa e toma um banho direito. Eu espero lá fora!
Mas eu só conseguia sentar-me no chuveiro.
— Desculpa, Érica. Eu não estou no meu melhor estado agora. — disse, enquanto tentava levantar-me. — Não te preocupes comigo, a minha vida está acabada mesmo.
— Não digas isso, Burke. A tua vida não acabou. Isto é só uma fase difícil que estás a passar e vais superar. Mas precisas ter força e não desistir.
Parecia um menino, as lágrimas rolaram e, para piorar a situação, ela deu conta e começou a desatar a minha gravata, ficando também toda molhada. O vestido colava-se ao corpo.
As curvas do corpo de Érica eram evidentes, senti-me envergonhado quando ela olhou para mim enquanto desabotoava a minha camisa. Pedi-lhe que se afastasse, mas ela não ligou ao que eu disse. Ela acariciou o meu rosto, deixando-me um pouco desconcertado.
— Érica, por favor, não é justo para contigo. Eu estou um caos agora e não quero que te sintas obrigada a cuidar de mim.
Ela sorriu e aproximou a sua boca da minha.
— Não me sinto obrigada, Burke. Eu quero estar aqui contigo. Não precisas preocupar-te, eu sei que estás a passar por um momento difícil e eu quero ajudar-te a superar isto.
Ela segurou o meu rosto e, com a bebedeira, nem conseguia reagir. A sua língua brincou dentro da minha boca.
— Érica, por favor... — tentei resistir, mas os seus lábios e o seu toque eram irresistíveis.
Minha ereção era evidente. A verdade é que Cristina não me dava uma noite de sexo há muitos meses. Sempre tinha uma desculpa diferente: estava com dor de cabeça, tinha muito trabalho ou estava menstruada. O corpo da Érica estava bem à minha frente, com uma lingerie branca rendada.
Com a água fria do chuveiro, os mamilos dos seios dela ficaram mais rijos. Por impulso, a minha mão passou por cima dos seios dela, meio com medo. Érica soltou um gemido baixo e colocou as suas mãos nos meus ombros, puxando-me para si. Ela beijou-me de novo, e desta vez correspondi. Os nossos corpos colaram-se, as nossas línguas entrelaçaram-se e a água fria do chuveiro pareceu perder importância.
Mas, de repente, um flash de consciência atingiu-me: o que estava a fazer? Amava Cristina, mesmo que ela me tivesse abandonado. Érica merecia respeito.
— Desculpa, Érica. Não posso fazer isto. — disse, tentando afastar-me.
Ela olhou para mim e começou a percorrer o meu corpo com beijos. Chegou ao meu pénis e começou com pequenas lambidas. Encostei-me na parede do chuveiro, sentindo prazer, mas também culpa e arrependimento.
— Érica, para. — disse novamente, mas ela continuou e comecei a sentir prazer, segurando os seus cabelos molhados.
— Não queres que eu pare. — disse ela, brincando com a língua e subindo ao encontro da minha boca, beijando-me entre pequenos gemidos. — Sempre gostaste disto.
Já não aguentava mais, encostei-a de costas contra a box, penetrei a sua vagina e comecei a movimentar os meus quadris freneticamente. Érica gemia e arranhava as minhas costas, enquanto eu sentia uma mistura de prazer.
Porém, quando cheguei ao ápice do prazer e me afastei dela, senti-me nojento.
— Desculpa, Érica. Eu não queria... — disse.
Érica olhou para mim, ainda ofegante e suada, e deu um sorriso triste.
— Está tudo bem. Sabia que isso poderia acontecer. Amas a Cristina, não é verdade?
Assenti, sem saber o que dizer.
— Mas ela abandonou-te e, aparentemente, não te ama, porque nem uma explicação te deu. Simplesmente foi-se. — disse Érica e beijou-me. — Eu tenho paciência.
Saímos do banho ou melhor, do sexo e ela foi para o quarto dela. Eu fiquei na sala, quando alguém me ligou.
Continua...
*Notas da autora: Próximo capitulo voltamos ao normal.
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