capítulo 67
Decido ir até ao colégio para falar com o diretor. Consigo marcar uma reunião com ele e ao chegar, sou recebida por um homem simpático que me conduz até à sua sala e me oferece uma cadeira.
Explico a situação envolvendo a minha filha Marie e outra criança na escola, e como ela vinha sendo agredida repetidamente.
— Acho inadmissível a minha filha ser agredida neste colégio que não é nada barato, e não foi ela que me contou, foi alguém que viu e ela apenas confirmou. — Falo mostrando uma postura firme. — Quero que resolva isso já!
— Dra. Yang, numa história há sempre dois lados da moeda.
— Compreendo, mas a minha filha é uma criança de nove anos e não tem motivos para mentir sobre isso. Eu acredito na versão dela e acho que é importante que a escola tome medidas para garantir a segurança dos alunos. — Respondo mantendo a minha posição.
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— Entendo a sua preocupação, Dra. Yang. Vou investigar o caso e falar com os envolvidos para entender melhor a situação. — Diz o diretor de forma conciliadora. — Mas preciso também informá-la que a Marie insinuou que a mãe da outra criança saiu de casa por causa da aparência dela, sendo gorda, sardenta e feia, e que ela concordava com a mãe dela. — O diretor toma um gole de água. — A verdade é que essa menina é criada apenas pelo pai pois a mãe abandonou o casamento e a filha.
— Isso não é motivo para empurrar a minha filha. Além do mais, Marie não diria algo assim. Ela é filha sem pai também, não por abandono, mas por opção. Conhecemos as crianças e tudo é motivo para agredir, mas não a minha filha. Se Marie disse isso é porque se sentiu ameaçada.
— Entendo a sua posição, Dra. Yang. Mas é importante lembrar que precisamos ouvir todas as partes envolvidas para entender melhor a situação. Vou investigar o caso com mais detalhes e entrarei em contato assim que tivermos mais informações. Garanto-lhe que a escola tem uma política de tolerância zero com o bullying e faremos o nosso melhor para garantir a segurança e bem-estar de todos os alunos.
— Não me parece que estejam a fazer o suficiente. Faça alguma coisa e expulse essa rapariga agora. Não tolero que batam na minha filha. — Falo arrogantemente, mas infelizmente conheço a filha que tinha e é bem possível que tenha dito aquilo. Mas resolvo mentir. — Além do mais, Marie nunca diria algo assim. Tenho a certeza! — Levanto-me para ir embora.
— Eu expulsaria a sua filha, que demonstra intolerância em relação às outras crianças. Já perguntou se a sua filha foi avaliada por um psicólogo? — questionou o diretor com um tom mais incisivo.I0opii
— A minha filha é uma criança normal e saudável, e não vou permitir que seja julgada sem provas concretas. Se a escola não pode garantir a segurança da minha filha, então talvez seja melhor procurarmos outro lugar para ela estudar. — respondi, elevando a voz.
— Compreendo a sua posição, mas a Marie apresenta um temperamento forte e agressivo. É importante que ela seja avaliada por um profissional para entendermos melhor como lidar com esses comportamentos. Além disso, a história que me contou sobre a outra criança também precisa ser investigada, para que possamos ter uma compreensão completa do que está acontecendo. — explicou o diretor.
— Compreendo que a situação precisa ser investigada, mas a minha filha é a agredida, não a agressora. Como se explica que não houve queixas na outra escola e agora haja? — ele revira me os olhos e não responde.
Tinha acabado de sair da reunião com o diretor e encontrava-me agora à espera da Marie junto à entrada da escola. Naquele momento, sentia-me completamente desorientada e começava a acreditar que não tinha o instinto maternal necessário para ser mãe. A minha filha estava a tornar-se numa criança cruel e eu não fazia ideia do que fazer para mudar esse comportamento.
A cada dia que passava, a sua atitude parecia piorar e eu sentia-me cada vez mais impotente e frustrada. A cena que o diretor me contou, em que a Marie tinha sido especialmente maldosa com uma colega ao dizer que a mãe dela a tinha abandonado por ser feia, continuava a ecoar na minha mente.
Apesar de saber que a maioria dos pais não cria os filhos para lidarem com as adversidades da vida, eu sempre tinha feito questão de o fazer. No entanto, sentia-me cada vez mais desanimada ao perceber que a Marie não parecia valorizar isso.
Ela não parecia preocupar-se com as consequências das suas ações e palavras, e eu não sabia como fazê-la entender que o mundo não gira à sua volta.
— Olá mãe, não ia eu apanhar o autocarro da escola para casa? — ela sorriu, aproximando-se de mim. — Tirei 100% no teste de matemática, fui a melhor da turma. Acho que esta escola não é muito boa, porque abaixo de mim ficou um rapaz com 89%. Na outra escola, tinha um adversário à altura. Aliás, posso ligar para o Klaus?
— Não, Marie. Hoje não vais falar com o Klaus, vais falar comigo. — Disse num tom sério, sem lhe dar os parabéns pela nota.
Não pude deixar de notar a expressão de surpresa e confusão no rosto da Marie quando respondi sem entusiasmo à sua conquista académica. Sabia que ela esperava receber os meus parabéns pela nota máxima no teste de matemática, mas precisava transmitir-lhe uma lição importante sobre empatia, já que não queria mais ouvir queixas dos diretores sobre a Marie e as suas atitudes egoístas.
— Mãe, o que foi? Não ficou feliz por mim? — perguntou ela, ainda confusa.
— Fico contente, mas estou cansada de receber queixas tuas. Mas vamos falar em casa.
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Eu olhei para Marie seriamente, sentindo uma mistura de frustração e preocupação. Fizemos o caminho todo em silêncio, e meu coração batia mais forte a cada segundo. Eu sabia que precisava confrontá-la sobre suas palavras cruéis para com a menina na escola, mas eu também temia sua reação e a possibilidade de ser castigada.
— Não tá ninguém em casa? — perguntou ela, tentando mudar de assunto.
— Tio Burke foi comprar alguma coisa, mas não muda de conversa. — Eu servi um pouco de conhaque, tentando me acalmar. — Marie, você disse a uma menina que a mãe dela a abandonou por ser feia? — Eu perguntei diretamente, segurando o copo com firmeza.
Eu pude ver a hesitação em seus olhos enquanto ela tentava inventar uma desculpa, mas eu não podia deixar que ela escapasse dessa. Eu precisava que ela entendesse a gravidade de suas ações e palavras, e que isso não seria tolerado em minha casa.
— Não, mãe, eu não disse isso. Eu só... queria fazer ela sentir o que eu estava sentindo quando ela me chamou nerd de fraldas . — Ela gaguejou, claramente mentindo.
Eu respirei fundo antes de responder, sabendo que precisava ser firme e assertiva.
— eu falei com o diretor da escola, Marie. Eu sei exatamente o que você disse, e isso é inaceitável. Você machucou profundamente os sentimentos dessa menina, e suas palavras podem ter consequências graves. Preciso que você entenda que o mundo não gira em torno de você, e que suas ações têm impacto nas outras pessoas. Não quero que isso se repita, ou haverá consequências sérias.
Eu respondi com firmeza, deixando claro que não estava disposta a tolerar esse tipo de comportamento em minha casa.
— que consequências? — pergunta ela assustada.
— As consequências são claras, Marie. Primeiro, você ficará sem ir às aulas extra curriculares, como a de pintura e inglês, durante 15 dias. Se isso não for suficiente para que você entenda a gravidade de suas ações, teremos que considerar medidas mais drásticas, como transferi-la para uma escola pública.
Eu pude ver a expressão de medo e preocupação no rosto da Marie, e por um momento, senti uma pontada de pena em fazer esse teatro. Mas eu sabia que precisava ser firme, e que as lições que ela aprendesse agora poderiam moldar seu caráter no futuro.
— Entendeu, Marie? — Eu perguntei, buscando uma resposta clara e sincera.
— Sim, mãe. Eu entendi. — Ela respondeu em um tom baixo, mas eu pude sentir a sinceridade em suas palavras.
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— Boa tarde, Dr. Becker. O meu nome é Raymond Reddington e gostaria de ter uma conversa consigo.
— Sim, diga. - responde Becker, vendo Reddington entrar.
— Bem, a sua filha anda a agredir crianças indefesas. - informa Reddington num tom firme.
— Meu Deus, eu não tinha conhecimento disso. - responde Becker, visivelmente preocupado.
— Lamento muito ter de lhe trazer essas notícias, mas o que me preocupa ainda mais é a atitude do senhor diante desse episódio que nada faz para educar essa menina mal educada e agressiva. Então vou ser direto: Soube que além da firma de advogados, gosta de investir em negócios promissores. Também sei que pode ser muito desagradável quando a fonte desse dinheiro é questionada. Mas tenho conhecimento de um desvio de dinheiro do seu banco. O senhor está ciente do que estou falando?
— Não entendo do que está a falar, Sr. Reddington. - responde Becker, visivelmente nervoso.
— Não se faça de desentendido, Dr. Becker. Seu banco está envolvido numa manipulação de branqueamento de capitais e tenho todas as informações necessárias para provar isso. - diz Reddington com um sorriso cínico. - Então, o que proponho é muito simples: o senhor vai retirar a sua filha dessa escola imediatamente e sair de Zurique com ela. Em troca, manterei as informações sobre o seu banco em segredo. Combinado?
— Bluff? Onde estão as provas? - questiona Becker.
Reddington abre uma pasta preta e retira alguns papéis impressos, colocando-os sobre a mesa em frente a Becker. Ele mantém um sorriso cínico enquanto Becker olha para as folhas com uma expressão de crescente preocupação.
— Como disse, tenho todas as informações necessárias para provar a manipulação de branqueamento de capitais em seu banco, Dr. Becker. Estes documentos mostram claramente a transferência de grandes quantias de dinheiro para contas offshore, com a finalidade de ocultar a origem ilícita desses fundos.
Becker olha fixamente para as folhas por alguns instantes, aparentemente atordoado pelas revelações.
— Isso é absurdo! Eu não sabia de nada disso! - protesta Becker, mas a sua voz soa trémula e incerta.
Reddington dá de ombros.
— Não é a primeira vez que um homem em sua posição afirma inocência, Dr. Becker. Mas sugiro que deixemos as desculpas para depois e nos concentremos em resolver o problema imediato.
Ele recolhe os papéis e guarda-os na pasta preta, ainda mantendo o sorriso cínico.
— Então, o que me diz sobre a minha proposta, Dr. Becker? Retirar a sua filha da escola e sair de Zurique com ela em troca do silêncio sobre as atividades ilegais do seu banco? Parece justo para mim.
Becker olha para Reddington com desespero nos olhos, como se estivesse lutando para encontrar uma saída. Finalmente, suspira profundamente e concorda.
— Está bem. Farei o que pediu.
(Capítulo não revisado por conta do Wattpad)
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