81- Não dá- Paulo Gonzo
— Reddington? — perguntei ao entrar na casa.
Dalhila apareceu com um pano na mão.
— Red. Ainda não chegou, mas deve estar quase. Ontem já tinha saído de Boston.
— Sim, eu sei. Nós conversamos ontem. Talvez eu tenha chegado muito cedo.
— Entendo. Às vezes a ansiedade nos faz chegar mais cedo do que o esperado. Tenha um pouco de paciência, tenho certeza de que ele logo estará aqui — respondeu Dalhila, agarrando minha pequena mala de viagem.
— Obrigada, Dalhila. Eu sei que ele está ocupado e tem seus compromissos, mas estou ansiosa para vê-lo. Sabe, passamos tanto tempo nos falando e trocando mensagens, mas nada se compara a estar frente a frente novamente — disse, deixando escapar um sorriso.
Estava me sentindo romântica nos últimos dias, até me estranho. Dalhila soltou uma pequena gargalhada.
— Parece que o amor está no ar, não é mesmo? — disse, arrumando seu avental. — Vou preparar algo para vocês comerem.
Ela sai para a cozinha e ele acaba por chegar, dou um sorriso.
— já chegou tarde . — digo sorrindo. — Odeio que me façam esperar..
Ele chega-se perto de mim:
— e eu odeio fazer te esperar já tinha saudades suas . — beija me
Oh, como eu adorava estes encontros clandestinos com o Reddington. Era como se tivesse encontrado o meu verdadeiro amor, a minha alma gémea, a peça que me faltava. Quem precisa de uma relação de compromisso quando se pode ter um caso emocionante cheio de engano e secretismo? A excitação constante de andar às escondidas e de esconder o nosso amor do mundo era simplesmente estimulante.
Não ter de partilhar a cama com o Reddington era apenas a cereja no topo do bolo deste paraíso perfeito. Quer dizer, porque é que alguém quereria passar todas as noites com a sua cara-metade quando pode apenas ter sexo ocasional e manter a sua independência? Não é que a ligação humana e a intimidade física sejam essenciais para uma relação saudável ou algo do género.
Amor a toda a hora? Não, obrigado. Isso soa demasiado sufocante e pouco apelativo. Quem quer sentir-se seguro e amado de forma consistente quando pode ter momentos esporádicos de paixão e afecto? É como uma montanha russa - nunca sabemos o que nos espera a seguir!
E não nos esqueçamos de como o Reddington fez da minha vida uma utopia. Claro, ele pode estar envolvido em actividades ilegais e coloca constantemente a minha vida em perigo, mas pelo menos tenho este romance emocionante para me distrair de tudo isso. Quem precisa de estabilidade e segurança quando se pode ter um amante imprevisível que pode ou não estar a usar-nos para seu próprio benefício?
Eu estava perdida em meus pensamentos quando Reddington me chamou de volta à realidade. Olhei para ele com uma expressão intensa e disse:
—Eu te amo!
Reddington ficou surpreso com minhas palavras .
— Não me olhe assim que estou a ser sincera já te tinha dito e agora afirmo . Pode parecer estranho mas é a verdade. — ele olha-me — Eu confio em ti, Reddington. Não precisas de te justificar. Afinal, estamos aqui juntos. — respondi, suavizando o tom de voz.
Os dois observávamos a paisagem da montanha pela janela do chalé. O sol começava a pôr-se, tingindo o céu de laranja e rosa. Aproximei-me de Reddington e apoiei a minha cabeça no seu peito.
— Obrigada por me teres vindo, Estes poucos dias foram incríveis. Sair um pouco da rotina é revigorante.
Reddington envolveu-me com os seus braços à volta da minha cintura e beijou o meu cabelo. Ele estava disposto a fazer qualquer coisa por mim, mesmo que isso significasse passar por cima das suas próprias convicções.
Eu sentia isso.
No entanto, chegou o momento em que eu precisei de voltar para casa. Havia compromissos a cumprir e trabalho para realizar. No entanto, despedir-me de Reddington não seria fácil. Porque nunca sabia quando ele voltava.
— Preciso de ir, Reddington. Mas não queria que isto acabasse. Tenho que receber os porcos para experiência.
— Eu sei exatamente como te sentes. Eu também não quero que isto acabe, mas sei que precisamos …
Reddington estendeu a mão para segurar a minha e deu-me um último beijo. Ele deixou-me com a promessa de que nos veríamos novamente, em breve. Saí do chalé com um sorriso nos lábios, mas com o coração um pouco pesado. Eu regressava a casa.
━━━━Um mês depois━━━
Aquela premiação perdida em Seattle foi uma das coisas mais dolorosas que já me aconteceram. Sempre confiei em mim mesma, mas naquele momento, acabei perdendo a confiança, mesmo sabendo que foi puramente uma questão política e injusta. Enquanto olhava para mim mesma no espelho, pronto para realizar a implementação do coração artificial no porco, percebi que Marie estava lá atrás de mim.
- Eu adoraria ir, mãe! - ela disse, estando atrás de mim. - Eu sei que você tem medo de falhar na minha frente, mas... eu sei que você não vai falhar, porque você é a Cristina Yang, minha mãe!
As palavras de Marie me atingiram em cheio. Ela sempre acreditou em mim, mesmo quando eu mesma duvidava. Seu apoio inabalável era um lembrete poderoso de quem eu era e das coisas incríveis que eu já tinha realizado. Olhei para ela através do espelho, sentindo um misto de nervos e determinação.
— Não, Marie. Eu gostaria de acreditar que este coração vai bater, mas e se não bater? - minha voz tremia com a incerteza.
Marie, com os seus olhos perspicazes e uma confiança além da sua idade, colocou a mão no meu ombro.
— Mãe, eu entendo que exista um risco, mas tu precisas confiar em ti mesma. Lembra-te que a coragem não reside apenas em vencer, mas também em enfrentar o medo de falhar. Tu és incrível, inteligente e resiliente. Eu acredito em ti, independentemente do resultado.
As palavras dela envolveram-me com uma mistura de admiração e orgulho. Ela realmente era uma menina especial, com uma sabedoria além dos seus anos.
— Marie, meu amor, é maravilhoso ouvir essas palavras de encorajamento vindas de ti. No entanto, és jovem e não quero que fiques desapontada se algo correr mal.
Marie olhou firmemente nos meus olhos, revelando a sua determinação.
— Mãe, eu sei que há sempre um risco, mas eu confio em ti. Sei que te dedicaste muito a este projeto e fizeste tudo o que estava ao teu alcance para garantir que tudo esteja pronto. Não podemos permitir que o medo de falhar nos impeça de tentar. Eu acredito que tu consegues.
— Mas eu não posso falhar diante de ti! Desculpa...
Eu estava de pé, com uma expressão séria e determinada no rosto, aguardando a chegada dos porcos que seriam utilizados no primeiro teste do meu estudo do coração artificial. Passei meses pesquisando e desenvolvendo o coração artificial e, finalmente, chegara o momento de testá-lo em animais.
O primeiro porco chegou, sendo levado por um grupo de técnicos em uma maca. Eu observei com atenção enquanto eles o colocavam na mesa cirúrgica, onde eu mesma iria efetuar a colocação do coração artificial. Verifiquei rapidamente as informações do animal e confirmei que estava em boas condições para o teste.
Com as minhas mãos firmes e seguras, comecei a preparação para a cirurgia. Fiz pequenas incisões no tórax do porco e comecei a retirar o coração original, substituindo-o pelo coração artificial que eu havia criado. Trabalhei com rapidez e habilidade, com um olhar de profunda concentração no rosto, certificando-me de que cada detalhe estivesse perfeitamente ajustado.
Uma vez que a colocação estivesse completa, liguei os cabos e monitores que iriam monitorar o funcionamento do coração artificial. Observei enquanto o coração começava a bater, lentamente no início, mas depois ganhando força e ritmo.
A minha respiração ficou presa na garganta enquanto eu assistia com intenso interesse e esperança. Sabia que este era um momento crítico e que o sucesso do teste significaria um enorme salto no meu estudo. E então, de repente, o coração começou a bater com uma regularidade firme e forte.
Respirei fundo, sentindo um enorme alívio, e sorri. Eu havia feito o primeiro teste do coração artificial em um ser vivo e tudo tinha corrido como planejado. Agora, eu tinha informações e dados valiosos para continuar o meu estudo e, quem sabe, mudar a vida de muitas pessoas com problemas cardíacos.
Após o momento em que o coração artificial começou a bater de forma firme e vigorosa, meus olhos se desviaram por um instante e se encontraram com os da "minha pessoa", Shane, que estava presente na sala de cirurgia. Com um sorriso de realização no rosto, eu o encarei e disse:
—Consegui, Shane! Eu consegui !
"Coragem não é a ausência do medo, mas a capacidade de avançar, apesar dele."
Leslie Brown
Notas da autora : já não prometo nada, mas vou tentar ser mais assídua, espero que gostem, comentar sempre incentiva ♥️
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