80- Segredos- Xutos & Pontapés.
— Ainda estás acordada? — pergunto ao ver a luz de presença acesa no quarto da Marie. — O Burke quer passar tempo contigo.
Entro no quarto e tiro o livro que ela estava a ler. Marie levanta os olhos e sorri para mim.
— Estou sim. Que horas são? — ela pergunta. — Para quê?
Aproximo-me da cama e sento-me ao seu lado, colocando a mão sobre a dela.
— São quase onze da noite. Ele pediu-me para dizer que se quiseres podes passar tempo com ele. — digo, sorrindo.
— Volto a perguntar, para quê? Vocês terminaram, então ele já não pertence à nossa família.
Marie solta um suspiro e retira a mão da minha. Percebo que ela está um pouco incomodada com a proposta do Burke.
— Tu é que sabes, Marie. Não é obrigatório passar, foi só um convite.
Marie fica em silêncio por um momento, pensativa. Parece estar a pesar as opções e a decidir se deve aceitar ou não o convite do Burke.
— Mãe, ele é um bom cardiologista, mas eu não sinto necessidade de passar tempo com ele, principalmente por tudo o que aconteceu.
- Aconteceu comigo, não contigo. Tu és só uma criança, se tiveres vontade de estar com o Burke, mandas-lhe uma mensagem. Se não tiveres, é tua escolha. Ser médico ou não nada tem a ver.
Ela dá uma mordida no lábio.
— Apesar de ter 10 anos, o que acontece contigo acontece comigo, e nessa situação, não quero envolver-me. Além disso, não tenho essa obrigação ele não é meu pai é só o teu ex namorado não lhe dá direito a benefícios comigo.
Dou-me conta de como ela ainda é uma criança, mesmo com toda a maturidade que demonstra em algumas situações.
Passamos mais alguns minutos conversando sobre coisas aleatórias, até que Marie finalmente começa a bocejar.
— Acho que está na hora de dormir, não é mesmo? — digo, beijando a sua testa.
No dia seguinte, acordo cedo e começo a preparar-me para mais um dia de trabalho no hospital. Mas a campainha toca.
Corro para abrir a porta e deparo-me com um jovem árabe à minha frente.
— Bom dia, dra. Cristina, meu nome é Aram Mojtabai.
Fico surpreendida com a aparição do jovem árabe em minha porta e ouço atentamente enquanto ele se apresenta como Aram Mojtabai.
— Bom dia, Aram. Como posso ajudá-lo? — pergunto, curiosa sobre o motivo da sua visita.
— Venho por parte do Sr. Reddington. Ele me disse para acompanhá-la e mostrar-lhe um lugar especial em Zurique.
Recordo-me imediatamente de Reddington mencionando que um amigo viria buscar-me para mostrar algo.
— Sim, sim, agora me lembro. Pensei que Reddington viesse pessoalmente, mas ele deve estar ocupado com outros assuntos.
Aram tem um sorriso gentil, ao contrário dos outros capangas de Reddington que já conheci.
— Não se preocupe, dra. Cristina. Serei um guia adequado para mostrar o que você precisa ver.
— Ainda não entendi o que ele quer me mostrar, mas vamos lá então. — Aceno com a cabeça, indicando que estou pronta para seguir em frente.
— Ótimo! Vamos, então. Tenho certeza de que você ficará impressionada com o que Reddington preparou para você.
Saio de casa e tranco a porta, acompanhando Aram até o carro estacionado em frente. Enquanto caminhamos em direção ao veículo, aproveito para fazer algumas perguntas a Aram.
— Aram, você trabalha para Reddington há muito tempo? — pergunto, curiosa sobre a relação entre eles.
Aram sorri e abre a porta do carro para que eu entre.
— Sim, trabalho com ele há alguns anos. Sou especialista em tecnologia e sistemas de informação. Reddington confia em mim para lidar com questões técnicas e proteção de dados.
— Ele é teimoso, não é? — Solto uma gargalhada. — E não confia na minha equipe. Então, o que vai fazer para guardar a minha pesquisa?
Aram responde com um sorriso:
— Pensei que você soubesse, mas vou mostrar quando chegarmos lá.
Quando chegamos, era um armazém enorme.
Corro os olhos pelo armazém e fico maravilhada ao ver a réplica exata da minha área de pesquisa no instituto. Era como se eu estivesse entrando num mundo paralelo, mas com todos os equipamentos, documentos e experimentos que eu precisava.
— Uau, isso é incrível! Como Reddington conseguiu recriar tudo tão perfeitamente? — pergunto, surpresa e admirada.
Aram sorri enquanto observo a réplica cuidadosamente montada.
— Reddington tem seus contatos e recursos. Ele sabe como fazer as coisas acontecerem. Todo o seu empenho foi para garantir que você tivesse o ambiente adequado para dar continuidade à sua pesquisa e desenvolvimento.
— E qual seria a diferença de fazer a pesquisa aqui em vez do instituto?
Aram responde:
— Aqui você pode trabalhar com total privacidade e segurança, sem se preocupar com espionagem industrial ou roubo de informações.
A réplica estava perfeita, talvez até melhor do que o original, mas não estava gostando de ver Reddington fazer tantas coisas por mim.
— Eu não posso aceitar — digo a Aram com uma expressão séria e determinada.
— Aram, agradeço a Reddington por todo o esforço e pela réplica incrível que foi feita aqui, mas não posso aceitar. Não quero que ele faça tantas coisas por mim. Preciso seguir meu próprio caminho e conquistar as coisas por mérito próprio.
Aram tenta argumentar:
— Não é falta de mérito. Ele está apenas oferecendo um espaço de trabalho seguro e privado, sem nenhuma interferência externa. Além disso, está disposto a fornecer todo o suporte necessário para suas pesquisas. Acredito que ele só queira ajudar e ver seus projetos avançarem.
— Entendo, mas ainda assim não quero depender tanto dele. Preciso sentir que conquistei minhas coisas por mérito próprio e não porque alguém me deu tudo de mão beijada. Agradeço novamente por toda a ajuda e apoio, e por me trazer aqui, Aram. Além disso, acho que ele está sendo paranóico.
Aram respeita minha decisão:
— Compreendo sua posição, dra. Cristina, e respeito sua decisão. Reddington pode ser um tanto paranóico, mas raramente está errado em suas preocupações. Deixe-me mostrar algo que talvez possa mudar sua perspectiva.
Aram mostra evidências de tentativas de invasão ao meu sistema e informações sensíveis que foram interceptadas. Fico chocada ao ver as evidências e perceber que alguém estava tentando obter todas as minhas pesquisas e conhecimentos na área da medicina, talvez para me superar ou me prejudicar de alguma forma.
— Isso é muito grave! Quem seria capaz de fazer algo assim? — pergunto, indignada com a violação da minha privacidade. — Posso fazer uma queixa à polícia?
Aram confirma e responde:
— Essas tentativas de invasão são bastante sofisticadas, e muitas vezes é difícil rastrear sua origem. Podemos fazer uma queixa à polícia, mas as chances de identificar os responsáveis são mínimas. Além disso, estamos nos precavendo para o futuro.
— Entendo a gravidade da situação. É perturbador pensar que alguém esteja tentando roubar minhas pesquisas e conhecimentos. Obrigada por me mostrar isso, Aram. Fico impressionada com sua habilidade em detectar essas ameaças.
Continuamos a conversar sobre as ameaças e Aram explica em detalhes as medidas de segurança que foram implementadas para proteger minhas pesquisas e informações.
— Com o sistema que implementei, só pessoas devidamente registradas têm acesso a estas instalações. O sistema de segurança é altamente restrito e permitirá apenas a entrada de pessoas autorizadas, com reconhecimento facial e alarmes acionados em caso de invasão.
Aram explica o funcionamento do sistema de segurança, detalhando os procedimentos de identificação e as camadas de proteção que foram estabelecidas.
Uma voz soa no meio da sala:
— Então querida, gostou Aram explicou bem tudo ? — a voz do reddington soa no altifalante.
Aram me alerta que posso falar que os microfones são muito sensíveis.
Uma voz soa no meio da sala:
— Então querida, gostaste? O Aram explicou tudo bem? — a voz de Reddington soa no alto-falante.
Aram alerta-me que os microfones são muito sensíveis.
— Estou habituada às tuas invasões! — digo-lhe, com um leve tom de sarcasmo.
Aram olha para mim, parecendo um pouco desconfortável com a situação.
— Desculpa por qualquer desconforto, dra. Cristina. Reddington tem as suas peculiaridades, mas ele realmente acredita que está a agir para proteger os seus interesses.
Suspiro e respondo a Aram:
— Tu és muito bajulador, Aram! Está bem, estou convencida. Seja feita a tua vontade, Red!
Reddington volta a falar:
— Aram, esqueci-me de mencionar o sentido de humor da Cristina. — Ele solta uma gargalhada. — Meu bem, para a semana estou aí para matar saudades. — Ele desliga e eu fico envergonhada.
Tentei disfarçar, mas acho que não estava a funcionar.
— Ok. — respondo, tentando manter uma expressão neutra.
Aram sorri. Um sorriso simpático.
— O Sr. Reddington está encantado consigo. — ele diz, sorrindo, enquanto eu faço cara de brava.
— Isso é sério ?— pergunto pela observação dele —por favor me deixe sozinha, para eu avaliar o local !
Aram sai enquanto passo horas a organizar as coisas à minha maneira.
Organizo a equipa e mostro-lhes o espaço, o que foi fácil porque Reddington tinha feito um bom trabalho, mesmo assim alguns ficaram confusos.
"Só espero que não contém a ninguém "
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— Vai sair neste fim de semana, mãe? — pergunta Marie.
— Sim, vou sair, Marie. Tenho alguns compromissos e preciso resolver algumas coisas. Não se preocupe, você estará bem cuidada. — Respondo, tentando manter um tom tranquilo.
Marie me olha com curiosidade, mas não pressiona mais o assunto. Eu sabia que não podia revelar a verdade sobre os meus encontros com Reddington. Era um segredo que precisava ser guardado a sete chaves.
— Ok, e a pesquisa? Você nunca mais falou sobre isso comigo! — pergunta ela, cruzando os braços junto à porta do banheiro enquanto eu pintava os lábios.
— Desculpe, Marie. Tenho estado ocupada com algumas coisas, mas não me esqueci da pesquisa. Tenho avançado nela e em breve poderei compartilhar mais detalhes contigo. Prometo que conversaremos sobre isso em breve, tudo bem?
Marie olha para mim com desconfiança, mas parece aceitar minha explicação.
— Está bem, mãe. Esse vestido fica-lhe bem. — Diz ela, sendo sarcástica, e sai.
Fico sem entender se ficou bem ou não, então corro para me olhar ao espelho.
Continua...
"Às vezes, o silêncio é a melhor resposta. Guardamos segredos não porque queremos escondê-los, mas porque sabemos que revelá-los no momento errado pode causar mais danos do que benefícios. A verdade tem o seu tempo, e a confiança é construída ao respeitarmos os limites dos outros, sabendo que, quando for a hora certa, as palavras certas serão ditas." - Autor desconhecido
Notas da autora : mais um capítulo, espero que gostem, desculpem a demora mas o desapego é tao difícil e o desânimo tomou conta de mim ❤️😶❤️
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