76- Momento- Pedro Abrunhosa
"Perde-te comigo porque o mundo é o momento"
Antes de entrar no jato, peço ao Reddington se posso enviar uma mensagem ao Shane!
— Claro que sim, e deves fazê-lo, uma vez que ele vai tomar conta da criança e ele gosta muito de ti. — Reddington sorri. — Cristina Yang, espero que saibas que isto não é um rapto. — Reddington dá um sorriso característico.
Eu sorrio e dou-lhe um beijo na face antes de entrar no jato.
"Shane, não te preocupes comigo, estou bem. Daqui a três dias volto, toma conta da Marie e diz-lhe que não fugi. CYang"
Envio a mensagem para Shane e suspiro de alívio por tê-lo feito. Entro no jato e acomodo-me no assento.
— Para onde estamos indo? — tive uma crise de consciência, ele sorri para mim.
— Estamos indo para a ilha de Vila Franca do Campo. — diz ele.
Tentei compreender melhor onde ficava a ilha de Vila Franca do Campo.
— Açores/Portugal! Tenho um parceiro de negócios que tem uma propriedade privada lá, e ele me concedeu o acesso... — comecou a explicar.
— Raymond Reddington, não tens casa em Portugal? Hum? — disse em tom provocativo.
— Sim, de fato tenho. — ele respondeu com um sorriso,— Mas fica na capital, Lisboa, perto do porto de Lisboa na verdade é mais um armazém. Às vezes, é bom ter um pouco de privacidade extra. Além disso, essa ilha é um lugar bonito e tranquilo para descansar por alguns dias. — ele sorriu. — Não quero envolver-te nos meus negócios. — ele arrumou o meu cabelo.
Mudei de assunto, também não queria envolver-me nos negócios dele, nem saber do que se tratava.
— Marie já sabe o teu nome, não perguntes como... — disse, mudando de assunto.
— Eu sei, ela fez queixa de mim ao FBI. — ele deu uma gargalhada.
— Ela fez? Eu não tinha conhecimento disso. — Disse, olhando para ele.
— Aparentemente, ela não ficou satisfeita com a minha presença e decidiu fazer uma queixa ao FBI. Mas não te preocupes, já resolvi a situação. — Reddington explicou, sorrindo enquanto servia um cálice de uísque.
— Como é possível eu não saber disso? — Perguntei surpresa.
— É possível porque eu fiz questão de manter em segredo para te poupar de preocupações desnecessárias. — Respondeu Reddington, dando um gole no uísque. — E sim, a Marie é uma menina muito inteligente e perspicaz.
— Estou preocupada com a reação dela à minha fuga para não me casar! — Confessei.
— Compreendo a tua preocupação, Cristina. Mas tens que confiar que o Shane vai cuidar bem dela e explicar-lhe a situação. Ela é uma criança inteligente e, tenho a certeza, que compreenderá a tua decisão. — Disse Reddington, colocando a mão na minha perna. — A menos que estejas arrependida?
Eu olhei nos olhos dele e depois para os seus lábios e suspirei.
— Não, não estou arrependida. Foi a decisão certa para mim. — Respondi, com um leve sorriso nos lábios enquanto acariciava o rosto de Reddington.
Ele me deu um sorriso singelo, meio envergonhado. Nunca demonstraria sentimentos na frente de seus capangas, mas era possível notar uma certa satisfação em seus olhos.
— Fico feliz em ouvir isso. — Disse ele, enquanto eu observava a paisagem pelas pequenas janelas do jato.
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Enquanto isso, conforme combinado, minha mãe foi para a casa do Shane:
— Ainda não se vestiu? — perguntou ela, olhando-o de cima a baixo. Shane sorriu.
— Sou rápido, pode entrar. - ele abriu a porta e fez um gesto para que ela passasse. — Marie, acompanhe sua avó até a sala. Padrinho vai só vestir-se!
Shane pegou o telefone que estava ao lado das chaves e leu a minha mensagem.
— Você não fez isso! — exclamou alto.
Marie arqueou a sobrancelha.
— O que eu fiz? Apenas acompanhei a avó até a sala..
Shane deu um toque no ombro de Marie e falou diretamente para a minha mãe:
— Faltam quantas horas para o casamento, dona Elena?
— Cerca de duas horas, porquê? — ela olhou aflita para Shane.
— Preciso encontrar a Cristina e tentar convencer aquela doida a casar... — disse Shane.
— O que é que ela fez? — perguntou Marie.
— Ela fugiu e está a dizer que não quer mais se casar, mas eu preciso convencê-la. Vou lá agora mesmo. — respondeu Shane, minha mãe caiu no sofá e Marie começou a abanar a avó com um leque.
— Oh, meu Deus! Isso é um desastre! — exclamou minha mãe, visivelmente preocupada.
— Eu sabia que ela não queria casar, eu sabia que ela não sente amor pelo tio Burke — disse Marie, balançando a cabeça.
— Não importa agora. O importante é que eu a convença a voltar e a se casar com Burke. — disse Shane, determinado.
A vergonha e o medo pairavam no ar daquela casa. O casamento com Burke estava prestes a acontecer, mas ela havia fugido. Agora, era preciso contar a verdade ao noivo, e todos se sentiam envergonhados e apreensivos com a situação. Mais uma vez, deixei Shane cuidar disso.
— Se ela fugiu, não estará em casa. — afirmou Marie. — É melhor contar logo ao tio Burke, e ela depois volta.
Shane concordou com um aceno de cabeça:
— Tem razão, Marie. Vou contar a ele agora mesmo. Ele precisa saber a verdade.
Minha mãe parecia arrasada com a situação, mas não disse nada.
— E como vai ficar aquele pobre homem? — perguntou minha mãe.
— Vai ficar do mesmo jeito que Cristina ficou quando ele a abandonou. — disse Shane, sem refletir nas suas palavras. — Vou falar diretamente com ele.
— Padrinho, posso ir contigo? A Samantha pode cuidar da avó. — perguntou Marie.
— Tu és uma criança, meu bem. Não é um lugar para ti estar. — respondeu Shane, preocupado.
— Mas eu quero ajudar. Eu sou mais velha do que pensas e tenho uma mentalidade mais avançada. Preciso que o tio Burke entenda que as ações da minha mãe nada têm a ver comigo. — insistiu Marie, cruzando os braços.
Shane refletiu por um momento e acabou por concordar:
— Tudo bem, tu podes vir comigo, mas só se prometeres que vais manter a calma e não causar mais problemas. E é importante que entendas que o tio Burke pode estar muito chateado com a tua mãe, podendo até dizer-lhe algumas coisas menos agradáveis, tudo bem?
— Prometo que vou ficar calma e não causar problemas, padrinho. E entendo que o tio Burke possa estar chateado com a minha mãe, mas isso não tem nada a ver comigo. — respondeu Marie.
Shane e Marie decidiram ir à minha casa primeiro, na esperança de que eu estivesse lá. Ao chegarem, encontraram a casa vazia e as portas trancadas.
— Parece que ela realmente fugiu... — disse Shane, olhando em volta da casa.
— Mas para onde poderia ter ido? — perguntou Marie, olhando para o padrinho.
— Não faço ideia, mas eu deveria ter sabido que ela não ia casar. Ela já estava a ameaçar há muito tempo. — Shane suspirou, sentindo-se culpado por não ter percebido antes as minhas verdadeiras intenções.
— Eu devia ter prestado mais atenção nas coisas que ela dizia... Mas agora precisamos encontrá-la antes que seja tarde demais. Vamos tentar ligar para ela e ver se ela atende.
Shane discou o número várias vezes, mas sempre caía na caixa postal.
Continua...
"Não se foge para fugir, mas para encontrar-se."
- José Saramago
Notas da autora: esse capítulo é mais curto porque prefiro fazer dois capítulos para dividir prespectiva, quero mostrar o lado do Burke sem misturar narradores ❤️
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