60- You've Got a Friend-de Carole King.
—Estamos indo para onde? - perguntava quando ele olhava pela estrada.
—Já verá, é só um dia ou dois até aquilo estar apresentável, minha querida! - diz Ele enquanto prestava atenção a estrada sem me olhar nos olhos.
Dou um sorriso fraco e logo me lembro de tudo o que passei.
—Odeio que me chamem assim. - Digo para cortar o silêncio que fazia se notar.
—Eu sei, por isso é que chamo! - Reddington dá uma pequena gargalhada enquanto começo a refilar para dentro. - Você não é muito dada a palavras amáveis.
Continuamos dirigindo em silêncio por alguns minutos, até que avistamos a cidade à distância. Era pequena, com casinhas de pedra e um castelo imponente em uma colina. Era Rapperswil, a cidade das rosas.
—Chegamos à nossa primeira paragem. Vamos comer alguma coisa, você precisa se alimentar. - Ele sai do carro e abre-me a porta do meu lado, dá-me a mão para que me levante.
Ao chegarmos, Reddington ficou maravilhado com a beleza do lugar. As ruas estreitas eram cobertas por rosas de todas as cores, exalando um aroma doce e convidativo.
Comemos algo rápido e logo partimos de viagem, mas eu ainda não sabia para onde íamos exatamente. No meio do caminho, avistei uma viatura da polícia e o meu coração disparou.
— Reddington, olha só! – disse eu, apontando para a viatura.
Percebendo o meu medo, Reddington colocou a mão na minha perna para me acalmar.
— Não te preocupes, Cristina. Se eles nos pararem, explicamos que estamos só de passagem – disse ele, tentando tranquilizar-me. — Não diga nada, só coloque os óculos escuros. Os olhos são o espelho da alma.
Mas eu continuava nervosa, temendo que eles quisessem me quisessem prender pela morte do homem...
— E... – disse eu com a voz trémula.
— Cristina, eles não têm nenhuma razão para te prender. E mesmo que tivessem, eu não deixaria isso acontecer. Estou aqui para te proteger – disse ele, colocando a mão no meu ombro.
Coloquei os óculos e engoli em seco quando o carro foi mandado encostar.
— Boa tarde, senhor. Posso ver os seus documentos e identificação, por favor?
— Certamente, meu amigo. Aqui estão eles. — disse Reddington entregando seus documentos ao guarda. Eu tremia por dentro, ainda nervosa pelo ocorrido anteriormente.
— Senhor Schmidt. Parece que está tudo em ordem...
— Ótimo, estamos atrasados para o nosso check-in no hotel nas montanhas. Esperamos ter uma ótima lua de mel.
— Claro, sigam em frente. Aproveitem a viagem e parabéns pelo casamento.
— Muito obrigado, meu amigo. Estamos ansiosos para criar momentos inesquecíveis juntos. - disse Reddington, agradecido, enquanto partíamos.
Eu não sabia se havia de rir ou chorar depois do carro afastar pergunto ao reddington:
— Senhor Schmidt? Casamento ? Lua de Mel? . — Estava surpresa com tanta mentira junta.
— Não gostou do nome ? — ele me olha . — Posso mudar o passaporte.
Olho para ele e falo :
— Você não tem limites?
— O céu! O céu é o meu limite, mesmo acreditando que não vou para lá— Ele sorri e estaciona o carro. — Chegamos !
A minha frente estava uma construção de madeira rústica, situada no topo de uma colina, cercada por árvores altas e frondosas. Seu exterior era pintado em um tom marrom-escuro, que contrastava com o verde exuberante da natureza ao redor. Uma pequena varanda com teto coberto se estendia em frente à entrada principal, decorada com vasos de flores coloridas.
— Um chalé? — pergunto
— um refúgio perfeito para aqueles que procuravam paz e tranquilidade. — Ele abre a porta.— Comprei isso a uns anos atrás quando comecei a vir mais vezes a Suíça, por acaso Suiça não era um sítio que costumava vir para ser honesto, nem conheço muita gente cá. — Ele tira os óculos e pisca me o olho. — Bem vinda !
Dou um sorriso fraco enquanto entro em casa, ponho os óculos na cabeça e fico no meio do corredor a olhar ao redor, impressionada com a sala de estar aconchegante e rústica, com teto inclinado, lareira de pedra e mobiliário de madeira maciça. Reparo na porta que leva a um dos quartos e imagino que deve ser tão confortável quanto a sala. A vista para as montanhas através das janelas deixa-me maravilhada e com vontade de explorar mais.
— Sinta-se à vontade. Se quiser, pode ir tomar banho e eu faço algo para o jantar. Acho que não deve ser boa a cozinhar. — diz Reddington.
Coloco as mãos nos bolsos das calças e ele acompanha-me até ao quarto, abrindo o guarda-roupa.
— De quem é a roupa? — pergunto constrangida.
— Comprei porque pensei... — ele sorri. — Deixe estar, a roupa é nova…
Passei a minha mão pela roupa. Eram três mudas bonitas, mas que não se adequavam ao meu estilo. Às vezes, acho que Reddington queria transformar-me em algo que não sou. Requinte não é o meu forte.
Na prateleira do armário estava um pijama dobrado, com um urso castanho desenhado. Fiquei surpreendida e o meu rosto denunciou isso.
—Bem, isso foi uma brincadeira, mas não sabia que acabaria assim. Desculpe-me—, disse ele constrangido enquanto coçava a cabeça.
Apesar de tudo o que passei com a quase violação, não pude deixar de rir com ele.
—Então, quer dizer que quer ver-me vestida com um pijama de urso? — perguntei-lhe, divertida.
—Bem, digamos que achei carinhoso e que ficaria querida assim vestida—, respondeu ele, envergonhado, saindo do quarto.
Eu entro na casa de banho com a minha expressão habitualmente determinada, mas desta vez, forçando um sorriso. Rapidamente, sou tomada por um rompante de realidade e sinto um nojo profundo de mim mesma. Abandono a minha máscara de confiança e começo a esfregar-me com força, tentando apagar a sensação horrível que me invade. As lágrimas começam a escorrer, misturando-se com a água do chuveiro.
Sem bater, Reddington entra no banheiro.
—Cristina, gostas de legumes salteados?
Surpreendida com a sua entrada repentina, pergunto:
—O que estás a fazer aqui?
Preocupado com a minha aflição, ele insiste:
—Estás bem?
Ainda emocionalmente instável, respondo:
—Não, não estou nada bem. Por favor, deixa-me sozinha.
Mas ele não é do tipo que desiste facilmente. Ele percebe a gravidade da situação e decide intervir. Ele entra no chuveiro, molhando toda a sua roupa, e ajuda-me a sair de lá, enrolando-me numa toalha. A sua atitude protetora faz-me sentir um pouco melhor.
Começo a chorar novamente, sentindo-me vulnerável e exposta diante dele. Mas ele mantém-se calmo e seguro, dizendo:
—Não te preocupes, estou aqui para ti.
Olho para ele, ainda com lágrimas nos olhos, e ele encaminha-me para o quarto, fazendo-me sentar na cama.
— Desculpa por teres passado por isso por minha culpa. — dou-lhe um beijo sem saber porquê, ele passa as suas mãos pelo meu corpo.
— Por favor, para. — peço-lhe, e ele beija-me na testa e para, embora tenha sido eu a iniciar.
— Bem... — ele ia dizer algo, mas opta por não o fazer. — Tenho que ir mudar de roupa. Posso ajudá-lo em alguma coisa antes de sair para trocar de roupa? — diz ele, afastando-se do meu corpo.
—Não, Reddington? Olho para ele, agradecida, mas incapaz de expressar meu agradecimento. —Eu gosto de legumes—, acrescentei. Ele sorriu para mim e saiu do quarto, deixando-me vestir com privacidade. Vesti-me e fiz um coque, tentando acalmar-me para quando voltar à cozinha, não mostrar fraqueza.
Dirigi-me à cozinha e ele já estava lá, agarrado ao wok, bem descontraído com umas calças de treino e uma t-shirt nada condizente com ele, enquanto mexia os legumes e olhava para o forno. Fiquei a observar no canto, pensando que não estava a ser notada.
—Eu sinto presenças à distância! E não é de fantasmas —,disse ele, enquanto olhava para mim.
Aproximei-me do fogão.
—Tem bom aspeto. Parabéns! —disse eu. —Falta ver o sabor.
—Vai estar bom—, respondeu ele confiante.
Ele serve vinho em grandes copos enquanto cozinha, movendo-se com destreza pela cozinha. Enquanto esperávamos pela comida, Reddington oferece-me uma taça de vinho e bebemos, descontraindo um pouco.
Mal a comida está pronta, ele serve dois pratos. Com agilidade, Reddington coloca a comida nos pratos e entrega , ainda quentes.
—Amanhã tenho que voltar, preciso ver o Shane e resolver algumas coisas - Digo, enquanto mastigo a comida lentamente, pensando em como organizar as minhas tarefas.
—Fica até domingo! - pede Reddington, tentando persuadir-me a ficar mais tempo. —Precisas de descansar, o teu amigo está bem, aliás... ele é um grande amigo... - Ele diz, com um tom preocupado, demonstrando empatia com a situação.
—É verdade, deve estar devastado - acrescento, levantando a cabeça e olhando fixamente para Reddington.
—Quero que lhe entregues esta arma, ele gostou da minha arma, mas foi uma oferta especial que tive pena quando disseste que a mandaste fora, foi uma pessoa importante que me deu - Reddington declara, enquanto se levanta e vai buscar algo à sua mala. Ele segura a arma com firmeza, mas com cuidado, como se fosse algo precioso.
—Eu não quero armas na minha vida, Reddington - recuso a oferta, engolindo um pedaço de carne. —Só traz problemas - explico, evitando o assunto.
—Salvou a tua vida, nem quero imaginar como teria acabado se o Shane não tivesse aparecido - Reddington continua, com um olhar sério. —Nem sempre ter arma é mau, é preciso saber usar, Esta arma é como uma faca de dois gumes, pode ser uma bênção ou uma maldição, dependendo de como é usada. - ele acrescenta, tentando persuadir-me.
Eu não consigo encará-lo, então viro meu rosto para a janela que já começa a escurecer. Mas algo em mim diz que preciso fazer uma pergunta, mais uma vez a mesma pergunta. Então, eu me levanto da mesa e vou até a janela para olhar para as montanhas dos Alpes.
De repente, sinto algo quente e macio envolver minhas costas. É uma manta que Reddington pega e gentilmente coloca em volta de mim, antes de me puxar até o alpendre.
E é aí, sob as estrelas cintilantes da noite, com as luzes da cidade lá embaixo, que finalmente encontro a coragem de olhar para ele. Quando nossos olhares se encontram, seria mais fácil para mim ver se era verdade.
— Desculpe, eu sei que já perguntei isso antes - eu digo, me desculpando pelo meu comportamento anterior. - Mas eu preciso saber a verdade. Você não mandou fazer isso comigo pois não ?
Ele suspira e revira os olhos, mas não parece irritado. Em vez disso, ele coloca uma mão em meu ombro, como se quisesse me acalmar.
— Já disse que não, quantas vezes mais é preciso repetir? - Ele diz, olhando-me fixamente. Sua voz é suave e calmante, como se quisesse me tranquilizar.
Eu seguro o seu rosto e acabo por beijar ele.
Reddington fica surpreso com o meu gesto, mas depois responde ao beijo com paixão. Seus braços envolveram minha cintura enquanto nossas línguas se entrelaçam em um beijo, minhas mãos passeiam no seu pescoço.
A brisa fria da noite não parece importar mais, pois estamos aquecidos pelo fogo que arde entre nós. Reddington me abraça ainda mais forte, como se quisesse me proteger do mundo inteiro.
Quando finalmente nos separamos, ainda ofegantes, eu olho nos seus olhos e vejo a verdade. A verdade que eu tanto procurei nas palavras dele.
— Eu acredito em você - eu digo, sorrindo. - Desculpe por não ter confiado antes.
Reddington sorri de volta e beija minha testa.
— Não há problema, meu bem. Eu entendo suas dúvidas, mas eu nunca mentiria para você.
Ao longe, ouve-se um som estrondoso que se aproxima cada vez mais. A vibração do chão começa a aumentar enquanto um helicóptero se aproxima rapidamente, com as suas hélices a girar rapidamente e a levantar uma grande quantidade de poeira e folhas ao seu redor. O barulho ensurdecedor enche o ar, tornando difícil até mesmo ouvir a si próprio.
Finalmente, o helicóptero pousa com segurança, ainda fazendo um barulho alto e agudo, que diminui gradualmente à medida que as hélices são desligadas. O piloto, usando um capacete com auscultadores, sai do helicóptero e corre para a porta traseira. Ele ajuda a senhora idosa a sair, enquanto mantém uma mão na alça da porta do helicóptero para mantê-la segura.
— Dalhila, ainda bem que vieste. — Ele solta-me e abraça a senhora. — Deixa-me apresentar, é a Cristina.
Ela sorri para mim enquanto o Reddington me explica que é uma senhora que ajuda nas tarefas domésticas.
— Já jantaram? — pergunta ela.
— Acabámos agora.
— Então ponha no lavatório que eu tenho que dormir. Há um quarto para mim? — Reddington confirma que sim, ri e ela pega na trouxa e vai para o quarto desocupado.
— Ela é uma pessoa simples, mas está cansada. Amanhã ela ajudar-vos-á e fará um almoço divinal.
— Preciso de ir para a cama. — digo. — Ainda bem que tenho um pijama todo sexy de ursinhos e tal.
— Apesar de... — ele segura-me o rosto encostando-me à parede do chalé e beija-me novamente. — Ter saudades desses lábios, mas hoje não precisas de descansar, eu fico na sala a dormir, como um bom cavalheiro.
— Lindo menino! Hoje não consigo, nem sei como vou dormir.
Vou andando enquanto ele me segura a mão.
— Cristina! — ele chama-me. — O teu namoradinho não vai ficar preocupado com a tua ausência ou...
— Ou nada... o meu namorado está chateado comigo.
Continua…
"Não são as coisas bonitas que marcam nossas vidas, mas sim as pessoas que têm o dom de jamais serem esquecidas, assim como você."
- Autor desconhecido.
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