55- Kiss With A Fist- Florence + The Machine
— Mãe, por que o tio Burke não vem conosco? - perguntou Marie enquanto eu pentelhava o seu cabelo.
Sorri para ela. Estava feliz. Nada iria me derrubar, nem a chantagem, nem um namorado intrometido.
— Bem, Marie, o tio Burke não vai poder se juntar a nós dessa vez. Estamos indo para o hospital e ele tem seus próprios planos e compromissos para cuidar.— resolvo ser verdadeira com ela.—Não se preocupe, Burke continua meu namorado, mas eu continuo a ser a dona do hospital, e ele nada tem a ver com isso nem tem que estar presente.
— Ah, entendi. - disse Marie, com um leve suspiro.
Eu queria mostrar a todos, incluindo Burke, que era uma pessoa forte e capaz de alcançar meus objetivos sem depender de ninguém. Tive que lutar muito para chegar onde estou e não permitiria que alguém me desviasse do meu caminho.
Além disso, queria que Marie entendesse a importância do trabalho árduo e da dedicação na vida. Queria que ela visse que a realização dos nossos sonhos exigia sacrifícios, mas que valia a pena no final.
Podem chamar de orgulho, mas eu tenho muito orgulho de mim mesma e não me arrependo de nada. As escolhas que fiz foram as melhores para mim e para o meu futuro. Não deixaria ninguém, nem mesmo Burke, me fazer questionar minhas decisões. Acreditar em mim mesma era fundamental para alcançar meus objetivos e sonhos.
— Mas, como eu disse antes, o hospital é nosso sonho e nosso futuro. Quero que você cresça em um lugar próspero que possa oferecer muitas oportunidades. Por isso, o hospital é nosso, é o nosso projeto, o nosso empreendimento, a nossa contribuição para a sociedade.
Marie acenou com a cabeça, entendendo.
— Não estou reclamando, tenho orgulho de ser sua filha, mas acho que nossas vidas mudaram bastante. - Ela abraçou-me - Eu gosto do Burke, do tio Burke, mas sinto falta quando era só você, eu e o padrinho, sem Viviane no meio.
— Com oito anos, você é tão ciumenta -- respondi, com um sorriso.
Vesti umas calças pretas e uma blusa de padrão castanho claro e comecei a pentear meu cabelo encaracolado. Marie escolheu um vestido que já havia comprado para a ocasião. Se ela convivesse com o pai ou soubesse quem ele era, ela diria que ele a habituou a usar chapéus, algo que ela adorava. Marie estava linda e eu não pude deixar de me perguntar se a vaidade era algo genético. Eu sorri para ela e disse:
— Você está linda, Marie. Acho que o seu vestido é perfeito para a ocasião.
Ela sorriu de volta e disse:
— Obrigada, mãe. Eu estou muito animada para visitar o hospital com você.
A sua felicidade era notória, conseguia-se ver nos seus olhos, apesar de não expressar muito.
— mãe e quando chegam os meninos africanos com as cirurgia inovadoras ?
— Marie isso não funciona assim… você tem que ter calma. — disse-lhe assustada com a pressa dela..
Chegamos ao local e o Dr. Ottis nos aguardava.
— Ainda conseguiu ver isso construído! — Dizia ele, rindo.
— Pensei que a sua saúde não ia permitir, mas fico muito feliz em vê-lo bem. — Sorri para o velhote à minha frente.
- Sempre simpática, a minha Cristina! Vamos entrar. — Disse o Dr. Ottis, convidando-nos a entrar.
Estava perfeito, os meus olhos brilhavam a olhar para tudo, parecia uma criança.
A construção do hospital futurista era uma obra impressionante que chamava a atenção de quem passava por perto. Com um design moderno e arrojado, a sua estrutura imponente destacava-se no horizonte, mostrando a grandiosidade do projeto. Os corredores amplos e iluminados criavam um ambiente acolhedor e convidativo, enquanto as salas de cirurgia impressionavam com a mais alta tecnologia disponível.
O bloco operatório era inovador era o coração do hospital, onde a tecnologia de ponta era aplicada para salvar vidas. Com monitores que transmitem imagens em tempo real das cirurgias, os médicos tinham acesso a informações precisas e atualizadas, permitindo a realização de procedimentos de alta complexidade com segurança e eficiência.
Posso dizer que quase chorei de emoção, era tudo o que eu sonhava.
Os robôs cirúrgicos serão uma das principais atrações do hospital, permitindo a realização de cirurgias com uma precisão nunca antes vista. Com os seus sensores e câmeras, esses equipamentos revolucionários vão ajudar os médicos a realizar procedimentos cirúrgicos com mais segurança e precisão, proporcionando melhores resultados para os pacientes. Quem duvidou de mim ia engolir cada palavra.
Com uma estrutura que alia tecnologia e conforto, o hospital será um exemplo de excelência em saúde, oferecendo o que há de mais avançado em diagnóstico, tratamento e cuidados médicos.
— Fui eu que construí? — disse eu entusiasmada.
— Foi! — diz o Dr. Ottis.
— Acredite que é muita emoção, é o meu sonho! — sorri para o Dr. Ottis. — Eu queria tomar conta de tudo, dos médicos que vou contratar, dos enfermeiros, até do serviço de auxiliares... Não sei se consigo , mas vou fazer o meu melhor. — Comentei com o Dr. Ottis enquanto caminhávamos pelos corredores do hospital.
— É uma responsabilidade enorme, mas tenho certeza de que vais dar conta, Cristina. E podes contar com a minha ajuda sempre que precisares. — Respondeu ele, colocando a mão no meu ombro.
Quando chegamos à unidade cardíaca, os meus olhos encheram-se de lágrimas ao ver tudo tão perfeito. Não pude conter a emoção e comecei a chorar.
— Mãe, está a chorar? — Perguntou a Marie, que estava ao meu lado.
— É emoção, pequenina! — Respondeu o Dr. Ottis, sorrindo para a minha filha. — A tua mãe construiu tudo isto, e é natural que se sinta assim.
Eu respirei fundo e limpei as lágrimas.
— O senhor também ajudou! — dizia Marie.
— Eu fui apenas um apoiante, nada mais! Isso porque a tua mãe é muito convincente. — eles olhavam para mim a girar pelo bloco. — O meu trabalho começa agora! — dizia o Dr. Ottis quando Marie sorria.
— Vai ser meu também... — o homem ri com o que a pequena diz e fala comigo.
— Amanhã começará a chegar o material. Etc, etc. — Ele olha para mim enquanto eu fico distraída a olhar para tudo.
Entretanto, chega o Shane.
— Vieste, estava a ficar preocupada.
— Ainda não entendi muito bem o que está a acontecer, mas queria certificar-me de que estás bem. — Respondeu Shane, olhando para mim com preocupação. — Mandaste mensagem para eu vir rápido?
— Estou ótima, Shane. Só estou um pouco emocionada com tudo isto. — Respondi, tentando controlar a minha animação. — E queria que tu também visses.
— Entendo. É realmente impressionante o que construíste aqui. — Comentou ele, olhando ao redor do hospital. — Obrigado por me envolver nisso.
Marie sussurrou no meu ouvido:
— Porque chamaste o Shane e não o tio Burke? — perguntou ela, confusa.
— Porque o padrinho... Não sei, senti necessidade. — Não sabia o que responder.
O Dr. Ottis aproximou-se de nós e apresentou Shane aos outros membros da equipa.
Eu recebi uma notificação de mensagem no meu telemóvel. Fiquei atordoada com a mensagem que recebi, não sabia como responder ou agir diante daquilo. Por um lado, senti-me vulnerável e ameaçada pela chantagem, mas por outro, sabia que não podia ceder às exigências do capanga de Reddington.
Respirei fundo e respondi à mensagem:
"O que queres de mim? Se Reddington souber sobre o meu namoro, que seja. Não tenho nada a esconder."
Mas ele vendo que eu não tenho medo, manda-me mais umas tantas.
"Cristina. Vejo que recebeu a minha mensagem. Fico feliz em saber que é tão corajosa. Mas veja bem, eu não estou a pedir o seu silêncio apenas para proteger. Eu conheço tão bem as coisas que Red faz e que podem levar o Burke e a Marie a sofrer consequências, e se Reddington souber que o seu namorado está morando com você, e se a sociedade descobrir que a grande Cristina Yang engravidou de um Concierge do Crime? Tenho certeza de que a sua vida mudará muito.
Eu não quero que isso aconteça, Cristina. Não quero que o Burke sofra por causa de uma escolha sua e que a Marie sofra as consequências da mãe que tem. Mas posso ajudar a evitar isso. Eu posso manter as informações em segredo, tanto do seu namoro como de quem é o pai da criança. Isso não acontecerá desde que você pague um milhão de francos pela minha discrição. É um pequeno preço a pagar pela segurança do Burke e da criança, não acha?
A escolha é sua, Cristina. Pense bem antes de agir. Se eu não receber o dinheiro até o final do dia de sexta-feira irei entregar o Burke nas mãos de Reddington. E aí, não haverá nada que possa fazer para impedir o seu sofrimento. Fico à espera da sua resposta."
Após chegarmos em casa, Viviane se aproximou de mim com uma expressão ansiosa, o que me fez perceber que algo estava errado. Tentei transmitir calma e segurança, sorrindo para ela e iniciando uma conversa.
— Olá, Viviane. Como você está? — perguntei.
— Queria fazer uma pergunta. — ela me olhou com seriedade enquanto eu colocava minha mala em cima da mesa. — Eu falei com meu namorado e ele terminou comigo.
Revirei os olhos, já cansada das suas questões amorosas.
— Diga. — respondi de forma direta.
— Se eu fosse a Marie, sua filha, o que você aconselharia em relação à gravidez? — perguntou Viviane.
Minha resposta foi imediata.
— Para abortar! — respondi sem rodeios. — Se você fosse a minha filha e tivesse os sonhos que a Marie tem, eu aconselharia o aborto. Ela tem apenas 8 anos agora e aos 19 anos, está no auge da sua aprendizagem. Um filho só iria atrapalhá-la.
Percebi que minha resposta havia sido um pouco ríspida demais e que Viviane ficou chocada. Tentei explicar melhor meu ponto de vista.
Viviane estava chocada com a conversa franca que estávamos tendo.
— Eu entendo e parece que era isso que queria ouvir, Podes ajudar-me? Mas por favor, não conte a ninguém. — pediu ela.
Eu olhei para Viviane por um momento, considerando a sua pergunta.
— Só espero que o teu pai não descubra. Estou começando um relacionamento com a tua avó e ela já me dá bom dia quando me vê. Se eles descobrirem que ajudei com a situação do aborto, pode ser que acabemos. — disse, preocupada. Por um lado, queria ajudar Viviane, mas, por outro lado, não queria causar problemas com a família dela.
— Eu não vou contar a ninguém, Cristina. Eu prometo. Obrigada por me ajudares. — disse Viviane, visivelmente emocionada.
Decidimos procurar uma clínica na internet e encontrei um número para ela marcar.
Viviane agradeceu novamente e pegou o número da clínica que eu encontrei. Ela prometeu que iria marcar o procedimento o mais rápido possível e que seria discreta sobre tudo isso.
Ela invadiu a minha casa e está a dormir aqui todas as noites. Sinceramente, sinto-me como um pássaro enjaulado, rodeada por tanta gente a dormir em minha casa. Preciso do meu espaço para esticar as minhas asas e voar livremente. Gosto de ter o meu próprio espaço.
Subo as escadas e olho para a mensagem de chantagem que recebi. Sinto uma onda de raiva percorrer o meu corpo, mas ao mesmo tempo, uma sensação de impotência. Quem seria capaz de fazer uma coisa destas? Esse homem foi pago para me proteger e agora está a chantagear-me.
Eu poderia apagar a mensagem e fingir que nada aconteceu, mas sei que isso não resolveria nada. Preciso encontrar uma maneira de lidar com este problema.
Continua...
"A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo."
- Fernando Pessoa
Notas da autora :
não revisei, meus dias estão corridos ... Comentem e votem ❤️
Chegando ao fim dessa longa jornada? Palpites ? Talvez nenhum 🥰 mas o fim tá escrito ❤️
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