49- Say You Love Me- Jessie Ware
As autoridades suíças anunciaram hoje que o FBI chegou à Suíça para colaborar nas investigações do desaparecimento de Marie Yang, uma menina de sete anos que desapareceu durante sua festa de aniversário há 18 dias. As autoridades ainda não encontraram nenhuma pista que possa levar ao paradeiro da menina.
O agente especial Harold Cooper ainda acredita na possibilidade de Marie estar viva, mas o principal suspeito é Raymond Reddington. Cooper não quis comentar a ligação entre Reddington e a família Yang, mas pediu cautela na divulgação de informações, pois há provas de que o criminoso ainda está na cidade de Zurique.
A família Yang está angustiada com o desaparecimento de sua filha e pede para que qualquer informação sobre seu paradeiro seja imediatamente informada às autoridades locais. A polícia está intensificando as buscas e pede a colaboração da população. Em caso de alguma informação, entre em contato com a polícia.
Esta foi uma reportagem de Mark Smith para o SuiNews.
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— Finalmente, já era tempo! — Ele dá um gole na cerveja e passa a garrafa vazia a um dos seus capangas. — Onde está o portátil?
— Está aqui! — diz o capanga. — Já conseguimos invadir o computador do Aram Mojtabai.
— Antes de enviar, vamos falar com aquele sacana. — ele pega no telemóvel e liga para o número de Dembe, pois Reddington não usa telemóvel, e se o fizer, joga-o fora pouco tempo depois. — Passe-me o seu chefe!
Dembe passa a chamada para Reddington, que dá uma piscadela de olho.
— Fala, Red!
— Finalmente! Estava difícil falarmos até pensei que não querias saber da tua filhinha. — ele dá um suspiro. — Ou a mãe da Marie nem nessa altura quer ter ligação contigo?
Reddington fica em silêncio por um momento, parecendo perturbado pela menção da sua filha e sua mãe.
— Não vou discutir a minha vida pessoal contigo. O que queres?
— Quero que saibas que tenho a tua filha. Vou mantê-la como refém até que pagues pelo que fizeste ao meu pai.
Reddington aperta a mandíbula, a tensão evidente na sua voz.
— Não tenho ideia do que estás a falar. Nunca machuquei ninguém que não merecesse. — ele pensa em qual pai ele machucou, tendo em conta que foram muitos.
— Não estou interessado em desculpas. Quero justiça para o meu pai. E vou ter isso, com ou sem a tua cooperação.
— Se machucares um fio de cabelo da minha filha, vou encontrar-te. E não vais gostar do que acontece a seguir.
O raptor parece não se importar com as ameaças de Reddington.
— Tens 24 horas para trocares a tua vida pela da tua filha. Depois disso, não posso garantir a segurança dela. O que vais escolher? Para ter a certeza, vou enviar um vídeo da pirralha ainda a respirar...
Com essas palavras, a chamada é encerrada e Reddington fica em estado de agitação.
— Não faço ideia onde ela possa estar, a voz do interlocutor soava italiana, mas conheço tantos italianos que não tenho certeza. — lamentou Reddington.
— Temos que pensar em alguém cuja morte do pai tenha sido traumatizante. — disse Dembe.
Reddington ficou pensativo por um tempo, dando um gole em seu uísque. Ele fechou os olhos enquanto teve uma ideia.
— Arthur Beckett! Fizemos com que ele matasse o próprio pai. — ele deu uma gargalhada nervosa. — Como aquele animal conseguiu fazer isso? Parecia uma barata! — mais um gole em seu uísque. — As aparências enganam.
Enquanto ficavam em silêncio por vários minutos, pensando em um plano, o telefone de Dembe tocou e era Aram do outro lado da linha.
— Queria falar com o senhor Reddington. — disse Aram.
Dembe nem respondeu e passou o telefone para Reddington.
— Fala, Aram?! — disse Reddington.
— Recebi um vídeo para você.
— Pode encaminhar para mim? Através do computador do Dembe? Eu não entendo nada dessas tecnologias.
— Ok, senhor Red. Vou fazer isso agora! — e a chamada foi encerrada.
Quando Reddington abriu o vídeo, viu apenas a pequena Marie encolhida num canto escuro do quarto, com lágrimas a escorrer pelo rosto sujo e desgrenhado. Tremia enquanto segurava um pedaço de pão velho na mão, olhando para ele com nojo. No chão ao redor dela, havia restos de comida espalhados e pisados, deixando-a sem outra opção senão comer ali mesmo. Tentou resistir, mas a fome era forte demais. Com relutância, Marie levou o pão à boca, forçando-se a engolir cada mordida. O estômago doía, mas ela continuou a comer. Entre as lágrimas, chamava pela mãe, pedindo ajuda e consolo. Mas a única resposta que ouvia era o som das portas sendo trancadas e o riso cruel dos seus raptores.
Após o vídeo acabar, Reddington atirou o copo de uísque para o chão com força, fazendo-o estilhaçar-se em pedaços afiados. Sua expressão era de raiva contida, mas seus olhos ardiam em fúria. Levantou-se da poltrona e começou a caminhar de um lado para o outro, como um animal enjaulado.
— Ele está brincando com o fogo — disse Reddington em voz baixa, mas ameaçadora. — E isso vai acabar mal para ele. Muito mal.
Parou de caminhar e olhou para Dembe com um olhar sério e determinado.
— Procure a Susana, a irmã dele. Quero a cabeça dela! — disse ele, com os dentes cerrados. — Ela é o calcanhar de Aquiles do irmão, e vamos usá-la para chegar até ele. Mas traga-a até mim, inteira. Não quero que ninguém a desmembre. Isso é coisa de animais. — ele sabia que os capangas deles levavam tudo ao pé da letra.
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Reddington fechou os olhos por um momento e respirou fundo. Quando os abriu novamente, a fúria em seus olhos era ainda mais intensa.
— Mas traga-a logo — disse ele, apontando para Dembe. — Porque se eu tiver que esperar muito, não respondo por mim.
Cristina foi chamada para depor para o FBI e, ao entrar, cumprimentou o inspetor Harold.
— Dra. Yang, lamento muito toda a situação pela qual está a passar, mas já estamos a seguir pistas — disse ele, pondo a mão no ombro da mãe desesperada.
— Já faz três semanas que estão a seguir pistas e ainda não têm respostas. Andam às voltas sem chegar a lado nenhum — respondeu Cristina quando mais dois agentes entraram na sala.
Ela reparou que uma delas, que ela conhecia, estava com Reddington na cirurgia ao tom.
— O que é que ela está aqui a fazer? — perguntou Cristina extremamente nervosa.
Elisabeth ficou calada porque percebeu que Cristina a conhecia.
— Calma, dra. Yang. É agente especial Keen e está no caso — disse Harold, tentando acalmá-la.
— Como é que ela está no caso? Se ela trabalha para aquele maldito que me roubou a filha!!! Vocês só podem estar a gozar comigo!
Elisabeth sentiu o coração apertar-se ao ouvir as palavras de Cristina, mas manteve a postura profissional.
— Eu entendo que esteja abalada, Dra. Yang, mas por favor, entenda que estou aqui para ajudar a encontrar a sua filha. Não trabalho para Raymond Reddington, mas sim para o FBI. Estou aqui para apoiá-la e ajudá-la no que for necessário.
Cristina olhou para Elisabeth com desconfiança, mas o inspetor Harold interrompeu antes que ela pudesse dizer algo.
— Agente Keen é uma das melhores agentes do FBI. Ela está aqui para ajudar e podemos confiar nela.
— Como é que posso confiar numa criminosa? — apoiou os braços na secretária. — Isto não me está a acontecer! Eu quero outra agente, ela não é de confiança.
Elisabeth suspirou, compreendendo a angústia de Cristina, mas manteve a calma e a postura profissional.
— Dra. Yang, entendo a sua desconfiança, mas peço que não me julgue pelas minhas conexões passadas. Como disse, trabalho para o FBI e estou aqui para ajudá-la a encontrar a sua filha. Posso assegurar que estou comprometida com a resolução deste caso e farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudá-la.
Cristina olhou para ela, hesitante, mas o inspetor Harold interveio novamente.
— Por favor, dra. Yang, confie em nós. Agente Keen é uma profissional altamente qualificada e temos plena confiança no seu trabalho.
—Chefe, vou sair da sala para deixar-te e a Dra. Yang à vontade - disse Elizabeth, claramente constrangida. Ela saiu e foi para a casa de banho, onde ligou para Dembe para falar com Reddington.
— Pode passar-me para o Red?—, pediu.
Não demorou muito para que ele atendesse.
—Liz, minha querida, há novidades?— perguntou ele.
—Não, mas a tua 'paixãozinha' expulsou-me da sala de interrogatório e disse ao Harold que trabalho para ti!—, respondeu Elizabeth.
—Faz sentido, ela tem boa memória. A— Reddington, cuja voz denotava estar abalada, apesar de tentar esconder isso.
— E por aí? Há novidades?—, respondeu Elizabeth.
—Sim, ele entrou em contacto comigo e mandou um vídeo da menina. Vai entrar em contacto comigo para trocar a minha vida pela dela — disse Reddington, deixando claro que não queria falar mais.
—Quero nomes!—, insistiu Elizabeth.
—Arthur Beckett. Não digo mais nada.—, disse Reddington, sabendo que Elizabeth iria querer continuar a investigação, mas ele queria ser o responsável por apanhar Arthur, mesmo que isso significasse não deixar as autoridades trabalharem.
Após desligar a chamada, Elizabeth fez sinal para Harold encontrá-la fora da sala. Ele pediu licença por alguns minutos e juntou-se a ela.
— Reddington disse um nome: Arthur Beckett. — ela apontou para a sala de interrogatório.
— Trabalhe nisso, monte uma equipa e procure por esse homem. — Harold ajustou o seu fato e voltou para a sala.
— Alguma novidade? — perguntou Cristina, nervosa.
— O nome Arthur Beckett diz-lhe alguma coisa? — disse Harold.
— Não, nunca ouvi falar dessa pessoa! — respondeu Cristina.
— Não se preocupe, tudo ficará bem. — Harold sorriu para ela. — Só peço que confie em nós!
Cristina despediu-se de Harold e Elizabeth tentou falar com ela, mas foi impedida por Harold.
— Deixe-a ir, não é altura. Ela sabe o que viu e está convencida de que foi Reddington!
Elizabeth concordou, embora estivesse preocupada com o que Cristina poderia fazer a seguir. Harold acompanhou Cristina até à porta e agradeceu-lhe pela colaboração. Depois que ela saiu, ele voltou-se para Elizabeth.
— Precisamos encontrar Arthur Beckett antes que seja tarde demais. E precisamos ter cuidado com Cristina, ela pode nos atrapalhar no processo. — ela suspirou. — Eu entendo-a, mas vai atrapalhar mais do que ajudar.
Cristina é interceptada por Dembe antes de chegar em casa. Ela suspira aliviada, pensando que sua filha pode estar sendo devolvida a ela, mas Dembe logo desfaz essa esperança.
— Infelizmente ainda não sabemos onde está a sua filha. Preciso que venha comigo.
Cristina fica relutante, mas antes que possa fazer algo, Dembe segura seu braço e coloca uma mão sobre a sua boca, tentando evitar que ela faça um escândalo e empurra-a para dentro do carro.
— Desculpe pela abordagem brusca, mas é a única forma de falar consigo sem causar alarde. Não se preocupe, não a estamos sequestrando, apenas precisamos que venha connosco para falar com Reddington. Ele quer esclarecer as coisas.
— Por que só sabem resolver as coisas assim? — pergunta Cristina.
— Infelizmente, não nos dá outra escolha.
A viagem foi curta e Dembe logo parou o carro em frente a uma imponente igreja. Cristina olhou ao redor, confusa, sem entender o motivo de estarem ali.
— Por que estamos em uma igreja? — perguntou ela.
— Este é um lugar seguro, Reddington espera por você lá dentro. — Ele saiu do carro e abriu a porta para ela. — Pode ir, eu fico aqui para vigiar.
Cristina entrou e viu Reddington sentado nos bancos da frente. Ela andou pelo corredor que levava ao altar e viu um senhor deitado no banco do lado esquerdo. Era o padre.
— O que fizeram com ele? — perguntou ela, incrédula.
Reddington olhou para Cristina e suspirou antes de responder.
— Ele está apenas dormindo, Cristina. Não precisa se preocupar. — Ele se levantou e se aproximou dela. — Sente-se, precisamos conversar.
— Não, eu não confio em você! — Ela se aproximou do padre e começou a examiná-lo, notando que ele tinha sinais vitais. Ela tentou acordá-lo, dando-lhe tapas no rosto, mas sem sucesso.
— Calma, Cristina, ele está sedado. Não adianta tentar acordá-lo assim. — Reddington saiu da igreja para chamar alguém que pudesse levar o padre para algum lugar onde ele pudesse dormir. — Nesta igreja deve ter uma cama, os padres normalmente dormem com as freiras ou com suas fiéis! — Ele disse isso com arrogância para o seu capanga, que pegou o padre e o levou no colo.
— Agora vamos falar.
—seu inegrume o que fez a minha filha.... O problema sou eu não ela.
Reddington agarra os braços dela e
Cristina assusta-se com a atitude dele, sentindo o coração acelerar ao ser pressionada contra a bancada do altar.
— Larga-me! — ela tenta libertar-se dos braços dele, mas sem sucesso.
— Eu não raptei a nossa filha! Entende isso! — ele segura-lhe no rosto com as duas mãos. — Olha para mim! — pede ele, tentando acalmá-la.
Cristina olha para ele com lágrimas nos olhos, ainda sem saber em que acreditar.
— Então o que aconteceu com ela? — pergunta ela, com a voz embargada.
Reddington suspira e solta os braços dela, dando um passo para trás.
— Estou a trabalhar nisso, Cristina. Preciso que confies em mim. — ele tenta aproximar-se dela novamente, mas percebe a hesitação nos seus olhos. — Amo-te a ti e à nossa filha. — Cristina fica surpresa com a declaração que Reddington fez. — E farei o que for preciso para a trazer de volta para ti. Mas para isso, precisamos trabalhar juntos e deixar as desconfianças de lado.
Cristina ainda está em choque, mas começa a considerar as palavras de Reddington. Ela olha fixamente nos olhos dele.
— Prometes? — ela volta a chorar, ele abraça-a e dá beijos na cabeça.
— Perante a imagem de Jesus na cruz, eu prometo!
— Eu não devia acreditar em ti! — dizia ela, tentando afastar o seu corpo dele, mas sem sucesso. — Tu és um monstro!
— Mas acredita, isso é o que te está a confundir! Porque, apesar de tudo, eu nunca fui um monstro para ti! — ele afasta-se dela e dá mais um gole no vinho, ele estava nervoso porque tinha dito que a amava e porque tinha a filha nas mãos de um marginal. — Posso ser um monstro para qualquer pessoa... — as palavras vão embora — mas não para ti, tu és a melhor parte que tenho!
— Tu já me fizeste tanta coisa, Reddington!
— Por favor, confia em mim desta vez. Eu farei de tudo para encontrar a nossa filha e trazê-la de volta para nós.
Cristina fica em silêncio por um momento, olhando para o homem à sua frente. Ela sabe que ele já a magoou muito no passado, mas também sabe que ainda o ama.
— Eu não sei se consigo confiar em ti novamente, Reddington. Mas eu quero acreditar que ainda há algo de bom em ti. — ela aproxima-se dele e segura a mão dele. — Eu só quero a minha filha de volta. — ela encara-o, ela queria abraçá-lo mas não conseguia, o seu orgulho não permitia, apesar de ter-se sentido bem nos braços dele. Foi o abraço mais seguro que recebeu nas últimas semanas. Reddington percebendo isso, abraça-a, enquanto ela chora e ficam assim por um tempo.
Depois de algum tempo, Cristina afasta-se do abraço de Reddington e recompondo-se.
— Eu preciso saber o que sabes. Qual é o teu plano para encontrar a nossa filha? — ela pergunta, determinada.
Reddington limpa as lágrimas dos olhos dela com a ponta do polegar.
— Eu tenho algumas pistas que estou seguindo, mas preciso de mais tempo para confirmar algumas informações. — ele explica.
— Diz-me!
— Não, ah e já agora, confia na Elizabeth! — ele sai da igreja, deixando-me lá sozinha a pensar.
Contínua...
"A confiança é como um espelho, você pode consertá-lo se quebrar, mas ainda verá a rachadura naquele reflexo. É melhor você cuidar desse espelho desde o início." - Confúcio
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