48- Everybody Hurts - R.E.M
AVISO: Neste capítulo, a narração será feita de uma forma diferente, devido ao grande número de personagens envolvidas. Além disso, este capítulo contém cenas sensíveis, como o rapto de uma criança. Tentamos suavizar a descrição dessas cenas, mas ainda assim, pode ser perturbador para alguns leitores. Peço desculpas se isso causar algum desconforto ou mal-estar.
— Vocês não me dizem nada, há duas semanas que seguem pistas e não há nenhum sinal da minha filha!!!! — Cristina chorava em frente ao Inspetor. — Seguiram a pista do pai? — encostando-se na cadeira.
— Isso não é fácil, dra.! Você diz que Reddington é o pai da criança, diz que ele a ameaçou várias vezes, mas por que nunca o denunciou? — o inspetor brincava com a caneta. — Eu vou pedir informações ao FBI.
— Porquê? Porque não quero que a minha filha saiba que o pai dela é procurado pela polícia. Não acha que é um motivo plausível?
— Dra. Yang, entendo que esteja preocupada com a falta de ação da polícia. Infelizmente, não temos muitos recursos para rastrear Reddington, e a FBI ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Temos trabalhado com as informações que temos à disposição, mas, como sabe, trata-se de um criminoso muito astuto e esquivo. Precisamos ter a certeza de que temos todas as peças do quebra-cabeça antes de avançarmos com qualquer ação.
— Mas isso significa que ele pode ser violento com a própria filha? — perguntou Cristina, preocupada.
— Infelizmente, sim, há sempre esse risco. Por isso, estamos a fazer tudo o que podemos para localizá-la o mais rápido possível. Mas precisamos ser estratégicos e cuidadosos em nossas ações para garantir a segurança de sua filha. Não podemos correr o risco de fazer um movimento errado e colocá-la em perigo. Mas prometo que vou continuar a comunicar com a FBI e a pressioná-los para que se envolvam mais ativamente no caso.
Cristina saiu para ir para casa, deixando a polícia sem respostas para lhe dar. Um criminalista alemão já havia descartado a possibilidade de Marie estar envolvida no caso dos outros meninos. Tudo indica que o maníaco que cometeu esses crimes prefere rapazes.
— Chefe, a mãe veio perguntar se já sabemos alguma coisa sobre o pai? A verdade é que achamos que ela estava confusa e que isso seria impossível... mas e se não for? — o policial mordeu o lábio em preocupação. — Acho que é hora de pedir ajuda ao FBI...
— Seremos motivo de chacota em toda a Europa. A polícia suíça pedindo ajuda ao FBI! Já estou vendo a manchete nos jornais! Mas tudo bem, vou fazer isso. — o Inspetor-chefe saiu da sala e bateu a porta, indo reunir-se com o restante da equipe e explicar os próximos passos. Alguns acabaram por rir dele quando ouviram o nome do FBI.
— A menina já deve estar morta. Com todo o respeito, senhor inspetor, por que estaríamos procurando por Reddington? — perguntou um dos policiais durante uma reunião de investigação.
— Porque ele é o pai da criança desaparecida, como a mãe afirmou diversas vezes — respondeu o inspetor-chefe.
— Mas o que isso tem a ver com o fato de que estamos lidando com um sequestrador de meninos? Reddington é procurado por outras coisas, mas nada relacionado a esse tipo de crime.
— Entendo a sua dúvida, mas precisamos seguir todas as pistas. Não podemos descartar nada nesta fase da investigação.
— Mas estamos perdendo tempo e recursos seguindo uma pista que pode ser falsa! Devíamos focar nas pistas que temos sobre o sequestrador de meninos.
O inspetor-chefe suspirou, sabendo que a equipe estava ficando frustrada. Mas ele sabia que não podiam ignorar a possibilidade de Reddington estar envolvido, especialmente porque a mãe da criança mencionou isso repetidas vezes.
— Entendo o que está dizendo, mas não podemos deixar de lado a possibilidade de que Reddington possa estar envolvido. Precisamos investigar todas as pistas, mesmo que pareçam improváveis. É nosso dever explorar todas as opções para encontrar a criança desaparecida.
— Não temos mais nenhuma pista e a mãe está desesperada por respostas. E a comunidade está indignada com a nossa falta de progresso nesta investigação. Viva ou morta, Marie tem que aparecer — disse a inspetora, agarrando a capa de um jornal que estava em cima da mesa. — "Marie desaparecida há 15 dias sem solução à vista, incompetência suíça". Essa manchete é um insulto para todos nós! Estamos fazendo o nosso melhor, mas precisamos de mais recursos e ajuda para resolver este caso. Não podemos permitir que mais uma criança desapareça sem resposta.
— Chefe, tenho uma pista - disse o estagiário. - A Dra. Erica Hanh trabalha no hospital da Dra. Cristina Yang e fez uma queixa de agressão há cerca de um mês. Ela também foi forçada a fazer um aborto.
— E o que isso tem a ver com o caso Marie? - perguntou um dos inspetores. - Infelizmente, violência é algo comum em nosso mundo.
— Mas ela acusou Raymond Reddington -- acrescentou o estagiário. - Não foi só a mãe de Marie que o viu.
— isso quer dizer que ele esteve na área, recolha um depoimento dessa médica… — acende um novo cigarro. — eu trato do interrogatório!
Quando Érica chegou, foi para a sala de interrogatório.
— Não estou a entender por que fui chamada para falar sobre Marie? Sei que tenho divergências com a Cristina, mas daí a raptar a filha vai um grande passo. — dizia Érica abanando-se do fumo do tabaco que o inspetor insistia em fumar.
— Tem? Nem sabíamos disso. — nova passa no cigarro. — Já chegámos às divergências, queria falar sobre uma queixa que fizeste! A Raymond Reddington.
— Há um mês e só agora me chamam? Sim, fiz essa queixa. Ele usou os seus amigos para bater em mim e para me obrigar a abortar, colocando medicação à força.
— Porquê? Sabe dizer o motivo para esse tipo de situação? — o inspetor apaga o cigarro no cinzeiro e olha de esguelha para Érica. — Sabes quem é Raymond Reddington?
— Sei que é um negociador de diamantes!
O inspetor dá uma pequena gargalhada.
— Não! Raymond Reddington é um dos criminosos mais procurados pelo FBI. Ele é acusado de inúmeros crimes, incluindo espionagem, roubo de tecnologia, lavagem de dinheiro e assassinato. Ele é um dos criminosos mais perigosos e elusivos do mundo.
— Como assim? Eu nunca ouvi falar disso. — diz Érica, parecendo confusa.
— Bem, tu podes não saber, mas ele certamente sabe quem tu és. Parece que ele tem um interesse particular em ti. Talvez pense que possas ser útil de alguma forma. — o inspetor faz uma pausa dramática antes de continuar. — Ou talvez esteja apenas a divertir-se, colocando-te em situações difíceis.
— Como assim? Que situações difíceis? — pergunta Érica, agora visivelmente preocupada.
— Bem, vamos começar com o facto de que ele mandou os seus capangas baterem em ti e tentarem forçar-te a abortar. Parece que ele não está muito preocupado com a tua saúde ou bem-estar. Além disso, ele pode estar a usar-te como isca para atrair outras pessoas que ele está interessado em apanhar. É por isso que estamos a falar contigo agora. Queremos ajudar-te e, ao mesmo tempo, tentar apanhar este criminoso perigoso.
— Mas o que posso fazer? Não sei nada sobre ele ou sobre os seus negócios.
— Bem, talvez possas ajudar-nos a entender por que ele está interessado em ti. Mencionaste que tens divergências com a Cristina. Será que ela tem alguma conexão com Raymond Reddington? Talvez ela tenha falado algo sobre ti para ele.
— Não sei... Talvez. Nunca pensei que ela pudesse ser capaz disso. — diz Érica, parecendo ainda mais preocupada. — Houve uma vez em que estávamos estacionados e ele quase atropelou a Cristina. — ela põe a mão na boca em sinal de admiração. — Pensei que fosse um acidente.
— Preciso que veja estas fotos e identifique Raymond Reddington! — Ele coloca um molho de fotos para que Érica identifique.
Érica olha para as fotos por um momento antes de apontar para uma delas.
— É ele, esse é o homem com quem namorei.
— Certo, obrigado pela identificação. Foi uma ótima ajuda, você pode ter ajudado a encontrar a Marie.
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Érica pegou na sua mala e saiu da esquadra, sem saber se deveria ir à casa de Cristina para oferecer a sua solidariedade. Quando bateu à porta, foi recebida por Burke.
— Olá, eu vim oferecer a minha ajuda a Cristina — disse ela, olhando nos olhos de Burke.
— Entre, Cristina está na sala! — respondeu ele, acompanhando Érica até à sala. — Amor, eu vou comprar algo para comermos, fica aqui com a Érica que não demoro.
Cristina piscou os olhos em concordância, mantendo sempre o telemóvel ao seu lado, à espera da chamada que nunca acontecia.
— Eu fui prestar depoimento. Eles fizeram-me identificar Reddington nas fotos. Cristina, qual é o seu envolvimento com ele? — perguntou Érica, sentando-se ao lado de Cristina.
— Eu não quero falar disso — respondeu ela, de forma evasiva.
— Eu disse que ele tentou atropelar-te e que me trouxe para a Suíça sem eu própria saber o motivo. Disseram que ajudei muito a descobrir o paradeiro da Marie! — acrescentou Érica, tentando olhar nos olhos de Cristina.
— Isso é se a minha filha não estiver já morta — lamentou Cristina, com uma voz carregada de tristeza e medo. Érica nunca tinha visto Cristina naquele estado e não sabia o que fazer. Abraçou-a, oferecendo-lhe conforto e apoio.
— Eu sei que não somos amigas, mas se houver alguma coisa que possa fazer para ajudar, por favor, diga-me. Eu não consigo imaginar o que você está passando, mas quero ajudar de alguma forma — acrescentou Érica,
— Obrigada, Érica. Eu agradeço a sua oferta de ajuda, mas há coisas que não posso contar. Eu preciso encontrar a minha filha antes que seja tarde demais — disse Cristina, com a voz trémula.
Érica assentiu compreensivamente, respeitando a decisão de Cristina. Ela sentiu um misto de frustração e tristeza por não poder ajudar mais, mas prometeu a si mesma que faria o que pudesse para ajudar a encontrar Marie.
— Tudo bem, eu entendo. Mas se precisar de algo, por favor, não hesite em me contactar. Eu estarei aqui para ajudar no que puder — disse Érica, sorrindo para Cristina.
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— Que dia é hoje? — perguntava Marie enquanto saía da cave para tomar um duche. Havia muitas pessoas com gorros. "Será que eles andam sempre encapuçados?", pensou Marie.
— Hoje é dia de não fazeres perguntas... vá, vá, garota chata! — Marie entrou na casa de banho, arrumou-se e viu a roupa suja que o homem de gorro preto lhe tinha dado. Ela ouvia vozes lá fora e tentava escutar e perceber o italiano que falavam. Ela sempre foi boa em línguas e o italiano era uma das línguas que dominava.
— A mãe deve ter demorado a dar o nome...
— Não, pelo que soube, a polícia Suíça não acreditou nela.
— Malditos sejam! — ele deu um murro na porta e Marie assustou-se. — Não apetece sujar as mãos com essa pivete!
Marie ficou em silêncio, sem saber o que dizer. O homem continuou:
Ele desconfiou que Marie estivesse a ouvir a conversa, não sabia até que ponto ela entendia italiano. Abriu a porta sem bater e apanhou a menina de cuecas para iniciar o banho.
— Você vai me fazer mal? — Disse ela assustada.
— Não, só pensei que estava a ser desobediente. Vista esta roupa, o seu banho será amanhã. Não estou com paciência para esperar. — ela vestiu-se rapidamente. — Sabe, garota, eu sou um velho amigo do teu pai?
— Quem é o meu pai? — perguntou Marie, com uma ponta de esperança na voz. Mesmo que não lhe interessasse saber quem era o seu pai, se o raptor era amigo dele, podia ser que não a matasse.
— Ah, isso não importa agora. O que importa é que você está aqui comigo. E eu espero que você se comporte, caso contrário, vamos ter problemas — disse o homem, com um tom ameaçador. Marie sentiu um arrepio percorrer o seu corpo ao ouvir aquelas palavras. Ela percebeu que estava em perigo e que aquele homem não tinha boas intenções. Tentou controlar o medo que sentia e manter a calma.
— Eu prometo que vou me comportar — respondeu ela, tentando soar confiante. Ele voltou a trancar a porta da cave. — Tenho saudades da minha mãe e, por incrível que pareça, até tenho saudades do bobo do meu padrinho. Talvez a minha mãe tenha outro filho com o tio Burke e eu fique esquecida. — falava sozinha com o urso de peluche que tira de cima da cama, ela sentou-se no chão e começou a chorar baixinho, tentando não chamar a atenção dos seus raptores.
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Entretanto, do outro lado do oceano, mais precisamente em Washington, D.C., uma equipa da força especial do FBI recebeu uma chamada.
Harold Cooper, assistente diretor do FBI, prontamente falou com os colegas:
— Elizabeth, onde está Reddington?
— Não sei nada dele há três dias.
— Então arranje uma forma de falar com ele.
Demorou um dia e meio até que Elizabeth finalmente conseguiu chegar a Reddington pelo telefone e marcar um encontro com ele na força-tarefa. Quando Reddington chegou, Harold Cooper e os outros membros da equipa receberam-no com um olhar sério e tenso.
— O que está acontecendo, Harold? — perguntou Reddington, sem rodeios. — Eu ia passar um dia fantástico jogando Bridge e bebendo um belo Hibiki 30 anos...
Harold sentou-se e ficou surpreso com a dissimulação de Reddington.
— Vou direto ao ponto e sem rodeios. — Ele deu um gole na garrafa de água que estava na secretária. — A polícia suíça está procurando por si.
Reddington não entendeu o que estava acontecendo e acabou soltando uma gargalhada.
— Harold, qual é a polícia neste planeta Terra que não procura Raymond Reddington? — Ele riu novamente. — Procurar é uma coisa, encontrar é outra!
Elizabeth reparou que Reddington não estava mesmo a entender o que estava a passar.
— Red, estás a ser procurado por seres o único suspeito do rapto de Marie Yang há 17 dias. — ela pega nos papéis e põe à frente.
— Dra. Cristina Yang, médica bem conceituada pelo que li. — dizia Harold. — O que você quer dela? A quem ela pode levar Reddington?
— Nós sabemos que você andou a rodar a Suíça, mas daí a raptar a menina? Devolva a criança à mãe! — o rosto de Reddington estava assustado, algo que não é comum nele. Dembe estava com ar confuso. — Você não matou ela?
— Fico ofendido por que razão haveria de matar a menina? — diz Reddington, e Elizabeth acreditou nele, ele estava visivelmente assustado. — Pediram algum resgate à mãe?
— Não! — diz Harold. — A polícia pensou que fosse um serial killer a atuar na Alemanha, mas foi descartado. A mãe, logo no início, acusa-te a ti, e disse ainda que és o pai da menina, mas que nunca ligaste à criança.
— Como pode Cristina pensar que eu seria capaz de sequestrar a minha própria filha e colocá-la em perigo? — disse Reddington, com raiva e tristeza na voz. — Sou um criminoso, mas nunca magoaria uma criança, muito menos a minha própria filha.
Elizabeth tentou acalmar Reddington.
— Não estamos a acusar-te, Red. Estamos apenas a tentar entender o que está a acontecer e descobrir a verdade. — ela põe a mão no ombro dele. — Sei que ganhaste afeição pela mãe, mas a forma como a mostras não é a melhor, compreendo a Cristina!Reddington ignorou a afirmação de Elizabeth e sentiu-se constrangido por ter sentimentos por alguém. Levantou-se e foi até a janela, ficando a olhar para a rua enquanto pensava.
— Não sei como a Cristina pode pensar isso de mim, mas desta vez não fui eu! Alguém o fez, talvez para me atingir. A Cristina tem uma vida linda e perfeita, e eu deixei de ter o homem lá para tomar conta dela. — ele tirou o chapéu e encostou-o ao peito.
— porque ? — pergunta Elizabeth.
— Porque achava que ela merecia ser feliz - responde Reddington com a voz embargada.— Talvez seja por isso que este cretino conseguiu raptar a menina! Ele deve querer vingar-se de mim.
Ele continua a encarar a rua, perdido em seus pensamentos e emoções conflitantes. Elizabeth aproxima-se dele e coloca a mão no seu ombro, num gesto de conforto.
— Eu entendo, Red. Quem poderia ter feito isto? Que inimigo você atiçou?
— Liz, eu tenho tantos inimigos que é difícil descartar alguém. Faça um comunicado à imprensa, a dizer que o FBI está no caso, ponha-me como suspeito do rapto da Marie. — ele volta a colocar o chapéu. — Este raptor covarde vai aparecer para mim, se souber que estou envolvido.
Elizabeth assente, entendendo a lógica por trás do plano de Reddington.
— Vou providenciar isso imediatamente. Mas tome cuidado, Red. Não sabemos o que esse raptor é capaz de fazer.
Reddington sorri, ainda que de forma um pouco forçada, e da um beijo na cabeça de Elizabeth.
— Eu sempre tomo cuidado, Liz. Mas agora é hora de agir.
"Seja quem for meteu-se com a pessoa errada, ele vai conhecer o verdadeiro Raymond Reddington!" — Pensava reddington a sair da força tarefa com o Dembe.
Contínua...
"A verdade é como o sol. Pode ser encoberta pelas nuvens, mas sempre acaba aparecendo." - Anne Frank
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