47- Mad World -Gary Jules
— Não pode estar a acontecer! — gritaram os pais dos colegas de Marie quando a polícia e ambulâncias chegaram ao local. Burke já estava a prestar os primeiros socorros a Yuna, que estava deitada no chão perto da casa.
Os outros convidados da festa estavam em pânico, correndo de um lado para o outro e chamando pelo nome da Marie. Espalharam-se pela floresta ao redor da casa, procurando em cada arbusto, tronco de árvore e clareira. Alguns gritavam tão alto que as suas vozes ecoavam pelas árvores, mas nenhuma resposta vinha.
— Eu vi a Marie ser levada por um homem loiro com maquilhagem no rosto! — disse o menino, agarrando-se ao colo do pai. — Ele estava com uma arma e atirou na babá da Marie. Eu estava escondido na casa de banho e não sei o que aconteceu depois. Mas antes de irem embora, vi que o homem estava a segurar o braço da Marie com força, como se não quisesse que ela fugisse. — o menino começou a tremer e chorar. — Vocês vão encontrar a Marie e prender aquele monstro, não vão?
— Por favor, continue, menino... — disse eu, chorando, sentindo meu coração acelerar.
— Dona Cristina, tenha calma, o menino está assustado. Dê-lhe tempo! — disse o detetive, tentando acalmar-me.
— Não há tempo! — exclamou Shane. — Fale!
O inspetor-chefe saiu correndo quando recebeu uma chamada, entrando no carro.
— Encontraram a minha neta? — perguntou a minha mãe, ainda a ser assistida por um bombeiro, enquanto a tensão subia.
Os policias não me largavam e só me faziam perguntas. Ainda vieram psicólogos que trabalham nesse tipo de situação. Estava um alvoroço e os murmúrios eram fortes quando disseram que encontraram um corpo à entrada da estrada que leva ao centro.
— Estão a dizer que encontraram um corpo? É a minha filha?
— Estamos a fazer o nosso trabalho e não estamos em condições de afirmar nada ainda, senhora. Mas, por favor, tente manter a calma e confie na nossa equipa. Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para encontrá-la e trazer justiça para todos os envolvidos.
Uma inspetora mulher veio ter comigo.
— Eu não deveria dizer isto ainda, mas... Não é a sua filha. É um homem adulto. — ela disse com um ar pesaroso, colocando uma mão gentilmente no meu braço. — Sinto muito pela sua aflição, senhora. Eu sei que é uma situação muito difícil para todos nós, mas estamos a fazer tudo o que podemos para encontrar a sua filha. Por favor, tente manter a calma e confie na nossa equipa.
Os policias recolheram os contactos de todos os integrantes da festa, e o meu depoimento, a pulseira GPS da Marie foi encontrada perto da janela, o que leva a crer que o raptor sabia dela, e pior ele tinha vindo atrás dela, mesmo assim a polícia associou o caso a um outro caso que aconteceu na alemanha a 6 meses, porque a situação foi igual, um menino de uma festa.
— Cristina, está na hora de dizeres a polícia, isso tá na cara que foi o pai de Marie. — Dizia o Shane, fecho os olhos em concordância.
Fui à esquadra com o Shane para partilhar as minhas desconfianças.
— Vá para casa, Cristina, às vezes podem pedir resgate! — disse um dos inspetores ao ver-me entrar com o casaco do Shane. — Nós pedimos colaboração à polícia alemã. Felizmente, o nosso país não é alvo de crimes assim e estamos a tentar todas as hipóteses.
— Mas eu tenho uma desconfiança! — disse eu, limpando os olhos. — Só que só o meu amigo sabe e não quis dizer à frente do meu namorado... Porque tirando eu e o Shane, mais ninguém sabe da paternidade do pai da Marie.
— Sente-se! — disse o inspetor.
— O pai da Marie, quando eu iniciei o meu namoro, ameaçou-me dizendo que eu não podia ter mais nenhum homem...
— E sabe como podemos encontrá-lo? Seria importante ter mais informações...
— Não, só sei o nome Raymond Reddington e sei que é procurado pelo FBI. — falei com vergonha. — Quando engravidei da Marie, nem sabia quem ele era, foi acidental! — O inspetor arregalou os olhos e soltou um suspiro surpreso ao ouvir o nome "Raymond Reddington". Ele levanta para ir buscar-me água com açúcar.
— Como assim, Raymond Reddington? — perguntou ele, com uma expressão preocupada. — Esse nome não me é estranho. Tem a certeza de que esse é o nome do pai da Marie?
— Tenho, infelizmente. Ele nunca se envolveu na vida da minha filha, mas ameaçou-me quando descobriu que eu estava a namorar com Burke. E eu sei que ele é procurado pelo FBI, mas não sei mais nada além disso. — Respondi ainda abalada.
O inspetor coçou a cabeça, parecendo pensar em algo.
— Ok, acalme-se. Vamos ajudá-la. — A cara do inspetor não transmitia confiança mal que disse o nome do Reddington. A sua surpresa era evidente.— você sabe que encobrindo ele você estava a cometer um crime? Ele é só dos homens mais procurados do FBI.
Era claro que o nome causava medo em muitas pessoas, e o inspetor não era exceção. Ele se esforçou para parecer calmo e profissional, mas a preocupação em seus olhos não podia ser escondida.
— Já viveu com medo? Há quase dois anos que vivo com ele. Fui ameaçada com pistolas. Quando engravidei da Marie, nem sabia quem ele era. Só soube quem era realmente no dia em que ele reapareceu, que foi praticamente no dia em que ia ter o meu primeiro encontro com o meu namorado.
— Vou tentar entrar em contacto com as autoridades americanas para ver se conseguimos mais informações sobre Raymond Reddington. Mas, enquanto isso, aconselho-a a ter cuidado e a não se envolver em nenhuma situação suspeita. Não queremos que nada de mal aconteça consigo ou com a sua filha.
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No dia seguinte manchetes em todos os jornais e telejornais com a foto da minha filha dada como desaparecida:
" Um crime chocante abalou a cidade de Zurique na noite passada. Durante a festa de aniversário de Marie Yang, de apenas sete anos, a sua babysitter foi alvejada e a criança raptada por um indivíduo disfarçado de palhaço, que trabalhava na empresa organizadora do evento. Testemunhas relataram que o raptor agiu com violência e levou Marie à força, fugindo do local com a criança e deixando a babysitter, Yuna Hin, gravemente ferida.
Mais tarde, um corpo sem identificação foi encontrado em um beco próximo do local da festa. A polícia suspeita que possa ter sido assassinado pelo raptor para assumir a sua identidade. As autoridades suíças e alemãs estão colaborando para investigar o caso, que apresenta semelhanças com outro crime ocorrido seis meses atrás.
A família de Marie está passando por um momento de grande dor e pede privacidade neste momento difícil. A cidade de Zurique está em choque com o ocorrido e solicita a colaboração da população para encontrar a criança o mais rapidamente possível. As autoridades emitiram um alerta Amber e pedem que qualquer pessoa com informações relevantes entre em contato imediatamente.
A babysitter Yuna Hin, de 57 anos e de origem coreana, está em coma induzido e pode ser a chave para desvendar o crime, pois foi a única testemunha do raptor. A polícia segue trabalhando intensamente na busca pela criança desaparecida, mas a passagem do tempo reduz as chances de encontrá-la com vida. Chefinspektor Hunk, responsável pelo caso, pede a colaboração da população para solucionar o caso o mais rápido possível."
— Que desgraça se abateu sobre a minha família! — minha mãe chorava compulsivamente enquanto a mãe do Burke tentava acalmá-la. Eu entro em casa com Shane.
— Mãe! — vou abraçá-la, sem forças.
— Cristina querida, come alguma coisa ou bebe um chá! — ela serve-me uma chávena, visivelmente abalada.
— Burke organizou uma busca com os vizinhos e os pais da escola da Marie. — ela senta-me no sofá e senta-se ao meu lado. — Sei que não tens fé, mas eu tenho e tenho passado a noite a rezar. Deus vai trazer a Marie sã e salva. — Viviane senta-se ao lado da minha mãe, tentando acalmá-la.
— Mãe, não sei como vou suportar isto. A minha filha está desaparecida! — digo, com a voz trémula. — Devia ter sido mais cuidadosa, devia ter feito mais por ela. A culpa é minha !
A mãe do Burke coloca a mão no meu ombro, tentando acalmar-me.
— Cristina, fizeste tudo o que podias. Ninguém pode prever estas coisas. — ela diz com um sorriso triste no rosto. — O importante agora é mantermos a esperança e fazermos tudo o que estiver ao nosso alcance para encontrarmos a Marie.
Agradeço as suas palavras, mas por dentro sinto-me completamente perdida e sem rumo. Só queria que isto fosse um pesadelo e que a minha filha estivesse em casa comigo.
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Marie é arrastada para dentro de um local sombrio e tenebroso. A mordaça tapava a boca e o lenço que tapava os olhos foram tirados e as cordas que prendiam as suas pequenas mãos também. Ela está aterrorizada e começa a chorar compulsivamente, implorando pela sua mãe.
— Por favor, quero a minha mãe! Tirem-me daqui! Ela tem dinheiro, pode pagar por mim! — grita Marie, desesperada.
O raptor olha para ela com desdém, Marie não conseguia reconhecer derivado ao seu gorro que só deixava os seus olhos azuis a vista e suspira irritado.
— Cala-te, miúda. És tão irritante só podias ser filha de quem és. — ele tranca a porta da cave com um estrondo e coloca as chaves no bolso. — Ou te calas ou ficas sem comer isso nas melhores das hipóteses. — ele solta uma gargalhada abafada pelo gorro.
Na sala principal, o raptor observa Marie através de uma câmara. A menina está sentada num canto, parecendo rezar, mas na verdade está chamando pela mãe.
— O meu padrinho virá cá e dará um soco neste homem! Mãe, por que é que tu não vens buscar-me? — Marie levanta-se e começa a chutar a porta com todas as suas forças. — Quero a minha mãe!
O coração da pobre menina está partido em mil pedaços e ela sente-se sozinha, abandonada e assustada. Os seus pensamentos misturam-se com as lágrimas que rolam pelo seu rosto enquanto ela implora por ajuda.
— Senhor, não quero morrer com sete anos. Por favor, tira-me daqui! Isso está escuro.— só a mãe sabia que ela tinha medo do escuro e deixava a luz de presença ligada.
Marie murmura. As suas palavras cortam o coração do raptor, mas ele mantém a sua postura fria e distante. Ele sabe que não pode deixar a menina escapar, até que a sua vingança esteja concluída.
— Fica quieta, miúda. Eu não te vou magoar, desde que te comportes bem. — diz o raptor, tentando acalmar a menina através da porta.
Mas Marie não consegue controlar o seu medo e continua a soluçar alto. Ela sabe que está numa situação perigosa e que a sua vida corre perigo.
— Por favor, por favor, por favor! — implora Marie, com a voz cada vez mais fraca.
O raptor fica em silêncio por um momento, olhando para a porta. Ele sabe que precisa encontrar uma forma de acalmar Marie e fazê-la cooperar. Mas como? Ele não sabe o que fazer.
Ele diz:
— Olha, eu não quero fazer-te mal. Só preciso que cooperes comigo. Se te acalmares, quando aquele desgraçado aparecer, eu libero-te. — diz o raptor, falando num tom baixo e calmo. — Vou ligar a luz, tens aí bonecos e uma cama para descansares. Vou abrir a porta e deixar-te o pequeno-almoço. Sê uma boa menina!
Marie balançou a cabeça, concordando. Ela não queria fazer nada que pudesse colocar sua vida em perigo.
O raptor ligou a luz e abriu a porta da cave, deixando um tabuleiro com um pequeno-almoço e uma garrafa de água. — A Yuna morreu! — lembra se ela. — Senhor porque você matou a Yuna?
— coitadinha da chinesinha, morreu como um passarinho. — ele volta a rir.
Ele saiu da sala, trancando a porta novamente.
Marie sentou-se na cama e começou a comer. Ela ainda estava assustada e triste, mas tentava manter a calma para não provocar o raptor. Ela olhou para os brinquedos que estavam na sala e pegou um boneco, abraçando-o com força.
Ela sabia que estava em uma situação perigosa, mas ainda tinha esperança de ser resgatada. Ela começou a dizer um mantra baixinho, que Yuna tinha ensinado.
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Continua...
"A dor de uma mãe é a dor mais forte e insuportável no mundo" - Paulo Coelho
Nota da autora : não seja um leitor fantasma, agora é o momento de diz o que está achar ? N
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