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45- Someday We'll Know - Mandy Moore e Jonathan Foreman






Caminhámos pelas ruas até encontrarmos um táxi que nos levasse a qualquer hotel. O pior é que tínhamos deixado as malas na casa do Burke. No entanto, a ideia também não era acabar o namoro, mas eu estava humilhada e arrasada. Não tinha forças para falar ou discutir algo.

— Mãe, vamos para um hotel?
— Vamos, Marie! É melhor. Estou muito chateada com toda a situação. — Burke vinha correndo atrás de nós.

— Cristina! — gritava ele atravessando a rua. — Não entendeste a minha mãe.

— Entendi sim! A tua mãe detesta-me. Isso é tão claro como água!

— Cristina, tu sabes que a minha mãe não te detesta. Ela apenas é exigente e tem padrões elevados, tal como tu tens na cirurgia. Eu esperava que pudesses entender e respeitá-la, tal como eu a respeito.

— Eu tentei, Burke. Tentei ser educada, respeitosa e compreensiva, mas ela foi muito rude comigo. Eu não mereço isso. E não vou permitir que me tratem assim, mesmo que seja a mãe do meu namorado.

— Eu sei que ela foi um pouco ríspida, mas ela não teve a intenção de te magoar. Ela só queria que tudo fosse perfeito. Por favor, não fiques zangada com ela. Eu não quero que isso estrague a nossa relação.

— Eu não estou zangada contigo, Burke. Estou chateada com a tua mãe e com a forma como me tratou. Mas eu não quero acabar contigo. Só quero que as coisas fiquem claras e que ela me respeite como sua namorada.

— Eu prometo que vou falar com ela e explicar a situação. Ela vai entender, tenho a certeza.

— Espero que sim, Burke. Porque eu não quero ser tratada assim.

— Vamos para casa, falamos nisso lá. — a Marie olhava para nós sendo puxada por mim .— Marie está a ficar assustada.

— Não estou não tio.— dizia ela abanando a cabeça.

Acabo por ceder e vamos os três para casa dele. Na hora de ir para a cama, falamos sobre como resolver aquela situação, mas eu não estava muito convencida de que a mãe do Burke ia mudar.

— Bem, amanhã vou para Zurique, tenho trabalho. Mas, antes disso, tenho que te contar uma coisa terrível que aconteceu com a tua amiga Érica Hanh! — Eu visto o pijama enquanto o Burke me olha, esperando que eu prossiga. — O namorado dela, aquele que quase me atropelou, bateu nela e fez com que ela abortasse.

O Burke abre os olhos surpreso.

— A Érica admitiu isso? Como é que ela não viu logo que o namorado não prestava? — exclama ele, incrédulo.

— Não percebo qual é a surpresa, Burke — deito-me e cubro-me. — A Érica é igual a qualquer outra mulher, e o Reddington é muito inteligente!

Burke arqueia uma sobrancelha, sem entender a minha conversa.

— Que Reddington? — diz ele, apoiando a cabeça na mão.

— O namorado da Érica. Foi ela que me disse o nome dele. Mas não mudes de assunto. É surpreendente que a Érica tenha sido enganada pelo caráter dele...

Burke levanta-se e dirige-se à casa de banho. Mesmo sem querer, acabo por suspeitar de algo estranho. Parece que as surpresas não acabam com o almoço.

Ele sai com a cara molhada e decidido a contar algo.

— Namorei com ela durante três anos na faculdade, mas não foi nada muito importante. Contudo, o nosso namoro estava muito avançado.

— Como é que foste capaz de namorar com aquela mulher? — falo e dou um sorriso irónico.

Não é que tenha ciúmes, não vivo no passado, mas a situação faz-me sentir um pouco insegura. Já é o segundo homem com quem a Érica teve um relacionamento que tem uma ligação comigo. Parece perseguição.

Burke olha para mim e dá uma risada sem graça.

— Eu era jovem e ingénuo. Acreditava que ela era a mulher da minha vida. Mas depois de alguns meses, percebi que ela era muito controladora e manipuladora. Tentava sempre impor a sua opinião e afastar-me dos meus amigos. Estava preso num relacionamento tóxico e não conseguia sair.

— E como saíste? — pergunto curiosa.

— A minha mãe sempre sonhou que eu casasse com alguém de raça negra. Preconceito talvez. Mas ajudou-me a ver que a minha relação com a Érica não era saudável e que precisava de acabar com ela. Foi difícil, mas consegui.

— Por isso é que ela não gosta de mim. Eu não sou caucasiana, mas também não sou negra.

— No teu caso, o problema é pior... Ela sente que tu a ofuscas e acha que não tens capacidade para ser uma boa esposa. — Sento-me na cama.

— Isso é sério? Talvez ela tenha razão, talvez eu não seja adequada para casar.

— Infelizmente, é sério. A minha mãe é muito tradicional e acha que só uma mulher negra pode ser uma boa esposa para um homem negro. Mas isso não significa que ela tenha razão. Eu amo-te e quero passar o resto da minha vida contigo. Não importa a cor da tua pele. — Ele agarra-me o rosto e beija-me.

— Mas como é que vais lidar com a tua mãe? — pergunto, preocupada.

— Vou falar com ela e explicar-lhe que o amor não tem cor. Se ela não aceitar, então teremos de viver com isso. Mas não vou deixar que a opinião dela nos impeça de ser felizes juntos, mais uma vez. — Ele beija-me de novo e abraça-me.

Abraçado a mim, ele acaba por adormecer. Talvez ele pensasse que eu ficaria abalada, mas o que me surpreende é vê-lo junto com Érica. É inimaginável! Solto uma gargalhada e não demora muito até adormecer.

"Acordo com suores frios e o coração a bater forte. À minha volta, só vejo escuridão, mas logo os vultos de Reddington e Marie aparecem no meio do fumo.

Do outro lado, a mãe de Burke com Érica também aparecem.

— Dona Burke, mate-o. — Diz Érica a mãe do Burke, ela aponta a arma, e eu grito:

— Não! — vou para a frente de Reddington, que me empurra para o chão, e Dona Burke dispara contra ele, fazendo com que ele se ajoelhe e caia no chão. Marie abaixa-se para pegar as pedrinhas vermelhas do bolso do casaco dele e sai correndo, enquanto eu coloco Reddington deitado no meu colo.

Tento parar o sangue que escorre do seu peito com as minhas mãos trêmulas, mas parece inútil. Ele olha para mim com olhos vidrados e a sua voz sai num fio fraco:

— Cristina... não chores... tens de ser forte...

As lágrimas caem sem controlo pelo meu rosto enquanto luto para aceitar o inevitável. O meu coração parece querer sair do peito, mas mantenho-me ali, agarrada a Reddington, sentindo a vida dele a esvair-se.

De repente, Marie aparece ao meu lado com as pedrinhas vermelhas na mão. Ela estende-me a mão e diz com uma voz terna:

— Vem, mãe. Vamos sair daqui.

Olho para ela sem perceber como pode ser tão calma num momento desses. Mas a sua força parece contagiar-me e eu levanto-me, deito a cabeça dele no seu chapéu preto e beijo os lábios dele, já adormecidos. Eu e a minha filha de mãos dadas, saímos da sala em chamas, deixando para trás o homem que amei e a mãe de Burke e Érica, que se desvanece no meio do fogo."

O sonho acaba e acordo ofegante, com o coração a bater rápido. Olho para o relógio e vejo que ainda é cedo, mas não consigo adormecer de novo. A imagem de Reddington a morrer nos meus braços é demasiado real e sinto uma dor no peito que parece não querer desaparecer.

Fico a pensar se ele estará bem. Mesmo sendo inverno, decido tomar um banho de água fria para tentar limpar a sensação horrível que me consome.

A água gélida cai sobre o meu peito como lâminas afiadas, cortando-me por dentro. Se fecho os olhos, consigo sentir a respiração do Reddington e o seu perfume intoxicante.

"Eu amo o Burke, eu amo o Burke." Repito isso vezes sem conta, tentando expulsar da minha mente a imagem do Reddington que me atormenta.

Mas de repente, ouço alguém chamar por mim:

—Cristina?

A minha mente confusa associa a voz ao Reddington e, sem pensar, grito:

—Deixa-me em paz!— Sem me aperceber que é o Burke que está a chamar-me na porta da casa de banho.

Começo a chorar descontroladamente, incapaz de explicar o turbilhão de emoções que me consome. A angústia aperta-me o peito e a confusão toma conta dos meus pensamentos. O Burke, preocupado comigo, entra no chuveiro mesmo vestido e tenta acalmar-me.

—Já é quase de manhã. — Ele seca-me com uma toalha e dá-me um beijo na testa. —Logo estaremos em Zurique, isso tudo vai passar... Minha mãe já não vai mais falar assim contigo...

Após vestir-me, sento-me na poltrona e Burke traz-me um chá reconfortante.

—Amor, já pensaste em fazer terapia? Acabaste de ter uma crise de ansiedade. Pensa nisso! — Ele sugere, preocupado.

Realmente tenho faltado às consultas com o meu psiquiatra, mas não lhe digo nada, apenas olho para ele enquanto bebo o chá de camomila sem açúcar que ele me dá. Faço uma careta, franzindo o nariz ao sentir o gosto amargo do chá sem açúcar. Ele sorri, compreendendo que não sou fã da bebida, mas sabendo que estou bebendo para me acalmar.

—Pois é, Cristina! — ele sorri, tentando animar-me. — Eu sei que o chá sem açúcar pode não ser o teu preferido, mas é o que faz bem para ti agora. E eu só quero que fiques bem. — Ele abraça-me e eu sinto a sua preocupação e carinho. — Vai tudo ficar bem, vais ver.

Continua...

"Às vezes, as coisas boas desmoronam para que coisas ainda melhores possam se juntar." Marilyn Monroe

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