37- Borrow -Silence 4
A duas semanas que assumi o namoro com o Burke e hoje seria o dia que ele iria operar para Marie a ver, ela estava toda entusiasmada.
Vestiu o seu melhor vestido e andava pela casa ansiosa pela hora de ir comigo ao instituto, eu e o Burke decidimos não apressar as coisas então só dormiu uma vez cá desde que assumimos, mesmo assim Marie resolveu ir dormir connosco para cama.
Quando chegamos ao instituto peço para que chamem a dra. Érica, o que ia dizer não seria do seu agrada.
— Marie vai para sala do padrinho e chateia ele um pouco, a mãe vai ter uma conversa interessante agora... — sorrio para ela, que entendeu automaticamente que ia discutir com alguém.
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Érica bate a porta, eu faço sinal para ela entrar, tiro os meus óculos pousando na secretária.
— Não necessita de sentar o que tenho para dizer será muito rápido. — levanto-me.— O Dr Burke vai operar por si o transplante, só necessito que explique aos residentes de cardiologia o que ele faz.
— Brinca comigo?
— Eu tenho cara de estar a brincar? — olho fixamente para ela. — no trabalho, eu não brinco.
— O doente é meu! Favorecimento aqui também? Pensei que aqui seria diferente ! — ela sorri.— mas claro que me enganei...
Cruzo os meus braços e encosto-me a secretária.
— Tem outra opção além de explicar aos residentes, é pegar nas suas coisas e ir procurar trabalho noutro sítio. — volto a sentar-me. — ou o seu namorado não deixa você se despedir?
Ela ajeita o seu cabelo loiro e arruma a bata branca.
— Eu não ando aos mandados dele, Raymond, ele é um homem com classe não precisa mandar, mas vejo muito interessada no meu namorado, talvez sentiu o cheiro do poder? Talvez o Burke já não exale esse cheiro?! — ela da meia volta e abre a porta. — vou tratar dos residentes então.
Reviro os olhos, e vou até ao bloco, pedir as enfermeiras que organizem as coisas da forma que ele gosta, vejo que elas fazem tudo errado.
— Que bando de incompetentes! — uma estagiária de enfermagem ainda tenta chorar. — Porque raio eu aceito estagiários aqui?
— porquê foi um protocolo que eu fiz com a faculdade — a voz do Burke soa na entrada do bloco. — Vejo que mantém isso.
— nunca me lembrei de cancelar.— peço que elas saíam daqui que obedecem com facilidade. — O trabalho que elas fazem aqui qualquer interno faria. — Tiro a roupa esterilizada, e ele abraça-me.
— Não diga isso, as enfermeiras são uma parte importante, tão importante como nós! — Diz ele dando um beijo na cabeça.— Cadê Marie?
— Odeio que você seja assim! — sorrio.— politicamente correto! Marie está com o padrinho.
— Quando o vou conhecer?
— Era para ser sábado! Mas desisti, julgo que temos que ir com calma. — Burke pega no processo do doente em cima do armário e começa a ler logo em seguida sai de perto de mim.— Vai aonde? Não vai operar?
— parece que não me conhece vou falar com a família do doente antes de entrar na cirurgia.
— Para que? Está tudo escrito e documentado... bem documentado, eu mesmo verifiquei... — antes dele sair ainda me pergunta.
— O nome do doente?
— está aí escrito…
— O nome do doente? Perguntei-lhe, mas obrigada, eu sei ler...
— paciente de 39anos do sexo masculino... — Burke tapa-me a boca.
— Eu sei ler, eu fiz-lhe a pergunta mais simples que havia, o nome do doente... ! Os seus ex-professores deixaram muito a desejar, pode ter a técnica, mas a parte humana fica aquém das expectativas. É por isso que esse doente precisa de enfermeiros para que sinta a humanização num serviço hospitalar. — ele sai para ir falar com a família.
— Porque raio deixei ele vir operar ao meu instituto? Afff — Saiu e vou refilando sozinha até a sala do Shane que estava a ver vídeos com Marie.
Entro sem bater e começo logo num monólogo.
— o meu namoro está por um fio, eu sabia que não ia dar certo namorar esse homem...
— mas o que tio Burke fez? Ele não sabe operar? É só um transplante, coisa simples! — Dizia Marie levantando-se do banco ao lado do Shane. — Talvez se esqueceu, devia ter posto ele a fazer um cateterismo isso qualquer bobalhão faz! Mas agora vão terminar o namoro por causa disso? — Ela cruza os braços, chateada.— mais vale deixar morrer o homem!
— Diz que tenho que humanizar o serviço, quem ele pensa que é? Eu sou muito humana, eu salvo vido. Daqui a nada quer que vá beber café com os enfermeiros! ? — ela atira as pastas para cima da mesa com raiva. — Talvez também queira que durma com um... como a Bailey fez com o outro, ora! Tenha santa paciência! Depois para ser mais humana, vou jogar a batota com os doentes da UTI... Odeio o Burke!
— Beber café com os enfermeiros para que? Cada classe, na sua classe! EU NÃO AUTORIZO QUE VOCÊ NAMORE UM ENFERMEIRO.—Ela da conta da forma que gritou.— Desculpe enervei-me a pensar que ia ter um padrasto enfermeiro! — Shane levanta o dedo tentando falar.— Não fale nada a minha mãe está muito nervosa, precisa desabafar! O tio Burke foi um sentimental, às vezes ele é assim... Ele gosta de tudo certinho, não sei como se diz a expressão! — Marie tira um papel e aponta a sua dúvida para ir procurar em casa.
— Queria que soubesse o nome do doente, acha normal Shane? O doente nem é meu, era da loira tingida! Já viu quantos doentes tenho, para saber o nome de todos?
— Eu até acho! — Dizia o Shane.— o nome é importante.
— Esteja calado padrinho, você também é um bobo, importante é salvar vidas! Isso a minha mãe faz! O senhor está do lado de quem afinal?
— Não fala assim com o seu padrinho, a culpa disso tudo é sua... Quem mandou convidar, ele para operar?— Dizia já chateada com as observações da pequena.
— Cristina a menina tem 6anos, talvez vocês não deem certo a trabalhar juntos, isso não é culpa dela... Mas tenha calma... Quer beber algo?
— Eu tenho cara de alcoólica? É de manhã Shane! — Saiu e vou para a minha sala, Marie vai atrás de mim sempre a perguntar se Burke não ia operar, resolvo deixar ela na galeria entregue a um interno, porque não fazia questão nenhuma de assistir-lhe.
Claro que Marie não ia assistir à cirurgia toda, mas ao menos ficava entretida por umas horas.
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— A cirurgia já começou! Não vai assistir? — pergunta o Shane a entrada do meu escritório.— está muita gente na galeria!
— São uns idiotas, é só um transplante!
— É porque acham estranho ver ele de volta ao instituto, devem achar...
— Não diga o que vai dizer! Eu nem sei se vou manter isso, eu não estou habituada aturar birras de homens. —
Shane entra e fecha porta.
— As pessoas às vezes pensam demais, enfim! — ele senta a minha frente de braços cruzados. — Ele tem uma personalidade diferente da sua é normal que se choquem em alturas da vida. Se num casal normal é comum, imagina com você, que não é acostumada a namoros!— Dava para notar a minha cara de surpresa com afirmação do Shane.— Mas isso não é de todo mau! É só se ajustarem, por exemplo, não trabalharem juntos! Além disso, ele ainda deve pensar que é seu professor!
— Eu odeio namoros, isso sim! O homem liga-me diariamente quando não está comigo, a minha filha está toda envolvida com ele. Ele está a roubar-me a minha filha! — Suspiro.— Ou então é o contrário é a Marie a roubar-me o namorado! Na semana passada, eles estavam os dois a fazer os trabalhos de casa! Eu entrei, tomei banho e só deram conta quando o meu telemóvel tocou.
— Mas isso é normal! Ele trata ela como... — Logo interrompo ele.
— Tenho que por um travão nisso, porque se ele vai embora, ela acaba por sofrer. Dessa vez vou adiantar e término eu!
Realmente é algo que me preocupava, Marie ligar-se ao Burke e quando ele for embora ela ficar abalada, nada nessa vida é eterno, mas após estar uma hora a trocar palavras com o Shane resolvo ir ver como corria a cirurgia e tentar que, Marie venha almoçar.
A cirurgia corria bem, já nem me lembrava como era bom ver ele operar com aquela touca vermelho e azul.
A calma dele, acabo por sorrir a olhar para a cirurgia, a Érica é que me olhava com ar de quem me ia comer viva.
— Criaturas, a dra. Hahn, explica as coisas em condições? — os residentes começam a responder e a dar sorrisos.— Vocês veem uma cirurgia, não um espetáculo de circo! Para estarem a rir!
— Eu explico bem! Agora se os residentes que escolhe não aprendem com facilidade, a culpa não será minha! — Diz Hahn
— Dra. Hahn, falou algo? Tive a impressão que sim!— ignoro ela e puxo a Marie para junto de mim.— temos que ir almoçar!
— Agora mãe? Mas o tio Burke só começou a 1hora e 55m !
— Se eu digo ser para ir, é porque é para obedecer!
Após o almoço, ainda deixo Marie assistir à cirurgia mais um pouco enquanto trato de mais burocracias, quando chega às 18h peço ao Shane para levar ela para a sua casa iria ficar a espera do Burke.
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Esperei até de madrugada o Burke sair da cirurgia.
— A enfermeira disse que estava a minha espera ?! — diz ele a entrar no meu gabinete.
— Sim! Burke, eu não quero continuar a namorar. Eu não sinto-me bem a namorar! — os olhos do Burke arregalam-se admirados com o que disse.— Eu estou a sufocar com falta de ar, por esse motivo!
Contínua..
"Quando alguém nasce,
Nasce selvagem,
Não é de ninguém."
Resistência
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