34-Hotel Califórnia - Eagles
Já estava a espera da visita dele, visto que abandonei o local dizendo ir a casa de banho.
— Assustei-me e fui para a casa do Shane, está aqui a muito tempo?
— Tio, eu disse que a mãe devia estar a dormir com o padrinho.— Dizia Marie sentada no sofá ao lado do Burke, ela tinha adormecido lá, Burke tapará ela.
Ela não queria ir para a cama com o Burke ali a minha espera.
— Samantha está quase a ter o bebê, disse a ela para ir para a clínica que você nasceu.— dizia eu a Marie. — vou tentar comprar passagens aéreas para Los Angeles . Temos que ir lá para eu tratar de assuntos importantes, ok Marie?
Burke intromete-se na conversa.
— Beverly Hills não é tua terra? A terra que você odeia? Eu poderia ir com vocês a anos que não vou aos EUA e assim via a sua mãe, a muito tempo que não a vejo.
Burke queria ver a minha mãe isso era bem estranho para mim, quem no seu perfeito juízo queria ver ela?
— Vai para um hotel ou para a casa dela? — perguntava ele.
— Vou para a casa dela mesmo, isso é se ela deixar!
— Claro que deixa a avó ainda não desfez o quarto da mãe. Eu adoro ir lá e estar com ela, ela leva-me a beber chá com as amigas velhas e dão-me muitas prendas. — Diz Marie sorrindo. — apesar de já não a ver a um ano. — ela diz isso com uma voz triste.
— Credo Marie como você pode gostar disso? Elas são tão... — faço cara de asco.
— Ignore a sua mãe Marie! Acho um bom programa, as minhas filhas passavam bons momentos com avó quando tinham a sua idade.— dizia o Burke.
— Ai Burke me perdoe, mas não existem Bons momentos com a sua mãe, a sua mãe e a minha pesada na mesma balança, não sei qual a pior!
— Com todo o respeito que tenho por ti, não vou admitir que fale da minha mãe, ela é uma boa mulher, uma mulher de princípios, que dedicou a vida toda a sua família. — Eu ignoro o que ele fala e vou até à cozinha buscar as coisas do pequeno-almoço.
— É melhor mudar de assunto, nunca nos vamos entender em relação a isso, tem que arranjar um hotel então...
— Eu arranjo, estou exausto preciso de dormir, cede-me um quarto ou terei que conduzir até casa?
— Claro é só escolher... — Marie se prepara para ir à escola.
Até ao dia da viagem eu e o Shane tivemos a fazer levantamentos das dívidas e descobri que a maioria não era culpa dele e sim da loira que casou com ele, devia ser uma consumidora, usando créditos para os seus devaneios, mas o meu amigo estava com um problema enfim... Antes de viajar fui conhecer o filho dele que acabará de nascer.
— É tão lindo não é? — Dizia Shane com um sorriso iluminado.
— Shane todos os recém-nascidos são feios e inchados, Marie parecia um bicho quando nasceu e o seu filho não fica atrás.— Ele abre os olhos com admiração e passa-me o bebê para as mãos.— Só disse a verdade, o que quer que eu diga?
A viagem estava marcada para as 19h íamos passar a noite no avião e a minha mãe ia receber-nos.
Seriam 12 h de viagem, Marie quis sentar-se no meio de nós os dois e ficou brincando com o Burke até adormecer no colo dele.
— Ah eu disse a minha mãe que ia comigo, ela disse que ia preparar um quarto para ti, pff negue a hospitalidade, a minha mãe consegue ser muito inconveniente. — eu estava preocupada com isso, ela decerto que preparou um quarto de casal para nós os dois, ela culpava-me por ele deixar-me plantada no altar.
"Cristina como deixou escapar esse bom partido?" Dizia ela constantemente, eu sou a culpada! Isso aos olhos dela!
Quando chegamos ao Aeroporto Internacional de Los Angeles, fomos recebidos pela minha mãe e padrasto, Marie se solta para ir a correr abraçar a avó e dar um beijinho ao meu padrasto.
— Nossa Dr Burke continua um bonitão! — Ela sorri para o meu padrasto e abraça o Burke.
"velha gaiteira!", que raiva tinha dela, só sabia fazer-me passar vergonha.
— Vamos deixar dessas coisas, preciso ir dormir, uma semana passa a correr! — dou um beijo a cada um deles e vou buscar as minhas malas.— e não é preciso nada disso ainda nós vimos o ano passado!
A minha mãe, ignora o que disse e começa a falar com o Burke oferecendo bolachas que tinha na mala.
— Deve estar com fome, já pedi a minha ajudante do lar para preparar um almoço bom para vocês comerem. Talvez queira tomar um banho relaxante primeiro, não é Dr Burke?! Saullllll— grita ela. — mande ela preparar os sais de banho para o dr Burke.
— Está bem querida ! — ele sorri e eu olho em direção ao chão com a vergonha que estava sentir!
Eu fui a frente com o meu padrasto enquanto a minha mãe ia atrás com o Burke e Marie, deixei de prestar atenção a conversa porque já estava a ficar nervosa, mas Burke aceitou dormir lá em casa mesmo com a minha recomendação de dizer que não, estava apavorada com o que ela ia dizer a seguir.
— Soube que ficou viúvo? Isso é muito triste. — dizia ela pondo a mão na perna dele.
— Sim, é verdade ainda era nova.
— Tem quantos filhos?
— Tenho duas meninas.
— Que lindo, Cristina só teve Marie, o casamento não deu certo, ela fez inseminação artificial... — Burke faz cara de surpresa porque ele sabia que tinha sido um acidente, eu nem tentei desfazer o que ela disse, ela sentia-se melhor assim, as amigas dela achavam sempre isso e Marie confirma sempre quando avó fala.
Marie nunca teve interesse em saber a sua história o que até certo ponto foi bom para mim, porque possivelmente ia usar a inseminação para explicar.
— Oh! mãe já chega! está pior que um polícia a fazer um interrogatório, as filhas são quase adultas e já estão na universidade.
— Medicina? — perguntava ela.
— Desisto... — O caminho todo foi feito com perguntas ao Burke, ele ia respondendo.
A casa era grande e toda arrumada as empregadas usavam o uniforme a condizer com a casa, eram duas no total, mas vinha sempre mais uma ao fim de semana que era idosa porque a minha mãe teve pena de despedir totalmente, então contratou em part. time.
Ela quis acompanhar ao quarto, felizmente não o pós no mesmo quarto que o meu, deve ter sido ideia do meu padrasto, a minha mãe era humilde, mas com bons casamentos, tanto o meu pai e padrasto eram pessoas de posses.
Enquanto eles foram vendo os aposentos, fui escondendo as fotografias que ela tinha minhas espalhadas pela casa, subi a uma cadeira para tirar a foto grande que tinha na parede, em que estava, eu na escola a receber o diploma de mérito, tinha sete anos e sem dentes a frente.
"Que ridícula que estava aqui!" escondia debaixo do sofá porque as vozes deles ecoavam pelo corredor.
O jantar estava divinal de sabores, mas aquela mesa decorada era exagero para mim. Aliás, tudo era um exagero para mim.
— Então Cristina o que traz aqui, minha filha? — perguntava o meu padrasto para quebrar o silêncio das garfadas.
— vim ver o que o meu pai deixou-me. Sabe quanto é mais ou menos?
— Não faço ideia, mas é para cima de 5 milhões de dólares, muito para cima! Mais propriedades aqui e na coreia, a sua mãe todas as semanas vai lá limpar o pó a casa e abrir janelas, mas as outras devem estar a cair. — ele sorri.— está a necessitar de alguma coisa?
— Não, consegui avançar com as obras, o dinheiro que ganho chega e sobra, mas o padrinho da Marie esta com um problema que gostava de ajudar. — dou um gole na bebida. — e ao certo nem sei o que tenho, mas esse dinheiro chega e sobra para o que preciso!
— Quando avó dela morreu ainda deixou, que eu pus na conta poupança. Você mexeu na sua conta cris? — dizia a minha mãe, eu respondo que não com a cabeça.— claro que não, o seu padrasto pagou-lhe tudo, o seu pai devia remexer-se na campa, ele mesmo tendo morrido novo deixou a Cristina com um bom pé de meia dr Burke.
— Pode-me chamar de preston. Foi o nome que a minha mãe deu-me. — ele sorri e eu reviro os olhos.
O meu padrasto põe a mão na mão da minha mãe.
— E nos também, mas ela não liga a nada que nós façamos só pensa em trabalho.
— Tiraram o dia para falar mal de mim como se eu não tivesse aqui.
Fui para o meu quarto improvisado, já que Marie invadiu o meu espaço de adolescente, tranquei a porta a chaves porque achava que o Burke ia-me visitar a noite. Nós só somos amigos!
Uma amizade estranha, no meu conceito poderia chamar de amizade colorida mesmo que as vezes os tons fossem cinzentos.
Ele não bateu, nem apareceu o que surpreende-me, eu teria que estar cedo no banco e ainda tinha que ir à casa do meu pai, como a minha mãe disse e decidir se vendia ou o que ia fazer com ela.
— Bom dia, Cristina, experimente esse, ovos que a sua mãe fez estão maravilhosos. — Dizia o Burke servindo a Marie
— Se eu comer isso vomito, só quero um café mesmo. — ele pega no garfo e apanha um pedaço de ovos mexidos e põe-me na boca.— Você é doido, pare de tentar agradar ela, ela já está encantada por você a muitos anos... — digo enquanto tento mastigar.
A minha mãe passa a chaves do carro do meu padrasto, hoje iam passear a pé pelas ruas fazendo as suas compras, ela quando se junta com a Marie é sacos de roupas e brinquedos, então a mala da (Marie) vem sempre vazia para a avó.
— É muito bonito as palmeiras a beira da estrada. — não consegui-a disfarçar o quanto incomodada estava de estar ali, a minha vontade era pegar no avião e voltar para os Alpes, mas não podia, tinha que ir dou a direção ao Burke apesar do GPS mandar pelo sentido contrário, mas queria evitar ao máximo aquela estrada.
— é normal Burke, em outros sítios encontras palmeiras.
Uma senhora com cerca de 70anos põe se em frente ao carro, obrigando ao Burke a fazer uma paragem brusca, ele sai do carro para zangar-se com ela, mas não consegue.
— por deus me ajude, chame uma ambulância, nós não usamos telemóveis… o meu marido está desmaiado no carro. — diz a senhora desesperada, Burke sai do carro e liga para ambulância perto da senhora, eu saí com ele por sorte ainda íamos operar no hospital de Los Angeles mesmo sabendo que nem tudo era para operar, mas ainda solto um sorrisinho bobo, ao aproximar do senhor, reparo que ele já está morto, sussurro ao ouvido do Burke dele:
— O homem está morto. — Burke ignora o que digo enquanto a mulher começa numa oração desenfreada.
— Nós somos médicos e ambulância está a vir, não vou sair daqui até ela chegar... Ok?
Burke pega no senhor ao colo e põe no chão fazendo manobras de reanimação, eu tentava que ele para, mas a mulher rezava mais alto e o Burke insistia em reanimar um morto.
"Ele só pode estar doido!?" Quando olho para frente vinha ambulância, dou um suspiro, aliviada, aquilo era ridículo, explico que parecia um ataque cardíaco fulminante, pelo que a esposa explicou-me.
— Ignore o meu amigo, ele só está a tentar que a mulher pense que fizemos tudo, mas quando aqui chegamos ele já estava cadáver. — Não havia outra forma de falar ao médico que vinha na ambulância, ele pergunta se somos médicos, explico que sim, com uma insensibilidade extrema ele pede ao Burke parar, faz diretrizes do procedimento e declara o óbito deixando o Burke aborrecido com aquela situação toda.
Deixamos a mulher aos cuidados dele e seguimos o nosso caminho, mesmo com o Burke sempre a argumentar quando estaciona a frente do banco.
— Quem aquele médico pensa que é? Para declarar assim o óbito em frente a esposa sem ao menos tentar fazer as manobras…
— O velho estava morto Burke, eu faria o mesmo!
— Eu sei que o senhor estava morto, eu sou médico e a muitos mais anos que vocês os dois, mas tenho uma coisa que vocês não têm. Chama-se sensibilidade, aquela senhora estava a orar a Deus pelo seu amado marido. — diz ele saindo do carro fechando a porta com força.
— Mais vale uma verdade cruel que uma mentira piedosa, você é muito sentimental devia mudar de profissão!
Consegui tratar de quase tudo no banco ainda faltava por o Shane como tutor legal da Marie caso eu morre-se, isso teria que ser feito noutra secção.
Fiz a transferência para a conta dele, que dava para ele comprar a sua casa e pagar as dívidas e o resto foi para conta poupança da Marie que só poderia mexer aos 18anos, mas caso algo me acontece-se o Shane tinha a autorização para mexer para pagar os estudos dela.
A verdade é que estava apavorada não com a morte, mas sim se acontece-se me algo, Marie poderia ficar desamparada.
— Cristina, não entendo isso tudo, sério! Você está doente? — Fala ele voltando a estacionar o carro, mas desta vez na casa do meu pai.
Demoro um pouco a sair do carro, nem respondo à pergunta dele e vejo-me parada em frente daquela moradia com as persianas descidas, o jardim todo bem cuidado pela minha mãe.
Eu fico parada em frente ao portão, desde a morte do meu pai que não ia lá.
O Burke fica a olhar para mim enquanto, olho atentamente para a porta.
continua...
"A cada chamado da vida, o coração deve estar pronto para a despedida e para novo começo, com ânimo e sem lamúrias. Aberto sempre para novos compromissos. Dentro de cada começar mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver."
Hermann Hesse
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