17- Too good at goodbyes - Sam Smith
Fui para cirurgia antes do Shane chegar, nem sabia ao certo se ele chegaria.
Eu abusara da forma que falei, mas foi uma reação muito emocional e um extremo que não é comum em mim, mas passava tanta coisa nessa semana.
- Dra. Yang vai deixar-me fazer o procedimento? - eu olho para aquele médico que nem sabia quem era, ou pelo menos não me lembrava dele.
- Não, hoje sou eu a tomar conta da situação! - necessitava de sentir sangue nas mãos. - Nem necessito tanta gente no bloco, eu ainda sei operar!
Logo uma médica franzina e com o seu ar arrogante.
- Dra. Yang, mas nós viemos aqui para aprender, não para ficar olhar numa galeria! Então desculpe se me der licença eu vou ficar!
- Eu desculpo, mas lamento imensamente, mas não vai ficar! Se não aprendeu a trocar uma válvula cardíaca no segundo ano de internato, não sei ao certo o que faz aqui! - faço sinal ao enfermeiro para tirar ela dali - oh! sonecas hoje fica comigo!
Eu não necessitava do sonecas, mas só para mostrar quem mandava, escolhi ele. O rapaz só sabia falar em monossílabos totalmente irritantes!
Mesmo com tanta seleção de escolha dos internos, eu própria a fazia! Parecia que nenhum era suficiente para mim, eu usava o instinto, o que às vezes virava-se contra mim.
Normalmente escolhia na primeira pergunta da entrevista, eu conseguia sentir quando a pessoa nascera para segurar o bisturi, muitos podem ser cirurgiões porque estudaram, mas muito poucos tem a famosa alma de cirurgião.
A pergunta até pode estar errada, mas sempre há coisas que podemos moldar.
Os meus médicos são dos mais antipáticos que conheci em tantos anos de carreira, mas caso eu precise de uma cirurgia, eu consigo confiar.
Já tive alguns fugir, outros que mandei embora, que faço questão de despedir pessoalmente, tive um residente a tentar levar-me para a cama, ao que tive que explicar que a escola onde ele é aluno, já eu fui professora!
Não cheguei a despedir, nem fui para a cama com ele.
Ele é bom médico e tem garra, mas as vezes nós temos que por travão.
- Sonecas então que passos temos que dar? - Falo enquanto inicio a cirurgia.
- já escolheu que tipo de válvula vai utilizar? - vejo que ele tem dúvidas acerca da cirurgia.
Não foi isso que perguntei, mas deixo-me estar a fazer a substituição.
- A grande diferença entre as próteses de válvula mecânica ou biológica está no tipo de material com a qual são feitas. As válvulas mecânicas são feitas de metal, enquanto as biológicas, na maioria das vezes, são de tecido de porco ou de boi. Quando se fala isso, a primeira reação é se perguntar sobre o risco de rejeição da prótese. Porém, o tecido utilizado é inerte, eliminando o risco de rejeição. - suspiro- Eu gosto mais da biológica! Pode fechar.
Chego ao meu escritório.
- Francesca cadê o Shane? - digo, já saturada com a incompetência dela.
- Ele disse vir às 18h, estava a tratar de alguns assuntos. - ela sorri e tira-me um café da Nespresso, ela sabia que ao fim de uma cirurgia necessitava de um café.
- E já temos resposta da farmacêutica Otis?
- Sim, está aqui tudo no mail, até já imprimi - com medo da minha reação Francesca passa-me o papel para a mão.
- Que... Bem enfim... vamos falar com Deus mesmo! - falo enquanto dou um gole no café.
- Virou religiosa dra., Yang? - ela dá, um sorriso bobo, ignoro o que ela diz.
- Procure informações acerca do Sr. Otis, sítios que ele frequenta etc. entendeu certo? - falo entrando na minha sala deixando a chávena em cima da secretária dela.
Entro na minha sala, sirvo-me de Southern Comfort que é uma mistura única de frutas, especiarias, uísque e sabores naturais que, juntos, criam um sabor distinto, algo que aprendi a gostar, fica mal em plena reunião beber um uísque com homens, eu lidava com médicos de elites.
Sento-me na cadeira olhando para os Alpes, enquanto dou goles na bebida, sentia saudades de beber álcool, quando me batem a porta.
Levanto-me para receber.
- Entre. - Shane entra com braços cruzados, eu dou um gole na bebida, esperando que ele diga algo.
Ele senta-se e fica a olhar para mim com um olhar que mais parecia estar a espera que fosse eu a falar.
- Hoje vi no jornal que as estâncias de esqui, queixam-se de ter nevado pouco este ano! - Tinha noção que a conversa, parecia uma conversa de doidos, mas eu estava arranjar coragem para pedir desculpa.
Shane faz um ar de deboche e diz:
- não quero acreditar que me chamou aqui para falar de estância de esqui, estamos quase nove anos na Suíça e nunca foi esquiar?!
- Não Shane eu não chamei aqui para falarmos de neve. - ele fica a olhar-me com ar de quem quer que eu continue. - A Marie passou a noite a chorar porque você vai abandonar ela.
Shane desata-se a rir.
- Essa eu pagaria para ver, talvez tenha chorado de alegria... - interrompo ele.
- Shane, respeito que esta a falar de uma criança, onde você feriu os seus sentimentos.
- Respeito? Ferir sentimentos? Deixe-me rir Cristina! A Marie é-lhe indiferente ter padrinho, tio seja la que laços familiares for. - ele serve se de uísque.- o que lhe interessa-lhe é o seu bem-estar.
- Ela só tem seis anos...
- Mas ela tem a quem a puxar, falava tanto da enjoada da sua amiga, mas você e a sua filha são iguais se não piores... só pensam nas vossas dores, ignorando tudo ao redor... o mundo tem que girar a volta da FAMÍLIA YANG. Não é mesmo DRA Yang?
- Eu estava a tentar resolver a situação.
- Não, você tentou falar de esqui, para? Para que do nada eu a desculpa-se das barbaridades que me disse e não satisfeita começa a falar da sua filha - ele dá, um gole na bebida - que ainda não entendi porque não gosta de mim.
Tento falar, mas ele continua.
- A sua filha por acaso sabe que a mãe dela engravidou de um homem desconhecido porque estava bêbada? A sua filha sabe que a mãe não a queria? Pior a sua filha sabe que é um estorvo para a sua vida?
Dou um murro na mesa e digo que já chega! Ele estava a passar das marcas.
- Dói não dói? A mim também doeu as insinuações que fez, mas vim aqui para ver se pedia desculpas, mas nem isso consegue fazer...- fico a olhar para ele sem reação.
"Eu quero ser responsável pela minha educação, e eu escolho você. Você pode dizer não, mas eu vou te atormentar até que você diga sim."
Essa frase de Shane ecoavam na minha cabeça, eu tinha um grande respeito por ele, mas não consegui a expor-me, não conseguia dizer tinha receio que ele soubesse isso e ser motivo de chacota.
Mas, ao mesmo tempo eu queria que soubesse que além da (Marie) ele é a minha família, mas eu estava bloqueada e só consegui a ficar olhar para ele em choque por tudo que ele tava a dizer acerca de mim.
- Eu não sou esse monstro, eu não sou! - Mordo o lábio para não chorar, apesar de ser essa a minha vontade.
Eu tinha muito orgulho nele, ele podia ter uma vida de ladrãozinho de carros, mas ele optou por outras vias.
Shane é filho de uma adolescente, ele não teve pai pelo que me contou o pai dele era um garoto da idade da mãe e nunca quis assumir, a mãe era empregada doméstica, limpava as escadas dos prédios mais ricos de Nova Iorque.
Ele contou-me quando viemos para a Suíça, porque odiava fazer papel de desgraçado e tivessem pena dele,ele nunca sentiu que fosse digno de pena.
Chegou três dias depois de mim e o dinheiro que ganhava no memorial GReY's Sloan não dava para ele alugar um quarto, então eu deixei ele ficar na minha casa ate ele orientar a vida.
Era prefeito tinha sempre comida e roupa lavada melhor que as empregadas que costumo contratar, nos tínhamos tido uma infância bem diferente, eu além da herança que o meu pai deixou,o meu padrasto ainda era rico, e pôs-me nas melhores escolas e faculdades,eu tinha excelentes notas mesmo sem dinheiro conseguia entrar com alguma bolsa de estudo.
Já shane aos 13 anos assaltou uma casa para ficar com a bicicleta do dono.
A mãe dele, quando viu a bicicleta sabendo que não tinham dinheiro para comprar, desconfiou e confrontou com isso e ele foi obrigado a dizer a verdade e pior foi obrigado a devolver, mas pelo menos serviu de lição porque ele ganhou uma força e dedicou-se aos estudos, o dinheiro que ele ganhava sempre foi dividido para ajudar a mãe, mas felizmente hoje ele consegue ajudar melhor, ele não sabe pensa que foi ajuda dele que fez a mãe abrir a empresa de limpeza , mas na gravidez da (Marie) eu estava tão emocional que falei com a senhora ao telefone e ajudei nesse aspeto pagando tudo o que fosse possível, mas ela nunca poderia dizer-lhe que fui eu.
"É uma merda não gostar de mostrar sentimentos "
- Shane!
- Cristina?
- des.. desc.... desculpe. - suspiro - prontos já disse, está satisfeito?
- custou? - ele abre a porta porque já desconfiava que Francesca estava ouvir - precisa de algo?
Ela arranja os óculos que caíram quase da cara.
- Não Dr. Ross, era só para alertar a dra. Yang que a esposa do dr Burke está em coma.
- Aí Francesca preferia que você anda-se a rolar na cama com os cardiologistas seniores que ouvi-se atrás da porta - dou um suspiro e grito- já disse isso! Agora saia e vá trabalhar!
Ela sai de cabes baixo e vai para o lugar dela.
- A mulher do Burke está em coma?
- Sim, eu disse ontem, ela sofreu um acidente, mas não sei pormenor ainda não falei com o Burke - sento-me na cadeira e sirvo-me de mais bebida.
Shane fica a olhar para os Alpes antes de fazer a pergunta que queria fazer.
- Você fez sexo com ele, não foi? - pergunta meio a medo.
- pior é que fiz, e a sogra ainda ligou quando estávamos - dou um gole na bebida meio a vergonha- agora não sei se ela já estava acidentada ou não.
- Credo um homem trai a mulher, e depois a mulher sofre um acidente.- ele da aquele sorriso característico - a duas hipóteses ou a mulher bate a bota e vira madrasta das filhas dele ou ela acorda e ele fica com remorsos e você nunca mais o vê...
- Eu não considero uma traição... foi só dar uma revisão a mota, a mota era minha esqueceu-se?
- Cristina! - ele da gargalhada. - isso é muito pesado para estarmos a rir! Olha só o karma... se ela morre o Burke nunca mais larga você... entretanto ele e muito crente, imagino a cabeça dele agora! Tem que mandar mensagem a ele.
- Você já perdoou? Você vai ficar?
O silêncio invade a sala.
- Não sei, terei que falar com a minha esposa, não se esqueça que sou casado.
"Nosso verdadeiro amigo é aquele que não nos desculpa nada e nos perdoa tudo.
Condessa Diane"
continua...
sei que muitos não gostam do Shane e do Burke mas peço respeito porquê, eu gosto ♥️
espero que gostem e desculpem os erros.
Bjox
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro