Eu, Cristina, abandonei um passado e embarquei numa vida que sempre sonhei e pela qual sempre lutei, mas há momentos em que a vida nos surpreende... E foi nessas surpresas que me descobri.

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Às seis da manhã, dou um salto da cama, vou tomar um duche enquanto me preparo para mais uma semana.

- Marie, toca a levantar, já estamos atrasadas!

Abro as cortinas e deixo o sol entrar; os Alpes podem ser vistos da cama da Marie enquanto ela está deitada, tudo foi pensado pela minha mãe, que decorou a casa toda com feng shui.
Marie é muito aplicada na escola, desperta facilmente e segue a sua rotina matinal.

Deixo-a no colégio Schulhaus Pfingstweid e sigo diretamente para o instituto Klausman Institute for Medical Research.

-Bom dia, Dra. Yang! - diz Francesca, a secretária que lida com as burocracias que sempre detestei.

Pego no meu café duplo, sento-me na minha secretária, e dou por mim a pensar.

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Há oito anos, saí de Seattle, e acredito que tenha sido a melhor decisão que tomei. Comigo, trouxe uma mala cheia de sonhos, e Shane veio pendurado. A minha amizade com Meredith esfriou; as chamadas eram escassas. Isso não a impediu de ser a madrinha de Marie, mas não temos uma ligação tão íntima. Nessa altura, tornei Shane "minha pessoa"; engana-se quem pensa que ele é um amigo com privilégios. Ele é meu amigo, meu confidente, com a diferença de que Shane não tem tantas crises existenciais.

Com um casamento fracassado e um prémio perdido injustamente, Zurique foi o passo mais importante da minha vida!

Lembro-me como se fosse hoje do dia em que pisei pela primeira vez na sala de reuniões do instituto. Um grupo de médicos cardiologistas muito mais velhos e todos homens. Eu era a única mulher naquela sala, e acredito que muitos desacreditaram de mim pela forma como olhavam, como se eu fosse uma falsificação, uma médica nova que deve ter dormido com o seu chefe. Não sei se até hoje eles sabem que fui noiva do Burke, e para ser honesta, é algo que não me interessa saber.

Eu sei quem sou, sei onde quero chegar, e sempre soube que um dia meu nome haveria de ser falado no mundo da medicina! Não fosse eu 𝐂𝐫𝐢𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚 𝐘𝐚𝐧𝐠.

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Hoje não pude realizar cirurgias, Marie ia receber o diploma de mérito do primeiro ano escolar. O ano passado foi o seu primeiro ano de alfabetização, embora já soubesse ler antes de iniciar a escola.

Ela subiu ao palco para receber o seu diploma, sendo a melhor aluna entre três turmas do primeiro ano do colégio. Bato palmas com entusiasmo e orgulho, embora ela saiba que para mim é obrigação dela ser fantástica. Não crio uma filha para ser apenas boa, mas sim a melhor!