Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

A culpa está em John Green

"Eu posso ver as estrelas
Da América
Me pergunto, será que você pode vê-las também?"

🌟🌟

Eu estava pensando em você.

Pra ser mais específico, em quando nos conhecemos. Será que você ainda lembra? Eu era um garoto tão amargo, Jimin. Mas você era doce. Os opostos se atraem, não é o que dizem?

Foi no verão, eu ficava impaciente nessa época do ano. Eu odeio calor, mas por ironia do destino, você amava. Nos encontramos no lugar que eu menos queria. No grupo de apoio para crianças com câncer. Ainda lembro a primeira coisa que pensei quando te vi: mais um fodido moribundo aos dezoito anos.

Sei que foi cruel, mas antes de você me transformar aquele era meu jeito. Eu não ia para aquele grupo por mim, ia pela minha mãe. Você soube disso depois, não foi? Acho que eu te disse, não lembro direito e estou cansado demais pra me esforçar a lembrar disso.

Eu já frequentava o grupo há seis meses, mas quando cheguei em uma quarta-feira de verão, lá estava você, sentado com as pernas cruzadas em uma calça jeans apertada. Sua blusa laranja parecia colorir a sala inteira, seus cabelos loiros pareciam ouro sob a luz vinda do teto. Você apertava aquela toalhinha azul com os dedos, estava tão nervoso no seu primeiro dia.

Eu não era muito sociável, por isso quando sentei do seu lado fiz questão de te ignorar. A verdade é que eu não queria me apegar a ninguém, você sabe, principalmente naquele lugar, onde o destino de todos eram o mesmo. A morte. Era assim que eu pensava naquela época: um grupo de adolescentes que se reuniam em seus últimos anos de vida.

Mas você tinha uma visão diferente da minha. Ah, Jimin, você enxergava a vida quando eu via a morte. Você via o alívio enquanto eu via apenas lágrimas, você via força quando eu via apenas dor.

Estavam comemorando o décimo aniversário de abertura do grupo quando você chegou. Lembro que sentei na cadeira vaga da roda, convenientemente era do seu lado, você sorriu pra mim meio nervoso, seu dente da frente era um pouco troncho. Eu nunca admitiria naquela hora, nem pra mim, nem pra ninguém, mas achei uma gracinha esse pequeno detalhe.

Eu não sorri de volta. Não queria ser cativado, não queria sentir a vida quando eu estava prestes a morrer consumido por um câncer pulmonar.

O orador do grupo, Song Yuho, levantou e anunciou que em comemoração ao décimo aniversário daquela instituição iríamos assistir um filme no auditório. A culpa é das estrelas.

Eu odiava o filme, Minie. Você sabe, porque depois eu te contei. Pra mim era uma puta ironia na época: eles iam passar um filme onde um dos protagonistas morria por uma doença parecida com a daqueles que frequentavam o lugar. Eu estava remoendo esses pensamentos comigo mesmo, por isso não percebi que todos já tinha saído da sala. Todos, menos você.

— Você não vai? — perguntou timidamente enquanto apertava a toalhinha na mão.

Fiquei com vergonha na hora, eu me perdia em pensamentos amargos com muita facilidade, por isso quase corri para a porta. Na minha pressa, esqueci que você era novo e não conhecia o lugar.

— Mais devagar, por favor. — você falou me seguindo quando virei um corredor. Seu peito subia e descia rapidamente, não tínhamos andado muito, mas você estava sem fôlego.

— Eu não vou assistir o filme. — falei de modo ríspido. — O auditório fica no corredor esquerdo voltando por alí. — apontei e voltei a caminhar.

Mas você não foi e continuou me seguindo calado, aquilo me deu nos nervos quando percebi. Eu não entendia por que estava fazendo isso, por isso parei.

— Ei, você não me ouviu não? O auditório é por lá! — você encolheu os ombros sem se importar.

— Vou com você, já assisti esse filme muitas vezes, é muito bom, mas gostaria de fazer algo diferente e acho que é o que você está indo fazer. — sua voz era como melodias fracas, você ainda regulava sua respiração e seus olhos negros brilhavam em expectativa. Mas eu não ia deixar que as coisas se desenrolassem tão fácil.

— Eu não preciso de companhia, então é melhor girar seus pés e seguir naquela direção!

— Qual o seu nome? — você perguntou ignorando meu humor duvidoso.

— Jungkook, Jeon Jungkook, agora que já sabe...

— Jimin, Park Jimin é meu nome, — você me interrompeu. — me leve pra outro lugar, podemos conversar sobre o filme, gostaria de saber por que você não gosta dele.

— Eu não disse que não gosto! — meu pavio era curto. Como você não me deu um soco naquele momento? Até eu queria me socar por estar sendo tão arrogante.

— É que você fez uma careta terrível quando anunciaram o nome do filme. — você me disse dando um largo sorriso.

Eu ri naquele momento, quando você imitou minha careta. Eu juro, por um momento parecia que você tinha quebrado algo dentro de mim. Na época eu não sabia o que era, mas agora eu sei. Você derrubou as barreiras que eu tinha construído. Altas muralhas da rocha mais firme foram erguidas no meu coração, mas elas não eram páreas para a sua risada, para seus olhos que pareciam desaparecer em uma fina linha quando você ria e me imitava outra vez, arrancando uma gargalhada que há tempo eu não soltava.

Eu deixei que me seguisse naquela hora, porque acredite ou não, eu já gostava de você. Há uma expressão em japonês que minha mãe mencionava de vez em quando: Koi No Yokan, é um tipo de sensação que se vive quando você encontra uma pessoa pela primeira vez e automaticamente sente que irá se apaixonar por ela. Acho que eu soube que aquilo ia ser inevitável.

Ah, Minie, conversamos sobre tanta coisa enquanto brincávamos feito crianças naquela gangorra enferrujada. Você disse que A culpa é das estrelas falava sobre a vida, sobre como a Hazel e o Augustus aproveitaram o tempo um com o outro. Te questionei qual era a vantagem daquela merda toda se uma hora acabava. Você riu de mim e da minha ignorância.

— Mas não acaba, Kookie! — você até mesmo me deu um apelido. — O tempo na terra é finito, mas no paraíso é infinito, eles se encontrarão lá e terão todo o tempo que quiserem.

Eu fiquei calado, não sabia o que te responder.

— Jungkook, posso te dizer uma coisa? — você perguntou quando descemos da gangorra e caminhávamos lado a lado em direção ao prédio.

— O quê? — perguntei feliz em saber que você tinha quebrado o silêncio.

— Acho que... acho que você é minha Hazel Grace Lancaster.

— Acha que eu sou mulher? — te perguntei estupidamente, você gargalhou alto e eu também. É claro que eu tinha entendido o que você queria dizer. Ah, Minie, você era meu Augustus Waters.

Depois disso peguei seu número, aos poucos eu me transformava em alguém com vida. O que você me dizia mesmo? Sim, não tema a morte, mas celebre a vida.

Eu faço isso por mim e por você também. Você era o mais sábio de nós dois, sou grato por ter tido paciência comigo. Espero que seus dias ao meu lado tenham sido bons.

Ah, Jimin, eu ainda sou apaixonado pelo seu sorriso, mesmo que eu não o tenha mais visto. Oh! Está passando nossa música. Devo confessar que me interessei mais pelo Ed Sheeran depois que você cantarolou All of the stars para mim. A nossa música.

It's just another night
And I'm staring at the moon
Saw a shooting star and thought of you...

Lembra quando cantarolamos essa música no capô do carro da minha mãe? Tínhamos dirigido por horas, se afastando das luzes artificiais da cidade, tudo isso para irmos para os campos, onde as verdadeiras luzes brilhavam em pontos luminosos no céu. As estrelas. As nossas estrelas, Minie.

Naquela noite eu me apaixonei uma segunda vez pelo universo. Você apontou para o céu de verão e me falou o nome de todos as constelações e estrelas que lembrava. Mesmo que não dessem para ver no céu você virava de lado, colocava um braço em baixo da cabeça, me olhava nos olhos e contava tudo que havia aprendido nas suas aulas de astronomia.

Você falou da Galáxia de Andrômeda, da Connstelação de Órion, Cão Menor, da estrela Sirius, a mais brilhante da Constelação do Cão Maior e de todo o céu. De repente, estávamos falando sobre viagens a outros planetas. Você disse que gostaria de ir para Júpiter, seu planeta favorito do sistema solar. Eu conhecia um pouco sobre Júpiter e me gabei falando da terceira maior lua do sistema, Calisto. Você disse que gostava dessa lua, mas a sua favorita era Ganímedes, o principal satélite natural de Júpiter.

Falei sobre Saturno, meu planeta favorito. Rimos do formato da lua pã, aquela que algumas pessoas dizem se parecer com um pão com mortadela. Foi uma noite cheia de conhecimento e cada vez que você abria a boca, eu ficava mais impressionado.

— O mundo vai perder um gênio. — eu disse enquanto apertava os lábios no meu típico desgosto.

— Mas outro vai nascer, e outro, e outro, e outro... — você começou a me cutucar enquanto repetia essa palavra. Estávamos rindo mais uma vez, meu coração parecia leve, eu flutuava em uma outra dimensão. Sim, era como você fazia eu me sentir.

E então tudo parou de repente. O vento soprou frio sobre nossos rostos e você chegou mais perto de mim, eu o cobri com o único lençol que havíamos trazido. Ainda lembro como meu coração batia forte. Ele te chamava, Jimin. Cantava seu nome em novas melodias que eu ainda não sabia direito como interpretar. Mas, mais uma vez, hoje eu sei. Era amor.

Eu não havia beijado meninos antes, nem sequer passava pela minha cabeça que eu poderia estar desesperado por um beijo de alguém do mesmo sexo que eu. Mas já estava escrito no nosso livro da vida, aquela noite já estava em uma das poucas páginas que haviam sido escritas. Sim, aquele capítulo terminava da melhor maneira possível. Ele terminava com os seus lábios no meu.

E nós nos beijamos.

Ah, Jimin, seus lábios eram tão macios! Eu me deliciei com aquela sensação de nossas bocas e línguas deslizando suavemente. A lua e as estrelas são a prova da minha felicidade. Nunca achei que haveria salvação para mim, ora, eu era apenas mais um mortal fadado a caminhar para a minha guerra, sozinho e vulnerável, eu não tinha um escudo, muito menos uma espada. Mas naquela noite você se transformou na minha proteção. Eu derrotaria todos os inimigos inimagináveis só para ficar ao seu lado e te manter seguro. Isso é amor, não é?

O verão passou, você diminuiu meu ódio mortal por aquela estação, não nos separamos mais, e nossos sentimentos só foram se aprofundando. Você era como um oceano, eu me joguei de cabeça e não tive medo de me afundar, porque além da água forte e infinita você também era meu bote salva vidas.

O outono chegou e com ele as primeiras tristezas. Primeiro eu fiquei bastante cansado, meus pulmões quase não funcionavam. Foi uma temporada difícil aquela no hospital e o meu Jungkook egoísta quis retornar. Logo quando as coisas estavam indo bem!

Você veio me visitar naquele lugar solitário. Lembro que você segurava uma rosa e suas bochechas ficaram quase da mesma cor da flor ao notar que minha mãe estava no sofá do quarto hospitalar.

Eu não havia te pedido em namoro formalmente, nem você havia me pedido, mas nossos beijos e carícias me faziam ter certeza que não éramos qualquer coisa. Éramos algo. Eu me contentava com isso. Afinal, namorado era só um nome e eu dava mais importância para o significado por trás daquela mera palavra.

— Hm, oi. — você se curvou para minha mãe. — Sou Park Jimin, conheci o Jungkook no grupo de apoio. — minha mãe te tratou muito bem. Na verdade, ela confessou que havia reparado no jeito que nos olhávamos. Por fim, mais tarde, ela mesmo deduziu que tínhamos algo. Coisa que eu não neguei.

Você ficou ao meu lado, mesmo quando estava sendo difícil pra você também. Você colocou nossa música, a voz do Ed preencheu o quarto e começamos a lembrar do primeiro dia que nos vimos. Foi então que você tirou o livro A culpa é das estrelas da sua bolsa, arrastou a pequena cadeira para o meu lado e, com sua voz suave feito um anjo, leu até eu cair no sono. Aquilo foi tão importante pra mim, você me deixava saudável, não fisicamente, claro, mas psicologicamente, e você sabe, em uma recuperação tudo é fundamental.

Logo tive alta do hospital, desejei não voltar mais pra aquele lugar, mas nós dois sabemos que voltei. Não por causa de mim, era sua vez de passar por tormento semelhante. Eu tomaria sua doença pra mim só para não te ver sofrendo do jeito que vi. Aquilo doeu mais que qualquer coisa, e do mesmo jeito que pediram para a Hazel levantar os dedos em uma contagem de quanto aquilo doía, eu levantaria apenas nove deles, porque assim como ela, eu guardava meu dez pra outro momento.

"A dor precisa ser sentida", você recordou pra mim quando xinguei o mundo por não inventar uma cura para a porra da leucemia. Mais uma vez John Green aparecia na minha vida. Eu desabei em lágrimas no seu peito frágil e cansado, gostaria de ter dito palavras melhores pra você naquele dia, mas nunca fui bom nisso, você sabe.

Seus cabelos loiros se foram junto com a quimioterapia, eu percebia nos seus sorrisos o quanto você tentava não se deixar afetar. São cabelos, você me disse, vão crescer de novo. Mas eram os meus cabelos favoritos.

Te trouxe toucas variadas quando voltei ao hospital, metade do outono havia passado, e você as usava enquanto ainda estava lá. Sua favorita era a azul com estrelas prateadas, porque segundo você, lembrava nossa história. Mas sei que você gostava daquela do Homem de Ferro também. Comprei um par, a outra era o Capitão América.

Eu estou usando ela agora, meus cabelos também já se foram. Não me sinto feio, ou desconfortável, faz parte, vão crescer de novo.

Eu tive uma parada cardíaca ontem. Fiquei morto por exatamente seis minutos. Claro que não lembro disso, é como se eu tivesse apenas ido dormir. Mas não foi assim pra minha mãe, que sofreu precocemente. Eu converso com ela, sabe? As mesmas coisas que você me dizia, mas acho que é diferente quando você é mãe.

Ela está cochilando no sofá, deve estar tão cansada! Antes eu só lutava por ela, não estava nem aí para o que eu queria. Isso me tornou amargo, porque antes de conhecer a música dos outros, eu deveria aprender a minha.

— Quando eu for, não se apresse em ir também. — você me disse na nossa última conversa. Claro que eu não sabia que era a última, mas sinto que fiz tudo o que eu precisava fazer, o que incluía: ficar ao seu lado e te mostrar o quão importante você era pra mim. — Estou cansadinho, Kookie, mas mesmo que você esteja, nunca pense em desistir. Você foi posto nesta terra, e não voltará para ela. A vida pode ser amarga às vezes, mas o mundo gira e tudo muda. Você provará frutos doces se esperar o tempo ruim passar.

— Quando pensar em desistir, respire fundo, somos todos feitos de uma magia poderosa, só precisa acessar ela. Você é mais do que pensa, meu amor. — e então você me deu seu melhor sorriso, um verdadeiro, que me fez sorrir junto. Seguir em frente, foi isso o que você quis dizer, não podemos viver para sempre o mesmo momento, a vida vai continuar, e aquele momento, sendo bom ou ruim, vai passar.

Você dormiu, mas não acordou nesta terra. Sua temporada aqui passou, e assim como o vento, você foi soprado para uma direção que eu não podia mais alcançar, apenas pelo meu coração e pensamento. Foi nesse dia que levantei os meus dez dedos.

A brisa do inverno que chegaria em breve batia no meu rosto enquanto eles enterravam seu corpo em um caixão de madeira adornado com ouro. O seu funeral foi o primeiro em que fui, mas eu estava pronto, não totalmente, mas foi o suficiente para ficar até o fim. Chorei, porque eu precisava sentir a perda, mas estava feliz por você, afinal, teria sua eternidade no paraíso.

Jimin, sinto que estou chegando, faz mais de um ano que você partiu. Eu venho lutando por mim, por você e por todos aqueles que me amam. Mas me sinto estranho, uma fraqueza maior do que minha vontade, não posso lutar contra a morte, você sabe.

Eu dou valor a minha vida agora, e sei que não vou abandoná-la até que chegue a verdadeira hora. Porque ela é valiosa, nem as jóias mais raras do mundo chegam aos pés de uma vida. Se eu pudesse viver de novo, eu viveria. Às vezes podemos ser tão ingratos com o que temos, acho que é porque não enxergamos o quadro todo. Estamos tão acostumados com a vida que nos esquecemos o verdadeiro significado de ter uma.

Eu olho as estrelas e penso: talvez você tenha uma parte da culpa nisso. Você me ensinou muito, espero te encontrar de novo. Na verdade, eu sei que vou te encontrar de novo.

Talvez a culpa de eu te amar tanto esteja em mim.

Talvez a culpa esteja em você.

Mas acho que a culpa está em John Green.

É apenas mais outra noite
E estou encarando a Lua
Eu vi uma estrela cadente e pensei em você

🌟🌟🌟

Espero que gostem!💙

Lembrem de votar e comentar para deixar minha pessoinha feliz💙

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro