Segunda-feira. O dia mais odiado por todos.

Acho que há um motivo para os únicos bons dias da semana serem sexta e sábado. Você pode dormir tarde na sexta, sem se preocupar em acordar tarde no sábado. E você pode dormir tarde no sábado, sem se preocupar em acordar tarde no domingo. Mas isso não acontece no resto da semana, e é por isso que eu odeio o resto dos dias.

Agora estou no hospital, os funcionários sorriem largamente quando eu passo, sou o melhor médico desse lugar. Os doentes quase beijam meus pés quando toco seus ombros em um conforto que realmente não sinto.

Sou puro fingimento, mas as pessoas só vêem o que querem ver, o que lhes convém.

— Bom dia, doutor. Deixei sua agenda atualizada na mesa da sua sala. — diz Yoon Kyong, meu assistente.

— Ótimo, obrigado! — seja educado, as pessoas gostam de se sentirem bem em uma conversa. Não levante o tom, não a encare fixamente nos olhos por muito tempo, e acima de tudo, tente não demonstrar impaciência.

Tento passar pelo corredor, mas Kyong se põe na minha frente, impedindo minha passagem. Ergo uma sobrancelha e abro um sorriso. Nem grande demais, nem pequeno demais.

— Mais alguma coisa? — pergunto, polidamente.

— Go Tae Joon pediu que eu marcasse um horário na sua agenda, uma reunião rápida. Acho que ele tem algo importante para te falar. — tento manter uma expressão impassível. Kyong não passa de um filho da puta fofoqueiro, sei que até o meio-dia, metade dos funcionários vão estar sabendo que o diretor do hospital está em reunião comigo. E se eu mostrar alguma emoção além de conformismo, ela também será espalhada.

— Obrigado por avisar. — tento passar outra vez, mas sou impedido novamente. Levanto meu rosto lentamente, agora sério, porque o doutor Min Yoongi não é exatamente um personagem que gosta de perder tempo. Kyong parece querer falar alguma outra coisa, mas parece mudar de ideia, empurrando o óculos sobre o nariz e abrindo caminho para que eu passe.

Eu passo. E não olho para trás.

Ao final do corredor, entro na minha sala. O ar-condicionado deixa o ambiente gelado, e o cheiro de produto de limpeza infesta o espaço ao ponto de ser quase insuportável de respirar.

Coloco minha bolsa na mesa e pego a agenda, abrindo na página que está marcada com um estúpido marcador com uma carinha de gato. A agenda me diz que tenho uma cirurgia com um paciente daqui a meia-hora. Dou uma lida nos horários das próximas cirurgias, a maioria estão marcadas para o horário vespertino.

Quando adolescente, resolvi estudar para me tornar um médico, não porque eu queria ajudar as pessoas, eu realmente não tenho nenhum interesse nisso, mas para a sorte delas, eu sou muito bom no que faço. Eu simplesmente precisava saber mais sobre os órgãos do corpo, porque eu precisava saber se poderia deixá-los nos corpos dos meus bonecos, ou se eu precisaria empalhá-los.

Foi por isso que deixei Seokjin na cabana e não o matei, porque eu não queria mexer em nada que pudesse estragá-lo. Infelizmente, cuidar dele foi mais difícil do que eu pensei. Eu levava comida e água duas vezes ao dia, mas quando começaram a procurá-lo, eu tive medo de que me pegassem também. Isso fez com que, de vez em quando, eu deixasse de levar a comida dele. Tive sorte que Seokjin era um garoto forte. Ainda é. Jinnie não tem mágoas pelo que eu fiz naquela época. E eu também não tenho. No início, Jin tentava me machucar na tentativa de escapar da cabana, consegui vários cortes, alguns bastantes profundos, graças a ele. Foi por isso que eu fiz as tatuagens nos meus braços, porque elas cobriam as marcas frustradas de Jin.

A porta da sala se abre, e quando ouço o som dos saltos, já sei exatamente quem está aqui e o motivo.

— Parece que os superiores estão na sua cola. — ignoro a mulher enquanto uso a chave para abrir a gaveta da mesa do escritório.

— E advinha de quem é a culpa, Jennie? — levanto os olhos para a enfermeira, em resposta, ela cruza os braços e ergue uma sobrancelha, desafiadora. — Você deixou o depósito uma bagunça, estava querendo ser pega? Era isso?

— Não use esse tom comigo, Min Yoongi! — ela torce o lábio e senta na minha cadeira, fazendo questão de esbarrar no meu ombro. — Não sou eu quem quer formol, aliás, não vai mesmo me dizer o que você faz com esse produto?

Coloco minhas duas mãos na mesa, uma em cada lado dos seus ombros, ela continua olhando pra frente. Deposito o envelope com o dinheiro no móvel.

— Está vendo esse dinheiro? — Jennie tenta virar a cabeça na minha direção, mas seguro sua nuca, impedindo que ela olhe pra mim. — Olhe pra frente, Jennie. — com um suspiro audível, ela faz o que eu mando. — Talvez você ache que é menos podre que eu, afinal, sou eu quem está pedindo pra você roubar o formol... mas não esqueça que você está roubando pra mim, por dinheiro. — abaixo minha voz para um sussurro. — Se eu cair, você cai também, Jennie. — ela tenta olhar pra mim, mas novamente seguro seu pescoço. — Olhe pra frente. — sussurro. — Vamos evitar cair, certo? Você me arruma o formol, e eu o seu dinheiro. Vou resolver essa situação mais tarde, espero que você não me desaponte mais.

Me afasto da mesa e encosto na parede, Jennie pega o envelope e coloca no bolso do jaleco. Ela olha pra mim de cima a baixo, no rosto, carrega uma expressão azeda.

— Agora vai tentar me amedrontar, Yoongi? — ela sorri, sarcástica.

— Se eu quisesse te amedrontar, não seria assim. — sorrio de volta.

— Que seja, — Jennie dá de ombros, jogando o cabelo para trás. — vai precisar me oferecer mais do que isso caso precise de mais. — ela dá batidinhas no bolso do jaleco.

— Vou lembrar disso. — cruzo os braços e espero que ela se retire. Mas quando ela fica, reviro os olhos. — Eu revendo, ok? Eles me pagam muito bem por essa merda, é um bom negócio. — dou de ombros.

— Pra quem você vende? — ela franze as sobrancelhas. — E o que eles fazem com isso? Utilizam em cadáveres ilegais? — trinco o maxilar, mas não desvio o olhar. Por fim, caminho até a porta, a abrindo.

— Fique fora disso, Jennie, é o melhor que você pode fazer. — indico com a cabeça para que ela saia da sala.

— Cuidado, Dr. Min, algumas máscaras costumam cair. — ela diz parando na minha frente e ajeitando minha gravata.

— Então é melhor torcer para a sua não ser uma delas. — retiro um cílio solto da bochecha da mulher, deixando em sua mão.

Ela sorri e dá tapinhas no meu ombro antes de seguir pelo corredor. Sento na cadeira e olho fixamente para o relógio, torcendo para que as horas passem logo e eu possa finalmente voltar pra casa.

***

— Você parece cansado. Longo dia? — Tae Joon senta na cadeira que ofereço.

— Quase perdemos um paciente, — cruzo os braços e o encaro, sério. — acho que eu já expressei como me sinto com você mudando os meus instrumentadores. Esse novatos que você coloca mal sabem diferenciar um mixter de um kocher.⒈

— Estamos com problemas na contratação de funcionários, esses novatos só estão me dando dor de cabeça. — o diretor aponta um dedo gordo na minha direção. — Fez o que eu pedi?

— Sim, e sinto decepcioná-lo ao dizer que minha antiga equipe não tem nada a ver com o desaparecimento do formol. — meu dedo batuca lentamente na mesa, enquanto finjo pensar. — Eu os observei como pediu, nada suspeito.

— Mas tem que ter alguém! — ele bate na mesa com força. — Aquele formol não pode estar simplesmente evaporando! — Tae Joon esfrega os ralos cabelos de sua quase careca.

— Se está duvidando da minha palavra, deveria avisar a polícia, eles com certeza investigarão melhor que eu! — dou de ombros e forço uma expressão desapontada no rosto, porque não posso deixar que ele chame a polícia de verdade.

— Não vamos envolver a polícia nisso, — ele diz, rapidamente. Imagino que o hospital esteja envolvido com alguma coisa ilegal, ou no mínimo, ele que está. — além do mais, confio no que está dizendo! — ele sorri.

— Pare de trocar minha equipe cirúrgica, sunbaenim. — suplico, em tom baixo. — Se eu suspeitar de alguém eu te digo, ok? — levanto da cadeira e abro a porta. Tae Joon parece surpreso pela minha falta de paciência, mas estou pouco me fodendo. Preciso passar na minha casa e levar o formol para a casa de bonecos ainda esta noite.

— Estou indo beber alguma coisa, vamos juntos! — ele sorri largamente.

— Não bebo em dias de semana. — ponho as mãos no bolso do jaleco.

— Desde quando? — ele ri, alto.

— Desde agora. — sorrio. — Tenho que terminar alguns prontuários, me dá licença?

— Certo, certo! — ele ergue as mãos e levanta da cadeira. — Se mudar de ideia, me ligue. — confirmo com a cabeça e me curvo rapidamente.

— Lembre do meu pedido! — falo assim que ele chega na metade do corredor. Tae Joon ergue o polegar em resposta.

***

— Jimin-ah, vou precisar guardar uns produtos no seu quarto, tudo bem? — coloco as latas de formol em cima do sofá. Meu amigo encara a televisão desligada.

— Hoje foi um dia longo pra mim, não vou demorar muito aqui, preciso descansar. — pego as latas de formol e subo as escadas, deixando-as no armário de Jimin, porque não estou com paciência para organizá-las no porão.

— Hyung, amanhã eu venho aqui, certo? — coloco apenas a cabeça na cozinha. Jinnie está preparando comida novamente, ele é muito esforçado quando o assunto é culinária.

— Tenham uma boa noite! — sorrio e deixo a casa.

***

GLOSSÁRIO

⒈Instrumentos cirúrgicos.

***

Gente, cola aqui na grade namoral do jegue, tenho três coisas URGENTES pra dizer.

PRIMEIRO, gostaria de dizer que esse é o capítulo mais chato que eu fiz até agora, espero que tenha ficado no mínimo tolerável pra vocês lerem, me desculpe por isso.

SEGUNDO, no primeiro capítulo eu deixei claro que haveria sexo na fic. Aí você pode pensar... mas mulher, tu não disse pra não passar pano pro Yoongi? Agora vai romantizar o vuco-vuco? Não, meu caro Watson! Yoongi é um psicopata, mas o Tae não sabe disso. Uma das características mais comuns nos psicopatas é sua personalidade carismática, e eu vou explorar isso bastante.

O que me leva ao TERCEIRO ponto, eu não sou acostumada a escrever conteúdo hot, tanto que eu só tenho uma oneshot com esse tema, ainda estou pensando se escreverei sozinha essa bendita cena, ou pedirei ajuda pra alguma autora.
Então diz aí como você vai querer:

Taehyung ativo.

Yoongi ativo.

Taegi flex.

Ps. Avisarei quando o capítulo +18 chegar, para o caso de alguém não se sentir confortável e querer pular. E, por favor, mesmo que no final da votação seu resultado não tenha sido escolhido, não desista da história. É isto.

Beijinhos!💙