Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

27. Pain

O coração do homem é muito parecido com o mar, ele tem suas tempestades, suas marés e suas profundezas; ele tem suas pérolas também.❞
- Vicent van Gogh

Quando eu era criança minha avó faleceu. Na época, minha mãe disse que ela tinha "ido para um lugar melhor". Com uma mente infantil eu não entendi bem o que ela quis dizer. Mamãe disse que eu não precisava ir para a escola, mas eu fui, porque vovó sempre me buscava quando minhas aulas acabavam, já que meus pais estavam sempre ocupados naquele horário.

Quando as aulas acabaram fiquei no portão esperando vovó aparecer com aquele guarda-chuva negro, ela levava o objeto para onde quer que fosse. Mas ela não apareceu. Então lembrei do banco no parque, era nosso lugar favorito para sentar e observar as pessoas enquanto comiamos pipoca. Lembro que fui para o parque e fiquei lá sentado esperando vovó chegar, ora, se ela estava indo para "um lugar melhor" certamente estaria vindo me fazer companhia no nosso lugar favorito. Mas ela não veio.

Não lembro o exato momento que entendi o que havia acontecido, apenas notei que o sol passava a sumir entre os prédios, o céu, antes em um tom azulado vivo, já carregava um tom alaranjado quando comecei a chorar.

Não lembro o exato momento em que o carro do pai de Jungkook parou do outro lado da rua. Mas, quando ergui os olhos, Jeon estava parado na minha frente. Ele ainda usava o kimono de suas aulas de caratê, seus grandes olhos estavam vermelhos, como se ele tivesse chorado recentemente.

Na hora em que o vi fiquei tentado a gritar para que fosse embora, eu sabia que se ele abrisse a boca para tentar me consolar eu o socaria até fazê-lo chorar, porque isso faria eu me sentir mal e então eu poderia pensar em outra coisa que não tivesse relação com o fato de vovó ter falecido.

Mas ele não falou nada, Jungkook apenas sentou ao meu lado. Lembro de olhá-lo com o canto dos meus olhos, as poucas espinhas que passavam a surgir nas bochechas de Jungkook estavam borradas por conta das lágrimas que ainda residiam nas minhas orbes. Ele ficou lá, em algum momento segurou minha mão. Ficamos observando as pessoas passarem.

Não sei como ele soube o que fazer naquele momento e, agora, quando checo meu celular em busca de alguma novidade a seu respeito, esse momento surge na minha lembrança. Jungkook sempre esteve lá, nos meus melhores momentos e também nos piores.

Não saber se ele está bem é como levar uma flechada no coração, quanto mais tempo passa sem que eu tenha notícias a seu respeito a flecha se revira dolorosamente, fazendo um estrago que deixará uma cicatriz terrível. Isso se cicatrizar.

A mãe de Jungkook ligou para avisar que acharam os restos do celular dele, estava destruído entre as pedras da ponte. A notícia me deixou enjoado, como se eu fosse vomitar o pouco que eu havia comido ao longo do dia.

Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo, parecia ter sido ontem que Jungkook estava aqui em casa de olhos brilhantes enquanto planejava o que fazer com o email que a gravadora lhe enviara.

Essa lembrança revira meu estômago outra vez, Jungkook queria tanto um contrato com alguma gravadora. Forço minha mente a se afastar das melodias que ele me mostrou em seu notebook. Dói e temo chorar outra vez.

Abro os olhos só para me deparar com a vitrola que ele me deu quando cheguei aqui. "Você é a única alma viva que eu conheço que curte música dos anos setenta!". Suas palavras afundam no meu peito e sinto vontade de destruir o objeto. O que me leva para outra lembrança, Jungkook dizendo que colocou fogo na pista de carrinhos que havia comprado pra mim. Agora sei o que ele sentiu. Doía, por isso ele quebrou tudo. Dói, por isso quero quebrá-la.

Mas eu voltei, eu disse a ele que nos veríamos de novo, e no fim nos vimos. Ele não tinha o direito de fazer pior comigo! Mas Jungkook sempre foi assim, se alguém lhe fazia algo, ele retribua de forma pior. Egoísta, Jungkook sempre foi egoísta, ele não deveria ter ido, deveria ter ficado, eu falei para ele dormir aqui, pedi que ele me mostrasse todas as suas músicas, eu quis que ele passasse tempo comigo, mas ele não o fez. Ele saiu. Ele saiu e agora não vai voltar. Egoísta, tão egoísta.

— Eu te odeio! — grito. — Eu te odeio, Jungkook! — jogo o controle da TV em direção a vitrola, o aparelho ricocheteia e a vitrola é empurrada para trás, quase caindo do móvel. — Eu te odeio tanto, Jungkook! Eu odeio você, odeio, odeio, odeio, odeio...

Afundo no chão e choro pelo que parecesse a milésima vez.

***

A noite caiu lá fora há muito tempo. Yoongi ligou, mas não atendi. Rosé também ligou, não atendi. Ela mandou mensagem falando de vendas de quadros, eu não respondi. A mãe de Jungkook ligou e pediu que eu tentasse descansar.

Não sei como fazer isso.

***

Estou preso em lembranças e me odeio por isso, estou agindo como se Jungkook já estivesse...

Não consigo completar o pensamento, é cruel demais.

***

Estou cansado, mas quando fecho meus olhos o rosto de Jungkook surge por trás dos meus olhos.

Dói. Não consigo aguentar. Fico olhando para a cortina que se movimenta com o vento frio da noite.

***

Conto as batidas do meu coração, lentas e penosas. Será que o coração dele está batendo agora?

Eu choro.

***

Atravesso a rua e fico encarando a porta de Yoongi. Não demora muito para que não sinta meus dedos das mãos e dos pés, o torpor do frio me envolve como um cobertor com função reversa. A casa está escura, ele deve estar dormindo, penso em bater na porta, mas não consigo me mexer.

Ainda assim a porta se abre e do outro lado está Yoongi, tão belo com seus cabelos negros bagunçados, como se tivesse acabado de sair da cama. Seus olhos negros me examinam, desde meu rosto até meus pés descalços. Ele usa um casaco amarelo de aparência quente e acolhedora.

Eu não digo nada.

Ele me puxa para seus braços, por um momento preocupante temo estar sonhando, porque não consigo sentir o corpo dele em contato com o meu. Mas então o calor do corpo dele passa para o meu, onde ele toca minha pele reage aquecendo, mas as partes que estão longe dele, como meus pés, continuam congeladas, um lembrete de como realmente me sinto.

Deixo que ele me conduza pela casa. Yoongi não fala nada quando para na cozinha, percebo que ele está decidindo se deve me alimentar, penso em dizer que não tenho fome, mas é em vão, o pensamento é apenas isso, um pensamento, ele não chega em minha boca.

Não importa. Yoongi coloca gentilmente a mão nas minhas costas e me empurra para frente, em direção às escadas. Chegamos em seu quarto, eu paro na porta enquanto ainda em silêncio ele pega alguns cobertores no guarda-roupa.

Uma parte distante de mim lembra que essa é a segunda vez que durmo aqui, mas a primeira vez nem parece que aconteceu. Ontem meu mundo estava unido em algo próximo da felicidade, hoje ele está despedaçado e infeliz.

Yoongi coloca um cobertor fofo ao redor do meu corpo e me puxa até sua cama. Sua expressão é distante, quase posso ver o turbilhão de pensamentos que rondam sua mente. Me pergunto o que ele pensa, se está incomodado por eu estar aqui. Como sabia que deveria abrir a porta? Eu bati? Toquei na campainha? Não lembro de ter feito, mas talvez eu tenha. O relógio da cabeceira da cama mostram que são três horas da madrugada. Faço uma careta, eu realmente o incomodei em uma péssima hora. Tento focar meus pensamentos para esse problema, de forma que eu possa esquecer todos os outros.

— Eu acordei você. — digo estupidamente. Minha voz está rouca e dói ao sair da garganta, percebo tarde demais que estou com sede.

— Ah, sua lingua ainda está aí, estava com medo que tivesse perdido! — ele diz. Forço um sorriso no rosto, mas tenho certeza que só consegui fazer uma careta. — Aqui. — ele puxa o lençol até meu pescoço, só agora percebo que estou tremendo. — Precisa de alguma coisa?

Preciso que ele esteja bem.

Salvo.

Vivo.

— Aguente um pouco, Tae. — Yoongi acaricia meu rosto, seu polegar massageando minhas têmporas, depois minha bochecha e por fim meu maxilar. Registro vagamente em um canto da minha mente que ele me chamou pelo meu apelido. — Não vai doer por muito tempo.

Não acredito nisso. Se ele conhecesse Jungkook tão bem quanto eu, saberia que essa é o tipo de dor que nunca passará por completo.

Mas a mentira é sedutora, se eu me concentrar em seu cheiro de sabonete talvez eu possa fingir que vou ficar bem. Talvez se eu abraçá-lo com força como estou fazendo agora a dor vai me dar uma folga, talvez ela se engane e abandone meu corpo por completo.

— Eu não odeio ele. — digo. — Eu disse que odeio, mas eu nunca poderia odiar alguém como ele. E ele não é egoísta, é a pessoa mais generosa e gentil que conheço.

— Tudo bem, às vezes mentimos quando queremos esconder nossos sentimentos mais genuínos. — ele beija minha testa. Por um momento aprecio o calor e a maciez de sua boca contra minha pele. Quero que ele me beije de novo, quero que me beije até que eu esteja exausto.

Então me sinto culpado por desejar algo assim quando Jungkook está desaparecido.

— Yoongi. — chamo.

— Hm?

— Você acha que... acha que Jungkook está... acha que ainda vamos conseguir...

Nenhum pensamento se concretiza, eu engulo em seco e me aproximo ainda mais de Yoongi, nossos corpos estão tão juntos que começo a sentir calor novamente, uma leve camada de suor preenche minha testa, mas não quero me afastar, não consigo.

— Você o verá outra vez, não era pra ser assim, Tae. — ele sussurra contra meus cabelos.

Penso em suas palavras e em como foi o que repeti exatamente durante todo o dia.

Fecho os olhos, mas logo os abro, uma imagem cruel de um Jungkook flutuando nas águas escuras da ponte surge em meus olhos. Eu pisco várias vezes até que seu rosto azul suma das minhas orbes.

Preciso de alguma notícia, mesmo que a essa altura nenhuma me pareça boa. Ainda assim, preciso ter certeza. Preciso ter certeza que ele está vivo ou... morto.

O mero pensamento faz meu corpo tremer, Yoongi interpreta o gesto como frio e me aperta ainda mais contra seu corpo. Com a bochecha apertada contra seu casaco eu me concentro apenas em respirar. Tento esvaziar minha mente e focar nos dedos de Yoongi que acariciam minhas costas. Ele desenha um círculo contra minha pele, depois um triângulo, logo após um losango, um quadrado, uma flor... talvez. Vou adivinhando os desenhos em minha mente até ela cansar.

Até tudo ficar escuro.

***

Acordo sem ar. Ainda está escuro.

Yoongi meche em meus cabelos, como se tivesse ficado acordado o tempo todo. Talvez eu não tenha dormido muito.

Estou cansado, por isso fecho os olhos.

***

Não volto a dormir.

Yoongi sugere que eu conte até o máximo que eu conseguir para cansar minha mente e dormir.

O dia amanhece e eu ainda estou contando.

***

Desculpa a demora pra atualizar, Deus ouviu minhas preces e mandou chuva, mas minha internet é hidrofóbica e no mesmo instante se foi.

Espero que estejam gostando, reta final!!

Lembrem de votar!

Beijinhos!💙

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro