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26. Just wait, Taehyung

Pequenos flocos de neve começam a cair assim que entro na cabine telefônica mais próxima da ponte. Aperto os braços ao redor do corpo para me manter aquecido enquanto olho em volta vendo apenas alguns carros passarem ocasionalmente. Consigo sentir o frio da superfície do telefone mesmo usando luvas, disco o número do corpo de bombeiros e encosto minha cabeça no vidro.

— 119, qual sua emergência? — diz uma voz feminina.

— Tem um carro capotado entre as pedras do rio Puleuseuleumhan, pode ter alguém machucado dentro do veículo. — mudo um pouco o tom da minha voz apesar de não ser necessário.

— Senhor, um caminhão do corpo de bombeiros está sendo enviado agora mesmo...

Antes que ela possa continuar, desligo o aparelho. Puxo o capuz do moletom e coloco as mãos no bolso, saio da cabine telefônica e olho uma última vez para a direção em que a ponte fica.

Quando Taehyung deixou minha casa hoje cedo usei o celular de Jungkook para enviar uma mensagem dizendo que ele pretendia dar uma volta para buscar inspirações para suas músicas. Taehyung respondeu dizendo que achava aquela uma boa ideia e pediu que ele passasse em sua casa quando voltasse, aparentemente tinha assuntos que queria colocar em dia.

Agora o celular de Jungkook está flutuando em algum lugar do rio que corre por baixo da ponte Golden Brigde, inútil e inalcançável, igual o dono.

A neve pareceu uma desculpa perfeita para sumir com o carro do Jungkook e com sua presença. A ponte estava escorregadia por conta do gelo que derretia e congelava desde que o dia começou, bastante propícia para acidentes. Claro, quando tirarem o carro de lá não encontrarão o dono e vão assumir que ele está em algum lugar do rio, várias buscas serão feitas pela área, não pretendo ficar até o fim para saber o que vai acontecer. Só preciso de um pouco mais de formol e finalmente poderei levar Taehyung até a casa de bonecos.

Caminho por alguns minutos antes de chegar em casa, a neve cobriu os rastros de pneu que haviam ficado em frente a propriedade, não que seja algo importante, mas é bom saber que até o clima contribui para certas coisas.

Abro a porta do porão e desço as escadas, ouço um ruído de alguém batendo na madeira e reviro os olhos.

Quando finalmente entro no cômodo vejo um Jungkook sujo, suado e descabelado empurrando a cadeira contra a parede do porão, seus movimentos são lentos e cansados. Círculos escuros preenchem seus olhos castanhos, lágrimas secas deixam um rastro limpo pela poeira que cobre suas bochechas.

Torço o nariz quando o cheiro de urina é soprado com a brisa que entra no porão.

— Temo que mais uma dose de sedativo seja prejudicial pra sua saúde nesse momento. — pego uma garrafa de água na pequena geladeira. Jungkook ergue os olhos ávidos para o conteúdo na minha mão. Sinto um impulso maldoso de beber todo o líquido enquanto ele apenas assiste, mas afasto esse pensamento por não resultar em nada além de uns minutos de vingança.

Ao invés disso, pego um pano limpo em uma gaveta e despejo um pouco de água no tecido deixando ele úmido.

Jungkook se encolhe quando me aproximo de seu corpo miserável. Desato o nó da mordaça, seus lábios se encontram inchados e avermelhados, porém secos. Ele remexe os músculos da mandíbula e arqueja baixinho. Levo a garrafa com água até seus lábios.

— Devagar, idiota. — murmuro quando ele tenta sorver o líquido com pressa.

Quando a garrafa esvazia, uso o pano para limpar seu rosto, Jungkook tenta se afastar do meu toque, mas o imobilizo ao segurar firmemente em sua nuca.

— Por favor, deixe-me ir embora. — Jungkook fala pela primeira vez desde que o trouxe para cá, sua voz soa rouca e arranhada.

— Creio que isso não seja possível. — sorrio. — Você não estaria aqui se tudo tivesse dado certo, nunca quis te trazer, quero que saiba disso. — digo, honestamente. — Mas nesse exato momento seu carro deve estar sendo retirado do rio, você está morto, Jungkook. Não há lugar pra você lá fora, não mais, entendeu?

Os olhos dele se arregalam, tenho a impressão de que se não estivesse tão fraco ele choraria outra vez.

— O que vai fazer comigo? — sua voz não passa de um sussurro, os olhos piscam como se estivesse lembrando de algo. — O que fez com ela? — me afasto e sento na maca.

— Não dói, não se preocupe. — murmuro distraído.

Uma ótima ideia começa a surgir na minha cabeça, guardo ela em um canto quando percebo que Jungkook diz alguma coisa.

— Por favor, não vou contar a ninguém o que fez, só... me deixe sair daqui. Eu juro. — novas lágrimas surgem em seus olhos.

— Esquisito o tipo de juramento que fazemos quando o fim é iminente, não é? — outro sorriso surge no meu rosto, um amargo e entediado. — Por isso dizem que nossa verdadeira face só surge quando nos deparamos com o fim.

Levanto da cama e olho em volta pelo cômodo, não posso manter Jungkook aqui por muito tempo, mas não posso fazer nada enquanto não tiver formol.

— Está com fome? — pergunto.

Jungkook tem os olhos perdidos no chão, as lágrimas ora pingam diretamente no piso, ora escorrem pelas suas bochechas.

— Não sei quando vou voltar, Jungkook. — dou de ombros quando ele levanta os olhos, suas orbes em um misto de tristeza, ódio e medo.

— Por favor... eu posso ajudar no que quiser, só precisa me tirar daqui. Qualquer coisa. Por favor. — ele soluça e todo seu corpo treme.

— Qualquer coisa? — rio, divertido. — Então se eu te soltar vai me trazer o Taehyung?

Ele ergue a cabeça violentamente, seus olhos ficam mais escuros e o rosto ganham uma cor violenta de vermelho, como se sua cabeça estivesse prestes a explodir.

— Não. Toque. Nele. — as palavras saem entre cortadas em meio ao seu ódio. Ou talvez medo. Ambos se parecem demais.

— E a história de fazer qualquer coisa? Eu achei que você queria...

— NÃO. TOQUE. NELE! — Jungkook grita e joga parte de seu peso pra frente, a cadeira se move um pouco em minha direção. — NÃO TOQUE NELE, NÃO TOQUE NELE!

— Ou o quê? — me aproximo e seguro ambos os braços da cadeira, deixo o rosto distante para não repetir o erro da última vez. — Diga-me, Jungkook, o que você pode fazer?

O maxilar dele treme e range, Jungkook tenta forçar o corpo outra vez na minha direção, as algemas deixam um círculo em carne viva ao redor de seus pulsos. Suspiro, mais uma imperfeição para a conta.

— Foi o que pensei. — bagunço os cabelos dele. Em resposta, Jungkook tenta me morder. — Estou indo, você quer alguma coisa antes que eu vá?

— Quero que você morra, seu filho da puta do caralho! — ele rosna. — SOLTE-ME! TIRE-ME DAQUI!

— Então temos algo em comum. — sorrio e coloco a mordaça novamente. — Não morra, Jungkook-ssi, quero que o Taehyung veja você antes de tudo isso acabar, tenho certeza que ele vai estar assustado e eu realmente quero que ele saiba que você está vivo, ele vai ficar muito preocupado nos próximos dias. — dou batidinhas em sua bochecha.

Jungkook grita alguma coisa por trás da mordaça e tenta se soltar outra vez. Reviro os olhos e me afasto, paro na porta do porão e lanço um último olhar para o garoto.

— Aqui não é um local muito movimentado, Jungkook-ssi, ninguém pode te ouvir.

Finalmente deixo o local.

***

Minhas pernas queimam lentamente com a caminhada, a neve parou há alguns minutos mas o vento congelante continua soprando.

Na esquina de casa vejo alguns carros parados em frente a propriedade de Taehyung. Ele já deve ter sido avisado. Quando me aproximo mais consigo distinguir a figura do homem sentado nas escadas, seu rosto está escondido entre as mãos. Em pé ao seu lado há uma mulher desconhecida, seus olhos vermelhos evidenciam que esteve chorando. O homem ao seu lado parece tentar acalmá-la enquanto gesticula bastante com as mãos. Não demora para que eu perceba quem são.

Os pais de Jungkook.

Atravesso a rua e me aproximo devagar da propriedade, com o canto do olho vejo quando um carro de polícia encosta e um policial desce do veículo. O pai de Jungkook caminha rapidamente para falar com o homem.

— Taehyung? Você está bem? — me ajoelho ao lado dele.

Taehyung levanta a cabeça ao ouvir minha voz, seus olhos e nariz estão vermelhos. Rugas de preocupação emolduram sua testa e uma linha fina de tristeza curva seus belos lábios para baixo.

— Não sei. — ele fala, sua voz tão baixa que tenho que me aproximar mais para ouvir. — Quer dizer, nada aconteceu comigo... foi com o Jungkook.

— Jungkook? Ele está bem? — pergunto enquanto retiro meu cachecol e passo pelo pescoço nu de Taehyung.

— Acharam o carro dele capotado na Golden Brigde, os bombeiros disseram que a estrada estava escorregadia e ele provavelmente perdeu o controle do carro. — Taehyung afasta as novas lágrimas que descem pelos seus olhos.

— Mas ele vai ficar bem, não é? Ele está no hospital? Posso falar com algumas pessoas que conheço e...

— Ele não estava no carro. — Taehyung me interrompe com um soluço. — Estão... estão procurando... procurando o corpo dele... no rio... meu deus... isso... isso não pode ser real. — ele retorna a chorar.

Envolvo o corpo de Taehyung com meus braços, as mãos geladas dele se apoiam no meu peito e eu tremo com o frio. Beijo sua testa e olho em volta. A mãe de Jungkook nos observa, ela acena com a cabeça como se estivesse agradecendo por eu estar com Taehyung. Forço um pequeno sorriso em sua direção.

— Eles vão achar o Jungkook, Taehyung. — beijo sua testa outra vez. — Ele é esperto, vai ficar bem. — ergo o queixo dele e enxugo suas lágrimas com meu polegar. — Está frio aqui fora, vamos lá em casa, vou fazer um chá pra você.

— Não, preciso ficar aqui, tenho que saber... preciso saber se ele está... — Taehyung engole em seco e seus olhos perdem um pouco do brilho.

— Tudo bem, Tae, seu... amigo está certo. — a mãe de Jungkook se aproxima de Taehyung e o ajuda a levantar. — Vou te manter informado. — ela o abraça firmemente, dou um passo para trás e abaixo a cabeça para que tenham privacidade. — Vamos achá-lo, Tae. — a mulher se afasta e repete as últimas três palavras olhando Taehyung nos olhos.

Estendo a mão para Taehyung e, quando ele a segura, atravessamos a rua.

— Não está trabalhando? — pergunta enquanto tira os sapatos na porta da minha casa.

— Estou de folga. — explico enquanto ligo o aquecedor.

Taehyung se senta no sofá e esfrega o rosto. Mordo o lábio enquanto caminho até a cozinha para esquentar a água. Não tinha que ser assim, se Jungkook não tivesse aparecido na casa de bonecos eu não teria que assistir Taehyung chorar e se culpar pelo destino do amigo.

— Ele mandou uma mensagem pra mim hoje de manhã. — ouço a voz de Taehyung vinda da sala.

— O que ele disse? — pergunto distraído enquanto procuro os sachês de chá.

— Estava indo dar uma volta para se inspirar, acho que ele pretendia escrever algumas novas músicas para mostrar a gravadora. — a voz dele sai rouca e cansada, ouço quando ele suspira alto e trêmulo. — Achei que as coisas estavam dando certo pra gente, Jungkook estava finalmente realizando seu sonho e eu... eu estava feliz.

— Sinto muito, Taehyung. — suspiro baixinho.

Preciso arrumar um jeito de pegar o formol no hospital, mesmo que a segurança tenha aumentado depois do sumiço das últimas latas.

Coloco o sachê na xícara e completo com água quente, o líquido vai ficando esverdeado conforme o conteúdo vai ficando pronto.

— Açúcar? — pergunto.

— Duas colheres. — responde Taehyung.

Coloco a quantidade que ele diz e volto pra sala segurando duas xícaras fumegantes. Entrego uma para Taehyung e me sento na poltrona em frente a ele.

— Obrigado. — ele diz enquanto aquece as duas mãos com a xícara. — Estou feliz por estar aqui.

— Eu te disse, não pretendo ir embora. — retruco. Em resposta, Taehyung dá um pequeno aceno com a cabeça.

Observo as feições de Taehyung e o rastro de tristeza que nele se encontra. É por uma boa causa, em breve ele não se sentirá assim, não deixarei que se sinta assim. Seremos felizes, uma família perfeita, ele nunca irá chorar.

Apenas espere, Taehyung.

Espere enquanto nossa vida perfeita não começa.

***

* 119 é o número do corpo de bombeiros na Coréia do Sul

Lembrem de votar!

Beijinhos!💙

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