20. Gathering information
Ele está saindo de casa.
Taehyung para na porta e cruza os braços, em poucos minutos Jeon Jungkook pula em suas costas e quase o derruba. Trinco o maxilar enquanto observo os dois seguirem até o carro estacionado. Há uma pequena discussão - que não consigo ouvir - para ver quem vai dirigir, o resultado vem quando Taehyung derruba o amigo no chão e corre com a chave do carro, entrando no veículo logo em seguida.
Seguro com força o tecido da cortina enquanto vejo o carro partir.
A verdade é que estou tão irritado comigo mesmo que é até estranho. Não sei como explicar o que sinto, mas sei que não posso deixar minha companhia de lado para abrandar a raiva, já que isso é impossível. Então, enquanto coloco o cinto em frente ao espelho, vejo minha carranca.
Dentre todos os dias de minha vida, hoje parece ser o pior para ser Min Yoongi.
Taehyung estava próximo, tão próximo de mim, e foi rápido, mais rápido que Hoseok. Mas eu não estraguei as coisas com Hoseok, nem com Namjoon, ou Jisoo, ou Jimin, nem mesmo com Jin!
O barulho de metal caindo no chão me desperta dos meus pensamentos, o cinto pende inútil sobre a minha calça, aparentemente quebrei a fivela sem nem perceber. Retiro o acessório e o jogo na cama, coloco o relógio enquanto desço as escadas.
Ao abrir a porta, tomo um leve susto ao observar o homem com a mão erguida prestes a tocar a campainha. Seus olhos cansados da idade sorriem pra mim quando ele lança um sorriso amarelo. Faço o melhor para retribuir o que espero ser um sorriso decente. Kang So Joon, meu vizinho e também paciente, estende a mão em um cumprimento.
— Sr. Kang, em que posso ajudá-lo? — pergunto, polidamemte.
— Ah, não quero tomar muito do seu tempo. Está indo para o hospital, não está? — concordo com um aceno. — Minha mulher voltou a sentir aquela dor no peito, o senhor pediu que eu avisasse caso isso voltasse a acontecer.
— Certo. — forço a palavra sair da minha boca. — Prometo que assim que meu turno no hospital acabar passo na sua casa!
— Obrigado, Dr. Min, não sabe como fico agradecido em ter alguem competente cuidando da saúde da minha velha! — ele ri. Forço uma risada sair da minha garganta enquanto fecho a porta de casa.
— Nos vemos mais tarde, não se preocupe à toa. — dou uma batidinha no ombro dele e sigo até meu carro.
— Tenha um bom dia! — ele diz, ainda parado na porta da minha casa.
— Igualmente. — fecho a janela do carro junto com meu sorriso.
Olho uma última vez para a casa de Taehyung, mas acabo vendo Hoseok. Ele está com um balde de tinta azul na mão enquanto pinta a casa que havia acabado de comprar. Com uma escada, ele pintava uma das paredes perto da janela do primeiro andar, lembro que parecia bastante feliz, na verdade, Jung Hoseok era alguém contagiante. Foi o que chamou minha atenção.
Pisco os olhos e volto minha atenção para o volante, ligando o carro em seguida. Claro, como pude esquecer o dia em que encontrei Hoseok pela primeira vez? Ele estava de mudança, foi o primeiro a morar na casa do outro lado da rua. Na época eu não estava interessado em quem desocuparia a casa que há meses tinha um aviso de venda. Nem vi quando a mudança toda foi feita, na época eu estava desesperado para arrumar um emprego que me pagasse bem, sustentar as contas de duas casas ao mesmo tempo era mais difícil do que eu pensava. Então a primeira vez que o vi foi quando eu estava podando a grama da frente. Ele estava subindo na escada para pintar a parte mais alta da casa, tinha uma caixinha de som ligada e uma música animada reverberava pela rua, ele cantava junto, um pouco desafinado, mas era até agradável.
Foi então que ouvi um grito, a escada havia caído e ele estava se segurando na beirada da janela. Meu primeiro instinto foi de apenas observar enquanto ele pedia ajuda, sua voz se elevando com o pânico de não querer saber o que aconteceria se caísse daquela altura. Então eu corri em sua direção, lembro vagamente que falei pra ele segurar firme, ele retrucou dizendo que era o que estava fazendo, por um momento pensei em voltar até meu jardim e esperar por sua queda, mas ao pensar melhor conclui que ele provavelmente sobreviveria na queda e seria péssimo pra mim. Foi esse pensamento que me fez colocar a escada até que ele pudesse alcançá-la com os pés. Eu a segurei até que ele estivesse firme no chão.
"Que jeito curioso de se apresentar para um vizinho", ele disse rindo, mas havia lágrimas em seus olhos, o rosto estava pálido e suas mãos tremiam. "Isso é o que eu chamo de entrada triunfal", falei para amenizar o clima. Então ele sorriu de verdade, e eu gostei da covinha tímida que apareceu em sua bochecha. "Sou Jung Hoseok, seu novo vizinho", ele disse estendendo a mão. "Sou Min Yoongi, o cara que salvou sua vida".
Construir uma ligação de confiança foi uma das coisas mais importantes que já fiz. Quando Hoseok desapareceu, ninguém ficou sabendo nas primeiras semanas, eu sabia que seria assim. Depois de passar meses com ele eu já sabia que as únicas pessoas que dariam por sua falta seriam seus pais e amigos, que viviam em Gwangju. Mas obviamente um dia o limite de ligações perdidas e mensagens não respondidas bateu, e quando a polícia passou de casa em casa fazendo um relatório sobre o que sabíamos a respeito, eu, como ex-namorado do homem desaparecido, me tornei um alvo interessante de se investigar.
Mas Min Yoongi sempre foi um homem exemplar. Ele é médico sabia? Trabalha no melhor hospital daqui! Muito inteligente também, e bastante atraente se me permite dizer! Ele ajudou quando minha mulher ficou doente, também ajudou vários outros vizinhos com seus problemas, ele nunca faria nada de mal para ninguém! Além do mais, pelo que soube, ele já tinha terminado com o garoto que desapareceu, mas eles continuavam a se falar, uma bela amizade eles tinham, não faz sentido fazer pressão em alguém de tão bom coração, como ele deve estar se sentindo agora? Vocês já pararam pra pensar nisso? Posso jurar de pé junto na frente do senhor e até de um tribunal, Min Yoongi não teve nada a ver com o sumiço desse rapaz!
Sorrio ao lembrar do jeito que Kang So Joon e sua mulher me defenderam enquanto mostravam sua indignação para os oficiais da polícia que voltavam pela terceira vez na minha casa, quando só haviam passado uma vez nas outras residências do bairro.
No final deu tudo certo, graças a eles.
***
— Fiquei surpresa por ter me chamado para almoçar. — diz Jennie. Ela entra no carro e retira o jaleco. Quando sorri pra mim, percebo que está envergonhada, acho que é a primeira vez que vejo ela sorrir de verdade. — Não tive tempo de me trocar.
— Você está ótima. — sorrio pra ela, que desvia o olhar.
— Vamos? — ela indica a estrada.
— Estou com fome e nosso horário de almoço não é um dos maiores.
— Sim, senhora. — ligo o carro e logo estamos deixando o hospital para trás.
Há um momento de silêncio desconfortável, mas acho interessante, por isso não falo nada, esse com certeza é um lado da enfermeira que eu nunca vi, normalmente ela tem muita atitude. Imagino que estar finalmente no meu carro tenha mudado alguma coisa.
— Então... não sei muita coisa sobre você, apesar de trabalharmos no mesmo local por quantos anos? Dois? — começo, os olhos atentos na estrada enquanto tento lembrar o caminho para algum restaurante.
— Três, na verdade. — ela corrige, batucando na perna. — Você não é a pessoa mais comunicativa daquele hospital, sabe disso.
— Tem razão. — rio baixinho. — Estou tentando mudar isso. — lanço um olhar rápido pra ela.
— Ah, é? Por que? — ela vira no acento enquanto espera minha resposta.
— Nenhum motivo particular, apenas quero. — dou de ombros, aparentando indiferença.
— Bem, o que quer saber? — ela volta a se encostar no banco do carro. — Mas já vou avisando que não há nada interessante na minha vida.
— Me fale sobre seus pais, ainda mora com eles? — pergunto, mesmo sabendo que não é um bom começo.
— Não, eles moram em Seul, me mudei pra cá quando terminei minha faculdade, minha vó tinha conhecidos no hospital, foi ela que arrumou meu emprego lá. — Jennie mexe de forma distraída na pulseira em seu pulso. — Morei com minha vó até ano passado, quando consegui juntar dinheiro suficiente pra comprar minha casa. — ela faz uma pausa e por um momento acho que é tudo que tem a dizer, mas então ela continua, sua voz saindo suave e baixa. — Ela faleceu há dois meses.
— Eu sinto muito. — digo, em um conforto fingido.
— Obrigada. — ela limpa a garganta. — E você? Tem contato com seus pais?
Minhas mãos seguram o volante com mais força, essa pergunta sempre causa reações negativas em mim, não importa quantas vezes já tenham feito o mesmo questionamento.
— Meus pais faleceram quando eu era mais novo. — respondo as mesmas oito palavras de sempre. Não me importo em dar detalhes, ninguém tem coragem de perguntá-los, pelo menos não nos primeiros encontros.
— Ah, sinto muito também. — sorrio, sem tirar meus olhos da estrada. — Algum familiar por aqui?
— Não em Daegu, meus irmãos moram em... Seul. — fico em dúvida se devo dizer o nome da cidade, mesmo não sendo verdade. Afinal, os pais dela moram lá, a última coisa que preciso é ela dando informações para alguém.
— Você tem irmãos? — seu tom é de surpresa. — Isso sim é interessante.
— Você não tem irmãos? — ela agita a cabeça em negação. — Sorte a sua. — brinco.
— Que nada! Minha infância foi solitária, eu gostaria de ter pelo menos uma irmã. — ela conta, animada.
Paro o carro em frente a um restaurante e abro a porta para sair, Jennie vem logo atrás. Espero ela contornar o veículo para podermos entrar no estabelecimento. Com o canto do olho vejo que ela está arrumando o cabelo, diminuo o passo para andarmos lado a lado e lhe dou um empurrão gentil com meu ombro.
— É sério, você está ótima. — ela ergue uma sobrancelha, mas abaixa a mão.
— Para alguém tão sério você até que sabe aumentar a autoestima de alguém. — brinca.
***
Jennie tem 24 anos;
Seus pais moram em Seul;
Não tem irmãos;
Não tem nenhum parente aqui;
Tem duas melhores amigas, uma mora em Seul e outra aqui em Daegu, elas saem juntas quase todos os finais de semana;
Já teve três namorados, não mantém contato com nenhum deles;
Sua casa fica duas quadras depois do hospital.
Rabisco as informações em uma folha avulsa enquanto tento lembrar da nossa conversa de mais cedo. Levanto a cabeça e encaro a porta, falar com Jennie foi bastante fácil, ela é o tipo de pessoa que na primeira oportunidade fala tudo sobre si mesma, o que facilita as coisas pra mim. Imagino que quando ela pensar no nosso almoço, notará que ainda não sabe muita coisa sobre mim, porque a mantive falando sobre si mesma o tempo todo sem que ela sequer percebesse.
Arranco a folha e coloco bem no fundo do bolso, a ideia do papel escapulir enquanto faço minhas tarefas aqui no hospital me deixa tonto, certamente não haveria como explicar isso.
Tento deixar minha mente vazia e não pensar em nada, mas aos poucos Taehyung toma conta dos meus pensamentos. Sinto saudades de seus lábios em contato com os meus, de seu cheiro, de seu gosto...
Agito a cabeça, tenho que lidar com a consequência do meu ato mal feito. Agora a única coisa que posso fazer é correr atrás para dar a volta por cima. Nosso próximo encontro é a única solução.
Tenho que fazer valer a pena, caso contrário, ele pode perder o interesse. Isso sim é um problema que não estou interessado em enfrentar.
***
Tenham paciência comigo!😭💙
Lembrem que o comeback do BTS com o álbum BE é 2h da manhã na madrugada de quinta para sexta. Preparem seus lenços pq tenho certeza que os meninos vão nos fazer chorar de alegria💙
Lembrem de votar!💙
Beijinhos!💙
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