16. Friendly neighborhood poltergeist
— Às vezes eu vejo você, eu odeio isso.
Jonnie continua olhando para o jogo, ao seu lado, Hoseok faz seu melhor para vencer a partida. Encaro o rosto de Namjoon e tento desassociá-lo com o rosto que vi ontem à noite, aquele que quase estragou tudo.
— Acha que estou ficando louco? — pergunto, deitando na cama. Hoseok ri do meu comentário, mas não responde. Já meu irmão, nega. — Vai passar, não vai? Ótimo, melhor assim. — uma batida no colchão e a poeira de dias sobe se espalhando pelo ar. — Preciso fazer uma limpeza urgente aqui. — Hoseok ganha a partida e bate palmas, feliz. — Eu disse que você ia conseguir! — sorrio. — Qual é, Joonie! Você ganhava todas as partidas, não é favoritismo da minha parte.
O celular vibra no meu bolso, ao olhá-lo, percebo que é uma mensagem do Taehyung perguntando se está tudo certo para hoje à tarde. Não consigo evitar sorrir, porque apesar de tudo ter dado errado ontem, ainda assim, tenho um encontro marcado com Kim Taehyung.
— Hoje é sábado, pessoal, vou me divertir bastante, o que acham? — Namjoon diz que quer ir junto, Hoseok pede que eu lhe traga alguma coisa quando voltar. — Não posso te levar, Jonnie! Taehyung não pode te conhecer agora, ele não está pronto. Como você mesmo disse, estou tentando entrar no mundo dele, até comprei uma câmera polaroid hoje de manhã! Vou tirar fotos dele e trago para vocês verem! — estalo meus dedos. — Tem que dar tudo certo hoje, assim posso convidá-lo para mais coisas em breve. — levanto da cama. — Me desejem sorte! — os dois erguem os polegares pra mim, sorrio e deixo o quarto.
Antes de entrar no quarto da Jisoo, resolvo checar como está os dois quartos vagos que se encontram no mesmo corredor. A porta emperra um pouco e eu tenho que forçá-la para que se abra.
— Preciso lembrar de colocar um pouco de óleo aqui. — o quarto está totalmente vazio, com excessão pelas duas caixas de papelão que se encontram com antigas latas de tinta cor de rosa. — Talvez a Jennie possa ficar aqui. — sorrio enquanto passo a mão pelas paredes, meus dedos voltam sujos com a poeira do cômodo. Sinto meu nariz pinicar indicando que terei um ataque de espirros se eu permanecer aqui por mais tempo. Dou uma última olhada e visualizo como o cômodo poderá ser feito. Terei que marcar alguma coisa com a Jennie, aí poderei saber do que gosta, assim montarei esse cômodo com os gostos dela.
Saio do cômodo e limpo minhas mãos na calça. Abro a porta do outro quarto vago e o observo atentamente. Há uma janela fechada, mas que se um dia for aberta, fará uma bela iluminação no canto do cômodo. Quase posso imaginar um banco junto a uma tela, um mural de fotos, pincéis e tintas espalhados pelo chão. As paredes poderão ser coloridas, como uma verdadeira paleta! Tenho certeza que Taehyung vai adorar quando eu projetar minhas ideias nesse quarto.
Saio do cômodo sentindo a areia se fixar na minha roupa, espirro uma vez antes de abrir a porta do quarto de Jisoo. Ela parece feliz em me ver, o que já é um bom jeito de começar as coisas.
— Bom dia. — caminho até a mulher e deposito um beijo em sua testa. — Jimin disse que vocês conversaram bastante ontem, isso quer dizer que estão se dando bem agora? — Jisoo sorri enquanto olha para o livro. — Isso é bom, eu disse que você ia gostar do Minie, ele pode ser irritante às vezes, mas é uma boa pessoa, de verdade.
Com meu dedo, sigo a curva do sorriso de Jisoo, o pescoço dela parece vazio, faço uma anotação mental de comprar um colar de presente.
— Em breve você terá uma amiga mulher aqui na casa... — começo, sem jeito. Minha ideia de trazer a Jennie ainda é vaga e não estava nos meus planos iniciais. Preciso conhecê-la fora daquele hospital, e enquanto faço isso, ainda tenho que trazer Taehyung e lidar com Jungkook, que vive no pé dele. — Honestamente? Ela não é muito legal. — Jisoo faz careta. Tiro meus sapatos e deito ao lado dela. — Eu sei, eu sei, você já tem que aturar o Jimin, mas olha só, ela é tão bonita quanto você, e é muito estilosa também! — a mão de Jisoo cai ao lado do seu corpo, fazendo com que o livro escorregue pelas suas pernas. Suspiro e sento na cama, com muito cuidado, ergo o braço e o posiciono cuidadosamente sobre as pernas dela, colocando o livro entre suas mãos outra vez.
— Vocês duas poderão conversar aquelas coisas que só mulheres entendem, não é legal? — Jisoo não responde, seus olhos estão fixos no livro. — Qual é, Soya! — faço um biquinho tentando convencê-la. — Vai tentar por mim? Obrigado, prometo que vai ser legal.
Arrumo as almofadas para que ela consiga ficar equilibrada enquanto lê o livro. Permaneço olhando para a mulher ao meu lado, talvez eu devesse pentear seus cabelos, mas é um trabalho lento já que seu coro cabeludo é sensível, um pequeno erro e posso acabar com todo o cabelo dela. É melhor deixar para quando eu estiver com mais tempo. Desde que Taehyung apareceu, minha vida tem estado mais movimentada que de costume.
— O que estou pensando? — balanço a cabeça e dou de ombros. — Nada importante, só que preciso de mais tempo. — dou leves tapinhas nos joelhos dela. — Estou indo, passo aqui amanhã. — Jisoo sorri e volta sua atenção para o livro.
Saio do quarto e desço as escadas no fim do corredor, a televisão emite um som baixo e ilumina parcialmente o corredor com uma cor azulada. Entro na cozinha e Jin pergunta se quero comer alguma coisa.
— Não, comi antes de sair de casa. — minto, por gentileza. A verdade é que não estou tendo fome esses dias, é como se meu paladar nem funcionasse mais, só como porque preciso, não porque quero. — Deixe-me ajudar com isso. — pego a panela com as verduras murchas e jogo o conteúdo no lixo. Abro a geladeira e retiro as verduras que eu trouxe hoje de manhã. Coloco dois tomates em uma tábua e a levo para a pia. — Eu não disse antes, mas... vou sair com o Taehyung hoje. — sinto os olhos de Jin se estreitarem na minha direção. — Não, não estou escondendo nada de você. — corto a primeira rodela de tomate. — Eu não sabia que ele me chamaria pra sair, não parece algo que alguém tímido como ele faria. — mais algumas rodelas são cortadas. — O destino está do meu lado, viu? Sei que você não tem uma opinião formada sobre ele, já que tudo que sabe é o pouco que conto, mas tenho certeza que se tiver paciência, vai gostar quando Taehyung chegar. — Jin resmunga algo sobre não ter certeza, e ver para crer.
— Não seja assim. — retruco, começando a me estressar. — Você também não tinha uma família perfeita, lembra? Você não gostava da sua madrasta, ainda lembro das horas no intervalo que você passava reclamando dela! Te fiz um favor, você deveria ser grato. — a faca escorrega da minha mão e abre um corte no meu dedo, um filete de sangue começa a se misturar com a polpa do tomate. — Porra, viu o que você fez? — jogo a faca na pia. Abro a torneira e coloco meu dedo embaixo dela, fico em silêncio enquanto a água cai e o sangue para de escorrer.
— Você deveria me apoiar, só isso. — fecho a torneira e enxugo minha mão no pano de prato. — Vou ter minha família perfeita assim que eu o trouxer pra cá, porque é o que eu quero. — jogo os tomates na panela e a coloco com força no fogão. — Não me faça mudar de ideia sobre você, eu odiaria saber que todo aquele esforço de te trazer pra cá foi em vão. — pego minha jaqueta que estava pendurada na cadeira e a visto.
— Isso, fique em silêncio, pelo menos você é bom nisso. — pego as chaves carro em cima da mesa e deixo o cômodo. — Não, Jimin, não enche! — digo ao passar pela sala da TV quando o moreno tenta chamar minha atenção.
Bato a porta e a tranco. Já no carro, jogo as chaves no porta-luvas e ligo o veículo. Conto por alguns segundos antes de deixar o lugar.
***
14h:00
Fecho a cortina enquanto coloco o relógio no meu pulso.
14h:05
Troco pela quarta vez a camisa, porque estou suando demais.
14h:10
Apoio minha testa na madeira fria da porta do quarto, batuco três vezes enquanto o relógio emite um barulhinho conforme os ponteiros se mexem.
14h:15
Jogo o relógio debaixo da cama, porque o som está me dando agonia.
14h:20
Encaro meu rosto no espelho, sem dúvidas estou mais magro do que na semana passada, noto isso devido às maçãs do meu rosto estarem mais proeminentes. Arrumo a camisa de cetim azul-marinho que adorna meu corpo, a cor destaca ainda mais a tatuagem do polvo quando deixo os quatro botões abertos. Cogito retirar o cinto que coloquei, mas acabo desistindo da ideia porque a fivela prateada é bonita. A calça jeans em um tom de azul-claro quebra o ar pesado que a blusa carrega. Vasculho a gaveta até achar meus anéis, colocando-os nos meus dedos logo em seguida.
14h:25
Passo um gloss de cereja na boca para dar alguma cor no meu rosto. Meu corpo todo formiga e temo começar a suar outra vez, checo minha aparência no espelho novamente, três, quatro, cinco vezes. Quando me dou por satisfeito, deixo o quarto.
14h:30
Retiro o carro da garagem e estaciono no outro lado da rua, buzino para que Taehyung saiba que estou aqui. Meus dedos começam a suar no volante, rapidamente, ligo o ar-condicionado.
A porta da casa se abre e finalmente o vejo. Automaticamente minha respiração acelera, porque mesmo que eu já o tenha visto mais de uma vez, Taehyung consegue me surpreender sempre que aparece.
O moreno usa uma camisa branca com as mangas enroladas, gosto do jeito que o colar dourado deixa a pele do pescoço dele atraente. A calça negra e os tênis brancos evidenciam suas longas pernas. Ele carrega uma bolsa de couro atravessada em seu peito. Abro a porta e sorrio, ele arruma a bandana negra antes de entrar no carro.
— Achei que íamos caminhar. — diz, um pouco surpreso. Desligo o ar-condicionado e abro as janelas, não quero que ele fique desconfortável.
— Vamos andar, mas não até lá. — sorrio e indico que coloque o cinto de segurança.
— Hm... aonde estamos indo mesmo? — ele ri colocando o cinto.
— Você disse que queria tirar fotos, certo? — ele concorda com a cabeça. — Conheço o parque perfeito, precisa ver a vista!
— Parece bom pra mim. — ele passa a mão no cabelo, enrolando os cachos com os dedos. — Espero que lá tenha algum lugar pra comer, estou morrendo de fome.
— Podemos parar em algum lugar se você quiser. — olho rapidamente para Taehyung antes de focar na estrada.
— Não, vamos acabar perdendo o sol desse jeito. — ele retira a bolsa e a apoia nos joelhos.
— Ouvi que as fotos saem melhores ao pôr-do-sol. — batuco no volante. — Mas se aceitar vai ter que ficar comigo até mais tarde. — pisco pra ele, jogando charme.
— Sorte sua que eu vou aceitar. — ele pisca de volta, me surpreendendo. Rio, porque Taehyung consegue ser interessante sem nem perceber.
— Trouxe minha câmera, espero que possa me ensinar a tirar boas fotos. — Taehyung olha para minha bolsa no banco de passageiro.
— Acho que podemos tentar fazer alguma coisa. — seus longos dedos deslizam pela coxa, de forma distraída. Me obrigo a olhar para a estrada, a última coisa que preciso é causar um acidente.
— Você está bonito. — falo, procurando ser cuidadoso. — Gosto do seu estilo. — antes que as bochechas dele fiquem vermelhas, procuro algo mais ameno para dizer. — Pena que essa bandana ficaria melhor em mim, acho que combina com a minha beleza. — funciona, ele coloca a mão no peito e faz uma cara de deboche.
— Que convencido! Vou ter que discordar, senhor. Nada meu fica melhor nos outros. — reviro os olhos de brincadeira e faço careta.
— Passa pra cá. — estico uma mão enquanto a outra permanece firme no volante. — Vou te mostrar como engolir suas palavras é difícil. — Taehyung gargalha, mas aceita o desafio e logo tira a bandana dos próprios cabelos.
Encosto o carro e, olhando para o espelho, coloco a bandana no meu próprio cabelo.
— Uau, irresistível! — digo piscando para o meu reflexo. Quando viro para Taehyung, ele finge desmaiar. Um sorriso preenche meu rosto.
— Retiro o que eu disse. — ele ergue as mãos, em rendição.
— Quase tudo pode ser aperfeiçoado. — comento. Quando faço menção de retirar a bandana, Taehyung segura meu braço.
— Você me deu o Suga, te dou a... Lily. — ergo uma sobrancelha, escondendo minha risada com a mão. — Acabei de dar o nome para a bandana, não ria! — faço meu melhor para ficar sério. — Melhor irmos agora, você está prestes a passar as melhores horas da sua vida.
Ah, você nem imagina...
— Quem está sendo convencido agora? — retruco, voltando a dirigir.
A risada de Taehyung ecoa pelo resto do caminho.
***
Oi oi, primeiro queria pedir desculpas pelo atraso, eu realmente não estava conseguindo escrever nada. Sabe quando você está cheia de coisas pra fazer, mas acaba não fazendo nada? Pois é, sou eu.
Hoje saiu a música Blueberry eyes do MAX Ft. Suga, então vão dar stream porque os dois são reis!🍷
Espero que o capítulo tenha ficado legal, e espero conseguir atualizar na terça.
Lembrem de votar e até a próxima!💙
Beijinhos!💙
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