XXIV
Gidá, Arábia Saudita | Jeddah Corniche Circuit
18 de março de 2023
Charles estava estranho. Essa foi a primeira coisa que Olivia reparou quando chegou na qualificação. Ele estava todo arredio e fugindo a todo instante para a Alpine, trocando cochichos com Pierre e, de uma forma bem discreta, lançando olhadelas confusas para Carlos e Rebecca. Parecia haver um misto de emoções passando por seu rosto, mudando de forma bem rápida de uma pessoa a outra. Era estranho ver o modo como ele parecia alegre ao encarar Carlos, mas tristonho com Rebecca.
A ruiva entendia que poderia parecer fora do comum a presença da modelo. O problema estava sendo que Charles parecia carregar uma mágoa fora do comum para cima da mulher, mesmo ela não tendo o visto próximo do casal por muito tempo. Olivia poderia contar a quantidade de vezes em que os viu conversando, e Charles sempre parecia estar com uma coceirinha persistente na lateral do corpo.
Carlos ainda o abraçava, ou o entregava a garrafinha de água, o que Olivia achava de certa forma fofo. Sainz parecia ter reparado que o Leclerc vinha o evitando, mas ainda fazia pequenas interações rolarem. Não era como no primeiro GP, que eles pareciam inseparáveis.
Era por causa disso, que a Maurer estava do lado de fora da garagem da Alpine, mexendo a mão e tentando chamar a atenção de Pierre. Os mecanicos e tecnicos pareciam confusos com sua aparição, entretanto, não a encaravam como os italianos da Scuderia Ferrari ao conhecê-la. Ao que dava a entender, franceses eram menos desconfiados. O Gasly parecia surpreso com sua presença, ainda mais por conta de Charles não estar próximo. Ele até mesmo procurou o Leclerc, como se esperasse o encontrar atrás de um monte de pneu.
— Ollie! — o francês sorriu para ela — E aí? A Kika já mandou mensagem para você?
Francisca havia conseguido o número da alemã com Charles, porém só mandou mensagem para Olivia na noite anterior. A Maurer estava sozinha no quarto que a Ferrari a alocou, quando o celular começou a tremer com a ligação da portuguesa. Ela tinha acabado de voltar do jantar com os outros. E o mais estranho daquilo tinha sido realmente o fato de estar sozinha. Não que ela fosse achar que Carlos iria viver no seu quarto como na primeira corrida. Ainda mais agora que estava namorando com a Rebecca. Todavia, Charles era quase uma certeza. Mas o Leclerc não apareceu. Nem no seu quarto, nem no saguão para jantar como os outros. E aquilo estava cheirando mal. Parecia que alguma coisa havia acontecido e ela precisava descobrir, pois sua consciência não estava a deixando pensar em mais nada além disso.
Charles não brincava que era sua criança? Não a chamava de mãe e se dizia seu filho? Então, ele veria como ela era uma "mamãe coruja". Céus! Olivia nem entendia o motivo de estar tão preocupada com um homem adulto.
— Nós ficamos conversando ontem.
— Pera aí! Ela estava em ligação com você ontem de noite? — a ruiva concordou — Aí meu Deus!
— O que você fez? — ela questionou ao vê-lo assumir uma feição culpada.
— Nada...
— Pierre, eu conheço uma careta culpada quando vejo uma.
— Eu posso... Você sabe... Ter dado uma pequena surtadinha que ela estava de papo com outras pessoas... Bom... Coisa de relacionamento...
A ruiva piscou, vendo ele mexer as mãos.
— Em minha defesa, ela sempre me atende em fim de semana de corrida, porque ela sabe que eu fico nervoso sem ela aqui comigo...
— E esse surto justifica você acusar ela de qualquer coisa?
Pierre desviou os olhos.
— Foi o que pensei.
— Eu vou ligar para ela.
— Acho bom.
Olivia cruzou os braços, sentindo a faixa do crachá incomodar seu pescoço. Pierre negou com a cabeça, murmurando alguma coisa baixo.
— O que você disse?
— Charles me disse que você parece uma mãe recriminando as crianças.
— Ele fala isso porque é minha cria.
Pierre sentiu vontade de incomoda-la sobre o fato de falar como se Charles fosse uma criança e, não, um homem tão velho quanto ela. Entretanto, depois da pequena puxada de orelha, achava melhor se manter isento dessa piada. Naquele momento.
— Você é o que minha? Minha tia?
— Nessa família disfuncional que o Charles tá montando, você precisa entender a árvore genealogia com ele.
— Certo. — ele riu um pouco — Até agora ele só tem a família sagrada, que é você e Carlos como pais.
— Pierre... — ela não precisou continuar para o francês perceber que ficaria encrencado.
— Mas você tá aqui...? — ele desviou o assunto — Quer falar com o Ocon?
— O Ocon está aí? — Pierre viu como o rosto de Olivia pareceu se iluminar ao falar do outro francês. E ele não gostou daquilo, Charles tinha dito que Esteban precisava ser vigiado.
— Não, ele tinha ido pra Aston Martin conversar com o Stroll.
— Oh. — ela sorriu meio amarelo — Claro! Duvidar até Mick está com eles.
— É! Os nepobabys adotaram o Ocon.
— Senti uma pitada de ciúmes...
— De quem? Ocon? Pelo amor de Deus, mulher! Prefiro o meu Charles e Yuki... Enfim, se não é o Ocon, você queria falar comigo.
— Olha ele! É um super mago!
Pierre sorriu tal qual uma criança arteira. Olivia respirou fundo, porque entendia o motivo de Charles o ter como melhor amigo. Os dois eram parecidos. E a coisa toda voltava para Charles Leclerc.
— Você não notou o Charles estranho hoje?
Pierre coçou a cabeça, desviando os olhos, como se soubesse de algo, mas não quisesse comentar. Ou não pudesse.
— Tá rolando uns negócios aí...
— Que negócios?
— Umas coisas e tal.
— Você está sendo vago.
— Eh...
Olivia suspirou ao reparar.
— Você não vai falar né?
— Ele pediu segredo.
Pierre se defendeu, erguendo as mãos à frente do corpo.
— Desde quando vocês conseguem manter a boca fechada? — o tom da ruiva saiu um pouco mais alto — Por favor, todo mundo só sabe comentar o quanto vocês são fofoqueiros e aí quando chega a minha vez, vocês querem ter "segredo"? Isso é sério?
— Ele é meu melhor amigo.
— Você disse que eu era a melhor amiga de vocês dois!
Pierre encolheu os ombros, a fazendo bufar irritada, não se dando ao trabalho de se desculpar e apenas girando nos calcanhares e voltando brava para a garagem da Ferrari. Onde já se viu isso. Os dois ficarem cheios de segredinhos, quando ela precisava descobrir o que estava acontecendo. Fora que eles pensavam o que dela? Que era uma fofoqueira? Ela sabia manter as informações para si. Viveu cinco anos escondendo segredos que não eram seus e quando saiu, mesmo tendo tido oportunidade de lucrar muito, ainda se manteve com a boca fechada.
A ruiva voltou a entrar irritada na garagem, quase fazendo o mesmo do dia anterior e batendo a porta. Pelas graças de Deus, tinha sido mais discreta, mas a feição no seu rosto mostrava o quanto estava azeda.
— Alguém parece que dormiu com os pés para fora. — Jean provocou ao passar ao lado dela. E antes que pudesse pensar muito, a ruiva pulou nas costas dele, enganjando os braços na volta de seu pescoço e quase fazendo o técnico se enforcar, se não tivesse acontecido o mesmo na visita em Maranello a alguns dias.
— Ah você vai aprender! — Jean a avisou, firmando as mãos nas coxas de Olivia, com medo de derruba-la, antes de correr na volta dos carros.
Os presentes na garagem abriam espaço, alguns até mesmo erguiam a mão e a faziam bater, dizendo que fazia parte do percurso. E a ruiva começou a rir, deixando o mau humor para trás tempo o suficiente para receber com um sorriso gigante o piloto número 55. Carlos, que estava voltando da garagem da McLaren, parou de caminhar, vendo o técnico correr com a apresentadora do "Discombobulate" até Antônio. O mecânico recebeu a ruiva como se fosse uma coisa comum.
— Se alguém se machucar e tentar se encostar como acidente de trabalho, irei fazer você pagar, Olivia.
Frédéric a provocou, erguendo o celular apenas para dar entender que estava tudo gravado. A ruiva riu, soltando o pescoço de Jean e praticando uma posição de sentido, até mesmo mexendo a mãozinha. O Vasseur negou com a cabeça.
— Eu completei o percurso e ainda fui vencedora. — Olivia murmurou, deitando a cabeça contra o ombro de Antonio — Qual meu prêmio?
Carlos deu alguns passos na direção deles. E Antônio suspendeu as sobrancelhas na sua direção, quase como se o desafiando a falar alguma coisa. O Romano tinha percebido bem as intenções do número 55 para cima da sua garota e Carlos era uma boa pessoa. O problema era que Carlos era uma boa pessoa comprometida, com uma mulher que vinha dando pequenos indícios de má vontade com Charles.
— Eu pago o jantar hoje.
Jean sugeriu a Olivia, fazendo um sorriso se expandir na face da ruiva, antes de erguer a mão e aceitar a proposta.
— Vocês viram o Charles? — Carlos não fazia ideia do motivo de estar perguntando aquilo, normalmente ele apenas se aproximaria e se deixaria incluir na conversa. Porém, daquela vez, ele queria que a atenção focasse nele.
— Boa noite, Sainz. — Antônio sorriu de forma debochada ao perceber o modo como o piloto encarava a mão ainda junta de Olivia e Jean.
— ¡Buenas noches! — Olivia sorriu ao terminar de cumprimenta-lo em espanhol, o claro orgulho de quem conseguia algo que vinha treinando a tempos — Não tô com muito sotaque né?
— Está pegando o jeito. — o espanhol sorriu para ela, não vendo quando Jean levou uma cutucada discreta de Antônio.
— Eu baixei um aplicativo de idiomas, mas eu não entendo nada do que aquela moça fala. — Olivia suspirou — Mas ontem o Caco me ajudou em umas lições e...
— Caco? Caco, meu primo?
— Acho que é o único Caco que conheço.
— Por que não perguntou para mim?
— Porque você não jantou comigo...
— Você jantou com o Caco?
— Aham. — a ruiva deu de ombros — Todos jantamos juntos ontem. Caco, Frédéric, Antônio, Jean, Thomas... Nos encontramos no saguão e acabamos indo jantar no restaurante do hotel mesmo.
— Por que não me chamaram?
— Porque estava com sua namorada, lembra?
— Rebecca não é minha namorada.
— Mein Gott, Carlos! — ela arregalou os olhos, mexendo os ombros — Okay! Não te chamamos ontem, hoje chamamos e pronto.
— Vocês tão brigando? — a pergunta venho da entrada da garagem e os dois se voltaram de maneira rápida para ver Charles se aproximando.
— Onde você estava? — Olivia foi mais rápida que o espanhol, colocando as mãos na cintura e estreitando os olhos na direção de Charles — Eu estou te procurando desde cedo! Para que tem celular? Porque para responder uma mensagem ou atender uma ligação não é.
— Eu... Eu... — Charles encarou a ruiva parecendo confuso — Mas... Você queria falar comigo?
— É o que se deseja quando procura a outra pessoa, Charles.
O monegasco piscou.
— Eu não te via desde ontem, Charles. Estava procurando você também. — Carlos completou, a voz mais calma do que a irritada de Olivia.
E a coisa mais estranha que Olivia poderia esperar aconteceu, quando viu o Leclerc se voltar para a mulher que estava se aproximando da garagem com um copo de água na mão. O modo como a feição de Charles se mostrava tão perplexa ao encarar Rebecca, como se buscasse entender algum quebra-cabeça estranho.
— Charles, quero falar com você na sua sala. — a ruiva avisou, não se deu ao trabalho de convidar, apenas o avisou — Agora!
Charles primeiro encarou Rebecca, depois seguiu para Carlos e finalmente chegou a Olivia. E alguma coisa estava incomodando a Maurer com o modo como o monegasco sempre parecia olhar para a Donaldson para confirmar as coisas que eles falavam.
Eu não faço ideia do motivo, mas eu tenho a impressão que depois de tudo o que o Pierre aprontou, ele seria muito inseguro quanto a Kika
Primeiro que não tenho nada contra as ex-namoradas deles, gosto muito de algumas, mas sinto que ele e a Kika são muito namoradinho fofos e almas gêmeas, não sei o porque, eles apenas me passam essa visão.
Então, wu imagino ele aqueles namorados surtados quando estão com medo e a Kika tá tipo: "Okay, dorme que passa"
Seguimos pro fato de Charles já ter ido falar com o Pierre sobre algo que está o afastando de Carlos e Olivia
E então a interação familiar de Antônio, Jean e Thomas com Olivia
Frédéric gravando igual um pai orgulhoso
Carlos dizendo que Rebecca nao é namorada dele
Ui, ui, ui
Então uma pequena discussão com o nosso casal, porque Carlos não se dá de conta das coisas
E essa situação confusa de Charles sempre "buscando uma pequena aceitação de Rebecca"
Sei não em
Sinto que Olivia não vai gostar do motivo no próximo capítulo
O que vocês acham?
Espero que tenham gostado
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