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Maranello | Festa da Louise
7 de março de 2023
— Congratulazioni — a alemã começou junto aos demais — In questa data speciale... Auguri... Molti anni di vita... È un taglio, è un taglio... È un taglio, è un taglio, è un taglio... E' ora, è ora... E' ora, è ora, è ora... Ra-tim-boom... Congratulazioni!!!!!!
Louise soltou um gritinho animado, se agarrando ao pescoço de Antônio e puxando Juliet — sua mãe — para a abraçar também. Thomas, como um bom padrasto, estava ao lado da esposa, sorrindo para os três. E Jean bateu palmas próximo a Olivia, sorrindo para ela.
No dia anterior, quando chegaram a Maranello, cada um seguiu para sua casa e Olivia foi para o antigo hotel que estava hospedada, conseguindo um bom quarto. Antônio a convidou para jantar com ele e Louise mais tarde e tudo tinha ocorrido da melhor forma possível.
Louise, a pequena garota, dona da festinha de seis anos, gostou muito da ruiva, esquecendo a timidez da ligação antes mesmo do fim da entrada e se deliciando com um grande prato de macarrão com molho branco.
Olivia nunca tinha realmente considerado a ideia de ter uma criança na sua vida. Ela considerava de forma muito prática que não havia como enfiar mais uma alma naquele pequeno enrosco que era a família Schumacher. Mas, conforme a festinha acontecia, ela se perguntava se sua mente já não estava a alertando que a sua relação com Mick estava se esgotando e findando.
Mick adorava crianças e sempre estava de uma forma ou outra querendo ter uma para si. Porém, ela sempre teve um pézinho atrás com todo esse desejo do loiro. Porque a verdade era que Mick não queria um bebê, um filho, por conta da pessoinha em si. O alemão achava que tendo sua própria criança, assim seria mais fácil de sair de casa e não ter a vida totalmente dominada por sua família. Em contrapartida, Olivia só conseguia pensar que nem mesmo ela aguentava Gina e Corinna em determinados dias, como obrigaria outro a precisar fazer isso? Uma pessoinha que nem ao menos saberia se defender.
Fora que não fazia sentido querer uma criança para conseguir se "livrar" de uma situação ruim. Um bebê era muita responsabilidade e era claro que os dois não a tinham. Gina nem ao menos os deixava cuidar da própria rede social, dirá do filho. Era mais provável que o bebê acabasse igual Mick, preso dentro de um enorme casulo que não poderia fazer nada.
Havia acontecido umas escapadas? Havia. Momentos em que Olivia quase foi a loucura quando a menstruação atrasou e ousou ficar parada na frente do espelho, analisando sua barriga, tal como a Bela de Crepúsculo. Era meio ridículo, mas ela estava apavorada demais para pensar com clareza.
Maurer via o modo como Mick tinha uma ânsia por aquilo quando desabafava com o namorado. O modo como seus olhos brilhavam e gritavam "liberdade". A verdade era que até Mick não aguentava mais toda a pressão e superproteção de sua família. Ele não sabia como deveria agir na grande maioria do tempo, porque ele não era acostumado a conseguir pensar por si mesmo. Ele sempre foi mandado. E estava dando certo isso. Ele conseguia um indício de liberdade, antes de Gina vir cortar suas asas, não o deixando se afastar muito.
Era meio deprimente pensar que viveu cinco anos com Mick, o vendo ansiar por uma coisa que nunca teve. Era frustrante cada vez que viu Gina e ele conversarem. Percebia-se a mudança no ar, o modo como seus ombros sempre caiam e sua feição se tornava quase robótica.
Olivia pensava que era por isso que sempre acabava aceitando as desculpas de Mick. Ou todas as coisas que aconteceram durante os cinco anos que passaram juntos. Seu ex-namorado tinha um desejo tão grande por liberdade que a fazia relevar algumas de suas atitudes. Ou o modo como todas suas ações pareciam imaturas, pois ele nunca conseguiu ser verdadeiramente um adulto. Sua família o tratando como um pequeno cristal que pode cair e quebrar.
— Você está bem?
Mein Gott! Como Olivia odiava aquela pergunta, mas ela parecia ligada a ela. De cada dez frases, oito eram essa bendita questão. Então, quando respirou fundo e sorriu da forma mais fácil que conseguia ao retornar sua atenção a Thomas. O engenheiro parecia nunca ligar para sua pessoa, mas, enquanto o via parado ao seu lado com um pratinho amarelo de bolo em mãos, ela sentiu o coração apertar em apreciação.
— Estou.
— Você está com aquela mesma cara de quando chegou. — ela franziu a testa — Você costumava encarar a entrada da garagem, eu demorei para perceber que cuidava para ver se o Schumacher iria vir.
A ruiva pareceu confusa.
Ela não recordava de ficar encarando a entrada da garagem.
— Por isso que nenhum de vocês confia em mim?
— Confiança demanda tempo. Mas, admito, que minha visão sobre você mudou nesses dias... — ele foi bem sincero, antes de olhar na volta — Fora que você ajudou muito hoje, o que foi legal da sua parte.
Olivia passou os olhos pela sala. Antônio tinha a mandado mensagem pela manhã, perguntando se estaria ocupada, porque o aniversário de Louise começaria as 17h e a decoração tinha ficado na responsabilidade dele, Thomas e Jean. Juliet, a mãe da pequena, tinha sido chamada no serviço, porque deu algum problema e eles não sabiam como montar uma festinha infantil com o tema de "Enrolados".
Por conta disso, Olivia se dispôs a ir até a casa de Thomas e Juliet, montar a decoração junto com os três, enquanto a mulher ia pro trabalho. A ruiva admirou a organização da Juliet, quando chegou na casa e viu as devidas caixas separadas e um fichário com tudo o que deveriam fazer. Sendo sincera, ela não entendeu como os três tinham conseguido se sentir perdidos, quando Juliet deixou todas as orientações necessárias.
— Além do mais, Antônio parece que adotou você. — o engenheiro rolou os olhos — Então, bem-vinda a família.
Olivia acabou sorrindo ao pensar uma coisa.
— Sabe que vocês estão me fazendo lembrar de "Velozes e Furiosos" com todo esse negócio de "família"?
— Ao menos você tem bom gosto para filme.
Os dois riram. Antônio que vinha se aproximando com dois pratinhos de bolo, sorriu para a cena, oferecendo uma das porções a Olivia.
— Bolo?
— Claro.
Thomas acenou com a cabeça, antes de se mover para onde a esposa estava abaixada com Louise. Olivia o acompanhou com os olhos, vendo como Antônio encarava os três próximos a pequena piscina de bolinha que Louise brincava com algumas de suas coleguinhas.
— Como isso aconteceu?
— Como?
— Juliet, Louise, você e Thomas...
— Thomas e eu nos conhecemos a vida toda, ele era meu vizinho. — Antônio a informou — E Juliet entrou em nossa vida ainda na época da escola... Ele sempre foi apaixonado nela, e eu também... Mas eu sempre tive mais coragem que ele, então acabei chegando em Juliet antes dele e conquistando, mas existem amores que são diferentes, sabe? Eu ainda a amo muito, ela é a mãe da pessoa mais importante da minha vida, mas quando Louise nasceu, eu percebi que eu a amava mais por ser a mãe de Louise, do que por ser a minha esposa... Enquanto meu melhor amigo amava a minha esposa como ela merecia...
A ruiva encarou os dois, vendo quando Thomas falou alguma coisa e fez a morena rir, inclinando o corpo para mais perto do engenheiro. Olivia tinha quase certeza que o homem tinha fechado os olhos e sentido o cheiro dela. Ela sentiu como se tivesse atrapalhando algo. Desviando os olhos e começando a comer seu bolo.
— Eu lembro que antes de pedir o divórcio, eu coloquei Thomas contra a parede e ele foi sincero ao dizer que amava ela, mas que respeitava o nosso casamento e que se contentava em apenas fazer parte de nossa vida. Parecia a coisa mais confusa do mundo para mim, porque ele é o padrinho da minha filha com Juliet, a mulher que ele sempre amou, e mesmo assim ele sempre a tratou bem, me tratou bem e tratou a Juliet muito bem... Que tipo de amor te faz aceitar que a pessoa que ama está com outro? Então, quando voltamos da corrida, eu chamei Juliet para conversar e expliquei o meu lado e disse a frase clichê de 'não é você, sou eu' e pedi o divórcio. Juliet sabia que aquele papel não mudaria o fato de que amo minha filha e estaria presente em cada passo dela, e não mudaria todo o carinho que sentia por ela.
— E eles? — ela sinalizou os dois.
— Acho que foi meio natural, é confuso de explicar, porque eu acompanhei cada pequeno passo e ainda parece que perdi alguma coisa. Thomas a chamou para sair, eu fiquei com Louise, e a cada intervalo de corrida, eles começaram a se envolver, era como se fosse automático. Mas eu sei que demorou um ano para o primeiro beijo acontecer realmente. Mas, depois disso, só foi.
— E você não sentiu ciúmes?
— Não. Eu sabia que Juliet merecia alguém bom o suficiente para a dar tudo o que merecia e não existia pessoa melhor do que Thomas para isso. Eles são um bom casal. Thomas trata a nossa menina como uma filha, o que é bem mais do que poderia pedir. E Juliet é o mundo dele. E é como ver meus melhores amigos juntos.
— Isso é muito maduro da sua parte.
— Eu não sou só um rostinho bonito, Olivia.
Ela acabou rindo, porque Antônio tinha acabado de acabar com todo o clima fofinho com sua fala. O mecânico passou o braço por seu ombro, a puxando para perto e bagunçando seus cabelos. A ruiva estava tão bem, se sentindo tão acolhida, que nem ao menos se importou com o fato de ter muitas pessoas ali e que poderiam muito bem falar sobre. Gina e Mick pareciam um fantasma do passado.
— Ollie! Ollie! Ollie! — uma Louise toda elétrica vinha aos gritos para perto deles, os braços espichados na direção da ruiva — Ollie!
— Lou-Lou! — Olivia se soltou de Antônio, pegando a pequena no colo e aproveitando para dar um pequeno girinho com ela, a fazendo rir — E aí? Tá gostando da sua festa?
— É a melhoooor de todas! — a ruiva riu do modo como ela arrastou as palavras.
— Melhor do que a festa da Masha? — Juliet chegou perto dos três de mãos dadas com o atual marido, sorrindo para a filha.
— Na da Masha, a tia Ollie não venho, mamãe.
Olivia inclinou o corpo, apertando a garotinha e deixando um beijo sobre sua bochecha. Louise gargalhou, sentindo as cócegas do pai. E Juliet parecia meio admirada pela maneira como a outra mulher parecia estar se dando bem com todos, visto que quando Thomas a ligou falando dela, não parecia ter o melhor conceito.
— Ah! — a garotinha gritou, se mexendo no colo da ruiva, quando uma música animada começou a tocar — Minha música preferida!
A alemã encarou sem saber o que fazer, quando Antônio largou o pratinho de bolo que ainda tinha em mãos e começou a dançar com a garotinha. Thomas pareceu ter o mesmo pensamento, pegando o copo de bebida da esposa e a rodando. E estavam os quatro dançando no meio da festa infantil, porque era a música preferida de Louise. E foi de certa forma emocionante para Olivia encarar a interação, porque ela lembrava de quando seus pais ainda eram capazes de fazer isso por ela.
Antes das brigas.
Antes de sua aposentadoria.
Antes de Mick.
— Dança! — Jean praticamente a ordenou ao se aproximar, pegando sua mão e a rodando, igual Thomas tinha feito com Juliet. E ela obedeceu, girando entre seus braços, fazendo a pequeno no chão rir e mexer o corpinho de maneira meio desajeitada para uma criança de 6 anos.
Quando a noite chegou ao fim. Olivia já estava no seu quarto quando a mensagem de Mick chegou. Um enorme pedido de desculpas e uma desculpa idiota de como estava bêbado e sem pensar direito. Porém, o que a deixou surpresa realmente foi a sugestão, melhor, o pedido, para que conversassem sobre Abu Dhabi. E ela suspirou, tirando a pouca maquiagem que havia passado no rosto.
A ruiva pensou em responder na hora que tudo bem. Mas se sentia animada demais para embarcar em uma conversa com Mick. Ela sabia que ele acabaria tentando adiantar tudo por mensagem mesmo e ela tinha passado um dia maravilhoso com Antônio, Thomas, Jean, Juliet e Louise para fazer aquilo. Então, largou o celular, mandando apenas uma mensagem.
"Será que eu poderia ir visitar vocês?"
Não foi uma mensagem para Mick. Foi para seus pais, visto que não os via a bons quatro anos. Era confuso de explicar que tinha decaído de melhor filha do mundo, para uma ingrata depois de se aposentar do hipismo. Todavia, seus pais não admitiriam que era por conta da sua aposentadoria que se afastaram dela e, sim, gostavam de destacar que tudo começou com Mick Schumacher.
E, bom, agora não existia Mick. Então, eles poderiam a receber, não?
Mais um capítulo para vocês
No próximo vamos ter duas pequenas bombinhas, já vou logo avisando
Uma delas, inclusive, envolvendo o nosso menino Carlos e o Char...
Enfim, queria trazer mais um pouco dessa pequena família que é Antônio, Thomas, Juliet e Louise... acho que como eles vão acabar aparecendo muito com o passar dos capítulos, seria interessante explicar
Até porque podemos ver um tipo diferente de amor, ele não se desenvolve apenas para devoção absoluta, mas para carinho também
A minha ideia sempre é passar as diferentes formas de amor
Jean acaba embarcando na rodinha, porque ele assim como os outros dois é de Maranello, então acredito que como os italianos tem toda uma coisa ligada a família, levaria ele a fazer parte também
Então temos Olivia demonstrando certa recusa a culpar totalmente Mick, mesmo admitindo que ele é mimado e tudo mais
Ela ainda se sente meio responsável pelo carinho que ambos tiveram
Toda a parte de Mick tentar se livrar da família da maneira errada também...
Enfim...
Sentiram falta do baby Charles?
Porque eu senti
Espero que tenham gostado
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