Sakhir | Treino Livre 2 | TL2
3 de março de 2023

Mick sabia que havia cometido muitos erros em sua vida. Ter deixado sua família tomar conta da maior parte de suas ações era um deles. Entretanto, o maior que havia sentido até aquele instante era o que fez em Abu Dhabi. Aquilo se repetia em sua cabeça de forma recorrente e sem pausa, o lembrando da briga, do abandono, das mensagens que vieram. Esteban tinha até mesmo o socado quando o viu pela primeira vez depois daquilo, deixando ainda mais claro o quão mimado foi em suas ações.

Ele e Olivia nunca citaram aquele episódio. E ele esperou por aquilo, pois qualquer outra pessoa teria jogado em sua cara aquele seu momento obscuro e negado o pedido para ir ao aniversário de seu pai em janeiro. Mas Olivia não, sua Liv nunca faria aquilo. Ela o respondeu com o horário que seria o avião e compareceu a festa privada de seu pai e aceitou fingir ser sua namorada.

O Schumacher mais novo gostaria de dizer que era uma boa pessoa. Ele queria muito dizer com orgulho que não se aproveitou daquela momento para tocar e beijar Olivia, mas seria mentira. Ele a abraçou, agiu como se ainda estivessem juntos, nos raros momentos em que poderia demonstrar o quanto a amava na frente de todos, com a certeza de que não haveria câmera nenhuma para gravar cada pequena interação e os tornar notícia.

Seu namoro tinha muitas falhas, entre elas estava a parte pública. Não deveria existir parte pública. Fotos eram ousadas demais para serem postadas, porque gerava notícia e sua família parecia alérgica a qualquer nota com o nome Schumacher impresso. Ele entendia que a situação de seu pai era crítica e que todos cairiam em cima deles se soubesse seu verdadeiro estado de saúde, mas, mesmo assim, ainda existia momentos que gostaria de soltar um lindo e forte "foda-se" para todas as regras de sua irmã e apenas implorar para Olivia voltar com ele.

Pode ser que esse momento estivesse acontecendo naquele instante, enquanto se guiava para a garagem da Ferrari, ignorando que deveria estar com a Mercedes, analisando os gráficos do TL2 como qualquer outro piloto reserva estava fazendo. Ele daria a desculpa de que recuperar a ex-namorada exigia pequenos sacrifícios e esse era um deles. De qualquer forma, não era como se ele fosse conseguir o assento de George ou Lewis. Ele não era nenhum idiota, sabia que dificilmente retornaria para a F1 naquele ano.

Todavia, quando seus pés chegaram a frente da garagem, ele percebeu o movimento suspeito que os mecânicos e técnicos tiveram, cruzando os braços e o encarando como se fosse a pior pessoa do mundo. Ele sorriu, o mesmo sorriso que costumava usar para conseguir alguns favores, enquanto espichava o pescoço para ver se conseguia ver Olivia zanzando pelo espaço e alargando o sorriso ao vê-la gesticulando ao lado de Frédéric com o celular na frente de ambos.

- Liv! - a chamou, a mão erguida para chamar sua atenção.

Mick percebeu quando os mecânicos se voltaram para ela, como se estivesse esperando alguma cena de filme. Porém, ao contrário do esperado até mesmo pelo Schumacher aconteceu, Olivia olhou na sua direção, o cenho franzido e a sobrancelha suspensa, abanando a mão e não movendo um músculo sequer para ir até ela. Seguindo sua live. O deixando igual um idiota parado ali.

Mick deu um passo para trás, se sentindo levemente impactado.

- Oh, garoto. - um dos caras vestidos com o uniforme se aproximou dele com uma flanela nas mãos - Eu queria mesmo ter um papo com você.

- Desculpa, eu te conheço? - O loiro estranhou, não conseguia se recordar do homem nem da época que atuava pela Ferrari na Fórmula 2.

- Não precisa me conhecer, garoto. - Mick estalou a língua, não gostando do modo como estava sendo chamado - A Maurer está conosco agora.

- O que minha namorad...

- Ex-namorada. - Antônio o corrigiu antes que pudesse continuar - A Maurer é sua ex-namorada e está na Ferrari conosco. Você não é bem-vindo aqui.

- Meu pai e eu corremos pela Ferrari.

- Sim. - Antônio não pareceu nem um pouco incomodado com aquilo - Ambos correram no passado pela Scuderia e tiveram seu status, seu pai mais do que você, e eu não quero diminuir todo o seu esforço, mas... Olivia é la ragazza Ferrari, a garota Ferrari agora, e nós só aceitamos aqui quem tem culhão para defender a namorada de comentários maldosos, coisa que sabemos que você não tem...

O mais velho sorriu falso na sua direção, antes de dar um pequeno soquinho no ombro de Mick. O alemão tinha os olhos arregalados, a boca aberta em choque. Parecia de outro mundo estar sendo chamado a atenção.

- Bom conversar com você, garoto.

Antônio fez seu caminho de volta para a garagem, encontrando no caminho a Olivia que estava vindo ver o que seu ex-namorado queria. Ela não iria o atender de imediato, estava trabalhando, no meio de uma live, como Mick pensava que poderia jogar seu trabalho para o alto e ir o atender? As coisas tinham mudado, não era mais como antigamente ao largar seu serviço e deixar tudo nas mãos de sua irmã e Clarisse. Ela não tinha mais as duas como suporte.

- Meia volta. - Antônio praticamente cantarolou, pegando os braços da ruiva e a girando com ele - Vou te ensinar a analisar gastos do pneu.

Ela voltou os olhos para a frente da garagem, onde Mick ainda estava parado. Seu coração se acelerou com a ideia de ir até ele, mas não na mesma intensidade que antes. Não do mesmo jeito quase desesperado que tinha desde o término. Era quase ansioso e não amoroso.

- O que ele queria?

- Só dar um "oi". - Antônio sorriu para ela, nem um pouco culpado - Acho que como piloto reserva não tem muita responsabilidade, sabe?

- Isso foi maldoso.

- Não pode o defender, ele não fazia isso com você.

- Okay! Senti o tapa.

Antônio sorriu para a mais nova, os olhos vagando pela face da ruiva. Olivia se sentou na cadeira indicada por ele, ao lado de um dos monitores. O técnico responsável tinha os enormes fones, bloqueando a audição.

- Eu vou te explicar como funciona e amanhã você pode já fazer sua live contando aos tifosis.

- Por que não agora?

- Porque se você parecer perdida apenas vai fazer com que eles tentem te atingir mais. - foi simples, puxando uma das cadeiras para sentar ao lado da ruiva - Primeiro se domina o assunto, depois passa.

- Quem te ensinou a dominar o assunto?

- Anos de experiência. - sorriu para a mulher - Acaba pegando o jeito.

Ela concordou, se arrumando para começar a escutar com atenção, quando o homem franziu o cenho e puxou o celular. Uma musiquinha infantil podia ser ouvida se estivesse atento, coisa que a alemã só percebeu quando ele retirou o aparelho do bolso. Ele mostrou a tela de maneira quase teatral a ela e Olivia viu quando um dos mecânicos abandonou sua função para correr até eles.

- Principessa! - Antônio e mais três mecânicos cumprimentaram juntos quando a imagem de uma garotinha apareceu do outro lado.

- Papà! - ela sorriu, evidenciando uma porteirinha na parte superior.

- Está tudo bem? - o mecânico atrás de Antônio parecia mais preocupado que o pai da criança, perguntando em um italiano rápido - Está sozinha?

- Não, titio. - ela tinha um sotaque tão bonito na visão de Olivia, que encarava a tela com curiosidade, não querendo se intrometer na vida deles - Mamãe foi trabalhar e eu estou esperando a babá sair do banheiro.

- Certo, principessa. - o homem sorriu uma última vez para ela, logo ficando sério ao reparar na atenção que a ruiva estava o dando - Maurer!

- Senhor... - Olivia abaixou a cabeça, de repente se sentindo pequena.

- Não a intimide, Thomas. - Antônio avisou, antes de se virar na cadeira e dar a visão de Olivia para a filha - Principessa, essa é a amiga do papai, Olivia.

A alemã sentiu vontade de perguntar quando eles haviam se tornado amigos, mas pensando bem, que outra forma o homem poderia explicar sua presença a filha?

- Olá, princesa. - Olivia forçou seu italiano, inclinando um pouco o corpo para a frente para enxergá-la melhor.

- Oi... - a menina levou as mãozinhas no rosto, parecendo envergonhada - Papà!

- Está tudo bem, principessa. - o homem sorriu de maneira doce - Não precisa ficar nervosa, a Olivia é bem legal. Aposto que ela adoraria ver sua coleção de bonecas, né, Olivia?

- Eu sou apaixonada por bonecas. - a ruiva garantiu sorrindo.

- Gosta de bonecas?

- Gosto muito, inclusive ainda tenho algumas no meu quarto.

Antônio riu da mulher, negando de forma leve com a cabeça. Olivia sorriu para a menina, a vendo trazer duas Barbie's para ver, as chamando de Betina e Martina. Ela elogiou a escolha de nomes, precisando se despedir quando a babá da pequena apareceu. Antônio parecia mais leve ao seu lado, quase como se nem lembrasse da antiga presença de Mick na frente da garagem da Scuderia.

- Sua menina?

- Essa principessa é a Louise, minha garotinha.

- Ela é muito linda.

- E tinhosa. - ele riu, escorando as costas na cadeira - Mas uma boa garota.

- Ela e sua esposa moram em Maranello também?

- Sim.

- Deve ser bom vir trabalhar sabendo que quando voltar para casa terá as duas te esperando.

- Na verdade, elas não moram comigo. - Antônio sorriu para ela - Moram com o Thomas.

- O Thomas... - ela se amaldiçoou por ter dado uma apontada na direção do homem, tal qual havia julgado Charles pela manhã - Esse Thomas?

- Esse mesmo. - Antônio sorriu - Ele e minha ex-esposa se casaram depois que nos divorciamos, inclusive é o padrinho de Louise.

- Wow! Muitas informações.

- Charles não te contou essa fofoca é? Esperava mais do menino.

Olivia sentiu vontade de rir ao pensar que todos conheciam a fama de fofoqueiro do monegasco.

- Você fala como se fosse muito velho.

- Quatro anos mais velho que Carlos, oito anos de Charles e... Quantos anos você tem?

- Teoricamente 22, porque faço 23 em agosto.

- Bom, até o final do ano, teremos uma diferença de 11 anos.

Olivia sorriu, de repente, se sentindo tímida.

- Você fica fofa vermelha. - o homem declarou, voltando a se inclinar - Agora vamos entender da dinâmica do desgaste de pneus, Maurer.

A alemã gostaria de dizer que tinha entendido completamente o assunto e que poderia com facilidade o descrever para os tifosis que vinham acompanhando suas lives. Mas aquilo seria uma mentira e ela vinha com a decisão de não ser falsa com nenhum deles. Então, quando Antônio questionou se ela compreendeu algo, a única coisa que fez foi negar da forma mais apressada que conseguia, gerando uma risada de Alfred, o técnico que estava ao lado deles.

- Você é péssima, como foi contratada?

- Sou um rostinho bonito. - brincou com o mecânico.

- Trate de melhorar, Olivia. Você merece mais do que ser chamada de rostinho bonito.

A Maurer sorriu para a declaração do homem.

- E pare de corar.

- Mein Gott! Alguém está mandão.

Antônio rolou os olhos.

- Segundo treino livre acabou, pegue seu celular e suma de perto de mim.

- Sempre delicado.

- Ao dispor, principessa.

Olivia riu olhando para baixo dessa vez, erguendo-se de sua cadeira indo na direçãode Frédéric. O chefe de equipe capturou seu corpo como se fossem íntimos, a assustando.

- E aí, minha filha? Aprendeu alguma coisa sobre pneus?

- Sei os diferenciar por cores.

- Verde?

- Intermediate green... - ela fez uma pequena pausa, ganhando a atenção do chefe de equipe e respondendo apressada - Para pistas molhadas.

- Lembre bem porque vou perguntar sobre amanhã.

Ela concordou, meio sem jeito.

- Agora apenas observe nossos pilotos chegando.

Ela riu, mas fez o sugerido pelo chefe de equipe, vendo por cima o melhor tempo marcado de Charles - 1:31.367 - ficando por milésimos a frente de Carlos - 1:31.956.

- Abra uma enquete para saber quem é o piloto favorito entre os tifosis.

- Achei que não iriamos semear disputa entre os pilotos.

- O automobilismo é o único esporte em que o seu inimigo número um é o seu colega de equipe.

- Qual é o seu preferido? - ela perguntou.

- O que me trouxer a taça do campeonato. E o seu?

Ela voltou os olhos para onde Charles ouvia de forma atenta o seu personal, mexendo a mão em alguns momentos como se estivesse exemplificando o movimento que precisou fazer. Carlos estava do outro lado, apontando para a traseira de seu chassi.

- Sendo sincera, não sei.

- As pessoas costumam apostar em Charles.

- Até o final da temporada decido qual dos dois.

- Aguardo sua resposta, minha filha.

Olivia sorriu para o chefe de equipe, antes de Charles abandonar seu personal e se aproximar de onde ela estava. A ruiva levou um susto ao ser erguida com facilidade pelo monegasco e ser girada no meio da garagem.

- O carro é bom! Você está aqui! Esse é o nosso ano!

Charles tinha tanta animação que era de certa forma contagiante, a deixando com um enorme sorriso no rosto, apesar de ter as bochechas coradas. E quando ele a soltou, Olivia foi a primeira a deixar mais um abraço em seu corpo, o parabenizando por seu tempo.

Charles sorriu, parecendo uma criança para ela.

- Rumo ao pódio?

- Rumo ao pódio.

O monegasco garantiu.

Dessa vez, não irei colocar a parte da tradução, porque alguns dos termos usados já pode ser percebido o que é

Ao menos é o que espero, mas se quiserem, eu continuo colocando a tradução, ok?

Estamos em um ritmo de produção bom, levando em consideração a quantidade de postagens da última semana

Quero conseguir continuar lançando capítulo até o fim de semana, porque estou bem animada pois passei na carteira de carro

Então me aguentem

Enfim, aqui podemos ver que Mick segue sendo um mimadinho

Antônio tá se tornando o reizinho dessa fanfic

Louise aparecendo pela primeira vez

Interação fofa da Ollie com o Frédéric e com o Charles

O que mais podíamos pedir, não é mesmo?

Espero que tenham gostado

Boa quarta!