"Quando você sentir o meu calor
Olhe nos meus olhos
É onde meus demônios se escondem
É onde os meus demônios se escondem
Não se aproxime muito
É escuro aqui dentro
É onde meus demônios se escondem"

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***

● Park Jimin ●

A delegacia estava lotada como toda manhã. O cheiro de café infestava minhas narinas enquanto eu andava apressado pelos corredores.

— Park! Está atrasado outra vez! — disse Kim Namjoon assim que entrei em sua sala sem bater. Estava de costas para mim, os dedos passavam pela lombada dos livros de sua estante.

— Como soube que era eu? — caminhei servindo-me do café que estava na cafeteira perto da bancada de Namjoon.

— Você é o único filho da puta que entra na minha sala sem bater. — disse virando com uma expressão séria. — E toma meu café sem ser convidado. — completou, franzindo o cenho.

— Sunbaenim, — soltei um muxoxo preguiçoso. — juro que irei acordar mais cedo daqui pra frente e trazer meu próprio café!

— De qualquer forma, — Namjoon deu de ombros indicando que eu me sentasse na cadeira. Fiz o que ele pediu, cruzei as pernas e beberiquei o café. — tenho algo sério para te pedir.

— Pode contar comigo. — falei.

Namjoon fixou seus olhos em mim por alguns instantes, pegou o controle da TV e apertou um botão. O noticiário de alguns dias atrás recomeçou, senti meu estômago revirar, o café desceu rasgando pela minha garganta, o pânico me fez querer correr da sala. Pisquei os olhos e apertei o copo de café.

— Mais um caso de desaparecimento este mês vem preocupando os cidadãos de Seul. Choi Alin, uma jovem de dezessete anos desapareceu noite passada. Os familiares afirmam que a garota havia ido até o mercado, esta teria sido a última vez que foi vista. Na porta do estabelecimento foram encontrados diversos balões vazios, o mesmo deixado nas circunstâncias das outras vítimas.

— Kim Taehyung continua foragido, e com ele, Alice Kim. O caso havia sido arquivado em dezenove de agosto, há exatamente cinco anos atrás, mas, devido as súplicas da população o caso foi reaberto. Segundo a delegacia Seul's Crimes, Kim Taehyung é apontado como principal suspeito pelos desaparecimentos. Para proteção da população o novo toque de recolher foi implantado. Nenhum adolescente abaixo dos dezenove anos deve andar após às 18h:00, uma precaução para evitar problemas futuros. Fomos até a delegacia e...

Namjoon desligou a TV. Enxuguei minhas mãos suadas na calça, tentei manter uma aparência impassível. Eu tremia levemente.

— Quero que assuma esse caso. — arregalei os olhos. — Ninguém teve sorte até agora, esse cara é como um fantasma. Hoseok hyung não conseguiu pegar o garoto que tinha dezoito anos, mas confio que você conseguirá pegar o homem de vinte e três. O que me diz? —seu olhar sobre mim era pesado e esperançoso.

— Namjoon... — todas as formalidades iam desaparecendo. Aquilo não se tratava de um pedido simples. Não pra mim.

— Jimin-ah — Namjoon deve ter visto o medo em meus olhos. Eu odiava aquilo, não era mais o adolescente de cinco anos atrás. Não, eu havia crescido, eu supostamente deveria ter enterrado aquele passado fodido. Então por que ele continuava me assombrando? — eu não sei o que fazer! Sabe que não posso largar meus outros casos, mas também não posso assumir mais esse! Não confio em ninguém pra isso, você sabe como estamos sendo difamados por não acharmos Kim Taehyung!

— Não posso encará-lo, não depois do que... meu pai fez com ele.

Por que mentir continua difícil? Eu não queria mentir para Namjoon, mas não podia contar a verdade completa.

— Jimin, somos amigos há muitos anos, te conheci muito antes de entrar para a polícia. Consequentemente conheci o filho da puta do seu pai, mas você não é como ele, você não fez nada! Por que acha que escondi a gravação que a garota falava do envolvimento do seu pai com o circo? Porque eu sabia que ia sujar sua barra, cara! Você não merece pagar pelos erros dos outros!

Abaixei minha cabeça com um sorriso amargurado. Quem dera isso fosse verdade.

— Sei que estou pedindo demais, você não tem muitos anos de experiência. Mas se Kim Taehyung estiver mesmo por trás de todos esses crimes, tenho certeza que você é o cara que vai achá-lo! — Namjoon bateu na mesa enfatizando o que dizia. Levei um susto com o som repentino, lembranças indesejáveis sendo despertadas, uma mesa em uma lona vermelha.

—Eu... — apertei o copo até ficar amassado. — tudo bem, eu fico com o caso.

Namjoon suspirou aliviado e deixou o corpo cair na própria cadeira.

— Obrigado, — disse massageando as têmporas. — você acaba de adquirir um vale "abre minha porta sem bater e bebe meu café sem autorização" pelo resto da sua vida. — brinca. Solto uma risada baixa que alivia um pouco da minha tensão.

Levanto da cadeira e Namjoon faz o mesmo, ele estende sua mão para mim. Eu a aperto.

— Mandarei todos os detalhes ainda hoje à noite para o seu email, mais uma vez te agradeço! — o moreno cobre sua mão com a minha.

— Eu vou tentar. Farei meu melhor, mas não garanto nada. — pego o copo amassado em cima da mesa e me afasto.

—Confio em você, Jimin. — diz antes que eu feche a porta.

— Não sei se deveria. — murmuro na metade do corredor.

***

— Isso quer dizer que você vai ter menos tempo pra mim, não é? — Jungkook tira a camisa com uma careta. Como eu já esperava uma reação parecida após contar sobre o caso dos balões, não me surpreendi por ele estar zangado.

— Devo isso ao Namjoon, ele é foda pra caralho. — digo o puxando pelo braço e colando nossos lábios.

— Eu também sou foda pra caralho. — ele murmura se distanciando minimamente. — Será que preciso cometer um crime pra ter sua atenção?

Uma gargalhada espontânea escapa da minha garganta, enterro meus dedos em seu cabelo sedoso e o puxo para outro beijo, dessa vez mais quente e mais longo.

— Você já cometeu um crime, Jungkook-ah. — mordo o lóbulo de sua orelha. — Você roubou meu coração. — sussurro descendo meus beijos pela pele alva.

— Roubei, é? — não posso vê-lo, mas noto o sorriso em sua voz. Remexo a cabeça concordando distraído. Jungkook é como uma droga, me tornei dependente dele há dois anos. — Então por que você não me algema naquela cama e aplica uma punição? Sou um homem muito mal Chimy você precisa ser um policial exemplar. Vamos lá! — ele sussurra em meu ouvido. — Vai me prender ou não?

Sorrio me afastando. Jeon tem um sorriso sexy nos lábios. O coque que antes prendia seu cabelo agora está frouxo, sua franja cai sobre sua testa. O empurro até a cama e, com minha língua, percorro as tatuagens de seu abdômen.

— Como vai no museu? — pergunto mordendo seu pescoço.

— Estamos prestes a transar e você está perguntando sobre meu trabalho?

— Jungkook! — afasto meu corpo para encará-lo, mas ele passa os braços ao redor do meu corpo.

— Brincadeira, continua aí. — abafo uma risada na curvatura do seu pescoço. — O que posso dizer? Ser guia é um trabalho muito bom, sério, uh isso é gostoso... uma pena que não tenha muito movimento por lá. Tem tanta coisa interessante naquele lugar, hm, faz isso de novo. Sério, você deveria ir dá uma olhada.

— Conhece algum canto secreto onde eu possa te foder? — murmuro.

— Hm... tem o almoxarifado. — Jungkook espalmou as mãos nas minhas costas. — Mas foder no meio de vassouras não é minha fantasia favorita.

Jogo a cabeça para trás ao gargalhar.

— Eu te amo, Jungkook. — apertei seu corpo contra a cama. — Quero me casar com você. — completei baixinho.

— O meu pedido ainda está de pé! — ele retruca passando a mão no meu rosto. Sorrio triste.

— Sabe que não posso me casar agora. — sento sobre as coxas largas do rapaz. Meus dedos brincam com o fecho do cinto. — Tem certeza que quer casar comigo? Mesmo depois do que eu fiz? — Jungkook me encara fixamente. Já discutimos aquele assunto antes, mas o medo que carrego naquele momento é o mesmo que das outras vezes.

— Jimin-ah, você era uma criança tola. Ele te influenciou, não, ele te obrigou! Você está arrependido, isso é o que importa pra mim, apensas isso. — Jungkook acaricia minha bochecha com o dorso da mão.

— Eu te amo. — sussurro.

— Eu te amo mais. — ele sorri. —  Agora... saindo da sessão fofura e coisas do coração, que tal você me fazer gemer até ficar rouco? Levando em consideração que não vou te ver por uns bons dias, acho que mereço! — suas mãos apertam minha bunda. Sorrio tirando uma algema do bolso e balançando em frente ao rosto.

— Mãos acima da cabeça! Você tem o direito de gemer pra mim quando quiser.

***
Eu nada surpresa cmg mesma depois de postar um capítulo depois de ter dito que só postaria quando tivesse os banners:

Enfimmmm...

Primeiro capítulo, espero que gostem! Lembrem de votar e vão dizendo o que estão achando💙

Liberem seus balões!🎈