A escolha da dor🎈
"Nem tente, você nunca a entenderá
Perda de tempo você tentando decifrar seu comportamento
Enlouquecendo, ela nunca seguirá seus comandos
Seu coração está congelado, cheio
de raiva"
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***
● Park Jimin ●
Eu me sentia inútil enquanto encarava a tela do celular, Taehyung não estava mais à vista, Alice havia entrado no ambiente algumas vezes para ver se Jungkook havia acordado, mas meu namorado permanecia dormindo, a cabeça novamente caída sobre o peito.
Eu queria que ele continuasse dormindo, eu cheguei a pensar cruelmente que seria melhor que ele não acordasse mais, porque assim não passaria pelo que quer que fosse passar ao lado de Taehyung.
Eu não sabia o que fazer, não podia desligar o celular, porque eu não tinha ideia de que lugar era aquele onde eles estavam, apesar de ter uma leve sensação de que conhecia aquele local, como se eu já tivesse visto alguma vez. Além disso, desligar seria o mesmo que abandonar Jungkook, e isso eu não faria, por mais que eu não fosse de muita utilidade na minha atual situação, quando ele abrisse os olhos eu queria estar aqui. Talvez ele pudesse me dizer onde estava, e eu arrastaria o céu e o inferno para salvá-lo.
O temporizador marcava meia hora de ligação, mas pra mim parecia muito mais tempo. Cada segundo me asfixiava de uma forma terrível, capaz de roubar minhas palavras e reações.
Então eu vi – enquanto observava Jungkook atentamente –, vi seus olhos piscarem. Meu sangue congela ao vê-lo umedecer os lábios com a ponta da língua. Eu o havia observado por tempo suficiente para saber que depois daquele gesto ele abriria os olhos.
E foi o que aconteceu. Lentamente, piscando com a claridade, Jungkook abriu os olhos. Suas sobrancelhas negras se franziram no momento em que ele tentava associar o que estava acontecendo. Vi quando Jeon forçou a mão para cima, só para constatar que estava amarrada. Foi quando ele se desesperou.
Jungkook forçou as mãos para cima outra vez, eu conseguia ver algumas veias saltarem em seus braços devido ao esforço. Ao tentar movimentar as pernas se deparou com o mesmo problema. Eu acompanhava seu rosto sonolento se contrair ao empurrar seu corpo em várias direções, a cadeira arrastando no piso com um barulho enferrujado.
— Kookie. — sussurro, sentindo o nome rasgar minha garganta. Mas o moreno não me ouve, ele agora xinga baixinho ainda forçando os braços em todas as direções. Jeon joga a cabeça para trás e tenta erguer os braços outra vez. Consigo ver a corda agarrar firmemente sua pele. Sem escapatória. Jungkook solta um gemido angustiado, o suor começa a escorrer pela sua pele alva, as gotículas fazem seu rosto brilhar sob a luz da lâmpada.
— Jungkook! — falo mais alto. — Jungkook! Olha pra mim! — minha voz treme, mas o moreno levanta a cabeça. Seus olhos, agora arregalados e dispersos do sono, esquadrinham a área lentamente. Por fim, deduzo que ele encontra o lugar onde Taehyung apoiou o celular. Jeon estreita os olhos e me lança um sorriso nervoso.
— Jimin? Que brincadeira é essa? Não é divertido, porra. — o peito dele sobe e desce rapidamente enquanto tenta regular a respiração.
— Kookie, — sussurro. — a culpa é minha, você está aí e a culpa é minha. Eu não cuidei de você, meu amor. — uma lágrima solitária desce pela minha bochecha. Mas Jungkook ainda não parece associar o que está acontecendo, ele olha ao redor e força as cordas mais uma vez, soltando um gemido de frustração.
— O que é isso? Alguma brincadeira? Park Jimin, eu estou com uma puta vontade de vomitar, por favor, me solte. — a voz dele diminui para um tom de súplica que parte meu coração. — Pare com isso. — outra lágrima escorre pelo meu olho.
— Jungkook, precisa me dizer onde está. O Taehyung, ele... — a boca de Jungkook se abre pelo choque, seus olhos injetados de sangue se arregalam em uma expressão de horror.
— Não pode ser, não pode ser, não pode ser...! — ele diz enquanto se move desesperadamente na cadeira.
— Jungkook! — tento chamar a atenção dele, mas Jeon continua murmurando palavras enquanto tenta se soltar. — Jungkook, meu amor, por favor, preciso que me ouça. Onde você está? Eu vou te tirar daí! Jeon? Está me ouvindo? MERDA, FALA COMIGO! — grito engolindo o choro.
— Ah, meu deus, Jimin, eu estou ouvindo passos, ele está chegando! — Jungkook sussurra, horrorizado.
— Onde você está, Jungkook? Consegue reconhecer alguma coisa? Qualquer coisa! — suplico por uma reposta. Jeon olha desesperadamente para os lados, mas não parece encontrar nada que denuncie o lugar.
— Merda, merda, merda... — ele joga a cabeça para trás e força os braços outra vez. — não, não, não! Velho. Cheira a coisa velha! Mas não vejo nada, Minie, eu juro, eu não estou vendo nada, eu acho que... — Jungkook para brutalmente quando o som de uma porta metálica abrindo preenche o ambiente.
— O que você acha, Jungkook? Por favor, não me deixe de fora do assunto. — Taehyung caminha lentamente pelo quarto, apenas ouço seus passos ecoando no piso, somente quando ele para ao lado de Jungkook é que posso vê-lo. — Peço perdão pelas acomodações não serem das melhores, mas nosso show não está rendendo dinheiro para melhorias. — Taehyung solta uma risada gélida com a própria piada. — Vejo que já conheceu nosso único expectador!
— Por favor, solte ele, Taehyung! — imploro outra vez.
— Soltá-lo? — ele ergue uma sobrancelha. — Mas eu nem comecei meu show! — um pequeno sorriso se forma em seus lábios vermelhos.
— Você não precisa fazer isso...
— Você parece saber exatamente o que eu preciso, não é? — Taehyung me interrompe, sua voz grave se alterando a cada palavra dita.
Eu via o joelho de Jungkook tremer. Eu conseguia sentir seu nervosismo, como se fosse meu.
O moreno pôs um cigarro na boca, o acendendo com um isqueiro. Pude ver a fumaça através da lâmpada do ambiente assim que ele soltou a primeira baforada.
— Se esconder de todos é um trabalho cansativo, sabia? — ele perguntou retirando o cigarro da boca e o segurando entre os dedos. — Você não faz ideia do que eu e Alice passamos para nos escondermos de vocês, os policiais, os bons. — ele encarou o chão, parecia estar revivendo alguma coisa. — E como se não bastasse, vocês ainda deixaram o FBI se meter nos seus trabalhos! — ele soltou uma gargalhada.
— Acho que sou a prova viva de que aquela merda não é tudo o que falam, certo? Quer dizer, foram dois anos procurando uma sombra! Eles nem trabalham em sigilo, são orgulhosos demais pra isso, e lá estava eu, tão perto que eles nem ousariam imaginar. Eu levo jeito pra isso! — minha mente não processou aquele acontecimento rápido, apenas ouvi um grito desesperado de Jungkook. Taehyung havia apagado o cigarro no pescoço do meu namorado. Eu conseguia ver uma leve fumaça sair do pescoço de Jungkook. As cinzas pareciam grudar em seu sangue, queimando por mais tempo.
Jeon abaixou a cabeça. Eu o ouvia fungar baixinho, os joelhos tremendo mais ainda. Eu sentia sua dor, por mais que fosse impossível. Meu pescoço ardia. Eu sentia o cheiro de pele queimada. Eu odiava minha mente, eu odiava Taehyung, eu me odiava.
— Ops! — Taehyung jogou o resto da gimba do cigarro no chão. — Gosta do que vê, Park? Gosta dessa sensação? De ver seu mundo desabar e não poder fazer nada? — ele levanta a cabeça de Jungkook, o puxando pelos cabelos, exatamente como fez antes. Jeon tem o nariz vermelho, os olhos brilham pelas lágrimas que começam a secar.
— Só me diga onde está, — falei lentamente, eu me sentia fraco. — deixe que eu troque de lugar com ele, por favor! — eu não tinha certeza se ele podia me ouvir, já que minha voz soava baixa.
— E estragar a diversão? Não, Jimin, seja educado! — ele abaixou a cabeça até seus lábios ficarem na altura da orelha de Jungkook. — fique até o fim do show! — observei catatônico Taehyung sussurrar coisas no ouvido de Jeon. Eu não conseguia ouvir, mas Jungkook tinha os olhos arregalados, seu queixo passou a tremer. Eu via o horror em seus olhos.
Impotente, era como eu estava. Eu odiava sentir aquilo, porque eu merecia, mas Jungkook estava pagando.
Vi Alice no fundo da sala, ela tinha os olhos perdidos no chão, parecia distante, vez ou outra seu rosto se contorcia em uma careta, como se estivesse numa briga interna.
— Alice, por favor, não deixe que ele faça isso! — suplico aproximando ainda mais o celular do rosto. Minhas mãos tremiam e um mal-estar tomava conta do meu corpo. — Por favor, parem com i-isso! — meu próprio queixo tremia.
— Não espere piedade aqui, Park! — Taehyung se intrometeu saindo de vista da câmera, Jungkook o acompanhava com os olhos. — Não espere salvação, absolvição, ou qualquer merda do tipo! — sua voz ficava mais distante, eu só podia ouvir seus passos, e aquele som me causou uma sensação de déjà-vu. Onde eu ouvi aquilo?
— Não, não, não... — Jungkook passou a se mexer freneticamente, seus olhos fixados em algo que eu não podia ver. Ele flexionava os braços pra cima, seu rosto ficando subitamente vermelho com o esforço. Mas aquela corda não ia soltá-lo, e Taehyung se aproximava com algo.
Primeiro ouvi um barulho de rodinhas, como se fosse uma maca sendo arrastada pelo lugar de paredes ocas. Jungkook puxava suas mãos outra vez, pelo esforço eu sabia que sua pele ficaria ferida de todos aqueles movimentos, as cordas penetrando sua carne e a deixando exposta. Eu tremi no mesmo momento que Jeon abriu a boca, horrorizado.
— São facas! Ele tem facas, Minie! — ele gemeu empurrando o corpo para trás, numa tentativa falha de fugir de Taehyung. Mas era impossível, e nós dois sabíamos. — Ah, meu deus! — Jungkook continuava a sacudir o corpo violentamente.
Eu queria dizer algo, mas não parecia haver nada que eu pudesse falar. Taehyung parecia ficar com mais raiva a cada vez que eu abria minha boca. Eu não sabia se meu silêncio ajudaria, mas iria arriscar enquanto não achasse outra saída.
— Minie... — olhei para meu namorado, ele parecia mais novo, os cabelos bagunçados em sua cabeça, como quando acordávamos na manhã de um outro dia, depois de uma longa noite. Mas aquela situação não tinha nada a ver com a que eu estava acostumado. Porque Jungkook tremia e tinha uma fina camada de sangue escorrendo de seu pescoço e os olhos estavam arregalados pelo medo. Ele olhou diretamente nos meus olhos, e quase pude sentir que estávamos frente a frente, havia um fogo feroz no momento em que pronunciou as seguintes palavras. Essas que eu não poderia cumprir:
— Desligue o celular, não quero que veja isso! — ele disse firme.
***
Desculpa a demora!!! Espero que estejam gostando..
Estamos chegando ao fim cof cof cof
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Liberem seus balões!💙
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