"É, a destreza da minha mão agora puxa gatilhos
Eu debato com o meu cigarro
E digo: Seu cabelo está em chamas
Você deve ter perdido o juízo,  Yeah
Todas as outras crianças com sapatos caros
É melhor correrem, melhor correrem, mais rápido que minha arma"

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***

● Park Jimin ●

A tela do celular ilumina meu rosto concentrado. O carro dá um solavanco e quase derrubo o aparelho.

— Aish! Você é uma merda dirigindo, Jin hyung. — falo afundando no assento.

— Mas sou ótimo em quebrar sua cara, então fique calado se não quiser que eu cometa um assassinato. — seu tom é impiedoso, você pode criticar qualquer coisa em Kim Seokjin, menos suas habilidades como motorista.

Reviro os olhos. Segundo o email que Namjoon me mandou, a última vez que viram Taehyung foi há algumas semanas atrás. Ele estava em uma loja de conveniência e as câmeras o gravaram.

Logo depois deixou a loja de carro, a placa foi anotada, mas quando procuraram o veículo o encontraram abandonado em uma estrada. Vasculharam a área, mas ele não estava lá. Taehyung é esperto, sabe se esconder bem.

Sei que ir até o lugar onde Hyorin falou é perda de tempo. É isso ou uma armadilha. Depois de observar os passos de Taehyung sei que ele não ia deixar tão na cara onde está. Hyo disse que não foi vendada quando a empurraram para dentro do carro na madrugada, mas ela afirma que viu uma lanchonete de tacos pela janela.

Chamei Jin para me ajudar, normalmente Hoseok viria, mas pegou uma licença esta manhã para cuidar de sua sobrinha.

Seokjin disse que precisaríamos de mais alguém, para não corremos nenhum risco, por isso ele mesmo chamou Min Yoongi. O branquelo vem dirigindo outra viatura a poucos metros atrás do nosso carro.

— Então... Namjoon falou dos nossos planos? — perguntou Jin, limpando a garganta.

— Que planos? — desligo o celular e o encaro. Jin está nervoso, vejo isso pela ponta do seu nariz que se encontra vermelha.

— Hm, nós meio que vamos nos casar. — um sorriso largo se espalhou pelo meu rosto.

— Ah meu deus, sério? Parabéns, cara! Vocês sabem que têm o meu total apoio, né? — Jin sorri aliviado.

— Agora tenho certeza. — ele suspira apaixonado. — Dá pra acreditar? Namjoon vem me pedindo desde o ano passado, mas, cara, eu juro que nunca me vi em algo sério. Só que com ele é diferente, Namjoon é surreal. — o sorriso bobo no rosto do policial só aumentou ainda mais.

— Quando vai ser? — pergunto o cutucando.

— Em três meses, nós não queremos nada grande, até porque somos dois homens se casando. Você sabe que algumas pessoas da minha família ainda estão esperando que eu lhes apresente uma princesa encantada, digo o mesmo da família do Jonnie, mas resolvemos que era a hora de ligar o botão do foda-se e nos casarmos. Até porque acho que nunca vou querer outra pessoa além dele.

— Isso é ótimo, cara, sério! Guarde meu assento nesse casamento! — abro a janela do carro.

— Estava pensando, — Jin me olha rapidamente antes de fazer uma curva se afastando ainda mais da cidade. Passamos pela loja de tacos, ela está fechada. As paisagens das casas de Seul foram trocadas por florestas, é fácil se perder aqui, e acredite, ficar perdido é a última coisa que eu quero. Não quando... quando Taehyung pode estar por aí. — você e Jungkook poderiam ser nossos padrinhos de casamento, o que acha? — ele sorri pra mim.

— Acho que você não vai achar casal melhor que nós. — brinco.

— Desde quando Hoseok e Yoongi não é melhor? — Jin põe a mão no peito, dramático.

Arregalo meus olhos.

— Hoseok e... Yoongi? Eles... estão juntos?

— Bem, quando você transa com a mesma pessoa mais de quinze vezes... é de se esperar que role algo a mais. — retruca Jin dando de ombros.

— Eles são o casal mais recatado que eu já vi na minha vida, eu com certeza nunca diria que estavam juntos.

— Jimin, a verdade é que você só tem olhos para o Jungkook, mais nada. — Jin deu uma de suas risadas de vidro sendo esfregado.

Dei de ombros, não discordaria daquilo.

Seokjin parou o carro em uma clareira. Parte do sol era filtrado pelas folhas das árvores, fazendo com que o início da tarde fosse mais sombrio naquela área.

— Vamos andar por essa área. — disse pegando a Glock 18C no porta luvas e encaixando no cinto. — Yoongi deve estar chegando.

Aceno em concordância, pego a pistola ajustando em meu cinto, ponho uma lanterna no bolso e saio do carro.

Alguns minutos depois Yoongi chega. O carro preto da viatura para a alguns metros longe do nosso. Ele desce do carro com uma carranca, batendo a porta com força.

— Foi mal pela demora, tive que parar duas garotas por dirigirem com a lanterna traseira quebrada. — diz apertando meu ombro.

— Adolescentes. — resmungou Jin.

— A multa foi ainda mais alta por terem me subordinado com dois boquetes. — disse revirando os olhos.

— Adolescentes. — essa foi minha vez de resmungar.

***

Depois de andarmos alguns metros pela floresta, a primeira casa foi vista. Era totalmente de madeira, uma senhora se balançava de olhos fechados na cadeira de balanço, esta fazia um ruído típico de material enferrujado.

— Com licença, — falo alto e em bom som, a senhora leva um pequeno susto e abre os olhos. — somos do departamento Seul's Crimes — mostro a identificação. A mulher estreita os olhos a fim de enxergar. — estamos fazendo uma busca por Kim Taehyung, acusado de assassinato e sequestro. Temos autorização do governo para vasculhar as casas desta área. Se não estiver escondendo nada, não terá o que temer.

— Aigoo! Fiquem à vontade! — diz levantando da cadeira e empurrando a porta da casa. — Querem alguma coisa enquanto procuram? Tem bolinhos de arroz no forno.

— Pensando bem...

— Não! — interrompo Jin.— Estamos satisfeitos!

Agarro seu uniforme e o puxo para dentro da casa.

***

— Obrigado pelos bolinhos! — Jin agita uma das mãos freneticamente.

— Boa sorte com o seu casamento! — ouço a mulher falar antes de adentrarmos a floresta.

— Sério isso? —  surpreendentemente Yoongi e eu falamos em uníssono.

— Olha, eu estava com fome. Além do mais, Xao Chin é bastante simpática, ela lembrou minha vó. — diz Jin pondo um bolinho na boca.

Tropeço em um galho e sou amparado por Yoongi.

— Você contou sua vida pra ela. — pondero. — Que tipo de policial você é?

— Do tipo simpático. — ele retruca e eu reviro os olhos.

— Espero que essa sua simpatia não se estenda ao Taehyung, — diz Yoongi em tom severo. — porque se contar que vai casar com Namjoon em três meses igual contou pra ela, seu noivo vai ser o próximo que aquele doido vai riscar na lista!

Jin parou de andar e encarou Yoongi, incrédulo.

— Olha aqui, babaca, eu sei o que faço com a merda da minha vida, você ouviu? — Yoongi contorceu o rosto em desdém. — Eu perguntei se você ouviu! — Yoongi murmura um sim. — Ótimo, se resolvo confiar em alguém é porque tenho motivos, entendeu? — novamente ele murmura um sim. — Então não venha bancar o senhor do conhecimento pra cima de mim, e ainda mais com esse tom! Não vou engolir seus desaforos, entendeu?

— Sim, hyung. — Yoongi tinha as bochechas da cor de tomates maduros.

Falar de Namjoon também é algo que Jin não deixa. Anotado.

***

Minha palma acerta meu pescoço. Menos um mosquito filho da puta, estou sendo sugado nessa maldita floresta. Jin e Yoongi andam plenos mais a frente, aparentemente fui o único que não pôs repelente.

Piso em falso e acabo caindo, xingo baixinho e automaticamente lembro de Jungkook, afasto a saudade para longe. Pensar nele não vai me ajudar em nada agora.

— Tudo bem aí? — pergunta Jin sem parar de andar.

— Só preciso de um tempo. — estico a perna, meu tornozelo dói. Pássaros são espantados com o balanço das árvores. Prendo a respiração quando ouço, bem baixo, como um sussurro rouco, uma risada.

Esquadrinho a área com meus olhos. Minha pele está arrepiada, mas tudo o que vejo ao meu redor são árvores. Apuro os ouvidos a fim de tentar escutar novamente ou identificar a origem.

Ouço sussurros, impulsiono meu corpo e levanto. Tiro a pistola do coldre e permaneço com o dedo no gatilho, meus ouvidos captam uma sequência de clics. Faço mira em nada específico, meu coração parece petrificado. Tento manter minha mão firme, tremer não me ajudará em nada.

Estou ouvindo passos pela floresta, com os olhos arregalados regulo minha respiração. Deve ser coisa da minha cabeça, o medo criando situações inexistentes.

Algo se desprende das árvores, levanto os olhos e o vejo. Um balão vermelho. Ele está aqui.

Mais passos...

Mais perto...

Ele está aqui...

Uma mão se fecha em meu ombro, uso meu cotovelo em um golpe violento e arranco um gemido de...

Jin.

— Sou eu! Sou eu! — Seokjin tem os braços erguidos. Só então percebo que estou apontando a arma em sua direção.

— Desculpe, eu... achei ter ouvido... alguma coisa.

— Você parece aterrorizado! — comentou Jin esfregando o peito. — Meu coração deve estar nas minhas costas nesse momento, ao menos sei que suas aulas de defesa foram úteis.

— Desculpe. — falo olhando em volta.

— Vamos, achamos uma casa abandonada. Yoongi está monitorando para ver se alguém sai. Não vai acreditar no que tem no corrimão!

— Balões. — engulo em seco.

— Como sabe? — questiona meu amigo.

Olho em volta uma última vez.

— É bem a cara dele. — digo antes de seguir Seokjin.

***

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Liberem seus balões!🎈