
XV
Charlotte tinha gatos.
Não quaisquer gatos, mas lindos gatos com uma pelagem parecida com de leopardos, que George achou na rua a mais de dois anos em uma das caçambas da cidade. Charlotte ainda lembrava de como foi engraçado, pois foi na mesma época que George cortejava a Carmen e ele chegou com os gatinhos e ela jurava que acabariam com sua cunhada, apenas para ele a dar de aniversário. Seu aniversário já havia passado. Mas ele disse que ficaria para o do ano seguinte. Ele a presenteou no ano seguinte com mais coisas.
O grande problema disso era que os gatos — Jimmy e Sassy, Oliver e Violet que nomearam — precisavam de escovação uma vez na semana, porque segundo o veterinário, eles não soltavam muito pelos. E esse era o motivo para Charlotte estar com um porta velas em mãos, enquanto parecia uma alma penada na calçada a frente de sua casa com Oliver ao seu lado.
— Por que precisamos fazer isso?
Oliver reclamou pela quinquagésima vez, a fazendo rolar os olhos, porque ele se ofereceu para a acompanhar. Ela não pediu sua ajuda. Ele quem se ofereceu e estava reclamando. E, mesmo com toda a má vontade, quando George era obrigado a fazer o mesmo, ele se mantinha em silêncio, mesmo que estivesse odiando cada segundo.
— Se quiser ir para casa, vá. Apenas peça a George para vir.
— Não. — ele negou, como se fosse uma ofensa estar ouvindo aquilo — A acompanho.
E ele estufou o peito, parecendo um homenzinho — coisa que Charlotte ainda não conseguia ver, pois para si, Oliver sempre iria ser o garotinho de sete anos que ia dormir consigo depois da morte de sua mãe — e tomou a frente, a vela a frente do corpo. Dois passos depois, ele se assustou com o vento fazendo a árvore se mexer e bater na janela da casa vazia da rua e sua vela caiu.
Charlotte o olhou, como se perguntasse se ele estava brincando, porque o "machão" se abraçou a ela depois do ocorrido. E ela não sabia o que fazer com Oliver as vezes, porque ele tinha quinze anos e ainda parecia a criança que fugia para "baixo de sua saia" em qualquer situação. Não que ela fosse reclamar disso, mas George vinha falando sobre precisar amadurecer Oliver antes que começassem a implicar consigo. E ela sabia que o conde apenas falava aquilo, porque ele era a pessoa que implicava na época da escola. Era meio incrível como o "agressor" havia de certa forma se tornando o responsável pelo "oprimido".
— Certo, certo. — ela passou a mão pelo braço do menino — Vá em casa e troque a sua vela, eu vou ficar te esperando na frente da casa dos Rosberg.
— Com o tio Nico?
— Seu tio deve estar dormindo, mas sim.
Oliver pareceu considerar sua oferta, recolhendo a vela quebrada do chão e correndo na direção do portão. Charlotte suspirou, seus dedos raspando sem querer na parte de alumínio quente da vela, a fazendo tomar um pequeno susto também. Porém, na sua vez, o único irmão mais velho que poderia correr era George e ele deveria estar dormindo o décimo sono, achando que Oliver estava ao seu lado.
— Sassy! — ela chamou baixo, dando pequenos passos a frente e, de repente, ela entendeu o motivo para o irmão estar com tanto medo, porque sozinha, mesmo sendo na rua de casa, ainda era escuro demais — Jimmy! Isso não é hora de estarem fora de casa!
Ela nem ao menos sabia se eles a escutavam, mas seu medo parecia sumir, enquanto reclamava. Charlotte torcia para que seus gatos não estivessem dormindo graciosamente com Laila dentro da residência Rosberg, porque se estivessem, ela os arrancariam pelas orelhas se descobrisse. Mas não. Laila a contaria se eles estivessem com Bartolomeu e Baquet — os gatos da lady Rosberg.
— Eu não entendo o motivo para vocês não quererem ficar em casa, sendo que tem comida a vontade, leitinho e todo mundo trata vocês bem. Sem sentido nenhum essa ideia de vocês ficarem fugindo.
— Dizem que todo jovem ao chegar a maioridade, mesmo tendo todos os benefícios, ainda desejam sair de casa.
Charlotte estava travada. Todo seu corpo paralisou, porque a voz masculina não era de George, nem de Oliver e, muito menos, do seu tio Nico. E ela estava com medo de virar, porque sua mente ainda tentava se enganar pensando que o tom poderia estar vindo de Daniel, Oscar ou Franco, só que na versão engripada, mesmo tendo os visto mais cedo e encontrado todos bem.
— Não a farei mal, lady Russell. — o homem a informou, como se apenas sua palavra fosse o suficiente e ela se culpou por ter deixado Oliver seguir sozinho ao invés de ir com ele para dentro de casa e acordado George — A Carol me mataria se o fizesse.
E ela se voltou rápido para o homem, a expressão relaxando ao reconhecer a antiga — não tão antiga — paixão da melhor amiga. O lord Sainz tinha as mãos nos bolsos da calça de alfaiataria, uma expressão risonha, como se fosse comum encontrar uma donzela no meio da rua e Charlotte acabou franzindo a testa. O tipo de donzela que ele encontrava na rua, sem dúvida, não era apenas porque estava procurando seus gatos.
— Quando citou "leitinho" calculei que estivesse falando de gatos, correto?
Ela concordou, os olhos ainda desconfiados em cima do homem.
— Não falará comigo?
Ela voltou a confirmar.
— Ótimo. Max tentou falar e apenas brigamos, então, talvez, se a senhorita apenas ficar em silêncio, eu consiga organizar meus pensamentos.
Charlotte suspendeu a sobrancelha esquerda e, de uma maneira estranha, isso pareceu o dar abertura para seguir o seu planejado, indo ao lado da dama e tirando o apoio da vela de suas mãos, oferecendo o braço para que entrelaçasse.
— Vamos! Entrelace o braço, se não algum louco pode passar e pensar que pode tomar ousadias contigo. — ela o olhou de cima a baixo, como quem sinalizava de qual louco ele estava falando e Carlos rolou os olhos — Vamos lá, boneca.
— Não me chame de "boneca".
— Oh! Falou! — ele sorriu orgulhoso de seu feito — E, tudo bem, lady Russell, deixo apenas para Max a chamar assim.
Charlotte bufou irritada, mas fez o sugerido pelo homem, passando o braço pelo dele e o acompanhando depois de uma rápida conferida se Oliver não estava vindo. Para alguém que apenas ia trocar a vela e pegar um novo apoio, ele estava demorando muito.
— Ele me chama assim? Por quê?
— Porque foi a primeira coisa que ele pensou depois que o colocou contra a parede. — Carlos deu de ombros, o braço bem espichado e a ouvindo chamar os dois animais — Pode não parecer, mas Max é inteligente o suficiente para saber que uma palavra disfarçada como elogio ao ser falado com deboche incomoda mais que um xingamento, principalmente a uma dama.
— Certo. Então o senhor brigou com o outro lord? — ela mexeu a mão, como se não se importasse, mesmo ainda tendo os olhos curiosos em cima do Sainz — Ele te deu um apelido também ou isso foi uma exclusividade minha?
— Brigar é um termo muito forte, porque Max não me honra nem com isso. E, bom, acabou sendo uma exclusividade sua.
— Segundo meu irmão, seu amigo costuma apreciar a violência. — ela citou George, as bochechas atingindo uma coloração avermelhada pelo sorriso malicioso que Carlos dirigiu a si ao falar que Max tinha escolhido o apelido de uso exclusivo a ela.
— Seu irmão não pode falar muito. — Ele sinalizou as luvas que cobriam os braços da dama, a vendo quase se afastar, apenas não o fazendo porque ele apertou seu braço contra seu corpo — Eu estava irritado e tentei descontar em Max, ele, sendo mais inteligente que eu, apenas se retirou.
— E o senhor estava irritado por quê?
— Sua amiga. — Charlotte o olhou de canto — É meio estranho eu ter pensado que ela correria até a senhora, como eu corri a Max?
— O senhor parece estimar muito sua amizade com o Verstappen. E, não, não seria estranho se ela viesse até a mim. Entretanto, considerando que ela foi até a modista pegar o vestido para o evento de amanhã, quem sabe ela preferiu aguardar para me contar.
Carlos mordeu os lábios, pensando se deveria contar ou não o que tinha acontecido. Talvez Caroline quisesse ser a responsável por informar a melhor amiga.
— O que Carol pode ter feito que o deixou em aflição?
Caroline não o culparia por contar, sendo que foi sua amiga que tinha perguntado, correto? Ele se sentia um pequeno adolescente, quase como na época em que estudava e conseguiu o primeiro beijo. Tinha tanto orgulho de si, correndo a Max para contar e depois para Caco. Seu primo era mais velho, riu um pouco e o cumprimentou como se fosse grande coisa. Caco não achava grande coisa. Mas foi um momento legal, quase apagado pelo tempo que só retornou a sua mente ao perceber que estava tentando desabar como fora aquele garoto anteriormente.
— Ela quer ser uma princesa.
Charlotte franziu a testa, concordando.
— Ela quer ser uma princesa, casar juntamente com aquele garoto, sendo que nem o conhece. — Charlotte não tinha tanta certeza se o príncipe de Aveloria era tão novo ao ponto de Carlos poder o chamar de "jovem", mas ainda assim continuou em silêncio — Ele nem ao menos sabe que ela é alérgica a algumas espécies de flores. Tipo, ele mandou rosas. Rosas vermelhas. Ela é alérgica a rosas e...
— Ela não parecia se importar com o fato de ser alérgica quando pegou o buquê. — Charlotte comentou, apenas para o ver a olhar com uma expressão brava, aparentemente não querendo sua opinião — Sassy! Jimmy!
— E ela disse que gostava de mim. — Charlotte focalizou os olhos castanhos em cima do homem — A senhorita sabia, não? Ela me contou como se todos na volta soubessem, mas... Droga! Eu não sabia! Ela... Eu teria vindo atrás dela se soubesse.
— Como assim?
— "Como assim" o que?
— O senhor viria atrás dela se soubesse?
— Claro que viria, meus sentimentos são iguais ou maiores.
E a mente da lady Russell pareceu explodir, porque ela tinha dito aquilo a Caroline, a alertado de que possivelmente havia acontecido um erro para o lord enviar aquela palavra, que se ele quisesse a enganar como supunha, ele teria feito outra carta e não enviado aquela. Era um erro grotesco demais para um homem que tecnicamente queria continuar com ela em sua mão. Só poderia ter acontecido um erro humano e não erro proposital. A forma como as cartas começaram a chegar uma após a outra depois de tantas tentativas em vão. Era óbvio que ele possuía sentimento tão poderosos quanto os de sua amiga. E ela não era a pessoa que mais confiava no amor, mas existiam fatos que não haviam como ser ignorados.
— Se sentia isso, por que não venho antes?
— Porque ela não me deu resposta alguma, sempre pensei que ela pudesse ter se entediado. Ela é oito anos mais nova que a mim. Vivendo a temporada social em Artenas, enquanto eu estava juntando merda com Max em Valência.
— Oh! Vocês são tão idiotas!
Charlotte acabou rindo, porque aquilo era quase como um daqueles livros que Caroline lia junto com Violet. Contos de fadas tinham saído de sua linha de leitura depois de ter quebrado a cara ao ficar tantas temporadas tendo pretendentes, mas nenhum pedido. E, depois que ela imaginou que nada a poderia fazer mudar de ideia, ali estava o homem pelo qual sua amiga estava apaixonada a vida toda, a contando sobre o amor ter sido correspondido.
— Não acredito que vocês dois estão perdendo todo esse tempo porque foram medrosos o suficiente para não revelarem seus sentimentos.
— Não fui medroso. — ela o olhou, sobrancelha arqueada — Talvez um pouco cauteloso... Como a disse, sua amiga é oito anos mais nova que a mim. Eu sou um filho dos Sainz que abdicou do seu direito ao arquiducado... Ela poderia não querer viver uma vida com um representante... Ela quer ser uma princesa.
— Caroline seria capaz de ir morar embaixo de uma ponte com o senhor antes daquela carta chegar, Sainz. Ela não liga para títulos. Se existe alguém no qual está ligando para isso é o senhor, não ela.
Charlotte encolheu os ombros ao perceber a maneira como havia se dirigido ao homem, deitando um pouco a cabeça como seu irmão sempre dizia a fazer, um pequeno sinal de respeito quase da idade da pedra. E Carlos sorriu, porque a menina era um doce... de limão em alguns momentos, mas ainda um doce. E ele suspirou, a vendo ficando cada vez mais nervosa ao se aproximar do fim da rua, a enorme mansão Rosberg sobrepondo a construção vazia na sua frente.
— Está ficando tarde. — ela comentou, os olhos correndo por cada canto que o triste porta velas alcançava — Afinal, como sabia que estava na rua?
— A vi pela janela com seu irmão... — Carlos precisou virar o rosto para não rir da maneira como a imagem do menino se agarrando a ela ou derrubar sua própria vela era engraçada — Não parecia ser o tipo de dama que retornaria a descansar apenas porque o irmão foi para dentro, então resolvi me oferecer em ajuda.
— Por que estava na janela nos vendo? É algum tipo de perseguidor de donzelas em perigo?
— É claro. Estava a observando de longe, apenas esperando um momento para... — ele fez um suspense, a vendo o encarar, esperando, quando colocou as duas mãos na sua cintura — Bum, a capturar.
E Charlotte riu, porque foi engraçado, precisando levar a mão até a boca para controlar a pequena gargalhada. E, sim, Carlos não conseguia entender a implicância que Max havia adquirido com a menina.
— Me desculpa... — ela limpou o canto dos olhos, se sentindo envergonhada por ter agido daquela forma — Mas, falando sério, sua briga com seu amigo foi tão grande ao ponto de não conseguir nem ao menos dormir a noite?
— Pior que foi. — ele suspirou, porque ele se sentia um babaca ao pensar no que disse a Max — Fiz um comentário infeliz quanto a sua mãe e ele apenas se retirou, como sempre. E eu acho que me sentiria melhor se ele apenas socasse a minha cara.
— Está na temporada social de Artenas, não seria de bom tom inserir um olho inchado ou qualquer lesão a sua face. — ela sorriu para o homem, o fazendo sorrir também, um pouco menor — Recomendo marcas abaixo da roupa. São discretas e apenas pessoas escolhidas podem as ver.
— Como uma dama pode fazer uma recomendação quanto a um ato violento.
— Quando a dama em questão era a única a ajudar o irmão em sua era... Difícil, assim dizer, se aprende muito. — ela encolheu os ombros.
— George e a senhorita são próximos?
— Irmãos mais velhos, automaticamente responsáveis pelos menores.
— Qual é a diferença de um a outro?
— Quatro anos.
— E para os menores?
— Sou sete anos mais velha que Violet e nove quanto a Oliver.
— Eles eram bem novinhos.
— Sim.
Um silêncio se estabeleceu e eles pararam na esquina, no final de sua rua. Charlotte se soltando do braço do homem para espichar os olhos na direção da outra rua.
— A senhorita quer...?
— George diz que eles só podem ficar na nossa rua, gatos só vão longe quando tem gata no cio perto, mas o Jimmy é castrado e a Sassy fica em casa quando está no cio.
— Então...?
— E se um cachorro pegou eles?
O tom da moça não era mais o risonho, um pequeno e leve tremor na voz. Carlos já tinha a visto chorando quando houve a situação com George na modista.
— Os dois? — Carlos desconfiou, a vendo tremer o queixo — Não, eles devem estar escondidos por aí.
— Eles sempre vem quando os chamo e eles não estão vindo.
Carlos poderia fazer uma contagem, quanto tempo demoraria para ela chorar, quando Charlotte chamando o nome dos gatos baixo, meio perdida, enquanto tremia o queixo. Mas, então, com as vistas mais acostumadas com o escuro da noite, estreitando as pálpebras, olhando na direção da mansão vazia, ela viu um rabinho se mexendo de um lado a outro, como se estivesse vivendo o máximo de sua vida.
— Sassy!
E ela se pôs a correr, deixando Carlos sozinho, nem ao menos tento pego o porta velas, apenas indo para as grades da mansão. A gatinha, ouvindo seu chamado, se voltou para a dona, um miado mais baixo, antes de correr na sua direção.
— Oh, meu amor! — Charlotte a tomou nos braços, tal fazia com Oliver e Violet quando caiam no chão e se machucavam — Onde você estava? Por que não voltou para casa?
Carlos se aproximou, o porta velas erguido, a vendo com um montinho entre os braços.
— E esse é?
— Essa é a Sassy. — Charlotte pegou abaixo das patas da menina, um sorriso enorme no rosto, mostrando a menina ao lord, antes de se voltar para o lado — Onde está Jimmy, querida?
Carlos iria perguntar de quem se tratava, mas considerando que a gatinha no colo era a Sassy, era obviamente o segundo. Entretanto, analisando a fêmea, acabou perguntando sobre o macho:
— Que jeito ele é?
A gatinha de pelagem meio alaranjada, realmente parecia um leopardo, entretanto, existia um novo integrante em sua residência que poderia fazer dupla a ela. E o pensamento o fez rir, porque Max certamente não iria gostar nada se o gato "Leo" — nome dado pelo Verstappen — fosse da lady Russell.
— Já viu um leopardo? — Carlos concordou, tendo mais certeza a cara instante — Ele parece um... Bom, ele parece a Sassy, só que com a pelagem mais clara.
Carlos levou a mão até próximo a cabeça da gatinha, sentindo ela levar o focinho até seus dedos, antes de o deixar acaricia-la. E era claro de quem se tratava o Jimmy.
— Você é a dona do Leo.
— De quem? — ela perguntou confusa — Eu sou a dona da Sassy e do Jimmy. Não tenho nenhum Leo.
— Não, não. Leo, o gato Leo. Ele vive lá em casa, parece adorar o café dos funcionários. — ela ainda parecia não entender e Carlos pensava como aquilo era confuso, pois a comida era péssima— Seu gato está conosco, se ele parece um leopardo... Se é parecido com sua gata, ele está com o Max.
Houve um pequeno momento de discernimento da nova informação e Charlotte olhou para onde tinha saído. Ela andou toda a distância da rua, pensando em como seus gatos poderiam estar sendo mal tratados e agora um deles estava com o Verstappen?
— É verdade?
— Provavelmente.
Charlotte respirou fundo.
Um...
Dois...
Três...
— Que esse homem esteja longe do meu bebê.
Ela girou, seguindo o caminho para a casa dos Sainz. E Carlos a acompanhou com os olhos, antes de correr atrás da menina. E tudo já tinha tudo para dar errado, mas para ter um gostinho a mais, o conde George surgiu na porta de sua casa, depois de pegar o irmão caçula apagado no sofá e sua irmã desaparecida. E se existia algo que poderia levar as coisas ao extremo era o Russell vendo sua irmã entrando na casa de dois homens solteiros.
— Charlotte, não sei se pode...
— Onde o Jimmy fica? — ela olhou para o lord Sainz parando a um passo da sala, ainda no hall de entrada — Onde o meu filho fica?
Sassy pulou do colo da dona, miando baixo, fazendo um corpinho pequeno e parecido com o seu surgir no alto das escadas. Charlotte sorriu, alívio invadindo seu corpo. E ela deu alguns passos, abrindo a boca para chamar seu garotinho, quando a voz surgiu:
— Você trouxe amiguinhos, Leo?
Max apareceu atrás do gato, fazendo os olhos da garota Russell se arregalarem, enquanto sentia seu pescoço e rosto esquentando, porque o homem estava apenas com suas calças pendendo na cintura, pés descalços e peito a mostra.
— Senhor!
Ela soltou, precisando apertar os lábios assim que um pensamento nada inocente cruzou em sua mente. Pensando em como precisava urgentemente de um papel ou qualquer coisa que pudesse anotar tudo o que sentiu para contar a Caroline na manhã seguinte. Sem chances dela não contar aquilo a Caroline.
— O que você tá faz...? Aí meu Deus, Charlotte! Fecha os olhos agora!
Obviamente que esse seria o melhor momento para George chegar na casa vizinha, um dos braços passando pela cintura da irmã, a virando para o outro lado, enquanto a mão livre tapava seus olhos. E os gatos recém encontrados soltaram um mio parecido com um grito, assustados, correndo para o quarto de Max.
— Eu não fiz nada. — Charlotte se defendeu, as mãos presas na roupa de George, já que a mão dele tapava sua visão — Só estava procurando Jimmy e Sassy.
— E os gatos tão no corpo do Verstappen? Acha que eu não vi, Charlotte! — George a empurrou no sofá, fazendo o Carlos olhar para onde o Max estava encostado no apoio das escadas, nem um pouco preocupado em colocar uma camisa — Você tá pelado por que ainda, Verstappen? Vá se vestir...
— Tô na minha casa, Russell.
— Max, por favor. — Carlos pediu, o fazendo rolar os olhos, antes de ir pro quarto que o Sainz cedeu a ele, quase rindo ao ver os dois gatos embolados em cima de sua cama.
No andar debaixo, George já estava brigando novamente com a irmã.
— Qual foi o nosso combinado?
— Oliver estava comigo.
— Oliver estava apagado no sofá, Charlotte.
— Ele se assustou com a vela caindo e precisou voltar para casa, não foi nada demais.
— Então voltasse com ele, porra!
Carlos a viu se encolher com o palavrão, puxando a almofada no canto do sofá para cima de seu corpo e Max surgiu nas escadas, a camisa por cima de seus ombros, mas fora das calças e aberta na frente, os dois gatos em mãos. E George passou a mão pelo rosto, querendo matar o Verstappen.
— Não podia fechar?
— Tá tão incomodado, vem fechar.
George fechou as mãos ao lado do corpo. Vendo o desgraçado do Verstappen chegar perto do sofá, oferecendo os gatos de sua irmã a ela e era quase impossível não perceber como Charlotte tinha a face brilhando de tão vermelha.
Max viu os gatos lambendo a face de sua dona, como se ela fosse um petisco, parecendo felizes. E ele confiava muito na intuição dos animais, o que o fez encarar com uma leve curiosidade a mulher.
— Obrigada. — ela sorriu para ele, passando a mão pelos dois. E Max confirmou, as mãos indo para os botões de sua camisa, de repente, não se sentindo mais a vontade em estar em tais trajes a frente da mulher.
— Os dois estavam onde? — George quebrou o pequeno momento.
— Sassy estava na casa dos Button no final da rua, Jimmy que estava aqui com os meninos.
E foi meio chocante quando George agarrou o gato — Jimmy — pelo pescoço, o erguendo, fazendo o animalzinho espernear o ar e Charlotte se ergueu, agarrada a Sassy, com medo da gatinha se assustar.
— Não judia dele, George.
— Por que não estava cuidando da sua irmã? — George questionou o gato, aproximando ele de seu rosto, apenas para a patinha bater em sua face — Ainda mal criado.
Max soltou um riso debochado, porque o gato tinha além de acertado George, seguido seu exemplo.
— O que foi, Verstappen?
— Nada. — Max ficou sério, a feição debochada ao sibilar — Mas é engraçado que esteja cobrando o gato, quando não estava cuidando sua própria irmã.
— Não estou te entendendo.
— Carlos que estava do lado de fora com sua irmã, não você.
Jimmy miou, um pouco chorão, não gostando de estar sendo erguido daquela maneira indisciplinada e Charlotte tomou o gato das mãos do irmão, um olhar irritado por ele estar fazendo aquilo com seus bichinhos.
— Eu não precisava me justificar para você, Verstappen. Mas só não estava com minha irmã, porque Oliver estava.
— Oliver, o garotinho? — Max bufou — Aquele moleque dão um tapa e termina o homem.
— Ora, seu...!
— George, vamos embora. — Charlotte o interrompeu, a tempo de Sassy pular de seu colo — Parada agora, Sassy!
E a gata obedeceu, parando com a patinha no ar até. E Max a viu olhar na direção de sua dona, soltar um miado baixo, antes de correr até os pés de Charlotte.
— Boa menina! — Charlotte sorriu, se abaixando para recuperar a gatinha.
— Ela está para entrar no cio, ou já está no cio.
Charlotte ergueu o rosto, encarando o Verstappen.
— Como?
— Sua gata. A vi se assanhando ontem pela manhã, antes de entrarmos em sua casa para tomar café.
— Impossível. Não está no tempo ainda.
— Então só tá puxando a dona.
Charlotte piscou uma, duas vezes, antes de abrir a boca chocada, olhando para George. O irmão da mulher franziu a testa. E Carlos saiu em sua defesa, visto que indiretamente Max tinha acabado de chamar a garota de assanhada.
— Eí! A Char não é assanhada. — George o olhou, sem saber se apoiava o Sainz ou perguntava de onde tinha tirado intimidade para a colocar apelido — Ela é fofa.
— Exatamente, minha irmã é um amor.
George escolheu apoiar o Sainz.
— Até agora, não vi nada dessa fofura.
Max rebateu, cruzando os braços.
— Talvez se não fosse um falastrão, talvez fosse capaz de ter uma conversa decente comigo para que eu possa ser fofa com a vossa senhoria.
— Olha ela se oferecendo como toda debutante.
— Ah, vai a merda, seu idiota mesquinho!
— Charlotte!!! — George chamou a irmã.
— Eu não preciso ouvir isso. — ela bufou, assoprando uma mecha dos cabelos castanhos do rosto e marchando para a porta, George a seguiu — Droga! Segura eles!
Ela nem ao menos deu chances do irmão negar, atirando Jimmy e Sassy contra ele e voltando a passos decididos até onde Carlos estava parado ao lado de Max.
— Obrigada por me acompanhar, estava com medo e a sua presença me passou segurança. — ela fez uma pequena reverência e então seus olhos pararam em cima de Max — George disse que irei ser a Lady da casa provisória para vocês, diria para cuidar tudo que ingere, peixinho. — e ela sorriu da maneira mais doce que conseguia — Boa noite, senhores!
A porta da frente bateu com a saída dos dois Russell e Max chutou o sofá, assustando Carlos.
— O que é isso?
— É a terceira vez que essa vaca me fala o que quer e depois sai sem que eu tenha tempo de responder.
Carlos riu, o fazendo estreitar as vistas.
— Ela te dá tempo de responder, você que nunca consegue falar nada na presença dela. — ele continuou rindo, mesmo ao chegar na ponta das escadas, olhando a Max antes de subir — Eu não sei se você tem medo ou respeito por ela, mas, de alguma forma, a Russell te deixa sem palavras, caro amigo.
O max consegue ser uma mistura de sentimentos com a Charlotte
Chega a ser incrível
Carlos é uma anta
Sério, uma enorme anta
Charlotte não pode nem ter gatos
Sassy e Jimmy sendo o foco do capítulo
O Oliver só faltando chorar
George em surto
Admitam, vocês sentiram raiva quando o George agarrou o Jimmy né?
Sassy não pode nem estar perto do cio, que o Max entrega ela
Aí, aí, aí
Espero que tenham gostado
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