(2198 palavras)

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Não se apegar.

São cinco e meia da manhã, ainda está escuro. Rose abre os olhos e olhando ao redor, fica confusa em ver que está em casa. Senta, passando as mãos pelos cabelos, pousando-os nos ombros. Em sua cabeça que dói, imagens aleatórias passam rápido.

- Droga! Não acredito que... Mas não é possível, ainda estou com minhas roupas! - passa os olhos pelo próprio corpo, ficando pensativa.

Levanta apressada, em busca de seu celular. O encontra em cima do sofá, vasculha achando uma mensagem de voz de Taehyung e um medo toma seu corpo pelo que pode ouvir, mas logo resolve:

Oi Rose, espero que esteja bem, queria que se divertisse ontem, mas você acabou exagerando na bebida, não estava nada bem, então, resolvi te levar em casa. Descanse. Beijos.

- Ahhh! - resmunga levando o celular até o rosto, apertando os olhos e apenas uma palavra define seu pensamento nesse momento; vergonha.

...

Finalmente depois de um banho relaxante, Rose sai do quarto usando um moletom quentinho, meias e caminha até a cozinha pisando na calça, maior que seu tamanho. Pega sua xícara com chocolate quente e caminha até o sofá, sentando-se de frente para a TV.

Nem percebe que ao mesmo tempo em que come, assiste a Tv, enquanto acompanha no celular o andamento do novo projeto.

Droga! Preciso relaxar!... E tentar me comportar diferente dessa vez para que Taehyung não se canse de mim e me ache uma estranha! - reclama assim que percebe.

Ah Rosemeire, pare de se preocupar tanto com o Taehyung e com o seu trabalho quando está fora dele!

Briga consigo mesma, então seus ombros se abaixam mais relaxados e se encosta no sofá. Mas passando os olhos ao redor de sua sala, não vê outra coisa para fazer, esta em meio a um silêncio absurdo, sente uma sensação imensa de vazio em seu peito.

Sente saudades de sua casa, fecha os olhos e recorda do lugar onde nasceu e cresceu, lembra do ar fresco, das árvores que viu crescer. Estar quele lugar a fazia bem.

Rose foi criada por seus pais, numa família típica do interior, é a mais velha de irmãs mais novas, sempre tinha coisas boas de fazer na rua com seus amigos de infância.

Ela não queria vir para o centro, mas seu sonho falou mais alto. E mesmo com indícios de problemas de comportamento, ela seguiu estudando e conseguiu. Aquilo é sua paixão.

Sempre dizia que quando arrumasse a tampa de sua panela, voltaria de mala e cuia para lá. Mas por enquanto, continua fazendo o que mais ama "Arquitetar" Lutou muito pra isso, porém se sente só, deprimida e não faz nada para mudar isso.

A única amiga do trabalho, saiu há pouco tempo e já não se conversam como antes, bem, tem a Liliane. Mas ela? Rose nunca teve tanta afinidade com aquela ruiva "pra frente"

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Rose chega no escritório. Está bem trajada dentro de um conjunto social, porém sua cara não é das melhores, as lembranças da noite passada a incomoda:

- Bom dia.

- Bom dia, Rose. Chegou cedo - Taehyung abre um sorriso animado, erguendo os olhos em sua direção.

Ele deve estar achando que sou uma cachaceira! "Olha só pra ela, coitada, bebe até cair. Tive que levá-la para casa pra não amanhecer na calçada!"
Ele deve ter rido de mim!

Esse sorrisinho nos lábios dele é de deboche, só pode!

Ela aperta os olhos e desvia dele, depois de dar ouvidos a seus pensamentos loucos.

- Está tudo bem?! - Tae franze o cenho. - Dormiu bem essa noite depois de?...

- Sim, eu dormi bem... - Ela o interrompe sentindo-se envergonhada por ver Taehyung comentar sobre a noite passada na frente de Marcos - Eu tomei um remédio pra dor de cabeça e esse café forte vai me ajudar - termina erguendo a xícara e mostrando.

- Eu pedi para o Marcos levar a Lili, para comprar o restante das coisas que faltaram ontem, tudo bem? - comunica, com os olhos atentos na lista em suas mãos.

- Na verdade, deveríamos ter conversado sobre isso antes, ao invés de você tomar essas decisões assim, sem me consultar primeiro! - responde Rose, caminhando até sua mesa.

Ao ouvir isso, Taehyung se cala fixando os olhos nela e sua expressão muda, ficando sério.

- Então conversem e depois me avisem, até logo. - Marcos se retira apressado da sala de Rose, arrastando Liliane, pelo braço, já sentindo cheiro de confusão.

A ruiva vai sendo levada, fuzilando Marcos com seus grandes olhos azuis, pois queria ficar ali para ver a treta

Ficam apenas Taehyung, Rose e um silêncio absurdo, então ele resolve abrir a boca:

- Desculpe, Rosemeire, mas achei que você fosse gostar que eles fizessem uma coisa, que você não pôde fazer ontem, por que estava sem condições! Você está me tratando como se eu fosse uma criança aqui no trabalho!

Declara Taehyung, com jeito contrariado, girando os calcanhares e caminhando a passos largos até a sua mesa e sentando-se, com expressão fechada.

Rose acompanha com os olhos, ele caminhar, depois respira fundo ficando desanimada ao notar que fez besteira. Está confusa a cada dia que passa, só queria afastá-lo de uma vez por todas, mas não sabe explicar como inevitávelmente, Taehyung vem cada vez mais, sendo atraído por ela, em todos os sentidos.

Como uma força desconhecida, que o arrasta sempre mais próximo e quanto mais isso acontece, menos ela sabe como reagir a esse sentimento.

Taehyung é um rapaz fofo, doce e cuidadoso. Já em outros momentos, ele é atraente e sexy. Isso já esta deixando Rose totalmente fora de controle e ela odeia aceitar que está perdendo o controle de alguma coisa. Ainda mais com seu estagiário.

Mas tem que ser assim, Taehyung tem que se afastar, pois Rose não pode mais se apegar a esse jeito dele que inevitávelmente a agrada, pois no pensamento dela, Taehyung nunca será seu do jeito que ela quer, simplesmente por se achar insuficiente para ele, além de complicada demais por causa de seu trastorno. E tudo o que ela quer é não fazê-lo sofrer.

Rose passa as mãos pelos cabelos e suspira de novo, então decide caminhar até a mesa dele com calma. Ao perceber a aproximação, Taehyung levanta seus olhos negros na direção dela e Rose se condena profundamente, ao saber que esses olhos tão doces parecem magoados por causa dela.

- Me perdoa, Tae - pede se abaixando perto dele com a face carregada de culpa - Te peço mil desculpas por esse meu jeito... Você é uma pessoa maravilhosa. É educado, inteligente, comportado. Só estava me ajudando ontem e pra agradecer eu fiquei bêbada. Hoje queria me ajudar e eu fiz esse papelão. Eu sou uma idiota! - Reclama abaixando o olhar.

- Eu não gosto quando você acha que sou um irresponsável e que não faço bem meu trabalho. Às vezes percebo que você me olha como se eu tivesse 12 anos, sabia? Quero que saiba que eu já sou adulto há muito tempo, mesmo sendo mais novo que você! - Ele é firme em suas palavras, ainda com os olhos presos nela.

- Eu sei disso. É que essa situação surreal já está me deixando doida! Fazia tempo que eu não me abria da forma que fiz ontem com você. E ainda mais você que é...

Ela para de falar ainda com os olhos nele, então desiste de continuar.

- Tudo bem Rose, vamos esquecer isso. Eu não quero ficar bravo com você - responde ele, mais relaxado, começando a rever pequenas imagens da noite passada dançarem em sua mente.

- Obrigada - Rose se levanta com jeito pensativo. - Agora me responda uma coisa. Eu falei ou fiz alguma coisa que não deveria ontem? Está tudo tão confuso na minha cabeça, que já está me matando! - pergunta, preocupada.

- Não se preocupe, Nonna - ele volta a ser gentil. - Você estava triste e exagerou na bebida, quem já não fez isso?

- Me sinto envergonhada por ter me visto daquele jeito - se explica apressada.

- Pelo menos conversamos, eu entendi um pouco por que às vezes você é tão fechada.

- Eu... falei muita coisa? - ela faz cara de 'cachorro sem dono'

- Só precisava desabar e eu não me importo, se precisar conversar pode falar comigo.

Os olhos dele mudam rápido, como da água para o vinho, parecendo brilhar completamente diferentes dessa vez.

- Mas já que tocou no assunto, não sei se devo falar do beijo que me pediu - ele faz uma expressão que parece se divertir, enquanto ajeita seus materiais de desenho sobre a mesa.

- O-o que?! - Ela abre mais os olhos, de forma assustada, levando uma mão à boca. - E-eu... Poxa vida, que vergonha! Me desculpa, Tae! - pede sentindo seu coração acelerar e seu rosto esquentar rápido.

- Não se preocupe, eu já disse - Ele sorri apertando os olhos com a reação que causou nela. - Mas como você mesma disse, eu sou comportado e vi que estava bêbada.

- Obrigada - diz ainda de forma agitada, depois respira fundo tentando se acalmar - E por ontem também. Você foi um fofo e cuidadoso. Quando me viu embriagada, me levou pra casa em segurança.

Taehyung se levanta e caminha até ela, com calma, sem cortar o contado visual. Para de frente para ela, bem perto, como nunca esteve antes. Sem contar o dia em que ela caiu em seus braços tentando arrumar o ar condicionado.

Taehyung se dá conta de que já não consegue mais se controlar quando está perto dela. Seu olhar penetra no de Rose, sem pudor dessa vez, de um jeito firme e sexy. Essa dualidade de Taehyung, já está acabando com o pouco do psicológico que resta dela.

Rose aproveita para observar cada detalhe do rosto do belo rapaz de traços fortes, enquanto seu coração acelera cada vez mais pela aproximação. Mas logo decide acabar com isso tudo de uma vez, imaginando que será melhor para ambos.

- Eu não quero ter que te tratar com frieza de novo, assim como fiz hoje, entendeu?

Ela percebe o rapaz franzir o cenho.

- Eu sou uma pessoa complicada, Tae. Eu não posso lhe dizer muita coisa no momento, mas... Deixa pra lá!

- Rose, não vai mesmo me dizer o que acontece com você? - As vezes fico tão confuso.

Rose fecha os olhos vagarosamente, de forma triste.

- Eu sempre acabo afastando as pessoas, por isso manter distância parece mais fácil pra mim. Mas com você... É diferente. Eu não me perdoaria, então te peço, por favor... não se aproxime mais de mim. Não quero te machucar.

Ao terminar, ela se vira com expressão profundamente desanimada.

- Como não se aproximar se sinto que a cada dia estou mais atraído por você, mesmo assim, tão complicada?!

Declara o rapaz enfim, com olhar envolvente, se aproximando ainda mais dela, quase encostando seu corpo em Rose. Fazendo ela se afastar pela última vez com olhar assustado e surpreso, ao sentir o leve calor do corpo dele. Ela se escora na mesa, sentindo-se acuada e sem muita opção de espaço. Em consequência, sente seu peito travar e se esquecer como respira.

- Porque... porque está fazendo isso comigo?... - pergunta confusa, quase implorando uma resposta. Um arrepio forte percorre toda sua espinha, se concentrando em sua barriga, assim que sente por um segundo, o leve calor da respiração dele lhe tocar a face.

- Já disse que gosto de você, sinto que quando estamos juntos, você também parece sentir algo por mim, eu só preciso saber o quanto! - ele se concentra ainda mais fundo em Rose, como se a examinasse por dentro.

Rose sente-se obrigada a desviar os olhos dele, não suportando o encarar por mais tempo.

- Olha Tae, e-eu só me envolvi com alguém que trabalha pra mim uma vez e você sabe que deu muito errado. Você é meu estagiário e... Bem mais novo. Isso não parece certo.

- Ninguém é igual a ninguém, Nonna, você não pode comparar as pessoas dessa forma. E sobre minha idade, porque não tentar algo diferente? Pode ser que não se arrependa de dar uma chance para um rapaz mais novo - sussurra ele, deixando um sorriso leve tomar sua face, enquanto se aproxima mais do rosto dela, chegando bem perto.

Automaticamente, Rose fecha os olhos e seu corpo trava ao sentir a voz grossa e sensual dele lhe causar vibrações no corpo dela tão intimamente, de um jeito que nunca imaginou sentir antes, bem ali, em sua sala do escritório. Sente-se tão vulnerável, como se Taehyung soubesse tudo o que se passa no corpo dela nesse momento.

Taehyung ergue sua mão, com seus dedos longos e encosta sobre o queixo dela, virando a cabeça de lado para a admirar com calma. Seu polegar desliza pelo lábio dela, se encantando com a maciez.

O toque sutil do dedo de Taehyung em seu lábio, causa mais arrepios por todo o corpo dela e dessa vez, Rose já sente seu sangue ferver somente com isso.

- Eu fui bonzinho ontem por causa da circunstância, mas na próxima oportunidade, a menos que você esteja bêbada, não serei tão comportado assim...

O olhar de Taehyung se perde no rosto dela com desejo:

- Você pode não achar, Rose, mas é linda, eu gosto quando você comanda tudo por aqui e faz tão bem. Me deixa fascinado... - diz devagar.

Rose sente seu corpo todo estremecer, como um choque, sente-se viva novamente quando está com ele. Taehyung pega em suas mãos, entrelaçando seus dedos grandes e macios sobre os dela com firmeza, então ele sorri discreto ao notar que Rose está lhe permitindo tocar.

Mas logo são interrompidos por Marcos, que entra os fazendo disfarçar rápido. Marcos percebe, mas finge que não viu nada.

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