Kim Taehyung
Hospital de Custódia Bujang Sanatorium's.
A sala é cinza.
O sofá é cinza.
Minha camisa é cinza.
Minha calça é cinza.
Minhas algemas parecem cinza.
É tudo cinza.
— Em quê está pensando? — pergunta Norman Gretan, o novo psiquiatra.
— Em quantos segundos acha que posso te sufocar? — ele sorri. Deve achar que não noto seu medo, mas o canto de seu lábio treme antes do sorriso sumir por completo.
— Não deveria pensar nessas coisas, Taehyung. Vamos pensar em coisas boas, positivas! — ele cruza as pernas tentando parecer relaxado. Todos eles fizeram isso, a falsa posição relaxada.
— Eu penso positivamente que posso te matar em três segundos. — me impulsiono pra frente rapidamente. Duas coisas acontecem: minha "coleira" solta uma descarga elétrica devido ao meu movimento brusco. Já estou acostumado, mas o choque me faz voltar e encostar no sofá. E vejo a expressão de horror que toma conta de Norman. É tão satisfatória que consigo rir mesmo ainda sentindo minha pulsação acelerada.
— Patético, que atitude patética! — ele me repreende, furioso. — Não pode se comportar? Nem uma vez sequer? — sua falta de paciência é algo novo. Normalmente todos os psiquiatras que fazem suas sessões comigo procuram manter a calma até o fim.
— É esse lugar, não posso evitar. — essa é provavelmente a confissão mais sincera que já fiz desde que cheguei aqui, há um ano e meio.
— Está onde merece estar, junto de pessoas parecidas com você! — ele cospe fugindo totalmente da sua postura perfeita.
Tenho que rir novamente.
— Esse lugar é para loucos, eu não sou louco. — constato o óbvio. Ele apenas revira os olhos, o gesto me faz desejar ter uma faca para arrancá-los.
— Você é louco, Kim Taehyung. — o canto da minha boca se repuxa em desgosto.
— Herman Duffin rasteja pelos corredores porque acha que é uma cobra. Mônica Lane tenta quebrar a cabeça na parede porque diz que tem vermes dentro de seu encéfalo. Varin Lesley tenta comer os dedos porque diz que são nossas partes sagradas do corpo, e necessitam ser digeridas. Não vê? Eles são loucos, eu não. — Norman estreita os olhos enquanto folga a gravata.
— Você abre corpos e põe balões achando que vai salvá-los. Diga-me Taehyung, isso não é sinônimo de loucura? — sorrio, mas não digo nada.
— Você torturou duas pessoas, diga-me, isso não é ser insano? — faço um esforço para não fechar os olhos de tédio.
— Como vai a Alice? Gostaria de vê-la, por mais que eu ache que ela não queira o mesmo. — rio. — Eu deveria tê-la matado, assim eu não estaria aqui. E Jungkook? Espero que ele ainda lembre carinhosamente de mim.
— Não sou psiquiatra dela, nem sei nada sobre o Jungkook, mas eu não contaria de qualquer forma. Minha tarefa não é te tirar do tédio.
— Com certeza não é, já que você que causa ele. — retruco.
— Você deve se achar um palhaço. — ele alfineta descruzando as pernas. Sei que pretende que eu perca o controle, talvez ele goste de me ver levar uma descarga elétrica.
— Não, definitivamente essa não é minha profissão. — não mordo a isca.
— Não sei por que eles deram essa chance pra você. Se eu fosse o juiz, você estaria morto.
— Você é louco também, só que está do lado de fora. — dou de ombros. — Não vai me magoar, sabe? Você contar seus planos de como me mataria e essas baboseiras...
— Não, creio que não, você é incapaz de sentir qualquer coisa. — ele estreita os olhos.
— Assim você me ofende. — forço uma expressão triste no rosto.
— Você é repugnante. — ele sussurra.
— Essa foi a coisa mais gentil que alguém me disse em semanas. — ele levanta do sofá, seu terno cinza se misturando com a sala cinza.
— Espero que Varin coma seus dedos! — ele diz irritado.
— Isso é algum tipo de "vou sentir saudades" em algum código que não compreendo? — Norman balança a cabeça, sua paciência vagando longe daquela sala.
— Você deveria ter queimado com seus pais. — meu sorriso vai diminuindo aos poucos. Suas palavras vão sendo processadas pelo meu cérebro, sinto meu rosto se fechar, a raiva sendo expelida por cada poro existente.
— Olhe sua boca, Norman. Não vai querer perder a língua, vai? — ele ri.
— Você que vai arrancar? Seria muito atrevimento dizer que vou esperar?
Estreito os olhos o encarando fixamente. Seu sorriso confiante vai murchando aos poucos. Ele engole em seco e desvia o olhar, dando as costas pra mim e caminhando até a porta da sala.
Quando Norman sai da sala, expiro o ar que até então eu estava prendendo. Noto que meu coração está acelerado, mordo o lábio para conter uma tontura repentina.
Ah, pare com isso, por que isso te afeta? Deixe que falem deles, você é tão fraco que ainda se importa com essas merdas.
Maldito fracassado que insiste em ficar.
Os policiais aparecem na porta ao lado da enfermeira Olivia. Ela carrega uma grande seringa na mão, seus olhos são da cor do carvão, seus cabelos de um vermelho flamejante. Ela se põe ao meu lado, enquanto ajeita uma das luvas, fala:
— Sr. Gretan disse que você está agitado, recomendou um forte sedativo, vou aplicá-lo agora. — ela sorri, maldosa. Sei que gosta dessa diversão. Ela é louca também. Todos eles são.
Um picada no meu pescoço, as coisas começam a rodar rapidamente. Vejo a sala cinza desaparecer aos poucos.
A sala é cinza.
O sofá é cinza.
Minha camisa é cinza.
Minha calça é cinza.
Minhas algemas parecem cinza.
É tudo cinza.
Lembrem de votar!💙
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro