ᬊ O Acordo🍷
〘 ①⑨ 〙
No final do dia, tudo já estava voltando ao normal no navio, por sorte não houve nenhuma morte de inocente. Alguns tripulantes se ajuntaram com os passageiros e fizerem uma festa, para comemorar a vitória contra os piratas.
Eu estava apenas observando de longe, todos se divertindo e bebendo juntos. Bianca estava com Damian no convés, ambos conversavam animados. Será que sabem o quão deixam claro o que está acontecendo entre os dois? É, Acho que não.
- É uma boa festa. - disse Ethan ao meu lado.
- Acho que sim. - sorri olhando para um grupo de marinheiros gritando eufóricos.
- Você vai lá? - o Alfa me olhou curioso.
- Hum, acho que não. Digamos que eu não fique bem em festas, a não ser que eu encha a cara. - ele riu negando com a cabeça - Mas se quiser, aproveite.
- Tem certeza? - Ethan me olhou esperando uma resposta.
- Claro, não deixe escapar essa oportunidade de se divertir. - forcei um sorriso.
- Então tá, acho que vou seguir o conselho de Damian. Qualquer coisa, estarei no convés. - beijou minha bochecha e se distanciou.
Suspirei bagunçando o cabelo, aquilo me deixava intrigada, eu queria estar ao lado dele, mas algo em mim me dizia para se afastar. Não é como se tivesse alguma coisa errada em Ethan, apenas me sentia assim por saber como os amores acabam, e como isso é doloroso.
- O que uma moça tão bonita faz sozinha aqui em cima? - uma mulher de cabelo preto mesclado com branco e olhos verde esmeralda, se aproximou de mim.
- Não estou muito bem para entrar nessa festa. - suspirei desviando o olhar.
- Eu conheço esse olhar, algo te intriga, não é? - se apoiou no corrimão com uma taça de vinho na mão.
- Você deve ser uma vidente então, ou algo assim - ri colocando uma mão no rosto.
- Vamos ver... - a mulher pega na minha outra mão e a analisa brevemente - Seu nome é Blair, tem 17...não! 18, está aqui em busca dos...
Rapidamente a puxo pela gola da camisa e coloco minha adaga em seu pescoço.
- Diga mais e você se lasca. Como sabe de tudo isso sobre mim?
A mesma começou a rir mas parou aos poucos olhando para minha expressão séria.
- Eu me chamo Verônica, Verônica Loyal. E eu vi isso em um cartaz de procurado, mas isso não vem ao caso. Consigo ler a palma da sua mão.
- E o que pretende?
- Nada, eu vim em paz. - tirou minha mão de seu pescoço - Sei que estão indo para Felicitatem, apenas quero oferecer a mim como guia.
- Por que deveria confiar em você?
- Ambas queremos a mesma coisa: chegar até o reino do sul. Eu sei como entrar, sem mim, serão pegos pelos comparsas da Rainha.
- E o que você ganha com isso?
- Metade dos lucros que conseguirem com a venda da lente mágica. - sorriu e por um estante, vi as pupilas de seus olhos quase formarem um losango.
- Não estou interessada em vender. Tenho propósitos maiores do que uma simples venda.
A situação estava prestes a sair do controle, aquela mulher sabia demais, se ela não calasse a boca, eu mesma teria que silencia-la. Para ser sincera, não queria recorrer a isso.
- Tudo bem, mas você pretende usar. Quero entrar no esquema, não estou a ameaçando nem nada e muito menos quero que você faça isso.
- O que você quer, para calar a boca? - suspirei irritada.
- De você, nada. Eu quero saber, o que aconteceu com Choi Yoran? Acabou de voltar de Glacies.
- Apenas isso?
- E se o seu fim foi a morte, me leve até onde seu corpo está. É isso. - me olhou séria.
Respondi após um tempo em silêncio:
- Está bem, a levarei assim que cumprir a sua parte.
- Então, estamos combinadas? - estendeu a mão. Hesitei por um segundo, mas juntei nossas mãos.
- Fique calada, ou estará tudo acabado, e você também.
- Minha boca é um túmulo. - sorriu satisfeita.
- Se me der licença, tenho mais o que fazer. - me virei para sair, mas Verônica entrou em minha frente.
- Não seja tão áspera, venha, vamos lá para baixo. - pegou em meu braço e me levou até onde Ethan, Bianca e Damian estavam. - Olá novos companheiros de viajem!
Os três olharam para ela e em seguida para mim, completamente confusos.
- Essa é a Verônica Loyal, vai nos levar até você sabe onde. - revirei os olhos - Como pagamento, vamos dar um defunto de presente para ela. O próprio Choi.
- Essa gente tem cada uma... - Damian murmurou tomando um gole da bebida em sua caneca.
- É um prazer conhecê-lo. - Verônica pegou a mão de Ethan - Meu caro príncipe.
O Alfa a olhou surpreso.
- Quem contou a você!? - disse pegando o braço dela.
- Relaxe, ninguém me contou. Eu simplesmente sei.
- Bla...quer dizer, Emily! Posso ter uma palavrinha com você? - soltou Verônica e me puxou para o lado - Eu não acredito que você fez isso!
- Eu não, ela tem poderes psíquicos. Só por tocar em você, já sabe seu nome, idade e de quebra até seu tipo sanguíneo, eu acho.
- Ela pode comprometer tudo!
- Eu sei, por isso vou acompanha-la de perto. Um passo em falso, e eu a tiro de circulação.
- Deixe-me ver se entendi bem, ela quer o corpo do Choi? Por que?
- Cada louco com suas loucuras, eu preferi não perguntar, e além do mais, não fará muita diferença.
- Acho que tem razão, mas tem certeza de que ela vai fazer o que diz?
- Se ela quiser a sua parte do acordo, terá que dançar com forme a música. Irá nos levar até Felicitatem e depois terá o Choi.
- Está bem, só espero que no final, não tenha arrependimento.
- Eu também.
Quando retornamos para perto deles, Bianca e Verônica conversavam animadas, enquanto Damian apenas as olhava com um olhar de poucos amigos. Parece que mais alguém não gostou nem um pouco dessa história.
- Emily, a Verônica trabalhou no palácio da minha família! - disse Bianca.
- É sério? - Ethan perguntou
- Trabalhei três anos na cozinha. Ajudava o Chef. - Verônica sorriu.
- E quais os pratos que ajudava fazer, Verônica? - Damian se aproximou.
- Hum, os mais variados que pode imaginar, mas já faz muito tempo.
- Quais? - o Beta insistiu a encarando sério.
- Damian, ela não deve se lembrar de cabeça, deve fazer muito tempo. - disse Bianca.
- Verônica, qual é mais denso? Sal ou açúcar? - Damian voltou a perguntar.
Após alguns segundos quieta, a mesma respondeu com convicção:
- O Sal, é claro.
- Entendi. Alguém quer mais bebida? - Ethan levantou mais três canecas.
- Eu quero. - Bianca levantou a mão. Eu, Damian e Ethan a olhamos surpresos.
- Você é muito nova. - disse Ethan.
- Eu tenho 17 anos, Nathi. - a mesma cruzou os braços.
- Ainda é nova!
- Acho que o Nathaniel tem razão, Bianca. - concordei com o Alfa.
- E pode fazer mal a você. - Damian concordou.
- Pode beber um pouco do meu vinho, não vai te fazer mal. - Verônica entregou sua taça a Ômega, que agradeceu em silencio e tomou um gole.
- É bom... - Bianca sussurrou e tomou mais alguns goles.
- Claro que é, vou trazer uma garrafa e outro copo, já retorno. - disse Verônica e se distanciou de nós, desaparecendo em seguida.
- Eu não gostei dela. - Damian deu de ombros.
- Não é que eu não goste dela, só não confio. - disse Ethan
- Bom, não temos escolha. Ah, agora Damian sabe como foi quando chegou. - eu disse pegando uma caneca das mãos do Alfa.
Ethan e Bianca riram.
- Deve ter sido estranho, ter que "confiar" em um desconhecido. - Damian afirmou.
- E como... - o lúpus tomou um gole da bebida
- Gente, devemos dar ao menos uma chance a Verônica, vai que vocês acabam se entendendo? Como fizeram com o Damian. - Bianca girou o cabo da taça nos dedos.
- O que ela te deu para beber? - o Beta tocou a testa dela - Está ingênua demais.
- Admito, talvez eu possa ter me empolgado um pouco. Ela trabalhou no castelo da minha família, faz tempo que não vejo mais ninguém que morou lá.
Um silencio se fez presente naquele momento. Um silencio triste, nós três entendemos o sentimento da mais nova, deixamos pessoas que amamos para trás, para seguir em frente. Mesmo que sejamos diferentes em muitas coisas, compartilhamos da mesma dor.
- Voltei! - Verônica estendeu uma garrafa de vinho em nossa frente. Nós apenas forçamos os melhores sorrisos que conseguimos.
- ههههه -
Semanas se passaram desde que embarcamos, e logo viraram mais um longo mês. Continuava com os olhos atentos em Verônica, algo nela não me passava confiança. Era o ultimo dia no mar, pois no dia seguinte estaríamos em Nova Bella, a fronteira com o reino do sul.
- Amanhã estaremos a um passo de Felicitatem. - suspirei carregando minha pistola.
- Céus, estou tão nervosa. - Bianca andou de um lado para o outro no convés.
- Ei, tudo bem. Não vou deixar a Rainha e mais ninguém colocar as mãos em você. É uma promessa.
- Obrigada. Isso não está sendo fácil para mim.
- Entendo. Me mostre os golpes que aprendeu ontem. Damian lhe deu um punhal, não é?
- Hum, sim, mas eu não diria que ele me deu...enfim. - levou a mão para dentro da saia e pegou o punhal - Ainda é novo para mim.
- O que?
- Matar...me sinto um pouco culpada, entende?
- Também me sentia assim. Não estou dizendo que matar é errado, mas pense, se não for ele, será você. Com o tempo vai se acostumar.
- Entendi, eu me senti tão viva e selvagem quando usei o machado. - sorriu cortando o ar com o punhal.
- Eu vi no seu olhar, você tem uma boa mira.
Tenho quase certeza de que foi por causa do machado, mas não vou dizer nada. Eu e Bianca passamos o resto da manhã praticando o combate, e a ajudei com sua mira. Está ficando melhor a cada dia.
- Uau, que luta ehn? - Verônica veio até nós.
- Ah Olá - Bianca sorriu.
- Amanhã será um grande dia, mas devo avisa-las, vamos entrar em território perigoso. Essa cidade parece ser agradável e pacata, mas é tudo fachada.
- O que acontece? - Bianca perguntou, meio receosa.
- A maioria dos habitantes são Bestias. - percebi um brilho estranho no olhar dela.
- Pessoas que ao invés de evoluir, regrediram e deixaram seus lobos tomarem conta. Os tornando feras até mesmo fisicamente, quando estão nessa forma se tornam assassinos cruéis, devorando qualquer coisa que alcance seus caninos. - disse e a Ômega me olhou assustada.
- Não podemos contornar esse lugar?... - Bianca perguntou engolindo em seco.
- Se acalme, essa cidade servirá para nós apenas como ponte. - Verônica colocou uma mão nas costas dela.
- Eu entendo...
De repente, Bianca começou a se curvar para frente, gemendo de dor. Fui até ela mas a mesma me empurrou com força no chão.
- Bianca? O que deu em você? - me levantei devagar e ela apoiou as costas na parede, respirando rápido.
- ...e-eu não sei. Meu corpo se moveu sozinho.
- Querida. - Verônica abraçou Bianca - Vai ficar tudo bem, acho que essa viagem não está fazendo bem a você. Vá se deitar um pouco.
- Acho que deve ser isso, vou indo então. Me desculpe, Blair. - correu para o lado e desapareceu ao descer a escada para o andar de baixo.
- Estranho... - pensei em voz alta e olhei para Verônica a minha frente.
- Ela está cansada, talvez seja a viagem mesmo.
- Sim, mas ela nunca agiu assim.
Mais tarde, fui até a acomodação onde eu e Bianca estávamos, também queria descansar, amanhã seria um longo dia. Ao entrar, o cômodo estava escuro, e apenas o som de um velho relógio de mesa era ouvido, mas pude notar alguns grunhidos e murmúrios baixos. O cheiro de cereja também podia ser sentido, indicando que a Ômega estava ali.
- Bianca? Se sente melhor? - acendi um lampião e vi uma silhueta sentada de costas na cama.
- Blair...eu descobri o que estou sentindo. - a mesma disse com voz suave.
- Que bom, eu acho. O que é?
- Venha até aqui, posso te mostrar.
Aquela frase me deu um calafrio, arrepiando os cabelos da nuca, mas fui até ela mesmo assim.
- Você está me assustando... - ri nervosa e a mesma se levantou ainda em cima da cama.
Sem dizer mais nada, Bianca pulou em cima de mim com o punhal na mão, segurei em seus braços a impedindo de perfurar minha garganta. Ela gritava e uivava, como um animal que acabou de encurralar sua presa. Com os joelhos, ergui e a joguei para trás, rapidamente me pus de pé e a Ômega avançou contra mim novamente, segurei seu pulso com o punhal e o girei para o lado, a fazendo soltar no chão. Chutei a lamina para de baixo da cama e soquei seu rosto com força, a mesma caiu no chão, parecendo desacordada.
- Ficou louca!? Por que raios você está fazendo isso, Bianca? - gritei mas ela continuou quieta no chão - Bianca?...
Ela pulou em cima de mim novamente mas peguei em seus ombros e chutei sua barriga com o joelho, a menor gritou de agonia e se jogou no chão. Arfava e tossia sem parar, até que regurgitou um tipo de larva roxa, aquela cena me causou náuseas. O verme tentou se arrastar para longe, mas parou de se mexer ao entrar em contato com o vomito. Bianca caiu para o lado e não se mexeu mais.
- Bianca! Vamos, reaja! - bati levemente em seu rosto. Estendi o braço e coloquei uma mão sobre a outra, pressionando seu peito com o calcanhar da mão.
Após alguns minutos, a Ômega abriu os olhos e respirou fundo, me olhando assustada
- Se tentar me matar, terei que tomar medidas drásticas! - ri abraçando a mesma.
- Do que está falando!? Eu nunca faria isso. - olhou para a larva no chão - Blair, o que houve?
- Você tentou me matar, mas não foi sua culpa, foi esse...eu nem sei o que é essa coisa! Mas estava dentro de você.
- O que?! - Bianca se levantou - Como um parasita Dominus foi parar dentro de mim?
- Dominus?
- Sim, esse tipo de parasita quando se alastra em seu corpo, consegue te controlar para seus desejos fisiológicos. Meu pai me fez aprender, para minha própria segurança. Já que na floresta perto do castelo, é repleta das mais variadas criaturas que pode imaginar.
- ''Desejos fisiológicos''? Como caçar, comer e essas coisas? - ela assentiu e se sentou no chão - Você falava, alto e em bom som. E por que me atacou? Não represento nenhuma ameaça a você.
- Eu não sei, é uma larva, deveria ser irracional! Quanto ao ataque, talvez tenha se sentido acuado ou em perigo...
- De uma coisa eu sei: Essa história está muito longe de terminar. E pior, sinto que é apenas o começo
~ Parasitas ou parasitos são organismos que vivem em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo conhecido por parasitismo. (resumindo, são seres que vivem as suas custas, totalmente dependentes de vc e no final ainda te prejudica (que nem gato de energia/água/internet).)
/ Gente, que dó da Bianca (>n < )💦
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