ᬊ᭄ A Dura Verdade ➵
Era uma vez, três reinos cujos governante viviam em comunhão, mesmo sendo tão diferentes em diversos aspectos, a paz reinava entre eles. Mas em um fatídico ano, tudo desmoronou. Em pouco tempo a guerra se instalou entre os três trazendo caos e ruína a todos os habitantes, porém, antes da queda da "Grande Ordem dos Magos", fizeram uma profecia que seria a última chance da salvação dos três reinos:
"Hão de vir quatro seres que se juntariam para restaurar a paz e acabar com todo o caos que a guerra nos trouxe, assim como os reinos em suas diferenças, também as teriam, mas iriam aprender a viver juntos, pois o destino de tudo e todos, estão em suas mãos".
Anos se passaram, e a profecia cada vez mais parecia apenas um mito qualquer, porém, o que ninguém sabia era que tudo já estava a se concretizar.
〘 ⓵ 〙
➳ ℬlair➳
Era fim de tarde, o sol começava a se por atrás dos telhados da vila que chamo de lar. Por mais que apreciasse aquela paisagem, não poderia me esquecer do motivo pelo qual estou na torre do sino mirando minha flecha atentamente em meu alvo. Bom, meu trabalho não era o mais fácil e muito menos visto com bons olhos pela sociedade, mas o mundo não é um lugar honesto ou amistoso, é frio e cruel. Não tenho escolha se não terminar meu serviço.
Meu tio é dono de uma taberna que fica no centro da floresta, mas apenas vão lá aqueles que sempre andam com seu dinheiro. Césio Greedy não é um homem que excede misericórdia, tão pouco é tolerante, por isso está disposto a fazer seus devedores pagarem ou arcarem com as consequências. E nessa parte, eu entro, sou um tipo de cobrador de impostos, todo aquele que não pagar suas dívidas no estabelecimento teria consequências.
Enquanto o meu alvo se movimentava pelas ruas, eu continuava a apontar em sua direção a todo custo, no momento em que apanhou seu alforje, soltei corda e a flecha voou por cima das muitas pessoas passando por ali, atingiu em cheio a pequena bolsa a deixando pendurada em uma viga de madeira. Nesse momento todos que estavam no local olharam para minha direção e o homem gritou:
- O Capa Vermelha! - apontou em minha direção
Recebi esse nome por sempre estar usando meu capuz. Minha identidade é um mistério para todos, por causa da minha máscara branca com apenas a abertura doera olhos, inexpressivo.
Puxo com força a corda que estava presa na flecha, com a ponta encurvada para trás, e a recolho até estar enrolada novamente, prendo o alforje no meu sinto e sorri para mim mesma por minha missão estar concluída. Meu sorriso se abriu mais quando uma bala acerta a parede ao meu lado. Olho para baixo e a guarda já tinha cercado a torre.
- Seus imbecis! Disparem com mais precisão! - o comandante rugiu e tirou sua espada da bainha apontando em minha direção - Renda-se Capa Vermelho! Está cercado!
Pode me achar louca, mas a parte da fuga é a mais emocionante.
- Prenda-me, se for capaz, comandante Elliot! - gargalhei da expressão furiosa do Beta. Seu rosto começava a ganhar a cor avermelhada e seus olhos mudaram a coloração em tons amarelados.
Mais um disparo é dado contra mim, mas desviei saltando e caindo em cima de um telhado, deslizando pelas telhas que se soltavam a cada movimento e caí em pé na varanda da casa.
- Sempre pontual, meu caro. - me viro e vejo o velho Alfa cego, sentado em sua cadeira de balanço.
- Aqui está, senhor George. - tiro o alforje do meu cinto, o abro e coloco algumas moedas na mão do mais velho.
- Muito obrigado! - sorriu mexendo as moedas na mão.
Com a deficiência visual do senhor George, não consegue fazer metade das coisas que fazia antes, sempre o ajudo com algumas moedas para que possa prover o almoço e a jantar.
- Abra em nome da guarda real! - algumas batidas na porta são ouvidas - Se estiver abrigando um criminoso procurado, terá sérias consequências!
- Bom, essa é a minha deixa. - faço um sinal com a mão descendo pelas vinhas, que subiam até em cima e viro entrando em um beco.
Rapidamente tiro a máscara prendendo no meu capuz e o prendo em meu cinto o transformando em uma saia. Saio do beco e ando pelas ruas, a guarda procurava desesperada por mim em todos os cantos, sorri de canto observando aquela cena e não percebi alguém vindo a minha frente, bati contra o mesmo e caí por cima.
Levanto o rosto e observo por alguns segundos o Alfa, que assim como eu, estava mantendo seu olhar fixo em mim.
- Perdão, não o vi. - desvio o olhar e me levanto.
- Não olha por onde anda? - revirou os olhos e se levanta batendo em suas pernas tirando a sujeira.
- Tenho certeza de que se tivesse prestado atenção, também teria me visto.
- Que seja, tenho mais assuntos a tratar do que perder meu tempo com uma Ômega insolente. - vira as costas e sai andando.
- Sujeito ignorante. - digo colocando as mãos na cintura. Meus olhos ficam arregalados e sinto meu sangue gelar quando não sinto o pequeno saco de veludo.
Não, não, não pode ser! Eu o perdi!
Olho desesperada para os lados e cerro o punho vendo aquele Alfa com ele em mãos. Piso forte indo até ele e torço seu braço para trás o fazendo soltar o pequeno saco na minha mão, tampo sua boca e sussurro em seu ouvido:
- Fique esperto, se voltar a me roubar, seu braço não será a única coisa que irei quebrar. - o jogo contra a parede e ele me olha incrédulo. Apenas passo meu braço entre o arco e me distancio.
Ando a passos largos até chegar na floresta e continuo, mas não parava de pensar naquele Alfa, de alguma forma, minha loba ficou agitada, mas ignoro seguindo em frente. Chego na taberna e vejo meu tio no balcão, contando algumas moedas e as colocando no bolso do avental.
- Estou de volta. - digo colocando o alforje no balcão. - Não foi difícil.
- Muito bem. - disse sem olhar para mim. De repente para e me olha de cima a baixo com malícia - Andou se divertindo por aí?
- Não pense um absurdo desse. - o olho incrédula.
- Esse cheiro não mente...
- Tive um imprevisto, nada demais. - dou de ombros e vou em direção a escada.
- Não demore, hoje a Analice faltou. Temos menos uma. - apenas aceno com a cabeça e subo as escadas indo em direção ao segundo andar.
O segundo andar era a casa, com apenas três cômodos: o sótão que agora é o meu quarto, o quarto do meu tio e a sala junto com a cozinha. Vou para o meu quarto e fecho a porta atrás de mim. Sinto minha loba cadê vez mais inquieta, me deixando com dores de cabeça, vou até o espelho e vejo que meus olhos estavam em um tom púrpura.
- O que você quer? - sussurro e vejo meu reflexo sorrir para mim.
- Não vai me dizer que esse cheiro de hortelã fresca não lhe atrai? - se refere ao cheiro do Alfa.
- Se aquieta por favor, tenho que trabalhar.
- Eu já me sinto tão entediada, e você me vem com "se aquieta", pela primeira vez o cheiro de um Alfa não me é enjoativo.
- Não quero saber. Você fique quieta, ou vou tomar aquele chá e irei resolver isso do meu jeito. - meus olhos voltam ao normal instantaneamente
Prendo meu cabelo em um coque e tiro minha capa a jogando na cama, observo minha máscara e suspiro. Algum dia, isso irá acabar, antes que eu seja presa e condenada. Por mais que gostasse de toda aquela adrenalina, não poderia negar que minha pior condenação seria ser presa ou morta. Afasto os pensamentos e saio do quarto voltando para a taberna.
- ههههه -
No fim do expediente, sento em uma cadeira e jogo minha cabeça para trás suspirando, Césio chega do meu lado e me olha de um jeito que nunca o vi: estava preocupado.
- Blair... - após alguns segundos volta a falar, parecia que estava escolhendo as palavras - Chegou a hora de lhe contar uma coisa já deveria ter lhe contado a muito tempo.
- Pode dizer. - me ajeito na cadeira e o olho atentamente.
- Você sabe da história de como você veio morar comigo? É mentira. - diz e quase acabo caindo para trás.
- Espera...então meus pais nunca me abandonaram?
- Quando você era uma bebê, eu lhe peguei do seu berço na casa onde você morava.
Cerro os punhos sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos, deixando minha visão embaçada. Mal podia acreditar no que ouvia, e muito menos conseguia respirar.
- Eu nunca fui o seu tio, apenas queria alguém para criar e depois trabalhar para mim. - disse olhando para algum lugar na parede.
Em um movimento rápido, cravo uma flecha na mesa a alguns centímetros de seu pescoço, ele me olha surpreso e eu apenas deixo minhas lágrimas caírem em cima de seu rosto.
- ...a minha vida inteira, foi uma mentira, você me roubou dos meus pais!
- Eu me senti pesaroso depois disso, e quis te devolver, mas na época a guerra tinha começado.
Me levanto bruscamente e subo para o meu quarto batendo forte a porta atrás de mim, coloco as mãos no rosto e gritei jogando uma cadeira na parede, meu corpo estava tremendo em uma mistura de sentimentos. Durante todo esse tempo, vivi com um completo estranho, longe dos meus pais...da minha família. Pego meu arco e minha capa juntamente com a máscara, minha bolsa com algumas coisas e volto encontrando meu tio jogado de joelhos no chão.
- Seu perdão não vai consertar as coisas, você é a pessoa mais cruel que já conheci.
- Para onde você vai?
- Encontrar meus pais, aqui eu não fico mais nenhum segundo.
- Leve isso então. - abre a mão direita revelando um colar com um pingente que brilhava com a luz - Estava com você, no dia que a levei.
Peguei o colar bruscamente e o coloquei no bolso, coloco minha capa sobre os ombros e saí dali sem olhar para trás. Eu nunca mais voltaria para aquele lugar, vou procurar a todo custo pelos meus pais, apenas espero que não tenham morrido na guerra. Ainda chorava amargamente pela dura verdade, tanto que mal percebi quando entrei na cidade.
Estava com um sentimento horrível dentro de mim, como se tivesse sido enganada por toda a minha vida, e literalmente fui.
- Ali está ele! O Capa Vermelha! - uma mulher grita e eu coloco meu capuz sobre a cabeça correndo entre a multidão.
- Merda, merda,merda! - murmurei. Como pude ser tão descuidada!?
Uma bala passa a centímetros do meu rosto, escorre uma fina linha de sangue no local e levo a mão a bochecha, toda aquela confusão deixou todos os meus sentidos confusos, minha mente estava a mil. Apenas corria o mais rápido que conseguia pelas ruas e becos, até chegar a um beco sem saída.
- Finalmente nos encontramos pessoalmente, Capa Vermelha. - escuto a voz do comandante Elliot atrás de mim, mas não me viro - Eu disse que iria lhe pegar.
Quando sinto dois guardas se aproximarem de mim pelas costas, tiro meu punhal preso a bota e giro o corpo para o lado cortando a orelha de um Alfa a minha esquerda. Enquanto ele gritava de dor e levava a mão ao local, o chuto fazendo-o cair em cima do segundo guarda, mudo o punhal de mão e rasgo o peito de outro homem vindo em minha direção. Sinto algo entrar e cortar a minha pele por dentro em minhas costas, caio para o lado e dois guardas me seguram fortemente.
- Foi divertido, mas é aqui que termina a nossa caçada de gato e rato. - sorri e chuta meu estômago me fazendo tossir e vomitar no chão. - Hora de saber quem é o Capa Vermelha... - tira com força o meu capuz e me olha espantado - Uma mulher! Ou melhor, uma Ômega...que desperdício - pega no meu rosto analisando
- É muito melhor do que ser um desgraçado covarde como você! - cuspo a bile em seu rosto.
- Senhores... - faz um sinal enquanto pega um lenço e limpa o rosto.
No mesmo estante eles me jogam no chão, começam a desferir socos e a me chutar, escondi o meu rosto entre meus braços como pude enquanto eles batiam em mim sem piedade.
- Já chega! - grita e todos param, dois guardas me seguram novamente, mal conseguia sentir meu corpo de tanta dor - Como é se sentir derrotada? Hum?
Abaixo a cabeça murmurando baixo, o comandante abaixa o rosto na minha altura e na mesma hora avanço em seu nariz com toda a força até sentir o sangue em meus dentes, ele desfere um soco no meu estômago e assim o solto rindo alto.
- Eu já estou farto! - rugiu com a mão em seu nariz ensanguentado.
- Eu não. - cuspo o sangue sorrindo cínica.
- Levem-na daqui, você está rindo agora, mas veremos se vai continuar, mesmo com uma corda em seu pescoço! - diz e meu sorriso some dando lugar a uma expressão assustada.
Mesmo que ainda pudesse implorar diante do juiz, jamais alcançaria a misericórdia, mas uma coisa era certa: iria perder minha vida.
- ...perdoem-me...mãe e pai - sussurro enquanto os guardas me arrastavam para fora do beco.
/ Olaaaaa, bom dia, boa tarde, boa noite! Muito obrigada por ter lido até aqui. Se gostou vote e comente.
/ Esse livro é muito importante pra mim, vcs não tem nem noção kkk, pq já estava nos meus planos e até eu postar sofreu MUITAS modificações, eu quase cheguei a desistir, mas no final não consegui. Demorou muito para que eu possa terminar, pq o desanimo (e preguiça) não deixaram, mas no final consegui. Espero que gostem desse livro, escrevi do melhor jeito que consegui e com as melhores ideias que tive ao longo do tempo.
/ Sempre que puder, vou colocar uma observação ou curiosidade no final de cada capítulo, bjs ;3
~ Nome de cada reino e suas descrições:
🦁 Strenuus - reino ao norte, lar de uma terra quente e úmida (clima equatorial), conhecida por ter um vasto e próspero mercado, onde de tudo poderia ser encontrado lá. A maioria dos habitantes é da classe Alfa ou Beta.
🦉 Felicitatem - reino ao sul, uma terra de clima de montanha (apresenta as baixas temperaturas como principal característica), conhecida por sua beleza e berço da magia que abrange os outros três reinos, lugar onde mais se podem achar híbridos - pessoas metade humanas e seres mágicos - mas a maioria dos habitantes são Ômegas ou Betas.
🐝 Genus - reino ao oeste, terra de clima temperado (todas as estações do ano definidas), reino onde a paz era seu maior atributo, conhecida por ser o lugar mais caloroso e fértil entre os outros reinos. Todos sempre foram bem vindos, dessa forma os habitantes são de todas as classes e seres.
/Me sigam no Twitter, lá vou postar curiosidades, spoilers e vamos interagir :3
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