Vancouver, Canadá
06/11/2024

"Onde eu estou?" essa foi a primeira pergunta que veio em minha mente quando acordei de um sono profundo.

Percebo que o quarto já estava totalmente escuro devido a chegada da noite. Franzi o cenho por alguns segundos tentando retomar a minha consciência habitual.

Acho que passei cerca de dez minutos deitada em minha cama tomando coragem para levantar e enxergar meu rosto. Assim que fiz, volto ao meu quarto para iniciar uma busca pelo meu celular.

Após alguns minutos, que honestidade pareceram horas e eu já estava ficando impaciente, finalmente achei meu dispositivo e arregalei meus olhos ao checar as horas.

São 21:43, eu passei quase doze horas dormindo.

Resolvo ignorar minhas redes sociais e dar uma olhada somente no meu aplicativo "mensagens". Uma onda de notificações invadiram minha tela, porém somente uma em específico chamou minha atenção.

SCOBELL

→ Precisamos conversar.

O que caralhos esse garoto quer comigo? Será que é por conta do ocorrido de hoje pela manhã? Tanto faz, não devo satisfações ao mesmo.

Respondo sua mensagem com "Não temos nada para conversar." e logo depois jogo meu celular em algum canto qualquer da cama e vou acender as luzes do cômodo.

Os próximos minutos foram compostos por uma busca pelo pijama perfeito e um banho super relaxante, com direito a lavagem do cabelo e esfoliação corporal.

Seco meus fios capilares com a ajuda de uma fonte de calor e uma escova. Assim que concluo o processo tenho uma bela visão do meu cabelo impecável em frente ao espelho presente no banheiro.

Calço minhas pantufas de unicórnio assim que saio do local e vou em direção à varanda que havia no quarto. Abro suas cortinas e porta, sentindo o vento gelado de Vancouver invadir o ambiente.

Encosto meus braços no batente da pequena varanda, inspirando calmamente o ar da cidade. Tenho a visão de diversos prédios ao meu redor e pessoas se movimentando por todos os lados indo curtir seus domingos a noite.

Isso é tão Nova Iorque.

Um sorriso singelo ocupa meus lábios ao me lembrar da metrópole, como eu amo aquele lugar. Pena que ele teve que destruí-lo.

Uma alta batida repetitiva ecoa pelo meu quarto sendo originada da porta. Já são cerca de onze horas da noite, quem poderia estar aqui?

Minha pergunta se é respondida assim que abro a porta e dou da cara com o cacheado alto, aquele cacheado alto.

—— Walker o que você está fazendo aqui? — surpreendentemente minha voz sai calma ao me referir ao garoto.

—— Surpresa por não ser o Charlie? — surpreendentemente também é seu tom ser totalmente diferente do meu, dando espaço para a raiva. Sem ao menos perguntar se podia ele invade o meu quarto rapidamente.

—— O que você pensa que está fazendo? — exclamo para o mesmo.

—— Não! O que você pensa que está fazendo? Sophie nos precisamos conversar urgentemente! — ele diz com um tom mais elevado que o meu, me deixando assustada. Acho que ele percebeu pois logo disse: —— Me desculpe, acho que me exaltei demais. Você quer dar uma volta?

Por um instante pensei em negar rapidamente, porém eu realmente precisava olhar um pouco da noite em Vancouver de perto.

—— Amo esse seu pijama — Walker diz com os olhos vidrados na estrada, se referindo ao meu pijama clássico de sempre da Victoria's Secrets. O mesmo que eu estava usando naquela noite.

—— Walker onde você conseguiu esse carro? — pergunto ignorando totalmente sua afirmação antiga.

—— Isso não vem ao caso agora Sophi, eu tenho os meus meios — ele olha para mim rapidamente lançando uma piscadinha.

Suspiro profundamente e apenas encosto minha cabeça no vidro da janela, observando a cidade movimentada.

Passamos cerca de dez minutos em silêncio total no carro, apenas esperando chegarmos ao nosso destino, que nem eu sei qual é.

Porém assim que Walker estacionou o carro em um estacionamento totalmente deserto de um posto de gasolina qualquer meus olhos se arregalaram em surpresa.

—— Walker Scobell você quer me matar? — pergunto em um tom bem alto e assustado.

—— Calma, Sophie! Você não percebe? Aqui é longe de tudo, ninguém pode nos atrapalhar aqui — responde calmamente, porém eu ainda continuo assustada por esse lugar isolado típico de filmes de terror.

—— Vamos sair do carro e nos sentarmos em um pano de piquenique no chão, é legal ver as estrelas daqui — ele fala animadamente e logo depois sai do carro.

Eu faço o mesmo, porém pelo movimento rápido de me levantar do banco eu acabo ficando tonta e quase caindo, porém o loiro apareceu ao meu lado e me segurou delicadamente.

Isso pode ter ocorrido também apenas pelo fato de eu só ter comido alguns pedaços de fruta em um intervalo de quarenta e uma horas.

Sinto os braços do cacheado me envolverem firmemente e calorosamente. Seu abraço singelo me pegou de surpresa, me deixando totalmente sem reação.

Alguns segundos se passaram e eu finalmente retribui o seu ato, me deixando levar pelo momento e ignorando todos os nossos desentendimentos passados.

—— Sophie você não está bem, eu posso ver isso todo dia. Nós precisamos deixar o passado para trás por pelo menos algumas horas e conversarmos, você sabe que precisa de mim nesse momento.

Seu tom me parecia tentador, porém não. Não vou me deixar levar tanto assim pelo momento.

—— Walker você está se escutando? Eu não preciso da sua ajuda, e se precisasse não usaria. Estou bem com os meus problemas e consigo lidar com eles perfeitamente da melhor forma possível — me afasto de seu calor e profiro em uma voz firme está minha fala.

—— Você sabe lidar com eles perfeitamente? Sophie você não enxerga que está se destruindo aos poucos cada vez mais. Você pode achar que não, porém eu reparo que nunca comparece ás refeições durante a semana, fica apenas trancada no seu trailer longe de todos. Sinceramente não me recordo do último domingo em que te vi andando pelo hotel, você está sempre trancada em seu quarto fazendo sei lá oque. Você precisa de alguém para te auxiliar nesse momento, a internet está destruindo você — seu discurso foi feito sem pausa alguma, fazendo as lágrimas simplesmente acumularem em meus olhos de uma vez.

—— Droga Walker você não entende? Eu estou sozinha nessa cidade depois de tudo o que aconteceu. Eu já era fodida da cabeça antes, porém eu tinha você como minha âncora nos meus momentos difíceis. Agora eu somente arrumo alguma forma de adiar eles para a minha eu do futuro, seja esse jeito curtido festas até amanhecer ou me drogando com remédios para dormir por horas. Eu cheguei ao ponto de nem sequer ligar para o que a merda do meu corpo precisa para se manter em pé. Eu não aguento mais isso Walker, eles estão por todo lugar, todo canto simplesmente consumindo minha mente. Eu sinceramente não sei se quero que meu sonho siga em frente, eu estou exausta de todo esse mundo! — eu simplesmente grito com ele, porém não tive muito tempo de esperar sua resposta porque após um ato que me gastou bastante energia, meu corpo apagou e tudo ao meu redor apagou junto.

→ Maratona (2/3)

Com carinho, "J" 🪸