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⛧ 𝘀𝗲𝘅𝘁𝗮 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗲 𝗱𝗼 𝗷𝗼𝗴𝗼

﹙┈─ 𝕮apítulo 06 ﹚︐ . . . ﹕女孩瓷
𝟐𝟎𝟎𝟓 ─ 𝗶n𝘁era𝘁𝗶v𝗼 › ┈─ 💀

𝐍𝐀 𝐌𝐀𝐍𝐇𝐀̃ 𝐒𝐄𝐆𝐔𝐈𝐍𝐓𝐄, acordei com o som de vozes espalhadas pela casa. O burburinho incessante me puxou do sono, e eu me sentei na cama, esfregando os olhos. A luz cinzenta da manhã entrava timidamente pela janela, lançando um brilho suave sobre o quarto. Vesti-me rapidamente e saí do meu quarto, seguindo as vozes até a sala de estar.

Quando cheguei, vi Aaron de pé, falando com alguém no viva-voz. A tensão em sua postura era evidente. Pude ouvir pedaços da conversa enquanto me aproximava.

— Sim, entendi. Obrigado pela atualização — disse ele, com um tom sério e preocupado. Encerrou a ligação e fechou o telefone de flip, e virou-se para nós, sua expressão sombria. — Acabaram de nos avisar que a temperatura da “Porta para o Inferno” está caindo drasticamente.

Essas palavras me fizeram gelar. Não faço ideia do que isso significa, mas a julgar pela expressão do homem, não é nada bom. Hades, que estava de pé ao lado de Aaron, cruzou os braços e franziu a testa.

— Isso só pode significar uma coisa — disse ela, sua voz fria. — O último round contra os demônios vai ser na Sibéria.

Olhei para Enzo e Charlie que estavam no sofá, e eles também me ofereceram um olhar de preocupação.

— Então, é isso? — perguntei, com minha voz soando mais firme do que eu me sentia por dentro. — Vamos para a Sibéria?

Hades assentiu lentamente, seus olhos fixos em mim com uma intensidade que me fez tremer.

— Mas… por que exatamente? — reforcei a pergunta, não queria que restasse nenhuma dúvida.

— Conhecida como "Porta para o Inferno", uma cratera formada na década de 1970 após um erro durante uma expedição soviética de perfuração do solo para obter gás — o loiro começou a falar. — É uma formação geológica que se formou com o derretimento do permafrost. Tem bordas íngremes que revelam permafrost estimado em 650 mil anos. E atualmente, ela tem cerca de 50 metros de profundidade, com áreas que chegam a 100 metros.

— O problema, corázon, é que essa cratera está em chamas há décadas, e se a temperatura começou a baixar drasticamente, não é um bom sinal.

— Por isso, peguem seus casacos mais quentes e se preparem, porque a gente tem um apocalipse pra impedir! — o Capitão disse.

QUAL CASACO VOCÊ PEGOU?

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Enquanto me arrumava, o peso da missão que tínhamos pela frente parecia se intensificar a cada segundo. Peguei meu casaco mais quente, sentindo a maciez do forro contra os dedos. A Sibéria não perdoaria ninguém despreparado, e eu precisava estar pronta. Vesti o casaco e ajustei os botões, verificando os bolsos para garantir que estavam bem presos.

Minha espada estava encostada na parede, reluzente e afiada. Peguei-a imediatamente. Em seguida, peguei minha faca e a coloquei no coldre da perna, pronta para ser usada em qualquer emergência. Hades havia a feito para mim ontem à tarde, depois do chá.

Desci as escadas rapidamente, encontrando os outros já prontos. Aaron estava conferindo as armas no porta-malas da caminhonete, enquanto Charlie havia entrado e estava sentado no banco de trás. Enzo estava terminando de verificar sua mochila, enquanto também estava sentado no banco de trás, e Hades estava no banco do passageiro na frente.

— Todos prontos? — perguntou Aaron, erguendo a cabeça e olhando para nós enquanto prendia seu cinto de segurança.

Assentimos com a cabeça.

Eu me acomodei no banco traseiro entre o latino e o loiro. O motor roncou quando Aaron ligou o veículo, e logo estávamos na estrada, o som dos pneus rolando contra o asfalto quebrando o silêncio tenso entre nós.

— A gente vai pra Brasov — o Capitão disse, era uma cidade próxima. — Pra reunir o resto do esquadrão e irmos para a Sibéria.

Enquanto ele dirigia, meus pensamentos estavam a mil. A visão das montanhas ao longe, com longos pinheiros cobertos pela geada, era um lembrete constante de quão implacável seria tudo que estava prestes a acontecer. As árvores passavam como borrões enquanto acelerávamos, cada quilômetro nos aproximando do destino.

Estava chovendo um pouco, e o céu continuava com aquela cartela de cores cinzentas e frias.

Enzo olhou para mim e, vendo minha expressão preocupada, deu um sorriso reconfortante.

— Ei, corázon, vamos conseguir. Estamos juntos nessa, lembra?

Assenti, tentando absorver a confiança dele.

— Sim, vamos conseguir — acho que nem eu acreditava nisso, mas em alguns momentos a mentira pode ser boa.

Charlie virou-se, dando uma piscadela e um sorriso.

— Vamos dar uma surra nesses demônios e depois voltar para um chocolate quente. Vai ver, vai ser só mais um dia no escritório, cupcake.

Aaron, ao volante, soltou uma risada curta.

— Certo, Charlie. E depois podemos salvar o mundo de novo na terça-feira.

A leveza no tom de voz deles me ajudou a relaxar um pouco. Era bom saber que, mesmo em meio ao caos, ainda conseguíamos encontrar momentos para nos apoiar e aliviar a tensão.

Hades estava “encolhida” no banco da frente, com o capuz na cabeça e as pernas no banco do veículo enquanto ela abraçava os próprios joelhos.

A paisagem passava rapidamente pelas janelas, uma mistura de cores e formas que mal registrava em minha mente.

De repente, o rádio começou a tocar "Please Please Please Let Me Get What I Want". Reconheci o nome imediatamente, uma música dos The Smiths que eu adorava. No entanto, algo estava diferente. A voz era mais profunda, a guitarra mais pesada. Fiquei confusa por um momento, tentando entender o que estava ouvindo.

— E agora, uma versão especial de um clássico. Este é o cover dos Deftones — anunciou o locutor na estação de rádio, sua voz animada.

Olhei para Hades, surpresa. Ela notou minha expressão e deu um sorriso de lado, aquele sorriso que ela reservava para momentos como esse, onde a normalidade se mesclava com a estranheza.

— Esse cover é do novo álbum dos Deftones. Foi lançado enquanto você “estava fora” — incrível como às vezes me esqueço que eu estive morta por 5 anos.

Balancei a cabeça, absorvendo a informação. Parecia que, apesar de tudo o que estava acontecendo, o mundo continuava a girar, a vida continuava a avançar. Era estranho pensar em como tantas coisas tinham mudado em tão pouco tempo.

A música preenchia o espaço ao nosso redor, as palavras ressoando profundamente. As notas melancólicas e a voz rouca do vocalista dos Deftones traziam uma nova profundidade à música, e de certa forma, parecia perfeitamente adequada ao nosso estado de espírito.

Aaron notou como eu estava balançando suavemente a cabeça.

So please, please, please
Let me get what I want
Lord knows it would be the first time

— Gosta da música?  — perguntou, sua voz suave e reconfortante.

— Sim, é uma das minhas favoritas. Mas esse cover... é diferente. É bom, de um jeito diferente, mas muito bom — respondi, ainda absorvendo as nuances da música.

Ainda dentro da caminhonete, eu comecei a sentir minhas pálpebras um pouco pesadas, ainda mais depois de fazer tudo isso que estávamos fazendo. Tem vezes que minha ansiedade me deixa completamente ligada, e tem vezes que me enche de sonolência.

Eu acordei com um leve sobressalto, sentindo o ombro de Charlie se mover sob minha cabeça. Ele sorriu para mim, seus olhos cheios de compreensão.

— Chegamos, dorminhoca — ele disse, num tom brincalhão.

Pisquei algumas vezes, me ajustando ao ambiente. Estávamos num galpão enorme, cheio de pessoas que pareciam extremamente importantes e outros que claramente faziam parte do ramo. Desci da caminhonete, sentindo o frio do ar de Brasov me envolver. Olhei ao redor, tentando absorver todos os detalhes.

— Calma, calma. Agora que fui me dar conta — comecei a processar os fatos. — Como que a gente vai da Romênia pra Rússia? De avião são umas 30 horas — e eu ainda fui muito otimista com essa estatística.

— Não temos nem 20 horas, quem dirá 30 — Hades disse, apontando para um relógio imaginário em seu pulso. — Por isso vamos de trem-bala. A gente chega lá em 14 horas.

Fiquei boquiaberta. Um trem-bala? Essa tecnologia era rara, especialmente para viagens de longa distância. Aaron colocou uma mão reconfortante nas minhas costas, como se sentisse minha apreensão.

— Não se preocupe, querida. Vai ser rápido e seguro — ele disse, tentando me acalmar.

Charlie e Enzo estavam tirando as armas da caçamba da caminhonete e entregando nas mãos de algumas pessoas que estavam levando-as por uma escada no subsolo. Acredito que estejamos em um tipo de “metrô” restrito.

— Esse trem-bala é literalmente a nossa melhor opção — explicou. — Foi especialmente projetado para emergências como essa. Tecnologia japonesa de alto nível.

— Então vocês têm tipo, rotas secretas para fazer esses trajetos?

— Exatamente. É legal, né?

— Muito!

Eu assenti, ainda um pouco atordoada pela informação. A ideia de estar em um trem-bala para a Sibéria era surreal, mas também era nossa única esperança de chegar a tempo.

Até que ouvimos uma voz feminina em um auto-falante:

— Atenção a todos, embarque imediato! Nossos parceiros acabaram de nos informar que todos devem desembarcar na Sibéria até às duas da manhã! Repito, embarque imediato!

Todos começaram a descer as escadas rapidamente, e eu fui junto a eles, carregando minha mochila nas costas. Aquilo era incrível e fazia um frio se acomodar em meu estômago, mas eu não podia negar o quão fantástico parecia e eu podia sentir.

Era realmente como uma estação de metrô, e ali havia um enorme trem vermelho, em tom escarlate, onde todos já estavam embarcando. A vampira segurou minha mão para que eu não me perdesse e assim adentramos. Ele não estava lotado, havia assentos para todos.

Quando embarcamos, caminhamos por uns três vagões até encontrar um mais “privado”, e as portas foram fechadas, mas em seguida se abriram novamente, para então se fecharem. Havia entrado alguém de última hora, provavelmente.

Agora eu deveria escolher onde me sentar.

Acho melhor me sentar ao lado…

A - do Enzo.
B - do Charlie.
C - do Aaron.

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O interior do trem-bala era surpreendentemente confortável, considerando a velocidade vertiginosa com que nos movíamos. Escolhi um assento ao lado de Enzo, que estava folheando um livro, como de costume. Ele olhou para mim quando me aproximei e me ofereceu um sorriso caloroso.

Corazón, parece que estamos indo em uma aventura e tanto — ele disse, fechando o livro e colocando-o de lado.

Sorri de volta, sentindo um calor agradável se espalhar pelo meu peito. O latino sempre tinha essa habilidade de me fazer sentir mais calma, mesmo nas situações mais estressantes.

— Pois é. Quem diria que acabaríamos num trem-bala a caminho da Sibéria para impedir o fim do mundo? — respondi, tentando manter o tom leve, apesar da gravidade da situação.

Ele riu, uma risada nasal.

— A vida tem uma maneira engraçada de nos surpreender, não é? — o uruguaio disse, inclinando-se ligeiramente em minha direção. — Mas, sério, como você está se sentindo? Isso tudo é muita coisa para absorver.

Suspirei, olhando pela janela enquanto as paisagens passavam em um borrão de cores e formas.

— Sinto que estou vivendo um livro de fantasia ou um filme de ação — admiti. — É surreal. E um pouco assustador.

Ele assentiu, e sua expressão ficando mais séria.

— Entendo. Mas você tem sido incrível. Forte e determinada. Estou orgulhoso de você.

Senti minhas bochechas corarem com o elogio, desviando o olhar por um momento.

— Obrigada, Enzo. Isso significa muito para mim, vindo de você.

Houve um momento de silêncio confortável entre nós, então Enzo pegou minha mão, seus dedos entrelaçando-se nos meus. Olhei para ele, surpresa, mas ele apenas sorriu de forma calorosa.

— Vamos sair dessa juntos, corázon. Temos uma equipe incrível, e eu confio em cada um de nós. Principalmente em você.

Senti uma onda de emoções se misturando dentro de mim — gratidão, carinho e uma sensação de segurança que só Enzo conseguia me proporcionar.

— Eu também confio em nós, Enzo. Só... me prometa que, independentemente do que aconteça, a gente vai ficar junto.

Ele apertou minha mão suavemente, seus olhos fixos nos meus com uma intensidade que me fez perder o fôlego. Os lábios dele foram até minha mão, beijando-a demoradamente enquanto fechava os olhos.

Te prometo, corazón. Siempre estaremos juntos — ele suspirou, dizendo desse jeito tão apaixonante. — Eu te amo, está bem?

Eu não esperava que ele fosse dizer que me ama, e isso me desconcertou um pouco, fazendo meu coração bater mais rápido.

— E-Eu também t-te amo!

E ele me ofereceu aquele belo sorriso mais uma vez.

[...]

𖹭 ROLE ATÉ ACHAR O FINAL DOS BANNERS E CONTINUAR NA HISTÓRIA!

O trem-bala zumbia pelo trilho, a paisagem borrando-se em tons de branco e cinza. Eu estava sentada ao lado de Charlie, que parecia incapaz de ficar sério por mais de dois segundos. Ele olhou para mim com aquele sorriso travesso que eu já conhecia bem.

— Oi, cupcake. — ele disse, inclinando-se para mais perto. — Ainda tensa com toda essa história de apocalipse?

— Um pouco, sim. — respondi, tentando relaxar, mas sentindo meus ombros ainda rígidos de tensão.

Charlie fez uma careta exagerada de preocupação, depois estalou os dedos como se tivesse tido uma ideia brilhante.

— Tenho a solução perfeita! Que tal um jogo?

Franzi a testa, curiosa, mas também um pouco desconfiada.

— Um jogo?

— Sim! Vamos jogar “O que você prefere?”. — ele disse, com um brilho nos olhos. — Eu começo: o que você prefere, enfrentar um exército de demônios ou... — ele fez uma pausa dramática, procurando por uma resposta absurda. — Ou passar uma semana inteira sem um docinho?

Dei uma risada curta, incapaz de resistir à sua bobeira.

— Isso é fácil. Prefiro enfrentar os demônios. Sem um docinho, eu provavelmente viraria um demônio.

Ele riu alto, atraindo alguns olhares curiosos dos outros passageiros.

— Ok, minha vez. — disse, animada. — O que você prefere, ter que usar roupas de palhaço todos os dias pelo resto da vida ou... ter que ouvir a mesma música em loop eterno?

Charlie fingiu considerar a pergunta seriamente, coçando o queixo.

— Roupas de palhaço, sem dúvida. Imagine só, eu seria o palhaço mais estiloso do mundo. — ele piscou para mim. — E ainda poderia te fazer rir todos os dias.

— Você já faz isso. — admiti, sentindo-me um pouco mais leve e sentindo meu rosto corar. — Ok, sua vez.

— Certo, aqui vai uma difícil. — ele fez uma expressão pensativa. — O que você prefere, lutar contra um vampiro usando apenas um dente de alho ou lutar contra um lobisomem usando apenas uma escova de dentes?

Eu ri, balançando a cabeça. Aquilo era tão absurdo que chegava a ser cômico.

— Acho que vou com o dente de alho. Pelo menos teria uma chance de afastar o vampiro.

— Boa escolha. — ele disse, assentindo sagazmente. — Mas imagine só, uma batalha épica com uma escova de dentes…

— Não, calma! — tentei reconsiderar minha decisão. — Vampiros não sofrem com alho, né? Pelo menos a Hades não, porque eu vi ela comendo uma pizza de alho torrado.

— Um dos sabores favoritos dela. Mas nela não faz efeito mesmo, não.

Voltamos com o nosso joguinho descontraído e nos perdemos em uma série de perguntas absurdas, cada uma mais bizarra que a anterior. Cada risada que compartilhávamos parecia espantar um pouco o medo que pesava sobre mim. Charlie tinha esse dom, de transformar qualquer situação em algo mais leve, mais suportável.

Em um momento de silêncio, enquanto recuperávamos o fôlego de tanto rir, Charlie pegou minha mão, com seu toque reconfortante.

— Sabe, cupcake  — ele disse, sério por um momento — Às vezes precisamos de um pouco de bobagem para nos lembrar de que ainda somos humanos, mesmo quando o mundo está desabando.

— Obrigada, Charlie. — respondi, sentindo um calor no peito. — Você tem razão. E eu sou grata por você estar aqui, fazendo exatamente isso.

Ele sorriu, apertando minha mão.

— Eu vou estar sempre aqui para você.

Me inclinei e selei meus lábios rapidamente com os do loiro, eu sabia que no fim, tudo daria certo.

[...]

𖹭 ROLE ATÉ ACHAR O FINAL DOS BANNERS E CONTINUAR NA HISTÓRIA!

O trem-bala cortava a paisagem com uma velocidade impressionante, e a sensação de urgência parecia crescer a cada quilômetro percorrido. Decidi me sentar ao lado de Aaron, procurando uma fonte de conforto na presença forte e determinada do Capitão. Ele estava de olhos fechados, mas sabia que estava apenas descansando, não dormindo. Ao me ver sentar ao seu lado, ele abriu um olho e esboçou um leve sorriso.

— Querida — ele disse suavemente, endireitando-se na cadeira. — Como você está segurando as pontas?

Dei de ombros, tentando não parecer tão preocupada quanto me sentia.

— Acho que estou bem, considerando tudo. Mas... é muita coisa para processar.

Aaron assentiu, com seus olhos azuis capturando os meus com uma intensidade familiar.

— Entendo. É muita coisa para qualquer um. Mas você tem sido incrível.

Senti um calor se espalhar pelo meu peito ao ouvir suas palavras. Era raro ele expressar seus sentimentos de forma tão direta, e aquilo significava muito para mim.

— Obrigada, Aaron. Isso... isso realmente ajuda a me acalmar.

Antes que ele pudesse responder, Charlie apareceu, sorrindo com aquele brilho travesso nos olhos. Ele estava sentado atrás de nós, junto com Enzo.

— Ei, pessoal! Espero que estejam aproveitando a viagem. — ele se inclinou sobre os assentos, olhando para nós. — Capitão, você já contou para a cupcake sobre aquela vez que tentou ensinar um demônio a jogar xadrez?

Aaron suspirou, mas um sorriso surgiu no canto de sua boca.

— Não, Charlie, acho que esse é um dos meus muitos fracassos que preferiria esquecer.

Ri, sentindo que o Capitão havia ficado mais tranquilo.

— O quê? Você tentou ensinar um demônio a jogar xadrez? — perguntei, tentando imaginar a cena.

O loiro riu.

— Sim! E adivinhe? Ele quase conseguiu, até que perdeu a paciência e mandou o tabuleiro para o outro lado da sala. Foi épico!

Aaron balançou a cabeça, mas não podia esconder o sorriso que agora se espalhava por seu rosto.

— Eu só queria ver se ele era capaz de aprender algo além de destruição e morte — ele olhou para mim, com seu sorriso se suavizando. — Acho que estava tentando provar algo para mim mesmo.

Toquei suavemente a mão de Aaron, sentindo a conexão entre nós.

— E provou. Você sempre encontra maneiras de ver o lado bom, mesmo nas situações mais impossíveis!

Ele olhou para mim, com seus olhos cheios de algo que parecia mais profundo do que simples gratidão. Era amor?

— Acho que você é quem realmente vê o lado bom, querida. Mesmo agora.

Charlie, percebendo o momento, se afastou com uma piscadela.

— Vou deixar vocês dois com isso. Se precisarem de alguma coisa, a gente tá aqui atrás.

Quando ele se afastou, voltei minha atenção para Aaron. Ele segurou minha mão, seus dedos entrelaçando-se aos meus. Sua mão grande e quente, repleta de veias aparentes, cobria minha mão que parecia ainda menor assim.

— Obrigado por estar aqui, querida. Não sei o que faria sem você.

Senti meu coração acelerar e um sorriso se espalhar pelo meu rosto.

— Vamos sair dessa juntos, tá bom?

Com essas palavras, a tensão parecia um pouco mais distante, e eu sabia que, independentemente do que enfrentássemos na Sibéria, tinha ao meu lado alguém em quem podia confiar completamente: esse homem que havia se tornado imensamente importante.

[...]

𖹭 O CAPÍTULO NÃO SE ENCERRA AQUI, CONTINUE NA HISTÓRIA!

Comi alguns lanches durante o trajeto de 14 horas até a Sibéria, e acabei pegando no sono durante a longa viagem. A paisagem gelada da Sibéria se estendia à nossa frente quando finalmente desembarcamos do trem-bala. A sensação de frio invadiu meus ossos enquanto subíamos as escadas da estação de metrô, seguindo a multidão que se movia rapidamente. Ao emergirmos, fomos recebidos por uma vasta base militar, um complexo movimentado com inúmeros militares, veículos blindados e equipamentos de combate.

Meus olhos vasculharam o local, absorvendo a magnitude do que estava prestes a acontecer. Grupos de esquadrões anti-demônios se misturavam aos militares, todos parecendo estar em seus postos e prontos para qualquer coisa.

De repente, avistei Aaron lá na frente, junto ao presidente e ao general. Ele estava sendo apresentado para os que haviam chegado recentemente, muitos dos quais pareciam não conhecê-lo pessoalmente. Senti um orgulho silencioso ao vê-lo ali, sabendo que ele era o melhor exorcista do mundo.

— E este, senhores e senhoras, é o Capitão Aaron Taylor-Johnson, o homem que fez tudo isso possível. — o general dizia com voz firme, enquanto o Capitão permanecia ao seu lado, com a postura correta e o olhar sério.

O presidente assentiu, parecendo compartilhar da admiração do general.

— Sem ele, nossa luta contra os demônios teria sido impossível. — o presidente acrescentou, olhando ao redor. — Ele é um verdadeiro herói.

Eu sentia um nó na garganta ao ouvir aquelas palavras, sabendo o quanto Aaron tinha sacrificado e lutado para chegar até aqui — lembro dele ter deixado isso bem claro em vários momentos. Ele manteve a compostura, acenando levemente em reconhecimento, mas eu podia ver nos seus olhos uma profundidade de emoção que ele nunca havia deixado transparecer.

Ao nosso redor, os outros militares e exorcistas murmuravam entre si, claramente impressionados com a história dele. Alguns acenavam respeitosamente, outros se posicionavam com ainda mais determinação, como se a simples presença de Aaron lhes desse forças renovadas.

Ao me virar para Hades, Enzo e Charlie, vi que eles também estavam atentos, seus olhares fixos na figura do Capitão. Nós sorrimos carinhosamente e balançamos suavemente a cabeça para ele, como uma afirmação.

— Ele é foda, não é? — Enzo comentou, baixinho, como se falasse mais para si mesmo do que para nós.

— Sem dúvida — respondi-o.

O general voltou a falar.

— A temperatura está caindo drasticamente. — ele disse. — De acordo com nossa equipe de inteligência, até às três horas da manhã, chegará a 0°C. Isso significa que o portal se abrirá lá embaixo e os demônios irão subir!

Um murmúrio inquieto percorreu a multidão. Eu podia sentir o medo e a ansiedade emanando de todos ao redor. Acho que todos sabíamos muito bem o que estava em jogo.

Aaron deu um passo à frente se dirigiu para a multidão:

— Nós temos um plano. — ele começou, com sua voz clara e forte. — Criar uma barreira de proteção seria perda de tempo, nossa melhor opção é ficarmos bem distribuídos pelo campo e atacarmos tudo o que sair daquele buraco!

Ele fez uma pausa, seu olhar foi se voltando para nós.

— E para essa missão crítica, tenho minha equipe de elite — ele chamou nossos nomes um por um. — Hades, Enzo, Charlie e S/N.

Respirei fundo e dei um passo à frente junto com os outros. Sentia a intensidade dos olhares sobre nós enquanto caminhávamos para nos juntar a Aaron. O general acenou para nós e continuou a apresentação.

— Estes são os membros do esquadrão de elite do Capitão Aaron. Cada um deles tem habilidades únicas e vitais para esta missão! Charlie tem um demônio selado no braço, Enzo é um dos melhores feiticeiros do mundo, Hades, como a maioria deve saber é a rainha dos vampiros, e a senhorita S/N é nossa chave!

Senti meu coração acelerar enquanto o general nos apresentava. Era um momento de orgulho, mas também de imensa responsabilidade. O Capitão olhou para nós como se fosse uma forma de nos reconfortar.

Ele subiu em uma plataforma improvisada. O vento gelado da Sibéria cortava o ar, mas sua presença parecia irradiar calor e força. Um silêncio absoluto reinou enquanto aguardavam ele dar sua palavra

— Senhoras, senhores e outros — começou — Estamos aqui hoje para enfrentar uma ameaça que desafia a própria existência da humanidade. A "porta do inferno" está prestes a se abrir, e os demônios vão tentar invadir nosso mundo. Mas não podemos, e não vamos, deixar que isso aconteça!

Ele fez uma pausa, com seu olhar varrendo a multidão, capturando a atenção de cada pessoa presente.

— Vocês foram treinados para este momento. Cada um de vocês carrega dentro de si a coragem e a habilidade necessárias para enfrentar qualquer coisa que venha dessa abertura. Vocês são os melhores dos melhores. E hoje, vamos provar isso.

Aaron respirou fundo, suas palavras carregadas de peso e significado.

— Todos nós sabemos que esse dia chegaria. Nós descobrimos isso tudo há cinco anos atrás. Cada um de vocês tem um papel vital a desempenhar. Não importa quão pequena ou grande seja sua tarefa, cada ação pode fazer a diferença entre a vitória e a derrota!

Ele ergueu o braço, seu punho fechado em um gesto de determinação. O vento uivava ao redor deles, mas a voz de Aaron cortava o ar como uma lâmina.

— Lembrem-se, não estamos sozinhos. Somos uma grande família. Cada um de nós apoia o outro. Juntos, somos imbatíveis. Vamos vencer essa batalha, lutar pelo que é certo e mandar esses demônios direto pro inferno!

E todos ergueram seus braços, inclusive nós.

— CONTRA OS DEMÔNIOS, LUTAMOS EM UNIÃO! EM NOME DA LUZ, CONTRA A INVASÃO!

Assim, todos gritaram de volta, incluindo eu:

— CONTRA OS DEMÔNIOS, LUTAMOS EM UNIÃO! EM NOME DA LUZ, CONTRA A INVASÃO!

Depois disso, fui levada à uma parte da base onde poderíamos pegar trajes para vestirmos e nos protegermos do frio, além de termos mobilidade. Enzo disse que eles eram práticos e tinham proteção térmica — além de serem do caralho.

Era quase duas e meia da manhã, e a base estava em um frenesi organizado, todos se preparando para o pior — que estava a meia hora de distância. Estava andando e esbarrei em algo — ou melhor, alguém — muito forte. Virei-me, pronta para me desculpar, e encontrei-me olhando para cima.

— Muralha!? — comecei, mas ele apenas sorriu, aquele sorriso largo e confiante que sempre parecia iluminar qualquer situação.

— Criaturinha adorável, que bom te ver, garota! — ele disse. — Peguei o trem-bala de última hora. Não podia deixar vocês enfrentarem tudo isso sem mim, não é?

Foi por isso que estávamos prestes a partir e as portas se abriram rapidamente.

Antes que eu pudesse responder, ele levantou um grande livro, coberto de símbolos estranhos e assustadores.

— Olha só o que eu trouxe!

Era definitivamente O Grande Livro do Destino, assim como eu havia visto no meu sonho.

— Você veio da Transilvânia até aqui com a gente e trouxe o livro!? Não acredito!

— Exatamente.

Ele sorriu de um jeito bobo, como quando um cachorro está feliz por ter sido elogiado pelo dono.

— Acredite ou não, alguns membros da Garra do Diabo estavam na minha boate e eu... bom, digamos que eu consegui pegar o livro e simplesmente sair correndo. — ele piscou para mim.

Eu estava impressionada.

— Muralha, isso é incrível! Como você conseguiu?

Ele deu de ombros, ainda sorrindo.

— Ah, você sabe como é. Um pouco do meu charme, um pouco de força bruta. E claro, um timing perfeito.

Eu ri.

— Acho que se eu tivesse quase dois metros de altura, a vida ia ser mais fácil também.

— Fácil? Nem tanto — ele respondeu, balançando a cabeça. — Mas quando se trata de proteger vocês, vale a pena. E além do mais, quem iria deixar de participar de uma batalha épica contra uma legião de demônios? Não é todos os dias que temos a chance de salvar o mundo!

Eu não pude deixar de sorrir.

— Bem, é bom saber que temos você do nosso lado, Hades vai ficar orgulhosa.

O rosto do homem gigante ficou corado, suas bochechas estavam vermelhas como tomates.

— Você acha que minha rainha vai se orgulhar?

— Com certeza!

— Assim espero — ele suspirou, como um idiota apaixonado. — Bom, agora vou procurar o Capitão para entregar a ele!

— Te vejo quando for salvar o mundo!

— Tô te esperando, hein! — ele sorriu para mim, antes de caminhar para longe.

Finalmente fui pegar meu traje junto a outras pessoas que também estavam pegando enormes sacos plásticos diferentes com as vestimentas que estavam sendo pegas em variados cabides, entregues por um homem que eu julguei ser da equipe científica — pois tinha jaleco e cabelos bagunçados.

Parei à frente dele, e ele me analisou de cima a baixo.

— Pois bem, qual é o seu tamanho?

Eu disse a ele, que rapidamente pegou um cabide e me entregou, assim eu fui para uma área reservada, com vários biombos pretos, e coloquei meu traje.

COMO ERA O TRAJE? A PRIMEIRA OU A SEGUNDA COR?

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Eu terminei de ajustar as mangas e a parte da cintura, aproveitei para guardar a faca de sangue na cintura e minha outra arma. Até que tem um bom caimento, e não é tão apertado quanto parece, isso sem contar que essas botas militares são extremamente confortáveis.

Quando deixei a área, fui ajeitar meu cabelo, e de repente encontrei Charlie, sem camisa e com uma espada prateada em mãos.

— Oi, cupcake — ele usou aquele apelido carinhoso que me fazia sentir uma mistura de constrangimento e carinho. — Você parece bem menos tensa do que mais cedo, tô gostando de ver! Esse é o espírito!

E apontou suavemente para mim.

— Fim do mundo, demônios, Sibéria… — comecei a falar aleatoriamente. — É muita coisa pra processar, sabe? Mas acho que tô conseguindo.

Ele assentiu, e eu notei que estava realmente levando-me a sério.

— Relaxa, enfrentar o apocalipse é como fazer um bolo. Só precisamos dos ingredientes certos e de um pouco de paciência.

Não pude deixar de rir da comparação absurda.

— Sério, Charlie? O apocalipse é como fazer um bolo?

Ele deu de ombros, um sorriso ainda maior se formando em seu rosto.

— Claro! Temos os ingredientes: coragem, força, amizade, uma boa dose de teimosia, essa daí é mais vinda da Hades mesmo — ele brincou.

— Sorte sua que ela não tá perto, senão escutava e te matava — rimos juntos — Mas, e se tudo falhar?

— Bom, se tudo falhar, sempre podemos jogar farinha na cara dos demônios e torcer para que eles tenham uma crise de espirros.

Minha risada se transformou em um riso genuíno, aquele loiro sempre tinha uma piada na ponta da língua, como um mágico sempre tem um coelho em sua cartola.

— Ai, Charlie. Acho que é exatamente disso que eu precisava.

Ele sorriu, satisfeito por ter cumprido seu papel.

— Para isso que estou aqui, cupcake. Para garantir que você mantenha esse lindo sorriso no rosto!

Fico realmente feliz em obter tanto carinho dos moradores daquela mansão — e ainda mais feliz em momentos assim.

— Sabe — comecei, olhando para ele — Às vezes me pergunto como você consegue ser tão positivo o tempo todo.

Ele inclinou a cabeça, pensando por um momento.

— Acho que, no fundo, sei que tudo isso vai passar. E prefiro gastar meu tempo sorrindo e fazendo a minha família sorrir do que me preocupando com o que não posso controlar. E, honestamente, tenho uma ótima motivação para ser positivo. — ele sorriu para mim. — Tenho que garantir que você continue sendo minha cupcake feliz!

— Você é incrível, Charlie!

E, eu o abracei. Ele retribuiu na mesma hora.

— Que nada, você que é! — e então nos separamos.

Hades apareceu de repente, já vestindo seu traje e bagunçou os cabelos loiros do mais alto, fazendo-o notar que era ela, e deixar que ela fizesse isso.

— Ô, pangaré, cadê seu traje? Tá quase na hora do fim do mundo — ela parecia uma irmã mais velha dando um sermão.

— Tô indo, tô indo.

Charlie saiu de perto de nós e foi para outra parte da instalação, pegar seu traje.

— Aí, Hades — comecei — Você viu Roman por aí? Ele se empenhou tanto em trazer o livro.

Hades suspirou.

— Sim, eu vi. — havia um tom de aprovação em sua voz que eu raramente ouvia.

— Ele foi incrível, cara. Se arriscou muito para conseguir aquele livro — não pude deixar de sentir um pouco de admiração pelo vampiro. — Acho que ele merece mais reconhecimento por isso.

Hades inclinou levemente a cabeça, e um sorriso quase imperceptível estava curvando seus lábios.

— Roman sempre teve um jeito de provar seu valor, mesmo nas circunstâncias mais difíceis — e ficou brevemente em silêncio. — A verdade é que ele é leal de uma maneira que poucos são. Ele faria qualquer coisa para proteger aqueles que ama e aquilo em que acredita.

Eu assenti

— Isso é algo que todos nós precisamos agora, né? Lealdade e coragem.

— E você tem demonstrado essas qualidades repetidamente. Estamos todos arriscando nossas vidas, mas é isso que nos dá a chance de vencer. — ela colocou uma mão leve no meu ombro, um gesto surpreendentemente afetuoso vindo dela. — Nunca subestime o impacto que você também está tendo.

— Obrigada, Hades. Prometo que não vou te decepcionar!

— Você não me decepciona em momento nenhum — ela sorriu brevemente.

— Obrigada por ter salvado a minha vida naquele dia — foi literalmente quando conheci a equipe.

Eu estava perdida, no frio da floresta, com vários demônios ao redor e ela veio, me levando para longe.

— Me agradece depois, comprando pizza pra mim.

— De alho torrado com borda de catupiry?

— Exatamente!

A escuridão envolvia a Sibéria como um manto pesado, apenas quebrada pelas luzes artificiais das lanternas e dos veículos militares. O ar era gelado, cortando minha a pele exposta como lâminas de gelo, mas sem a neve que normalmente associamos a essas terras. Apenas a terra congelada e árida estendia-se à nossa volta, um deserto de escuridão que parecia não ter começo, meio ou fim.

De militares à integrantes dos esquadrões, todos estavam carregando suas armas e se ajeitando nos lugares.

— Enzo, você e Charlie ficam ao sul da entrada. Preciso de vocês dois prontos para qualquer coisa que possa tentar passar por lá, não podemos deixar que cheguem nem perto da civilização — disse Aaron, com seu olhar fixo nos dois.

— Com certeza, Capitão — respondeu Enzo, já ajustando sua espada, enquanto Charlie apenas assentiu e verificou a munição de sua arma.

— Hades, você fica na linha de frente — continuou, virando-se para a vampira que estava ao meu lado.

— Pode deixar comigo, Capitão — ela colocou a katana na bainha, que ficava nas costas.

Eu me senti um pouco deslocada, mas sabia que tinha um papel a desempenhar. Aaron então se virou para mim.

— Querida, você fica ao meu lado. Precisamos te proteger. Fique atenta e siga minhas instruções. Confio em você — sua voz baixando foi abaixando o tom, apenas o suficiente para que eu ouvisse.

Assenti, tentando controlar a mistura de nervosismo e adrenalina que corria pelas minhas veias.

— Tudo bem.

Aaron voltou a se concentrar no ambiente ao nosso redor, com seus olhos atentos a cada detalhe. A temperatura continuava a cair, cada segundo mais próximo das três da manhã. Sabíamos que quando a temperatura atingisse zero, o portal se abriria, e teríamos que enfrentar o que quer que saísse dele.

Às três da manhã em ponto, uma sirene aguda cortou o ar gelado da Sibéria, um som estridente que ecoou pela vastidão escura e congelada. Houve um instante de silêncio absoluto, como se o próprio tempo tivesse parado para reconhecer a gravidade do momento. Cada respiração parecia um trovão no meu peito enquanto segurava firmemente minha arma, as pontas dos meus dedos estavam brancos, de tanta força que eu fazia para segurar — nunca estive tão nervosa em toda a minha vida.

De repente, luzes vermelhas começaram a emanar do enorme buraco no chão, pulsando e iluminando a noite como o fogo do inferno. O chão tremeu sob nossos pés, e um calor sufocante começou a subir do portal, contrastando violentamente com o frio cortante ao nosso redor.

Então, eles começaram a emergir. Primeiro, foram apenas sombras disformes, mas logo se tornaram visíveis na horrível claridade vermelha. Demônios, enormes e grotescos, de formas que pareciam saídas dos pesadelos mais profundos. Suas peles eram de um vermelho enegrecido, cobertas de chifres e espinhos, com olhos brilhando de maldade e dentes afiados prontos para dilacerar.

A primeira horda de demônios saiu do portal com um rugido ensurdecedor. Seus músculos maciços e garras afiadas eram assustadores. Um deles, maior que os outros, tinha dois chifres curvados para trás e uma boca que parecia capaz de engolir um homem inteiro em uma só mordida. Outro, com vários olhos dispostos caoticamente por todo o corpo, movia-se com uma agilidade aterrorizante, com suas garras deixando marcas profundas na terra congelada.

Os tiros começaram a ecoar imediatamente. O som de balas rasgando o ar e o estalo de explosões reverberaram pelo campo. Soldados abriram fogo, e suas armas estavam cuspindo balas e rajadas de energia contra as criaturas que se lançavam para fora do portal. Cada impacto parecia apenas enfurecer mais os demônios, que avançavam com uma fúria imparável.

Ao meu lado, Aaron gritou ordens e sua voz estava cortando a sinfonia caótica da batalha.

— Enzo, Charlie, mantenham-se nas posições! — ele disse na escuta que todos tínhamos no ouvido, todas conectadas. — Hades, rasga esses desgraçados no meio!

Um demônio particularmente horrendo avançou em nossa direção, com seus olhos negros fixos em mim. Seus passos faziam o chão tremer, e eu podia sentir o cheiro fétido de enxofre que emanava dele.

Avancei para cima da criatura como eu havia aprendido, e até que tive um excelente desempenho — mas não foi tão fácil quanto eu esperava. O Capitão segurava uma AK-47 modificada pelo padre Jeffrey, que era rápida e letal, cheia de balas abençoadas.

De longe, vi Enzo enfrentando dois demônios ao mesmo tempo, e Charlie disparando para lá e para cá, mantendo as outras criaturas longe, enquanto Hades lutava contra um que tinha quatro braços e três cabeças.

Depois de aniquilarmos a primeira horda de demônios, o general anunciou que a segunda viria em poucos segundos, e que já deveríamos assumir posições. O chão estava coberto de corpos mutilados e fumaça, com o cheiro incessante de enxofre. Soldados, exorcistas, bruxos, todos estavam ofegantes e sujos de sangue; nem que fosse minimamente.

— Segunda horda em alguns segundos, se preparem!

Enzo e Charlie trocaram de posto com outros militares, e agora eles estavam mais perto de mim, assim como Hades.

— Lá vem as gambiarras do capeta — Charlie disse, recarregando seu rifle.

A terra tremeu novamente, e em questão de segundos, mais demônios começaram a dar as caras. Eram maiores, com mais sede de sangue, e com forças horrendas ainda mais ameaçadoras. Entre eles, um monstro colossal surgiu, maior do que os outros que já tinham vindo.

Sua pele escura era uma armadura de espinhos e chifres, e seus olhos amarelos brilhavam com o mais puro ódio.

Hades deu um passo à frente e colocou a katana na nossa frente, nos impedindo de avançar. Ela olhou para nós, com um sorriso de diversão nos lábios.

— O grandão é meu.

E assim ela avançou, o demônio chegou a levantar uma de suas garras enormes para atacá-la, mas ela foi mais rápida e cortou-a. Sangue negro jorrou, mas o demônio continuou a lutar. Ela cortou uma das pernas do monstro, que caiu de joelhos no chão com um rugido alto de dor.

Sem perder tempo, ela empunhou a katana — e sua lâmina prateada já estava completamente suja de sangue —, e pulou nas costas do demônio, perfurando o crânio gigante da criatura que caiu, com o corpo já sem vida no chão. E, quando eu achei que tinha acabado, ela cortou a cabeça enorme dele, segurando com as duas mãos e jogando no buraco.

— E que fique de aviso pros que virão!

Terminamos de matar alguns demônios que haviam sobrado, e eu estava me saindo muito bem, mas sempre tinha alguém por perto para cobrir minha retaguarda. Finalmente, acabamos com a segunda horda, e o general avisaria quando a terceira viesse.

— Próxima horda em treze minutos, se preparem! Recarreguem suas armas, afiem suas lâminas!

O alarme do general anunciando a chegada da próxima horda ecoava no ar gélido, mas todos sabíamos que tínhamos uma janela de treze minutos antes do próximo ataque. Era tempo suficiente para selar o Grande Livro do Destino, e isso significava que eu precisava descer até a base da "porta para o inferno". Se eu jogasse o livro, corria o risco de não dar tão certo, o melhor era ir lá no fundo.

Roman veio até nós rapidamente, seus cabelos pretos estavam soltos e ele estava sujo de sangue de demônio; também havia uma bolsa transpassada de tonalidade preta que ele estava carregando.

— Vamos lá! Vou te levar até lá embaixo — ele fez uma pausa, com seu olhar predatório se suavizando. — E não se preocupe, prometo que não vou deixar você cair.

Concordei com um aceno, tentando esconder a apreensão que sentia. Muralha me pegou com facilidade, e antes que eu pudesse processar, ele me colocou em suas costas, pronto para descer.

— Por favor, vê se volta inteiro — Hades pediu a ele, num tom não tão frio como ela costumava usar.

— Vou fazer o meu melhor, minha rainha.

Ela assentiu, com um leve sorriso e assim ele caminhou até mais perto da cratera.

— Segure firme, essa vai ser uma descida rápida.

Enquanto descíamos, senti o vento frio cortar meu rosto e o coração batendo acelerado. Roman, no entanto, estava tranquilo como sempre, movendo-se com uma velocidade e precisão impressionantes.

— Sabe — ele começou; a voz ressoando clara apesar da velocidade — Eu costumava fazer isso nas minhas noites de férias em Nova York. Só que geralmente era de prédios altos e não de portais infernais.

Não pude evitar sorrir. Mesmo em uma situação tão séria, ele encontrava uma maneira de aliviar o clima. Era um talento que ele tinha, essa capacidade de fazer com que tudo parecesse um pouco menos apavorante — assim como Charlie.

— Aposto que as vistas eram melhores, né? — respondi, tentando entrar no espírito da coisa.

Ele riu. Um som breve e genuíno.

— Isso é inegável.

Finalmente chegamos ao fundo, o lugar onde o Grande Livro do Destino precisava ser selado. O calor do portal contrastava fortemente com o frio da Sibéria, criando uma atmosfera surreal e sufocante. Roman me colocou no chão com cuidado.

Era um ambiente vermelho, com um pouco de lava escorrendo em paredes próximas e o que parecia ser obsidianas no teto, como uma enorme caverna. Mas, ao olhar para cima, eu podia ver a luz.

— Vou ficar de olho nos demônios. Você se concentra no livro, e se precisar de ajuda, estarei aqui — ele pegou uma arma que havia dentro da bolsa e recarregou, me entregando o livro em seguida. — Vai dar tudo certo, eu prometo.

Assenti, tomando um momento para me concentrar. O livro estava pesado em minhas mãos, quase pulsando com energia própria. Respirando fundo, comecei a recitar os cânticos que havíamos decodificado, e as palavras antigas estavam fluindo de meus lábios com uma clareza que parecia vinda de outra vida.

Peguei a faca que Hades havia feito com a magia de sangue e cortei a palma de minha mão dominante, reprimindo um gemido de dor enquanto sentia a lâmina fria abrir minha carne.

— Eu sou a chave, e o Grande Livro do Destino é um cadeado, eu decido quando ele se abre e quando ele se fecha. Somente eu tenho o poder de ler seus cânticos e eu declaro que ele está selado para sempre!

Imediatamente levei minha palma ensanguentada à última página e a primeira, sujando o papel amarelado com meu sangue vermelho vivo, e em seguida fiz o mesmo com a capa e com a contra-capa. Quando terminei, suspirei aliviada e vi que meu sangue se transformou em uma sutil energia vermelha, que envolveu o livro e pareceu o “trancar”. 

Soltei-o na terra úmida do chão da caverna, e ele foi “absorvido” pela mesma.

— Meu Deus, o que aconteceu?

— Você conseguiu! Trancou o livro e mandou ele para os confins do mundo!

— Eu consegui!? — retornei a pergunta, incrédula.

— Conseguiu!

Imediatamente abracei aquele homem gigante e extremamente forte, sentindo o calor reconfortante da amizade e o início do sutil sabor da vitória. Era como uma sinfonia agridoce, eu estava me sentindo feliz porque já estávamos mais perto da vitória absoluta, mas ainda tínhamos que fechar o portal.

— Tudo certo aí embaixo? — ouvi a voz do Capitão na escuta.

— Afirmativo, Capitão! Agora é só explodir isso aqui! — Muralha respondeu.

Eu vi mais cedo alguns bruxos usando magia em algumas bombas de C-4. Isso faz sentido, com as bombas sendo detonadas, os escombros vão fechar o portal e a magia vai manter selado, para que não se abra mais.

Ouvi ao longe o som de alguns demônios chegando, era como se estivéssemos num corredor para o inferno.

— Roman, a gente tem que ir agora! — minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, acho que posso culpar a urgência.

Havia uma determinação nos olhos claros de Roman quando ele olhou para mim, uma determinação que eu sabia que ele tinha e admiro desde quando nos conhecemos na Inferno. Agora ele estava a meio segundo de tomar uma decisão que eu não aprovaria em hipótese alguma.

— Você tem que ir! — ele se moveu para frente, pegando-me nos braços com uma firmeza que não deixava espaço para o meu protesto.

— O quê!? Não, nós temos que sair daqui juntos! — tentei me desvencilhar, mas ele era forte demais.

Meu coração batia acelerado, não só pelo medo que eu tinha daquelas criaturas infernais, como também pela decisão que ele estava prestes a tomar. Os gritos animalescos dos demônios começaram a ficar mais altos, e o chão havia começado a vibrar sobre nossos pés. Muralha olhou em meus olhos novamente:

— Você é importante demais, e eles precisam de você lá em cima! — ele deu um meio sorriso, isso parecia uma despedida, e eu tenho certeza que era. — A Hades vai te segurar, confia em mim.

— Não, não! Não posso deixar você aqui! — minha voz saía tão quebrada pela fragilidade e a tristeza, como as lágrimas quentes que escorriam por minhas bochechas.

Ele ativou a escuta.

— Segura a criaturinha adorável.

Antes que eu pudesse protestar mais, ele flexionou os joelhos e abaixou um pouco os ombros enquanto eu estava em seu colo, e como se eu não pesasse nada, ele me jogou para cima. Foi um movimento poderoso, que fez o ar rushar ao meu redor, e o grito que estava prestes a sair de minha garganta, ficou preso pelo meu choque.

Lá em cima, a vampira me agarrou com precisão, pois eu havia caído em seus braços como uma noiva. Meu coração batia descontroladamente, mas eu reuni forças para olhar para baixo, onde vi o vampiro moreno exibir um sorriso fraco e acenar para mim, como uma despedida. A expressão em seu rosto era de uma aceitação serena, aceitação essa que eu nunca iria conseguir entender.

— Cadê o Roman? — ela perguntou, me colocando no chão.

— Ele… ele… — eu só conseguia chorar.

Havia uma preocupação em seus olhos que nunca tinha visto antes. Ela rapidamente ativou a escuta.

— Roman, responda! — sua voz tremia, algo que nunca ouvi nela antes. — Você tem que subir agora!

O silêncio que seguiu foi insuportável.

Como as escutas tinham sua linha compartilhada, eu pude escutar demônios rosnando e se aproximando, assim como pude ouvir sons de zíper e pacotes, ele provavelmente estava colocando os explosivos nos lugares.

Finalmente, a voz de Roman veio, um pouco ofegante, mas inconfundivelmente cheia de seu habitual bom humor.

— Ah, sempre tão mandona. Sabia que tem seu charme, não? — ele tentou brincar, mas o tom leve não fez nada para aliviar a tensão no rosto da Tepes.

— Isso não é hora para piadas, Roman! — ela quase gritou, com a voz carregada de desespero. — Estou te ordenando, como sua rainha, suba agora!

Houve um silêncio mais longo desta vez. Pude sentir Hades segurando o fôlego, e eu também. Finalmente, Roman falou novamente, mas seu tom era mais sério, mais triste.

— Majestade... perdoe-me, mas pela primeira vez em centenas de anos, eu não vou te obedecer.

Hades ficou imóvel, com os olhos arregalados e cheios de uma dor que nunca pensei ver nela. Ela era sempre tão forte, tão determinada, mas agora estava claramente em choque, impotente.

— Roman, por favor... — a dureza em sua voz havia desaparecido, substituída por uma súplica suave que fez meu coração doer ainda mais.

Ela estava chorando?

— Você sempre será minha rainha, Hades, mas preciso fazer isso. Por todos nós. — ele fez uma pausa, e parecia que estava sorrindo novamente, mesmo que não pudéssemos ver. — Cuide deles, cuide da nossa criaturinha adorável. Você sempre foi boa nisso.

Então ele desligou a escuta, e ela estava lá, com os olhos vazios e as mãos tremendo ligeiramente. Eu queria dizer algo, porém as palavras me falhavam. Toda a situação era surreal, o horror, a perda…

Em seguida, ouvimos a voz do coronel:

— O C-4 foi ativado, irá detonar em dez segundos.

Charlie, Enzo e Aaron me protegeram com seus corpos, como se fosse um escudo para a explosão, pois algum destroço poderia me ferir. E assim ela veio, fazendo poeira subir pela cratera e se dissipar no campo enquanto o portal se fechava de uma vez por todas.

O silêncio após a explosão foi ensurdecedor. As comunicações de Roman ficaram mudas, e em poucos segundos, uma nuvem de poeira subiu da cratera enquanto o portal se fechava. O sacrifício de Roman foi heróico e definitivo; havia selado o destino de todos,  mas com um custo que ninguém queria pagar.

Hades caiu de joelhos no chão e um grito de dor escapou de seus lábios. Pela primeira vez, a vi chorar, lágrimas escorrendo por seu rosto normalmente impassível. Era uma visão chocante, ver a rainha dos vampiros, sempre tão controlada e fria, desabar dessa maneira.

O latino foi o primeiro a se mover, e suas mãos gentis mas firmes foram puxando a morena para um abraço. Hades não o afastou, não fez nenhum comentário ácido. Em vez disso, ela se agarrou a ele com uma força desesperada, chorando abertamente em seu ombro.

O resto da equipe se aproximou lentamente, formando um círculo ao redor deles. Eu me juntei ao abraço, colocando minha mão no ombro dela, sentindo a profundidade de sua dor.

— Ele fez isso por todos nós, Hades — murmurei, mesmo que minha minha voz estivesse tremendo. — Ele salvou todos nós.

— Ele se foi... — a voz dela era um sussurro quebrado, uma sombra do seu tom usual. — Por que a vida sempre leva as coisas boas de mim?

Charlie estava em silêncio, com seu rosto mais sério do que eu já havia visto. Ele colocou uma mão reconfortante no braço da morena.

— Você sempre vai ter a gente.

Aaron inclinou a cabeça e falou suavemente:

— Roman nos deu uma chance. Ele nos deu esperança. E nós vamos honrar isso.

Ela continuou chorando, mas havia uma aceitação dolorosa em seus olhos. Nos juntamos em um abraço em grupo para reconfortá-la e também nos reconfortarmos por essa perda tão repentina.

— Obrigada… — ela disse baixinho. — Eu amo vocês.

— O que? — Enzo questionou, enquanto todos nós continuamos no abraço.

— Você escutou, seu idiota. Não vou repetir… — ela disse com a voz ácida, mas ainda chorosa.

— Essa é a Hades que eu conheço! — eu disse, fazendo-a rir levemente enquanto tirava o excesso das lágrimas em seu rosto.

Foi uma vitória dolorosa, mas foi absoluta. Ninguém jamais me fará esquecer do Muralha, ele foi marcante e especial, um homem forte e que me ajudou, além de não hesitar em se sacrificar por todos nós e por sua rainha.

FIM DO CAPÍTULO, CONTINUA NO PRÓXIMO...

[...]

Pois é morceguinhos, nosso grande homem se foi, deixe aqui sua nota de pesar 😔🙏🏼

Próximo capítulo é o desfecho e terão cenas bônus de acordo com o boy que vocês escolheram ❤️‍🩹🦇

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