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⛧ 𝗽𝗿𝗶𝗺𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗲 𝗱𝗼 𝗷𝗼𝗴𝗼

﹙┈─ 𝕮apítulo 01  ﹚︐ . . . ﹕女孩瓷
𝟐𝟎𝟎𝟓 ─ 𝗶n𝘁era𝘁𝗶v𝗼 › ┈─ 💀

𖹭 𝕱ique ciente que esse capítulo específico contém violência, questões religiosas e palavras de baixo calão.

𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐄𝐈 no chão frio e úmido da floresta, meus sentidos embotados pelo gelo que se infiltrava em meus ossos. A escuridão era densa, quase tangível, e a única luz vinha do céu coberto de nuvens, onde a lua lutava para se libertar. Tentei levantar a cabeça, mas a dor me fez recuar, deitando-me novamente sobre a terra congelada.

— Como cheguei aqui? — pensei alto, minha mente ainda envolta em um véu de confusão.

As últimas lembranças eram um borrão, uma mistura de rostos, vozes e uma sensação urgente de perigo. Eu me forcei a abrir os olhos, ajustando-me à escuridão ao meu redor.

Foi então que vi o buraco no chão, um círculo negro que parecia pulsar com uma vida própria. De dentro dele emanava uma luz vermelha, sinistra e hipnotizante, que iluminava as árvores ao redor com um brilho demoníaco. Fiquei paralisada, observando enquanto duas figuras emergiam lentamente da abertura.

Eles eram altos, muito mais altos do que qualquer ser humano, suas formas envoltas em uma escuridão que parecia devorar a própria luz. Os olhos brilhavam como brasas, fixando-se em mim com uma malevolência que fez meu coração acelerar. Cada passo que davam sobre a terra congelada ressoava como um tambor funesto, anunciando sua presença.

O terror me agarrou, apertando meu peito como uma armadilha de ferro. Instintivamente, tentei rastejar para trás, mas minhas pernas não respondiam. Estava presa entre a paralisia do medo e a urgência de escapar. Minha respiração se transformou em uma série de ofegos curtos e irregulares, condensando-se em pequenas nuvens brancas que flutuavam diante de mim.

"Preciso sair daqui” — pensei desesperadamente, mas a força de vontade não era suficiente para superar o pavor absoluto que me dominava. Os demônios se aproximavam, cada vez mais perto, e suas presenças eram certamente uma promessa de tormento indescritível.

Lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto gelado enquanto eu forçava minha mente a se concentrar. Eu precisava de um plano, qualquer coisa que me tirasse daquela situação. Fechei os olhos por um breve momento, tentando reunir o pouco de coragem que ainda restava em mim.

O frio implacável sugava os últimos resquícios de calor do meu corpo.

Foi então que uma figura surgiu das trevas, uma mulher de cabelos pretos e olhos vermelhos, que brilhavam num tom vívido. Ela se movia com a graça e a letalidade de uma pantera, carregando uma espada que eu supus ser uma katana, brilhando com uma luz prateada que contrastava com a escuridão. Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, ela avançou sobre o primeiro demônio, com sua lâmina cortando o ar com uma precisão mortal. A criatura soltou um grito inumano antes de cair e sua forma se dissolveu na terra.

O segundo demônio virou-se para enfrentar a mulher, mas uma série de tiros ecoou pela floresta, e ele foi derrubado. Eu ainda estava congelada pelo medo e pelo frio, incapaz de processar o que meus olhos estavam vendo, já que eu estava tremendo muito e acabei cedendo ao “cansaço” de ter o corpo exposto a esse frio gélido por tanto tempo.

A mulher se aproximou de mim, os olhos dela encontraram os meus, e agora estavam num tom de castanho. Ela se ajoelhou ao meu lado, suas mãos firmes mas gentis enquanto ela me levantava e eu senti ela jogar o sobretudo preto que vestia por cima de meu corpo, numa tentativa de me aquecer.

No limite da minha consciência, ouvi a voz de um homem, profunda e autoritária, dando ordens.

— Pegue ela e tire-a daqui imediatamente, Hades — eu soube que ele estava falando de mim.

Minha visão começou a escurecer, os sons ao meu redor se transformaram em um murmúrio distante. Senti os braços da mulher me envolverem, levantando-me do chão. O calor do toque dela era reconfortante, e ela me pegou no colo numa facilidade impressionante, envolvendo meus braços ao redor de seu pescoço para me dar um certo apoio.

A última coisa que vi foram as pegadas dos coturnos dela na terra molhada, enquanto ela me carregava para longe do pesadelo. O mundo ao meu redor desvanecia, e a escuridão final me engoliu, levando-me para um lugar onde o medo e a dor não podiam me alcançar: meus sonhos.

[...]

Quando meus olhos se abriram, a primeira coisa que percebi foi o calor reconfortante de uma lareira próxima. O contraste com o frio da floresta era tão marcante que, por um momento, achei que ainda estivesse sonhando. Eu estava deitada em um sofá grande e macio, envolta em roupas quentes e coberta por uma manta felpuda xadrez. A chuva caía lá fora e os pingos batiam contra as janelas do lugar com um ritmo constante e hipnotizante. O dia estava cinzento.

A sala era imensa e luxuosa, com móveis antigos e elegantes que pareciam ter sido tirados de uma outra época. As paredes eram adornadas com quadros pesados e tapeçarias escuras, e a luz da lareira lançava sombras dançantes por todo o cômodo.

Ao tentar me sentar, senti uma leve tontura — deve ser o resultado de horas sem comer — mas logo a visão de um jovem loiro chamou minha atenção. Ele estava sentado num divã à minha frente, observando-me com uma expressão curiosa e acolhedora. Seus olhos azuis cintilavam à luz do fogo, e havia algo de tranquilizador em sua presença. Ele parecia forte e seguro de si, como alguém que sabia exatamente o que estava fazendo ali.

— Oi, você está acordada —  ele disse, sua voz era suave e reconfortante. — Meu nome é Charlie.

Fiquei um momento em silêncio, tentando processar tudo o que havia acontecido.

— Onde estou? — minha voz saiu baixa e rouca.

— Você está segura — ele respondeu, se inclinando para frente e apoiando os cotovelos nos joelhos. — Estamos em uma mansão, bem longe da floresta. Você foi trazida para cá depois que te encontramos. Como está se sentindo?

— Melhor, eu acho… —  respondi, puxando a manta mais apertada ao meu redor. — O que aconteceu? Quem são vocês? E aqueles demônios...

Charlie serviu um copo de água para mim, da jarra de cristal que estava em cima da mesinha de centro.

— Temos muito o que explicar, mas por agora, só saiba que você está segura, sua mente tá embaralhada então não precisa fazer força pra pensar, tá bom? Aquela mulher que te salvou é uma amiga nossa, e estamos aqui para te ajudar.

Apesar de todas as perguntas e do medo persistente, havia algo no olhar de Charlie que me acalmava. Talvez fosse a sinceridade em seus olhos, ou a tranquilidade em sua voz, mas de alguma forma, eu sabia que podia confiar nele.

De repente, um aroma delicioso de comida chegou até mim, cortando a conversa e fazendo meu estômago roncar. Olhei para Charlie, que apenas sorriu de maneira compreensiva. Antes que eu pudesse perguntar sobre a origem do cheiro, uma figura entrou no salão, carregando uma bandeja prateada. A mulher de ontem, se aproximava com passos rápidos.

Essa era minha salvadora, a Hades? Ela era diferente — não era tão alta, e um pouco pálida, com uma presença que era completamente capaz de passar despercebida. Seu cabelo negro como a noite contrastava com a palidez da pele, e seus olhos castanhos-avermelhados brilhavam. Ela parou diante de mim, observando-me por um momento antes de colocar a bandeja sobre uma mesa próxima.

— Espero que goste — disse ela.

O QUE HADES DEU PARA VOCÊ COMER?

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Eu assenti, ainda um pouco atordoada pela situação.

— Obrigada, Hades — respondi, tentando parecer mais composta do que me sentia. Ela apenas arqueou uma sobrancelha, como se estivesse me avaliando. — Inclusive, obrigada por ter me salvado ontem.

— Não há porque me agradecer — retrucou ela. — Agora come direitinho, tá?

Com isso, ela se afastou ligeiramente, mas continuou a me observar, como se esperando para ver minha reação ao comer.

Olhei para Charlie, que me encorajou com um aceno de cabeça, e então me virei para a comida. Dei uma garfada, levando o alimento até minha boca, sentindo o sabor delicioso e fresco, que fez com que eu percebesse o quanto estava faminta.

— Está muito bom — murmurei, mais para mim mesma do que para qualquer outra pessoa.

Hades sorriu, um sorriso que mostrou seus dentes caninos afiados.

— Fico feliz — disse ela.

— Vampira! — o que era pra ser só um pensamento, acabou se externando, e minhas bochechas ficaram coradas após eu perceber o quão "desrespeitosa" minha fala pode ter soado.

— Te salvamos de demônios ontem, e você tá mais chocada com o fato de ela ser vampira? — Charlie riu baixinho.

— D-Desculpa, eu não quis soar...

— Tudo bem, não soou estranho. Imagino que seja a primeira vez que você veja uma vampira na vida — ela concordou, tranquilamente.

Ela se sentou no divã, ao lado de Charlie, cruzando as pernas e em seguida, os braços.

Ouvimos barulhos de passos vindo da enorme escada dupla de madeira escura, e eu olhei para trás. Ele tinha um ar de familiaridade e uma postura descontraída, como se estivesse totalmente à vontade naquele ambiente luxuoso.

Os cabelos eram castanhos num tom mais claro, e tinham comprimento mediano. Ele era esguio, alto, com olhos da mesma tonalidade dos fios em sua cabeça, e uma camisa da banda Radiohead.

— O que é esse cheiro bom, hein? — ele perguntou, com tamanha curiosidade. — Hades, você fez mais?

A vampira ergueu os olhos para ele, um sorriso ligeiramente irritado nos lábios.

— Sim, fiz mais. Mas só porque sabia que você viria farejando como um cão de caça.

Ele riu, um som genuíno que iluminou a atmosfera sombria da sala. Havia uma tensão palpável entre eles, uma espécie de relação de gato e rato que era ao mesmo tempo divertida para mim.

Ele então se voltou para mim, seu olhar suavizando quando me viu sentada no sofá, comendo e enrolada na manta.

— E aí? Você tá bem? Sou Enzo. Prazer em te conhecer.

A mão grande do mais velho foi mostrada para mim, e eu apertei.

— Prazer em conhecê-lo também — respondi, tentando devolver o sorriso, apesar da confusão que ainda reinava em minha mente. — Inclusive, eu nem me apresentei, né? Eu sou a...-.

Quando eu ia me apresentar, os três disseram juntos:

— A gente já sabe.

— O que? — aquilo foi surpreendente. — Como assim? Como que...?

— Vish! — o latino passou a mão na própria nuca. — Longa e confusa história.

— E põe confusa nisso! — o loiro reforçou.

— É por isso que o Capitão quer falar com você quando você acordar — Hades adicionou.

— Capitão? — perguntei, minha curiosidade foi despertada.

Charlie assentiu, seus olhos encontrando os meus com uma intensidade tranquilizadora.

— Ele é o líder do nosso grupo. Vai querer entender mais sobre o que aconteceu com você, assim como nós.

— Não se preocupe — Enzo acrescentou, tentando aliviar qualquer tensão que eu pudesse sentir. — Ele é um bom homem, apenas quer garantir que estamos todos seguros.

— Estamos todos no mesmo barco, gatona. Pode ficar tranquila, tá? — Hades disse, levantando-se do divã.

Após terminar a refeição, me senti um pouco mais fortalecida, embora ainda confusa com a situação. Levantei-me, e eles me guiaram pelas escadas duplas, cada degrau ecoando sob nossos pés. As paredes do segundo andar eram decoradas com pinturas que pareciam seguir cada movimento nosso.

Enzo caminhava ao meu lado, enquanto Hades e Charlie seguiam logo atrás.

Chegamos a uma grande porta de madeira escura, intricadamente entalhada com símbolos que não reconheci. Enzo bateu levemente antes de abri-la, revelando um escritório espaçoso, mas sombrio, como a sala de estar. As janelas eram altas e estreitas, permitindo que a luz cinzenta do dia nublado entrasse, lançando sombras alongadas pelo chão de madeira.

Atrás de uma escrivaninha de madeira escura, estava o Capitão. Ele levantou os olhos de alguns papéis quando entramos, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha. Seu olhar era frio e preciso e sua presença dominava o ambiente. Ele tinha uma aparência marcante — cabelos escuros e desarrumados, barba por fazer, e olhos que pareciam enxergar através de mim. Estava sujo de sangue, em algumas partes e eu não sabia dizer se o sangue era dele, ou de terceiros.

Ele parecia o tipo de pessoa que não permitia que emoções interferissem no trabalho, alguém que agia com precisão militar.

— Capitão, trouxemos ela — Charlie apresentou.

O Capitão levantou-se e caminhou em nossa direção com passos firmes.

— Querida... — ele disse, sua voz profunda. — Sou o Capitão dessa equipe, meu nome é Aaron e nós temos muito a conversar.

Hades e Charlie ficaram um pouco mais afastados, junto à Enzo, olhei para trás e vi os três me oferecendo um suporte silencioso. Tentei me manter firme, mas a intensidade do olhar do Capitão me faz sentir pequena e vulnerável.

— Eu... não me lembro de muita coisa... — admiti e minha voz estava soando mais fraca do que eu gostaria. — A última coisa que lembro é estar na floresta e... depois, acordei aqui...

O Capitão franziu a testa ligeiramente, e passou a mão no próprio rosto, como se ponderasse sobre minhas palavras. Depois ele se encostou na parede e deixou os braços, com um sorriso que eu não soube explicar.

— Há algo mais que possa nos dizer? Qualquer detalhe pode ser crucial.

Tentei puxar qualquer fragmento de memória, mas era como tentar segurar areia escorrendo por entre os dedos.

— Não consigo... — estava decepcionada comigo mesma por não poder contribuir. — É estranho...

Ele suspirou fundo, ainda com os braços cruzados.

— Querida, você morreu.

Senti o chão sumir debaixo dos meus pés. O choque tomou conta de mim, meu corpo tremendo involuntariamente.

— Isso não pode ser verdade — murmurei, minha mente lutando para processar o que ele acabara de dizer.

— Há cinco anos — continuou ele, sua voz era firme, mas não insensível. — Você era uma das alunas da faculdade da Transilvânia, em Brasov. Estudava história, e havia uma base de pesquisa na floresta onde você e seus colegas trabalhavam.

Minha mente tentou agarrar qualquer fragmento dessas informações, mas tudo parecia distante, como se pertencesse a outra vida — o que, aparentemente, era o caso.

— O que aconteceu? — minha voz saiu mais como um sussurro, quase inaudível.

— Ocorreu uma tragédia — ele explicou, seu olhar nunca desviando do meu. — Algo terrível aconteceu e destruiu o lugar. Muitos perderam suas vidas, incluindo você. Seu nome está até mesmo no memorial, lá no cemitério.

Minha respiração estava pesada, e lágrimas involuntárias começaram a se formar nos meus olhos. Era como se tudo que eu sabia, tudo que eu acreditava ser verdade, tivesse sido arrancado de mim em um instante.

— Eu não entendo... — sussurrei, desesperada para encontrar algum sentido.

O Capitão deu um passo em minha direção e a dureza em seus olhos suavizou um pouco.

— Estamos tentando entender também. Algo trouxe você de volta, e precisamos descobrir o que é e por quê.

Ainda atordoada pelas revelações, eu senti como se estivesse fora do meu corpo, observando a mim mesma tentar compreender a magnitude do que havia acabado de ouvir. Aaron mantendo pegou um papel na mesa e me mostrou um desenho. Era um símbolo muito detalhado, que me trouxe uma sensação de familiaridade perturbadora.

— Você reconhece este símbolo?

Eu olhei mais de perto, sentindo um calafrio percorrer minha espinha. Lentamente, memórias começaram a emergir da escuridão da minha mente.

— Sim... — respondi com minha voz trêmula. — Eu já vi isso antes. Estava num livro... na capa de um livro... capa de couro...

— O livro estava todo escrito em um idioma antigo... — ouvi a voz de Charlie. — Você, aparentemente, foi uma das tradutoras. E conseguiram decodificar alguns cânticos durante a pesquisa.

— Havia um cântico... que falava sobre o despertar de antigos poderes, uma convocação para entidades adormecidas retornarem ao mundo dos vivos... — eu me lembrei vagamente. — Era um dos últimos cânticos do livro... nunca traduzimos em ordem cronológica.

— O Grande Livro do Destino sumiu depois da tragédia na área de pesquisas — Aaron adicionou.

— Como sabem que ele não foi destruído? — questionei, ingênua.

— Ele não pode ser destruído — Hades comentou. — A origem dele é desconhecida, mas dizem que ele foi escrito pelas próprias irmãs do destino, nos confins do mundo. E, que nele, está todo o destino da humanidade.

As irmãs do destino tem sua origem na mitologia grega. São responsáveis por fabricar, tecer e cortar fios que representam a vida de cada indivíduo — até mesmo os deuses. Se você está numa jornada por exemplo, e conseguiu superar desafios difíceis, superar aquele trauma, se curar daquela doença, ou permanecer vivo até os 80 anos, é porque as irmãs do destino quiseram assim.

Aaron suspirou, visivelmente preocupado.

— Esse símbolo — ele continuou, apontando para o papel — Apareceu em várias partes do mundo nos últimos anos. Achamos que está relacionado diretamente ao que aconteceu com você e o evento que destruiu a base de pesquisa.

As palavras dele me atingiram com força. Tudo estava interligado. O símbolo, o livro, os cânticos. E de alguma forma, eu estava no centro de tudo isso.

— Então, o que fazemos agora? — perguntei, tentando esconder meu medo.

— Agora, você permanece com a gente. Está segura, não tem com o que se preocupar — Enzo disse. — Nós vamos te proteger e fazer o possível para que você se lembre.

— Obrigada, de verdade...

— Não há porque agradecer — Aaron finalizou.

Charlie fez uma careta engraçada, para quebrar a tensão.

— Agora, Capitão, não acha que está na hora de tomar um banho? O cheiro do sangue tá indo longe.

Enzo e Hades riram baixinho, cobrindo a boca gentilmente com o dorso da mão.

— Tem razão, tive uma missão de madrugada e acabei perdendo a noção do tempo — ele passou a mão pela própria têmpora. — Vocês três, vão reabastecer com o fornecedor.

— Posso ir junto? — perguntei, como uma criança morta de vontade de uma aventura.

— Pode — Aaron permitiu.

Dito isso, eu, Hades, Enzo e Charlie saímos do escritório e fomos até a sala principal da casa. Eles pegaram casacos que estavam pendurados ao lado da porta principal. Estava bem frio na Romênia, era inverno.

A vampira veio até mim, trazendo um casaco mais quente.

QUAL CASACO VOCÊ ESCOLHEU?

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Fomos até a garagem, enquanto eu vestia o casaco e Hades balançava as chaves nas mãos:

— Eu dirijo.

— Af, isso é trapaça! Era a vez do Charlie hoje! — Enzo fechou o zíper de seu casaco azul escuro.

— Ué, eu sou mais velha! — Hades ajeitou seu casaco carmesim, abrindo as portas do carro e se sentando no assento do motorista.

— Não é justo, você tem mais de meio milênio! — Charlie se sentou no banco do passageiro de trás e colocou o cinto de segurança.

— Mais de 500 anos!? — eu questionei, surpresa.

— Pode acreditar! — o latino confirmou.

— E foi você quem fundou o esquadrão? Ou alguma coisa assim? — me ajeitei no banco, enquanto senti as rodas do veículo deslizarem pela rua.

— Não — ela permanecia focada na rodovia.

— Esses "esquadrões anti-demônios" foram criados pelo Capitão há anos atrás. Ele é exorcista, sabia? — Charlie comentou, no banco da frente.

— Um exorcista? Isso parece incrível!

— É demais! — Enzo concordou. — Você precisa ver ele em ação!

— Ele foi lá ontem? Tipo, depois de vocês terem me resgatado?

— Foi, ele tava lá!

Então foi ele que deu ordens à Hades.

— Ele fechou o portal ou alguma coisa assim?

— Só temporariamente. Todos os esquadrões espalhados pelo mundo tem pelo menos um exorcista, que sempre fecha o portal e sela por um tempo. Mas, logo ele se abre e a gente precisa cair na porrada! — Charlie disse, dando soquinhos no ar, que me fizeram rir.

— A gente tá procurando uma forma de encerrar esse ciclo de uma vez por todas — Hades fez uma curva, olhando pelo retrovisor. — E é por isso que a gente precisa de você. Já que você consegue ler o livro, em algum cântico deve ter a resposta.

— Eu prometo ajudar vocês como eu conseguir!

— Esse é o espírito! — Enzo me deu um "up".

A caminhonete preta 4x4 parou em frente a uma igreja sombria, suas torres se erguiam contra o céu cinzento e chuvoso. Saímos do veículo, e meus pés encostaram na terra molhada, enquanto caminhávamos em direção à entrada.

Entramos no local, as portas pesadas rangendo ao serem abertas. O interior estava mergulhado em sombras, apenas algumas velas acesas estavam iluminando o espaço com uma luz tênue e tremeluzente, isso sem contar o cheiro de cera derretida e incenso — que era forte —, misturando-se com o eco distante de uma oração.

Ao nos aproximarmos do altar, vi um homem de joelhos, terminando sua oração em voz alta. Ele tem cabelos escuros e uma barba grisalha que acentuava seu ar de maturidade. Ele parecia um homem que carregava muitos fardos, mas que ainda encontrava força na fé.

Era um padre.

— Amém — disse ele, finalizando a oração. Hades, Charlie e Enzo repetiram em uníssono "amém".

Fiquei calada, não sabia que deveria interagir, e agora seria estranho soltar um "amém" também. Porra, perdi o timing.

O padre se levantou, fazendo o sinal da cruz, antes de se virar para nós. Seus olhos penetrantes me avaliaram com curiosidade e um toque de desconfiança, antes dele ajeitar os óculos.

— E quem é esta jovem? — perguntou ele, a voz profunda ressoando pelo espaço.

Enzo deu um passo à frente, um pequeno sorriso nos lábios.

— Esta é S/N. Ela é... uma nova aliada.

Eu senti todos os olhos sobre mim, e lutei para manter a compostura.

— Prazer em conhecê-lo, padre — murmurei, sentindo-me um pouco deslocada nesse ambiente sagrado e sombrio.

Ele acenou com a cabeça e levou a mão até o peito, sorrindo de felicidade. Notei que havia um terço enrolado em seu pulso.

— Seja bem-vinda, filha. É bom tê-la conosco — ele disse, brevemente. — Agora, podem me seguir. Tenho novidades.

Seguimos o padre para os fundos da igreja, passando por corredores estreitos e escuros. As paredes de pedra exalavam um certo frio, principalmente por ser um ambiente escuro, e o silêncio era interrompido apenas pelo som de nossos passos.

— O que é a mercadoria que vocês vieram pegar com o padre? — sussurrei para Charlie. — Cruzes, crucifixos...?

— Coisas bem mais interessantes — ele sussurrou de volta, com um sorrisinho malicioso.

Finalmente, chegamos a uma porta pesada, que o padre abriu com uma chave que parecia tão antiga quanto a própria igreja. Entramos em uma sala iluminada por lâmpadas num tom amarelo, até alaranjado, revelando um... arsenal!?

Eu olhei para o arsenal, sentindo um misto de fascínio e medo. Este era um mundo que eu mal começava a entender, mas já sabia que era perigoso e exigia coragem. E, de alguma forma, eu estava destinada a fazer parte dele.

O padre nos conduziu até o centro da sala, onde estava disposta uma vasta coleção de armas. Ao redor, prateleiras e caixas empilhadas formavam um verdadeiro arsenal, um de respeito. Havia rifles, pistolas, granadas, facas de combate, e incontáveis caixas de munição.

Ele começou a falar, apontando para várias armas enquanto as descrevia com uma precisão quase surreal.

— Aqui temos o clássico M4A1, um rifle de assalto que oferece precisão e poder de fogo equilibrados. É uma escolha confiável em praticamente qualquer situação de combate — ele pegou a arma e fez uma rápida verificação, como se estivesse demonstrando a familiaridade íntima que tinha com cada peça. — Olha só!

Assim, ele atirou para o fundo da sala, onde tinha uma espécie de tiro ao alvo, com o alvo sendo uma silhueta preta com chifres, feito de madeira fina.

Ao lado, havia uma fileira de pistolas Glock.

— Essas são Glock 17, fáceis de manusear, com uma boa capacidade de munição. Confiáveis e precisas em curta distância.

Minha atenção foi capturada por uma arma maior que estava em destaque, algo que parecia mais robusto e complexo. Ele notou meu interesse e se aproximou, pegando a arma com um cuidado respeitoso.

— Ah, vejo que a novata notou a nossa mais nova aquisição. Este é um rifle de assalto de alto calibre, armamento soviético. AK-12!

Ele fez uma pausa, permitindo que eu absorvesse o nome e a potência do rifle.

— O AK-12 é conhecido pela sua durabilidade e resistência em condições adversas. Calibre 5,45x39mm, com uma cadência de tiro de 700 tiros por minuto. Pode ser configurado para fogo automático ou semiautomático, dependendo da necessidade tática.

Enquanto falava, ele desmontou parcialmente a arma, mostrando o mecanismo interno.

— Este modelo possui um trilho superior Picatinny, permitindo a montagem de uma variedade de miras e outros acessórios. O recuo é significativamente reduzido graças ao novo design do compensador, o que melhora a precisão dos disparos — ele remontou a arma com uma fluidez que só podia vir com anos de experiência. — Trouxe quatro, uma pra cada um.

— A capacidade de munição é de 30 tiros por carregador, e é conhecida por sua confiabilidade mesmo nas condições mais extremas.

Hades, Charlie e Enzo assistiam atentamente, e eu estava ao lado deles, em silêncio. O conhecimento do padre era impressionante e detalhado, foram poucas as vezes em que eu vi alguém falar com tanta paixão sobre algo. Observei, tentando memorizar tudo, ainda sentindo a estranheza de estar ali, nesse contexto tão distante do meu passado.

— Granadas de fragmentação, também temos várias — continuou, apontando para uma caixa ao lado. — E facas de combate, forjadas em aço de alta qualidade!

Eu mal podia acreditar na quantidade de detalhes que ele conhecia. Cada arma parecia ter uma história, uma finalidade específica, e o padre sabia exatamente como e quando usá-las.

Enquanto o padre Lucian continuava a nos guiar através do arsenal, ele parou diante de uma arma maior e mais robusta, que estava em destaque sobre uma mesa de madeira. Seu olhar ganhou uma brilho de orgulho ao tocar na arma, como se estivesse prestes a revelar uma obra-prima pessoal.

— Já essa daqui... — ele disse, apontando para a arma com um gesto quase reverente. — Ela é especial. Um verdadeiro monstro em termos de poder de fogo. Originalmente, era uma M249, uma metralhadora de uso militar comum, mas eu a modifiquei bastante. Sabem que cuido muito bem desses brinquedinhos.

Eu observei enquanto ele levantava a arma com ambas as mãos, mostrando sua estrutura pesada.

— Eu chamo essa versão de "Dama da Morte". O nome pode soar dramático, mas é apropriado para o que ela pode fazer.

Ele segurou firme e travou o gatilho.

— A primeira mudança que fiz foi substituir o cano original por um cano de aço inoxidável reforçado, capaz de suportar calor extremo e garantir precisão a longas distâncias. O sistema de recuo também foi aprimorado, usando molas de maior tensão para reduzir o impacto nos disparos contínuos.

Ele fez uma pausa, permitindo que Hades inspecionasse a arma mais de perto.

— Também adicionei um trilho Picatinny ao longo do topo e dos lados, permitindo a montagem de miras holográficas, lanternas e até mesmo lança-granadas, se necessário. A empunhadura foi personalizada com textura antiderrapante, projetada para um controle superior mesmo nas condições mais adversas — eu me sentia numa palestra, muito interessante inclusive. —Além disso, aumentei a capacidade do carregador. Essa belezinha agora comporta 200 cartuchos, permitindo um fogo sustentado sem necessidade de recarregar com frequência!

Eu pude ver a apreciação nos olhos da vampira, enquanto ela examinava a arma.

— Por favor, aprendam a dividir, crianças — ele riu.

— Não sei não, essa arma tá tão bonita — Enzo ponderou.

— A gente pode ter mais algumas? — Charlie sugeriu.

— Posso modificar mais algumas até semana que vem! — ele caminhou até o interruptor, ao lado da porta e ouvi um "click", lançando luz negra sobre a sala. — E, não se preocupem, já estão todas benzidas!

Com a luz negra no cômodo, vi que haviam símbolos desenhados em todo o arsenal. Desde as caixas até as facas menores de combate. Orações escritas em latim, cruzes, o Santíssimo...

— Além dos selos abençoados, também rezei uma missa para o arsenal todo, respinguei água benta... estão com um material certamente abençoado.

Enquanto Hades, Enzo e Charlie guardavam o armamento na caçamba da caminhonete, cobertos por uma lona, eu fiquei ali, sozinha com o padre na igreja. A atmosfera era sombria, com os vitrais projetando sombras coloridas pelo chão de pedra. A curiosidade e uma leve inquietação me dominaram, e eu não consegui evitar a pergunta que pulsava em minha mente.

— Padre... — comecei, hesitante. — Por que você é traficante de armas?

Ele parou de mexer em uma das caixas de munição e voltou seu olhar penetrante para mim. Havia algo nos olhos dele, uma chama insana que brilhava junto com uma clareza assustadora; um sorriso torto se formou em seus lábios enquanto ele se aproximava.

— Ah, minha filha, é uma longa história... — ele disse, com um tom de voz que flutuava entre o lúcido e o insano. — Você vê, em tempos como esses, a fé precisa de mais do que apenas palavras. Precisa de aço, chumbo e armas de alto calibre.

Ele fez uma pausa, deixando a intensidade de suas palavras suavizarem um pouco.

— Essas criaturas infernais não são combatidas com orações sozinhas. Precisamos de armas, precisamos de força — ele dizia aquilo num tom que era até mesmo inspirador. — E eu, bom... — houve uma pausa, enquanto ele ajeitava sutilmente seus óculos de grau. — Eu sou um homem de Deus que entende a necessidade disso.

Eu podia sentir a força de suas palavras enquanto ele continuava.

— Cada arma que eu entrego é uma promessa de resistência contra o mal. E sim, pode parecer insano para alguns, mas é a minha forma de assegurar que o espírito santo esteja conosco em cada batalha — um sorriso malicioso se formou nos lábios dele. — E que possamos deixar buracos enormes na cabeça daquelas aberrações.

Seu sorriso se alargou, e ele riu baixinho, um som que enviou calafrios pela minha espinha. Mas logo, ele voltou ao normal, com um suspiro breve.

— Então, sim, desejo a vocês toda a proteção divina. E que essas armas sirvam como a ira justa de Deus, purificando-os da corrupção.

Eu o observei, atônita. Era difícil reconciliar sua posição como padre com a insanidade fervorosa que ele exibia, e no entanto, havia uma lógica estranha e brutal em suas palavras. Talvez, em um mundo onde demônios caminham entre nós, era necessário alguém como ele.

— Inclusive, agora que se juntou à eles, quer uma arma também? — ele questionou. — Posso fazer de graça, a primeira é cortesia.

— E-Eu... hã...

— Prefere o que? Arma branca ou de fogo?

— Hã... eu prefiro...

MOMENTO DE ESCOLHA:

𝕱ique ciente de que a escolha que você fizer aqui vai afetar eventos futuros.

A - Arma branca.

B - Arma de fogo.

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— Ótimo, já consigo pensar em algo bom para você. Volta aqui na quarta-feira que vem e eu vou te entregar sua encomenda!

O padre sorriu para mim, de um jeito compreensivo. Charlie, Enzo e Hades voltaram para dentro da igreja e entregaram uma maleta de dinheiro ao padre — estavam pagando pela mercadoria. Ele não abriu para conferir, eles aparentemente eram de extrema confiança, clientes fiéis.

— É sempre ótimo fazer negócio com vocês, meus filhos! — ele pôs a mão no peito. — E, que Deus os acompanhe!

— Amém.

Eu disse, junto à eles. Isso, dessa vez eu acertei o timing!

Depois de sairmos da igreja, o clima sombrio de Brasov pareceu aliviar um pouco ao nosso redor. A chuva havia diminuído, mas as nuvens cinzentas permaneciam, ameaçando desabar a qualquer momento.

— Beleza, o que a gente vai fazer agora mesmo? — Charlie questionou.

— Hades vai ao mercado, e eu e você vamos ao cemitério, cabeção — Enzo lembrou.

— Beleza, eu vou estacionar aqui — a vampira disse, manobrando e estacionando perto da praça principal da cidade. — Quem terminar primeiro, liga e avisa pra gente poder se encontrar de novo.

— Quer ir com quem? — o latino me questionou.

MOMENTO DE ESCOLHA:

A - Quero ir com Enzo e Charlie.

B - Quero ir com a Hades.

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𖹭 Opa! Chegamos em um momento de rotas diferentes! Sua escolha estará sinalizada em um banner indicando o conteúdo que terá a seguir!

Procure sua escolha e divirta-se com o que eu criei :)

— Eu vou com o Enzo e o Charlie! — eu disse, decidida e entusiasmada.

— Beleza, vamos lá! — Charlie assentiu, e assim saímos da caminhonete.

Hades seguiu pela esquerda, e nós pela direita. Eu coloquei minhas mãos dentro dos bolsos de meu casaco, numa tentativa de esquentar as pontas de meus dedos.

Caminhamos em silêncio e nossos passos ecoando nas ruas empedradas. Enzo mantinha uma expressão séria, o que era um contraste com o seu comportamento normalmente brincalhão, assim como Charlie. Finalmente, chegamos aos portões do cemitério, um lugar antigo e quase sagrado.

— O que exatamente estão procurando aqui? — perguntei, tentando abafar a inquietação que crescia dentro de mim.

Charlie olhou para mim com aqueles olhos azuis intensos, mas com uma suavidade que me surpreendeu.

— Tem uma coisinha que a gente precisa verificar, bem. Isso pode nos ajudar a entender mais sobre o que está acontecendo com você.

Enzo, que normalmente parecia despreocupado, estava bem mais sério enquanto nos guiava por entre as lápides desgastadas. O lugar estava deserto, e aquele silêncio era quase sobrenatural, a única coisa que o cortava eram os frutos distantes de alguns corvos.

Finalmente, chegamos a uma cripta antiga. Enzo se agachou e começou a remover a tampa de pedra de uma forma que sugeria que ele já tinha feito isso muitas vezes antes.

— Esse é o túmulo de um antigo caçador de demônios — explicou Charlie. — Ele deixou alguns registros aqui. A gente chamava ele de "profeta". O lance que rolava é que haviam boatos que ele havia conseguido uma audiência com as irmãs do destino, e desde então ele tinha esses "poderes".

Eu ouvia atentamente, com meu coração acelerado enquanto Enzo terminava de abrir a cripta. A tampa escorregou, revelando um baú de madeira antiga. Os meninos abriram com cuidado, revelando uma coleção de livros e pergaminhos, todos empoeirados e frágeis com a idade.

— O que são esses papéis?

Enzo suspirou, passando uma mão pelos cabelos escuros.

— São possíveis cânticos. Dizem as más línguas que ele ajudou a escrever uma parte do livro do destino — ele suspirou. — E, como o livro sumiu, vamos ter que trabalhar com o que temos aqui.

— O que aconteceu há cinco anos atrás não foi um acidente. Tem segredos enterrados aqui que precisamos entender para proteger você e, quem sabe, o mundo inteiro — o loiro adicionou.

Aquelas palavras me atingiram com força. O mistério do meu retorno, a razão pela qual eu estava aqui e agora, começou a se tornar mais claro, e também mais assustador. Enquanto os meninos continuavam a examinar os registros, eu olhei ao redor do cemitério, sentindo uma estranha conexão com o lugar; era como se, em meio a todo aquele silêncio e morte, eu estivesse começando a entender um pouco mais sobre a vida — e sobre a minha própria existência.

O cemitério agora estava envolto em uma névoa espessa, que parecia suavizar as formas das lápides antigas e das árvores esqueléticas. Charlie e Enzo me guiaram por um caminho estreito de pedras, e pude sentir uma sensação de ansiedade crescendo dentro de mim. Aquela explicação deles acabou me deixando com mais perguntas do que respostas.

Parando diante de uma lápide maior e mais ornamentada, Charlie indicou uma placa de bronze polido, cujas letras gravadas cintilavam suavemente sob a luz opaca.

— Aqui estão os nomes das vítimas da tragédia... — ele disse, com sua voz baixa e respeitosa.

Me aproximei lentamente e minhas mãos tremiam um pouco dentro dos bolsos do casaco espesso, enquanto eu lia os nomes listados. Meus olhos se moveram de um nome para outro, até que finalmente encontraram o meu próprio: S/N Thompson.

A data ao lado confirmava o que o Capitão havia dito: cinco anos atrás.

Senti um nó se formar na garganta, e a primeira lágrima caiu silenciosamente. O peso da realidade me atingiu de um jeito mais violento do que eu esperava.

Eu estava oficialmente morta para o mundo, uma vítima de uma tragédia que eu nem sequer conseguia lembrar. As memórias eram confusas, e os rostos familiares se misturavam em minha mente, mas nada concreto emergia.

— Eu... eu estava mesmo lá... — sussurrei, pois a minha voz estava falhando. — Eu morri, e agora estou aqui... mas por quê? Como?

Por Deus, como eu estava fragilizada.

Antes que pudesse processar qualquer resposta, senti braços fortes ao meu redor, eram Charlie e Enzo, que me abraçaram de ambos os lados, de um jeito firme e consolador. Por um momento, deixei-me afundar na segurança do abraço deles, permitindo que as lágrimas fluíssem livremente, enquanto eu apertava um pouco os braços deles com as mãos.

— Nós estamos aqui com você, tá bom? — Charlie murmurou. — Vamos descobrir tudo isso juntos.

Aquelas palavras, simples e sinceras, trouxeram-me um certo conforto.

Eu não tinha nenhuma resposta, e o futuro parecia mais incerto do que nunca, mas sabia que poderia contar com eles.

Respirei fundo, tentando recuperar alguma compostura.

— Obrigada... — murmurei, afastando-me suavemente, mas mantendo a conexão.

De repente, o telefone de Enzo toca, e ele tira de dentro do casaco para poder atender:

— Aê, vadios! Eu já terminei as compras, tá? — ouvi o barulho do caixa, provavelmente já estava passando as compras. — 'Vambora aí!

— 'Vambora que tem uma vampira impaciente esperando a gente — o latino riu, fazendo com que eu e o loiro acabassemos rindo também.

Com um último olhar para a lápide, virei-me para seguir adiante. Sabia que aquele era apenas o começo de uma jornada bem perigosa, mas pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia segura e confortável, mesmo com aquelas pessoas que eu havia acabado de conhecer.

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𖹭 O capítulo se encerra aqui para você, caso você tenha escolhido ir ao cemitério com Enzo e Charlie. Agora, caso você tenha escolhido ir ao mercado com a Hades, o capítulo só se encerra depois :)

Vamos à rota da segunda alternativa.

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— Eu quero ir com a Hades!

— Ótimo, vamo' que 'vamo que a gente não tem o dia todo! — ela disse.

Caminhamos pelas ruas de pedra da cidade nublada e fria tranquilamente, enquanto puxava minhas mãos para dentro da manga longa do casaco quente. O mercado não era longe, e era enorme, como um Walmart.

Pegamos um carrinho, e fomos até a grande entrada, vendo que não estava tão movimentado hoje. O que seria até bom, já que eu particularmente não gosto muito de mercados cheios.

— Então, o que você achou do nosso bom padre? — a vampira me perguntou, deslizando os olhos pelas prateleiras de produtos.

— Ele é... peculiar... — respondi, tentando escolher as palavras com cuidado.

Hades soltou uma risada curta.

— Peculiar é um jeito educado de dizer que ele é meio maluco. Mas ele sabe das coisas.

Ela falou com algumas pessoas no caminho, alguns funcionários e com o moço do açougue também. Mas não foi só num tom amigável, foi num tom de quem conhece as pessoas há muito tempo.

— Aí, se quiser pegar um doce ou um biscoito, sei lá, qualquer coisa que você goste, sabe? — ela começou a dizer. — Pode pegar e colocar no carrinho, eu pago pra você.

Ela disse e eu tentei buscar algo que chamasse minha atenção, voltando para ela e guardando no carrinho em seguida.

— Obrigada... — senti que isso não era só suficiente, eu necessitava falar mais alguma coisa. — Você parece conhecer todo mundo aqui.

— Vantagem de ser imortal — ela respondeu com um sorriso travesso. — Você acaba conhecendo as pessoas ao longo dos séculos.

Fiquei em silêncio por um momento, absorvendo essa informação. Era fácil esquecer que Hades era uma vampira, uma criatura antiga com séculos de história.

— Por que você escolheu me acompanhar? — perguntou ela de repente, virando-se para mim enquanto pegava um saco de maçãs.

Estávamos na parte das frutas, legumes e verduras.

— Sei lá, ir ao mercado parece mais confortável do que ir ao cemitério. Não sei se estou pronta para isso... ainda.

— Entendo — ela comentou, guardando a sacola de maçãs no carrinho. — Bom, de qualquer forma, você parece bem corajosa. Acho que isso não vai ser um problema.

Aquele elogio me deixou feliz, e eu sorri sem mostrar os dentes. Ela parecia durona, mas eu tenho certeza que também é gentil, o fato de ela ter cozinhado para mim pode demonstrar isso — mesmo que só um pouquinho.

Depois de terminarmos as compras, fomos até o caixa para passar as mercadorias, e eu estava guardando na sacola, quando de repente, o telefone dela tocou dentro do bolso do casaco, e ela prontamente atendeu.

Ô, vampirona, a gente já terminou aqui — ouvi a voz de Charlie, e em seguida a voz de Enzo. — Se eu chegar primeiro, quem vai dirigir pra casa sou eu.

E, com uma risadinha, ele desligou.

Ela riu baixinho, somente com o ar saindo suavemente pelo nariz, enquanto terminava de pagar pelo que compramos.

— Eles são sempre assim? — perguntei.

— Bem humorados ou imbecis? — ela rebateu.

— Os dois?

— 99% do tempo, sim. Pode apostar que sim.

Eu peguei a sacola de papel pardo mais leve, enquanto Hades pegou as mais pesadas, e assim seguimos até a caminhonete novamente, passando pelas ruas cinzentas. Felizmente, a chuva havia cessado e eu pude respirar o ar gelado da Romênia, me sentindo um pouco melhor do que hoje de manhã.

Não sei o que o destino está reservando para mim, mas acho que estou bem melhor nas mãos desse pessoal.

FIM DO CAPÍTULO, CONTINUA...

[...]

OI OI GENTE, EU SEI QUE ACABOU FICANDO MUITO GRANDE, MAS E AÍ? GOSTARAM DA MINHA IDEIA MALUCA?

JÁ ESCOLHERAM O BOY DE VOCÊS? ME CONTEM, ME CONTEM, QUERO FEEDBACKS PARCIAIS PRA PODER SABER O QUE FAZER 🗣️

quem não sabia como jogar, conseguiu se adaptar? deu pra pegar a ideia?

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