
🖇️ 𝕿om 𝕮ruise ♡⸝⸝
͙͘͡★ 𝗼𝗿𝗶𝗴𝗶𝗻𝗮𝗹.
͙͘͡★ 𝘁𝗼𝗺 𝗰𝗿𝘂𝗶𝘀𝗲 como 𝗹𝗲𝘀𝘁𝗮𝘁 𝗱𝗲 𝗹𝗶𝗼𝗻𝗰𝗼𝘂𝗿𝘁 de 𝗲𝗻𝘁𝗿𝗲𝘃𝗶𝘀𝘁𝗮 𝗰𝗼𝗺 𝗼 𝘃𝗮𝗺𝗽𝗶𝗿𝗼 (𝟭𝟵𝟵𝟰).
͙͘͡★ 𝘀𝗳𝘄.
͙͘͡★ 𝗴𝗮𝘁𝗶𝗹𝗵𝗼𝘀: palavras de baixo calão, uso de drogas lícitas.
͙͘͡★ 𝗻𝗼𝗶𝘀 𝗿𝗶, 𝗻𝗼𝗶𝘀 𝗯𝗿𝗶𝗻𝗰𝗮, 𝗺𝗮𝘀 𝘀𝗼́ 𝗻𝗼𝗶𝘀 𝘀𝗮𝗯𝗲 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗲𝘀𝘀𝗲 𝗹𝗼𝗶𝗿𝗼 𝘀𝗮𝗳𝗮𝗱𝗼 𝗺𝗲 𝘁𝗲𝗺 𝗻𝗮 𝗰𝗼𝗹𝗲𝗶𝗿𝗮.
𝟏𝟖𝟗𝟐 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐕𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐃𝐎 𝐔𝐌 𝐀𝐍𝐎 𝐄𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐇𝐎, pois completavam dois anos desde que você estava praticamente morando com três vampiros — Louis, Lestat e Claudia. Em suma, eram até bem simpáticos e gentis, para criaturas obscuras que se escondem e rastejam entre as sombras da noite. Louis era amável, bom ouvinte e generoso. Claudia era um pouco infantil em alguns aspectos, mas bem inteligente em outros.
Já Lestat... o que tinha a dizer sobre aquele maldito loiro dos olhos azuis que constantemente era prepotente e mandão? Simplesmente a pessoa mais desprezível que você já havia conhecido, mas desde que conheceu aquele trio nada peculiar, a amizade acabou crescendo cada vez mais, e quando foi se dar conta, já estava morando com eles numa bela mansão, no centro de Londres.
— Boa noite, querida humana — ouviu a voz do mais velho a acordar.
Estava deitada em sua cama, enrolada em seus lençóis de seda, antes de abrir os olhos vagarosamente. É, ele havia interrompido o sono dos justos, como sempre.
— É hora de acordar, o sol já está se pondo — ele abriu as cortinas, observando os pequenos traços laranjas no horizonte, se esvaindo devido a penumbra da noite.
— Você poderia ser mais gentil e me deixar em paz, não? — você se sentou na cama e esfregou os olhos sutilmente com os punhos.
— Mas onde estaria a diversão, minha querida? — o loiro riu, balançando levemente a cabeça e seus olhos claros cintilavam, revelando sua travessura habitual.
Lançou a ele um olhar de advertência, mas você sabia que era inútil tentar enfrentar Lestat com seriedade. Os dois sempre estavam em uma espécie de duelo verbal, uma dança de provocação e respostas afiadas.
— Venha, me acompanhe. A noite está só começando e temos um baile para comparecer! — o vampiro estendeu a mão pálida e fria para você.
— Não sei porque ainda sigo a rotina de vocês.
Pegou a mão dele em seguida.
— Não me venha com essa tolice, você tinha insônia antes mesmo de nos conhecer.
— E você não tem senso de privacidade, não é?
Lestat riu novamente, sua risada ríspida e repleta de sarcasmo, enquanto a guiava pelo corredor mal iluminado até a sala de estar, onde estava Claudia.
— Ah, minha doce S/N, onde está a graça na privacidade? Somos todos uma grande família, afinal.
Você revirou os olhos, mas havia um traço de diversão em seu olhar. Tinha que admitir que, apesar de todas as suas diferenças, havia algo cativante na personalidade extravagante e tendenciosa dele.
Sentou-se no sofá carmesim da sala totalmente feita aos detalhes da arquitetura gótica e recebeu um abraço carinhoso de Claudia, observando seu rosto sorridente com suas presas adoráveis e os cachos dourados que se estendiam por seus ombros, somados à sua bela pele pálida. Na mesinha à frente, havia uma taça de sangue que a vampirinha usava para se refrescar naquela noite, enquanto se deliciava com sua literatura culta. Apesar de ter uma aparência de criança, ela era muito mais adulta do que parecia.
— Claudia te fará companhia enquanto vou verificar os trajes para essa noite — ele disse tranquilamente. — A julgar pelo aroma, Louis provavelmente está preparando algo para você comer, humana.
O vampiro mais velho saiu com sua típica dose de teatralidade. Você nada fez além de esboçar um sorriso sútil.
— Como está se sentindo hoje, minha humana preferida? — a loira questionou, sorrindo novamente.
— Oh, você sabe. A rotina de sempre... acordada durante a noite e em sono esplêndido durante o dia.
Enquanto vocês conversavam, um aroma delicioso começou a se espalhar pela sala, vindo da cozinha. Pouco depois, Louis apareceu na porta com uma bandeja prateada nas mãos, carregando um prato cuidadosamente preparado.
— Para a senhorita — ele estava com seu casual sorriso gentil, colocando a bandeja sobre a mesinha.
Ao olhar para o prato e seus olhos se iluminaram. Sobre a bandeja havia uma seleção de deliciosos petiscos: croissants frescos e quentes, acompanhados de queijo, frutas e um copo de suco.
— Louis, você é realmente um anjo — seu rosto tomava agora uma feição de gratidão.
— Só tentei preparar algo que você gostasse — o mais velho sorriu sem mostrar as presas. — Agora eu vou ajudar o Lestat com os trajes, antes que ele comece a me gritar.
E assim o moreno se retirou do cômodo.
— Você e Louis tem um bom relacionamento, não é? Isso é fenomenal.
A vampira mirim dos cachinhos dourados ponderou.
— Com certeza — afirmou, dando uma mordida do croissant. — Louis é gentil, atencioso... bem diferente daquele demônio que veste roupas de seda que nós carinhosamente chamamos de Lestat.
Claudia lhe lançou um olhar compreensivo, parecendo entender o que você queria dizer com aquilo.
— É... ele é meio complicado...
— É muito complicado — acrescentou. — Porém, pelo menos, eu tenho você e o Louis pra tomar meus dias mais suportáveis.
— E vai ter um baile hoje para poder esfriar ainda mais a cabeça!
— Ah, nem me fale!
— Você está ansiosa, S/N? — os olhos da cacheada brilhavam em empolgação.
— Estou sim! Vai ser uma oportunidade incrível de me divertir, mesmo que no baile tenham vários vampiros que provavelmente querem meu pescocinho.
— Eu também estou! — ela dizia num tom de animação enquanto balançava suas pernas. — Eu mal posso esperar para ver todos os vestidos elegantes. Lestat está ansioso também!
— Lestat? — estava surpresa. — Animado para um baile? Isso é algo raro.
— Não é nem tanto pelo baile em si, mas é porque ele provavelmente vai ter chance de dançar com você — Claudia riu levemente. — Ele não vai admitir, mas tenho certeza que ele gosta da sua companhia. Ele é mais... suscetível a certos sentimentos do que parece.
A olhou, intrigada.
— O que você quer dizer com isso?
— Oh, nada. É só uma pequena observação — ela lhe ofereceu um sorriso cômico e travesso. Esse era um dos diferenciais em Claudia. — Acho que ele não é tão orgulhoso quanto aparenta, e ele com certeza gosta de ter você por perto.
— Você realmente acha isso? — franziu o cenho, realmente abismada.
— Sim, definitivamente.
A expressão inocente da vampira mirim contrastava com suas palavras tão adultas.
Logo, Louis e Lestat voltam ao cômodo, dizendo que estava na hora de se arrumarem, pois o baile estava próximo de começar e iria até pouco antes dos primeiros raios da aurora. Você prontamente seguiu até seu quarto, e em seguida até o banheiro, tratando de fazer sua higiene e se perfumar antes de vestir o que eles haviam reservado para você nesta noite importante.
Pegou o vestido longo de seda, que era num tom de azul marinho, com um decote em V que realça elegantemente seu colo. Essa peça tem um corte sutilmente justo na cintura e flui suavemente até o chão, criando um movimento gracioso e delicado enquanto você caminha. Estava calçando botas pretas de couro com algumas fivelas prateadas e saltos confortáveis, que facilitavam sua locomoção.
Abriu a caixinha de veludo que havia deixado em sua penteadeira para guardar suas jóias, e pegou um colar fino prateado com um cristal, que fazia par com brincos elegantes e um bracelete que adornava seu braço. Terminou ajustando seu cabelo do jeito que lhe era viável e passou uma sombra num tom levemente marrom, somente o suficiente para delinear seus olhos, e finalizou passando um batom nude rosado em seus lábios.
Olhou-se no enorme espelho quando ouviu batidas em sua porta, e ao abrir lá estava Lestat. Perfeitamente arrumado, e com um sorriso irônico nos lábios, a fitando de cima a baixo.
— Bem, parece que até os humanos conseguem ter um ar vampiresco.
— Acredite ou não, humanos são excelentes atores quando querem.
Ele deu um passo à frente.
— Eu diria que esse vestido faz justiça a você. Está surpreendentemente... elegante.
Um suspiro dramático deixou seus lábios ao ouvir essas palavras saindo da boca do vampiro, ser elogiada por ele, era a última coisa que esperava naquela noite — ou por toda aquela vida.
— Meu Deus, Lestat! Você me elogiou? Acho bom anotarmos a data e a hora, porque isso é um evento raríssimo.
Ele abaixou a cabeça levemente e riu baixinho.
— Apenas admito que, em ocasiões especiais, até mesmo você pode estar apresentável.
Não esperava algo diferente dele, obviamente o mais velho iria tentar reformular ou amenizar o que havia dito.
— Ora, muito obrigada, senhor. Não sabia que você tinha um lado tão gentil — revirou os olhos levemente, se controlando para não rir.
— Não se acostume, querida. A gentileza não faz parte do meu repertório habitual.
Sorriu ao ouvir aquilo, estavam tendo um atrito novamente, mas dessa vez era de um jeito muito tranquilo.
— Bom, tenho que agradecer a você dessa vez. Acertou em cheio nesse vestido.
O mais velho te ofereceu o braço, para que você pegasse e assim seguissem para encontrarem Lestat e Claudia. Você imediatamente pegou, seria uma desfeita implicar com ele dessa vez.
— Vai me dizer que eu tenho um gosto melhor do que você imaginava? — ele ergueu uma sobrancelha levemente.
— Talvez, acho que preciso admitir que você tem certo... bom gosto — as palavras demoraram a sair de seus lábios, porque afinal de contas só sabia implicar com esse loiro, e seu orgulho lhe diria para calar a boca.
— Viu só? Um elogio mútuo. Quem diria.
Havia um tom de satisfação em seu tom de voz, algo totalmente capaz de ser reconhecido.
Vocês trocam um olhar cúmplice, uma leveza inesperada no ar. Apesar das alfinetadas constantes, há uma camaradagem peculiar entre os dois, um entendimento único que apenas vocês compartilham.
— Não pense que isso significa que vamos virar melhor amigos agora, Lestat — disse à ele enquanto caminhavam pelo corredor, em direção a sala.
— Não esperava menos de você, querida humana — um sorriso malicioso se instalou na face dele.
[...]
O salão de baile foi transformado em um cenário digno de um baile vampiresco. O tema é uma combinação de elegância sombria e opulência gótica, criando uma atmosfera misteriosa e sedutora. A iluminação é suave e difusa, proveniente de candelabros pendurados no teto alto. Velas brancas e vermelhas estão espalhadas por todo o salão, emitindo uma luz quente e tremeluzente que dá um toque romântico ao ambiente.
As cores predominantes são o preto e o vermelho profundo. Os tecidos das cortinas, tapeçarias e mesas são ricos em tons escuros, evocando a escuridão da noite. Toques de dourado e prateado acrescentam um brilho sutil à decoração. Grandes cortinas de veludo preto adornam as paredes, com candelabros de prata pendurados nas laterais. Rosas vermelhas escuras, quase negras, estão dispostas em vasos de cristal, acrescentando um contraste dramático às mesas. Espelhos ornamentados refletem a luz das velas e dão a ilusão de um espaço ainda mais vasto.
Mesas cobertas com toalhas de veludo preto estão alinhadas pelo salão, cada uma adornada com castiçais de prata e taças de cristal. Cadeiras estofadas em veludo vermelho proporcionam um lugar para os convidados descansarem. Um palco elevado no canto abriga a orquestra, tocando músicas envolventes que preenchem o ar. Detalhes góticos estão espalhados por todo o ambiente. Gárgulas esculpidas em pedra acima, colunas e arcos. Cortinas de renda negra com padrões de teias de aranha adornam as janelas. Adereços como corvos empalhados e velas derretidas criam uma atmosfera sutilmente macabra.
Você estava envolvida numa conversa com um belo vampiro que usava trajes em tons de carmesim e tinha longos cabelos ruivos, além de olhos cor de mel. Seu sorriso o cativava, ele era gentil e também sorria em alguns instantes, deixando as presas aparentes.
Lestat observa de longe com sua expressão sombria. Claudia e Louis trocam um olhar cúmplice, reconhecendo a tensão no ar.
— Parece que nosso Lestat não está muito feliz com a atenção que nossa querida S/N está recebendo — a mais nova sussurrou para o mais velho.
Ele concordou com um sorrisinho discreto.
— Isso está óbvio, mas ele não irá admitir — sussurrou de volta.
Enquanto você continua conversando com o ruivo a fez rir por algum piadinha idiota, e o loiro parece ficar ainda mais contrariado com isso. Ele dá um gole em sua taça de vinho, mantendo os olhos claros fixos em você.
— Sabe, Lestat — Claudia diz, puxando levemente suas vestes. — A S/N está se divertindo, deveria estar feliz por ela.
Ele se virou bruscamente.
— Claro, Claudia. Eu estou absolutamente extasiado por vê-la se divertindo.
Louis intercedeu, com sua voz completamente serena.
— Você sabe que ela não é nossa propriedade, e tem o total direito de se divertir.
— É claro que eu sei disso, porra. Não precisa me falar o óbvio, Louis! — ele deu mais um gole do vinho tinto. — Por que estão tão interessados na vida dela?
— Porque você está tão obviamente interessado — Claudia sorriu maliciosamente novamente.
Os olhos do vampiro loiro brilham num misto de raiva e resignação, misturados naquele azul que toma conta de suas íris. Ele estava uma pilha de nervos por dentro, e o ciúme quase se tornava algo palpável, como se fosse transbordar por seu corpo a qualquer instante.
— Vocês dois são insuportáveis — diz com o tom de voz rouco, fazendo um movimento desleixado com a mão livre e se afastando da dupla.
Agora que Lestat estava em outra extremidade do salão, conversando com outros vampiros e se mantendo de olhos bem fixos em você, Claudia e Louis puderam falar mais alto.
— Viu só? Ele está com ciúmes.
— Obviamente. Mas nunca irá admitir.
O baile continuou fluindo em sua tranquilidade, com músicas ambientes sendo tocadas com maestria pelos talentosíssimos músicos que estavam presentes no salão. E em um determinado momento, o ruivo te convidou para uma dança, não poderia negar mesmo que estivesse à algum tempo sem dançar e tinha medo de perder a prática, mas aquilo era um risco que estava disposta a correr. Segurou em sua mão, e assim seguiram para o meio de outros vampiros que dançavam alegremente à luz do luar naquele local fúnebre e ao mesmo tempo vívido.
Quando a dança terminou, o ruivo fez uma mesura cortez, agradecendo pela honra de ter aceitado dançar com o mesmo. E quase que imediatamente, surge Lestat, com uma determinação abrupta.
— Com sua licença — ele fuzila o homem de cabelos laranjas somente com aquele olhar frio e ríspido dele.
O tom dele é meio rude e o cavalheiro parece desconcertado, mas o loiro ignora qualquer reação. Ele estende a mão para você, com um olhar que parece quase desafiador.
— Vamos, minha querida. A próxima dança é nossa.
Ele pega em sua mão rapidamente.
Você fica surpresa com a abordagem, mas não protesta quando ele a conduz para a pista de dança. A música começa e Lestat a puxa para um ritmo mais animado, dançando com um entusiasmo quase feroz. Ele segura firmemente em sua cintura, mantendo-a próxima a ele. A sinfonia que toca é inconfundível do maestro-vampiro, Peter Gundry.
O som em questão era The Last Dance.
Os violinos soavam pelo salão, se misturando com a voz crescente dos cantores e os arranjos impecáveis.
— Lestat, espera! Por que toda essa pressa? — seguia os passos dele, deixando-o te conduzir enquanto mantinha as mãos nos ombros dele. — Mas que caralhos está acontecendo com você? Parece que está possuído.
— Possuído, minha querida? Talvez — ele continuava dançando impiedosamente, enquanto deslizava os sapatos pelo piso. — Ou talvez eu só decidi me divertir um pouco mais, só isso.
— Ainda sim, é estranho. Você não age desse jeito.
Ele te rodopia com graça e te segura, olhando em seus olhos por breves instantes antes de te colocar de pé novamente.
— Apenas estou aproveitando a dança. Acho que já nos conhecemos bem o suficiente e não precisamos dessas formalidades insignificantes.
— De qualquer forma, você não precisava ter sido rude com o rapaz. Se quisesse dançar comigo, bastava pedir.
— Eu gosto de fazer as coisas do meu jeito — ele apertou um pouco sua cintura, te fazendo arfar levemente.
— Claro, até porque, ser educado é tão superestimado, não é? — disse no seu melhor tom sarcástico, segurando uma das mãos dele enquanto continuavam rodopiando pela pista, passando entre outros pares que dançavam a sinfonia.
— Exatamente.
Respondeu friamente, mantendo o queixo erguido.
— Lestat, você não vai ao menos me dizer o que está se passando?
— Já disse que só quis me divertir um pouco mais, só isso.
Você riu, quase que incrédula com a resposta tão descarada dele mais uma vez.
— Isso é mais do que diversão, seu arrogante. Isso é uma tempestade em forma de dança.
A forma como seus movimentos estavam sincronizados num ritmo voraz era mesmo de tirar o fôlego.
— Ao meu ver, às vezes a tempestade é o que nós precisamos para nos libertar.
Você ergueu uma sobrancelha.
— E do que exatamente você está se libertando? — questionou. — Além de qualquer traço de etiqueta.
— Hm... deixe-me pensar... — o mais velho ponderou. — Talvez eu estivesse cansado da monotonia, que tal?
Uma risada nasal escapou sem querer, chegava a ser tosco a forma como ele estava dando simplesmente as piores desculpas esfarrapadas possíveis naquela noite, durante aquela valsa.
— Faz-me rir, né? — zombou. — Você é a criatura mais monótona que conheço.
Aquele maldito sorriso sarcástico voltou a reinar na expressão de Lestat, exibindo suas presas brilhantes e seus dentes brancos. Aquilo era um ponto charmoso que deveria ser levado em consideração.
— Isso soa quase como um elogio vindo de você, minha querida.
— Quase, mas não conte com isso.
— Oh, não se preocupe — ele disse no tom mais sínico possível. — Minhas expectativas não são tão altas.
Aquele sorrisinho irônico e as respostas na ponta da língua estavam começando a te irritar. Se bem que quando se tratava de Lioncourt, qualquer coisa te irritava com uma facilidade imensa.
— Tá bom, seu idiota. Já chega — você tentou lhe lançar seu melhor olhar furioso. Poderia não ser uma vampira, mas seu olhar fatal era capaz de arrancar confissões sem precisar usar o dom da hipnose. — Diga-me a verdade. O que aconteceu entre você e o rapaz? Por que o afastou daquela maneira?
Agora foi a vez do loiro rir nasal.
— Você não percebe, S/N? Ele é só mais um vampiro tentando afundar suas presas no pescoço de alguém.
Riu, incrédula. Ele estava mesmo se preocupando com você, ou aquilo era só mais um ato de puro capricho?
— Isso é ridículo, e você está ficando paranóico pra caralho.
— Você não conhece muito bem as artimanhas dele, sua tola. Eu não vou deixar você virar uma refeição!
— Realmente achou que aquele rapaz fosse pular em cima de mim no meio do salão? Principalmente com você e Louis por perto? — riu da forma mais franca e desiludida possível. — Como consegue ser tão petulante, hein?
— É melhor prevenir do que remediar.
— Claro, porque sua ética vampírica é extremamente exemplar.
Ele arqueou levemente uma sobrancelha.
— Não comece com isso agora.
Você riu novamente, estava rindo de nervoso, num misto de incredulidade.
— Só porque você não quer admitir que está um pouco... — se inclinou na direção do homem pálido de fios dourados e disse em sua orelha. — Ciumento.
— Ciúmes? — um sorriso sem jeito se formou no rosto dele, era a primeira que o via assim. — Não seja prepotente, minha querida. Não tenho esses sentimentos humanos.
Estavam tão imersos naquela atmosfera de dança e discussão que só foram perceber que fizeram isso durante a música inteira, quando acabou. O vampiro fez uma reverência exagerada — esse era o arrogante e irônico de sempre.
— Foi um prazer, humana. Até a próxima dança.
Você riu e fez a reverência zombeteira em resposta.
— Até a próxima, seu narcisista — tratou de retratar isso com seu melhor sorriso de implicância. — Espero que nossa próxima dança seja tão emocionante quanto essa.
Se afastaram com praticamente o mesmo sorriso sarcástico no rosto, seguindo para extremidades opostas do salão, afim de desfrutarem o resto do baile, tomando boas taças de vinho e rindo de piadas idiotas contadas pelos centenários.
[...]
Os primeiros raios da aurora começam a aparecer no horizonte, mas por sorte ainda está bem escuro, e você tinha as cortinas densas para bloquear as luzes da janela. Estava em seu quarto, com os pés doendo um pouco de tanto dançar, sentia que poderia retirar os saltos naquele baile e dançar até morrer. Estava sentada na cama, terminando de passar o hidrante por seus braços, enquanto trajava sua camisola branca e fina de renda.
Seus pensamentos pareciam estar bem distantes enquanto você deslizava os dedos por sua pele macia, sentindo o aroma revigorante e perfumado. Quando de repente, ouve batidas à porta e ergue o olhar; surpresa.
— Quem pode ser a essa hora? — se levantou da cama e foi até a porta.
Talvez fosse Claudia, pedindo para que você dormisse em seu caixão com ela. Algumas vezes ela ia para o caixão de Louis e às vezes te chamava para dormir com ela.
Ao abrir a porta, quem estava do lado de fora era ele mesmo, o de Lioncourt. Os cabelos de fios dourados estão soltos, e ele usa uma calça preta com uma graciosa camisa de botões branca, com os dois primeiros botões do peito abertos, expondo a pele pálida. Era hora de dormir, logo o sol começaria a aparecer, mesmo que fizesse frio e fosse um sol fraco, continuava queimando a pele de qualquer maneira.
Ele está com um semblante mais sereno do que de costume, e um silêncio está entre os dois.
— Posso entrar?
Você hesita por um instante, mas logo dá um passo para o lado, o permitindo entrar. O vampiro logo adentra, olhando as paredes do cômodo, ele não costuma entrar muito em seu quarto, somente para te acordar ao anoitecer.
— Às vezes me esqueço como seu quarto é agradável — um suspiro pesado deixa seu corpo.
— Obrigada, eu acho. Bem, posso saber o que está fazendo aqui? Deveria estar dormindo, assim como Louis e Claudia.
Ele se vira, com aquele par de olhos azuis diretamente nos seus.
— Queria conversar com você. Sobre o baile, sobre a dança... sobre tudo — ele dizia com pesar.
— Tudo bem, estou ouvindo.
— Depois de um tempo, percebi que agi de forma impulsiva no baile. Eu... não deveria ter sido tão bruto, como fui.
Ele estava nervoso? Realmente, o apocalipse estava próximo.
— Você acha? — uma expressão de indiferença estava em seu rosto.
— Sim, eu estava com ciúmes.
Ao ouvir tais palavras, não pôde acreditar. Aquilo era estranho e confuso demais para ser verdade. Não era ele quem dizia que vampiros não tinham o dom de desfrutar de alguns sentimentos humanos? O que estava acontecendo?
Levantou suas sobrancelhas pela surpresa, foi uma confissão repentina e contraditória.
— Você? Ciúmes?
O nome "Lestat de Lioncourt" e a palavra "ciúmes" eram como água e óleo, não se misturavam. Ou pelo menos você pensava que não, até agora.
— Sim, porra. Acho que deu para notar que eu não sou um santo e também tenho minhas fraquezas, algo além de estacas de madeira, sol e sangue do morto.
Ele deslizou uma das mãos pelos fios dourados de sua cabeça, bufando levemente.
— Parece que finalmente admitiu.
Sorriu, se sentindo vitoriosa agora.
— Olha, eu não queria que aquele rapaz se aproximasse tanto de você. Eu não queria que ele te tocasse ou dançasse com você... eu fiquei furioso vendo aquilo porque realmente me fez perder a cabeça.
Ele tinha as palmas das mãos sobre a nuca agora, olhando para o piso branco e polido do chão, quase sendo capaz de enxergar o próprio reflexo.
— E por quê você nunca me disse isso antes? — estava séria agora, sem deboches ou ironias.
— Porque eu não gosto de falar sobre isso, não gosto nem de sentir isso. Mas eu sinto por você, e percebi que minha prepotência tinha passado dos limites, já que aquilo só fez você se afastar de mim — o loiro dizia no ar mais puro de sinceridade.
— Achou que me afastar de você seria a melhor alternativa? — riu levemente.
— Provavelmente não — ele também riu levemente. — Não sei onde estava com a cabeça.
Ficaram num silêncio confortável, "digerindo" tudo aquilo, sentados um ao lado do outro. Até você sorrir e deslizar a palma de sua mão quente, sobre uma das bochechas daquele rosto pálido tão lindo.
— Lestat, você não precisa ter ciúmes. Eu não sou propriedade de ninguém, e certamente não quero ser. Mas eu fico feliz em saber que você se importa comigo.
— Eu me importo, minha querida. Mais do que eu gostaria de admitir — aquelas íris azuis implacáveis pareciam vasculhar sua alma.
— Olha, eu até gostei dessa versão. Com menos narcisismo e mais sentimentos — brincou. — Acho que posso aprender a lidar com ela, sabia?
Ele pegou suas mãos, depositando um beijo terno e demorado no dorso de cada uma delas. Aquilo fez suas bochechas esquentarem, como se fossem entrar em combustão a qualquer instante.
— S/N, eu sei que não sou o tipo de criatura fácil de se lidar. Eu tenho sido arrogante, impulsivo e muitas vezes insuportável, reconheço isso — desabafou. — Porém, tudo o que eu sinto por você... é intenso demais para ser reprimido.
Você estava ficando cada vez mais nervosa, ele com certeza já conseguia ouvir seus batimentos cardíacos, pois aquele órgão tão importante para sua sobrevivência estava praticamente espancando sua caixa torácica naquele instante. Eram tantas emoções, tanta ansiedade pelo desfecho das confissões do vampiro loiro.
— L-Lestat... o que você...
— Por favor, deixe-me completar. Eu sei que a vida é curta para você, e o tempo passa de uma forma inexorável. E, a cada dia que passa, parece que tem mil adagas apunhalando meu coração, porque eu não suportaria a ideia de perder você para sempre.
Ele aperta um pouco suas mãos, e você sente as lágrimas começarem a se acumular em seus olhos, próximas à beira. Jamais imaginou ver esse lado dele, aquilo era mesmo verdade?
Estava impactada de verdade, não esperava palavras tão intensas, tão verdadeiras e profundas.
— Eu não sei o que o futuro nos reserva, minha querida. Mas sei que eu não quero desperdiçar o tempo que tenho com você — ele suspirou. — Não sei se vai querer se tornar uma criatura da noite como nós um dia, mas eu quero estar ao seu lado — ele levou suas mãos aos lábios, beijando com ternura novamente. — Mesmo que isso signifique que você vai envelhecer e eu vou continuar o mesmo.
A tensão entre os dois era palpável, e ele via a forma como você estava tentando segurar as lágrimas. O peso das palavras, antes não ditas, agora já estavam saindo dos ombros do vampiro que se aproximou um pouco mais de você e levou as mãos frias ao seu rosto, segurando suavemente.
Como se fosse a jóia mais rara e frágil do mundo inteiro.
— Eu amo você, minha querida humana. Não importa o que aconteça, isso nunca vai mudar.
Finalmente as suas emoções estavam transbordando, escorrendo por seus olhos e traçando um caminho por suas bochechas macias. Puxou o mais velho para um abraço apertado, os sentimentos reprimidos finalmente estavam fluindo.
— Eu também te amo, Lestat — disse com dificuldade, pois o choro não te deixava num estado muito agradável para falar. — Você pode ser um vampiro egocêntrico e sarcástico, mas é meu vampiro egocêntrico e sarcástico.
Lestat a abraça com força, estando emocionado em ouvir tais palavras saírem de seus lábios. Palavras essas que ele ansiou ouvir à um bom tempo e estavam finalmente sendo ditas. A vulnerabilidade dele estava à mostra, e isso era estranhamente apaixonante. E então, num momento carregado pelas fortes emoções, seus lábios finalmente se encontram num beijo.
Um beijo que expressa tudo o que ambos sentem, e que está quebrando todas aquelas barreiras de arrogância e ódio, deixando suas reais intenções transparecerem.
Apesar de ser um gesto suave, é repleto de paixão enquanto movem os lábios e deixam que suas línguas se toquem. Você sentiu uma das mãos frias de Lestat deslizar pela lateral de seu pescoço, seguindo com as pontas dos dedos até seu ombro, depositando algo como um carinho sútil, enquanto suas mãos estavam na nuca do vampiro, segurando levemente aqueles fios dourados tão lindos e preciosos, que sempre ansiou tocar para sentir tamanha maciez.
Aquilo foi um desfecho inesperado para aquela noite, e agora finalmente entendiam que aquelas camadas de ódio só estavam mascarando o verdadeiro sentimento. Um sentimento ainda mais destrutivo e potente que o ódio: o amor.
Tá podendo fazer piada de ano novo ainda? Então bora lá
Não sou feliz desde 1520 😓
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