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★˚ ❝ 𝐁𝐈𝐋𝐋 𝐒𝐊𝐀𝐑𝐒𝐆𝐀̊𝐑𝐃 « 🔮

𝐍𝐎𝐓𝐀 𝐃𝐀 𝐇𝐀𝐃𝐄𝐒: GALERA! eu amo nosferatu, vocês não tem noção, quando eu soube que ia sair um remake, confesso que eu esperava que a Anya Taylor Joy participasse porque meu sonho de princesa é ver ela e o Bill Skarsgård interpretando um casal. Aproveitem essa leiturinha pecaminosa com o conde Orlok.

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𝐒𝐈𝐍𝐎𝐏𝐒𝐄: Após mexer em alguns livros de ocultismo na biblioteca do castelo da imperatriz, você percebe que acabou fazendo um mal cruzar uma porta. Porta essa que nunca deveria ter sido aberta.

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✰ nsfw ⭑.ᐟ
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⁽¹²⁸⁸⁹ ᵖᵃˡᵃᵛʳᵃˢ⁾

𝐒𝐄𝐑 𝐃𝐀𝐌𝐀 𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐍𝐇𝐈𝐀 da imperatriz Hades Osbourne Tepes é, ao mesmo tempo, um privilégio e uma maldição. A cada dia que passa ao lado dela, sou lembrada de como sou insignificante diante da imensidão de sua existência. Sou apenas uma humana, limitada e frágil, enquanto ela é eterna, poderosa, e repleta de uma sabedoria que me faz sentir como uma criança perdida em uma floresta escura.

Ela é mais que uma imperatriz; ela é uma força da natureza. E, no entanto, ela é gentil comigo. Há momentos em que ela me olha como se me enxergasse além do que eu mesma consigo, como se eu fosse mais que carne e osso, mais que uma mortal efêmera. Ainda assim, não é fácil. Há um peso constante, uma sombra que nunca se dissipa. Ser tão próxima dela significa estar constantemente ciente de sua fome, de sua força, e do mundo que ela habita — um mundo que não é o meu. Quando ela desliza pelo salão, todos se curvam, mas eu devo permanecer firme, ao lado dela, como uma extensão de sua vontade.

E o castelo... ah, o castelo. É uma obra de arte sombria, sendo o mais perfeito exemplo da verdadeira arquitetura gótica. Cada pedra, cada candelabro, cada tapeçaria, tudo é tão único.

Os corredores parecem vivos, como se guardasse segredos que sussurram quando penso estar sozinha. Algumas vezes, já tive o receio de que os olhos nos quadros dos corredores estavam me seguindo, mas fico tranquila em saber que minha majestade está próxima. Minha humanidade, que deveria ser minha maior fraqueza, é também o que parece tocar a vampira de uma maneira que outros não conseguem. Ela confia em mim de uma forma tão enaltecedora quanto assustadora. Ela é minha imperatriz, minha protetora... mas, às vezes, também sinto que sou algo mais para ela, algo que ela teme perder.

E eu? Eu a admiro e temo na mesma medida. Ser sua dama de companhia é como caminhar na beira de um penhasco, onde a vista é deslumbrante, mas um passo em falso pode ser fatal. E, mesmo assim, não consigo imaginar estar em nenhum outro lugar.

Agora estávamos na sala do trono.

Esse cômodo era a combinação de beleza e poder. Pilares de mármore negro se erguiam em direção ao teto abobadado, onde lustres de cristal lançavam reflexos suaves sobre as tapeçarias que contavam histórias de glórias passadas. No centro, em um trono esculpido em obsidiana e adornado com detalhes prateados, sentava-se a imperatriz, com seus longos cabelos pretos caindo pelos ombros.

Também haviam algumas estátuas de gárgulas em pedestais espalhados, como se eles tivessem observando tudo que acontecesse na sala.

Eu estava em pé ao lado do trono, em minha posição habitual. Apesar de ser apenas uma dama de companhia, era ali, ao lado dela, que eu compreendia o peso de servir à imperatriz. Naquele instante, eu não era apenas uma amiga próxima; era uma testemunha da liderança dela, da forma como a vampira governava com sabedoria e uma autoridade que intimidava até os mais ousados.

Os afiliados da corte entravam, um a um, com suas cabeças curvadas em reverência. Alguns eram nobres de terras vizinhas; outros, embaixadores e comerciantes que esperavam fazer acordos lucrativos. Eu observava tudo com atenção, anotando os nomes e propostas em um pequeno caderno que mantinha comigo.

— Majestade — começou um homem magro, com vestes luxuosas e uma postura servil — Trago notícias de nosso território ao sul. As colheitas têm sido abundantes, mas precisamos de mais mão de obra para expandir nossos campos. Talvez... trabalhadores das terras vizinhas pudessem ser adquiridos.

A vampira inclinou-se levemente para frente, com seus olhos vermelhos brilhando sob a luz do candelabro.

— Está sugerindo que escravizemos inocentes?

O homem engasgou, claramente não esperando a frieza em sua voz.

— Eu... não foi isso que quis dizer, vossa majestade. Apenas... uma sugestão.

— Uma sugestão que não aceito — ergueu a mão elegantemente, silenciando-o. — Os súditos do meu reinado não serão tratados como mercadorias. Encontre outra solução ou não volte aqui.

Eu sentia orgulho em servir à uma mulher muito temida e igualmente justa.

Ela pôde analisar mais algumas propostas de troca de mercadorias, como tecidos, temperos e metais, impondo suas próprias regras sem hesitar. E também recebeu um afiliado estrangeiro que utilizava um intérprete devidamente educado.

As portas da sala do trono se abriram para o próximo grupo de negociantes, e eu me mantive ao lado da imperatriz, atenta como sempre. Ela estava magnífica em seu vestido púrpura; a cor real acentuando ainda mais sua aura de autoridade. E eu, estava confortavelmente feliz em meu vestido preto de seda pura, dado justamente por ela.

Os homens se aproximaram com expressões hesitantes, carregando pergaminhos e propostas. Quando um deles mencionou o propósito de sua visita — um pedido de casamento de um duque de uma terra vizinha —, o ar no salão pareceu esfriar. A vampira escutava atentamente enquanto as pontas de suas unhas pontiagudas e longas estavam batendo suavemente contra o braço do trono, fazendo o suave ressoar na pedra fria.

— Um duque?— ela repetiu, inclinando a cabeça para o lado. Sua risada ecoou pelo salão, cortante e cheia de escárnio. — Vocês querem que uma imperatriz se case com um mero duque? Coragem da parte dos cavalheiros, eu assumo.

Havia algo em sua voz que sempre me fazia prender a respiração nesses momentos. O negociante, claramente desconfortável, tentou insistir, gaguejando.

— Vossa majestade, pensa bem… a-a senhora poderia ter mais poder, maiores alianças políticas e um maior alcance. E também…

Antes que pudesse terminar, ela ergueu uma mão, seus dedos pálidos e delicados parecendo feitos de mármore vivo.

— Silêncio! — ela ordenou, com sua voz reverberando pelo salão como o rugido de um trovão.

O que aconteceu em seguida ainda me deixa inquieta, mesmo após presenciar tantas demonstrações de seu poder. As gárgulas de pedra escura nos pedestais, figuras sempre imóveis e intimidadoras, de repente ganharam vida. Suas asas estalaram, como se despertassem de um sono profundo. Seus olhos, antes vazios e cinzentos, agora brilhavam com um verde intenso e sobrenatural. O som que emitiram era grotesco, algo entre um rosnado e um grito, ecoando pelas paredes altas da sala do trono.

Os negociantes recuaram, com seus rostos pálidos de puro terror. Eu não os culpava.

— Escutem bem — Hades continuou. — Não aceito nenhuma proposta de casamento. Não preciso de um homem para governar minhas terras, muito menos de um duque insignificante. Voltem para onde vieram e levem essa mensagem ao seu mestre.

Os homens fizeram reverências trêmulas e saíram apressados, praticamente tropeçando em suas próprias pernas. As gárgulas gargalharam feito hienas, e em seguida voltaram à imobilidade assim que os estranhos cruzaram a porta.

Hades recostou-se no trono e cruzou as pernas.

— Otários… — ela murmurou, quase que para si mesma.

— Ah, eles foram audaciosos, majestade. Pelo menos tentaram — eu ri baixinho.

— Acho que os homens estão começando a perder o medo da morte — ela riu junto a mim.

Isso foi só uma pequena amostra do que eu fazia diariamente. Eu estava ao lado dela para apoiá-la e fazer companhia em determinados momentos, somente isso. Diferente dos outros servos, como os guardas e os cozinheiros, eu não tinha uma função específica. Apesar de que às vezes eu penteava seus cabelos e a ajudava a escolher vestidos para determinadas ocasiões.

Agora eu me encontrava na cama, vendo o dia amanhecer cinzento na Transilvânia. Tive um pesadelo, de novo.

Os pesadelos começaram há algumas noites, perturbando meu sono e me deixando com uma sensação incômoda durante o dia. Eu nunca conseguia lembrar dos detalhes, apenas da figura de um vampiro pálido e alto, seus olhos sombrios como o abismo, me observando das sombras. Acordava suando frio, com o coração disparado. Talvez fosse o cansaço. Ou talvez algo mais...

Mas hoje foi um dia diferente. Hoje a noite era o festival da lua vermelha, e eu teria o privilégio de acompanhar a Hades. A imperatriz parecia particularmente animada – ou pelo menos o que passava por animação para ela. Seu vestido era um deslumbrante carmesim e prata, bordado com padrões de estrelas e luas, e sua coroa refletia o brilho pálido da luz que entrava pelas janelas do castelo.

Eu vesti meu vestido vermelho, num tom mais próximo da cereja com detalhes dourados. Eu estava perfumada e pronta para isso.

— Vem, morceguinha! —  ela me chamou, com aquele tom suave que sempre carregava um toque de comando. — Hoje é um dia para celebrar. Quero que veja como meu povo vive.

A viagem até a vila foi rápida, graças à carruagem da imperatriz, que parecia deslizar pelo chão como se estivesse movida por magia. Ao chegarmos, fui recebida por uma visão deslumbrante: as ruas estavam decoradas com bandeiras, lanternas e guirlandas de flores. Crianças corriam, rindo e brincando, enquanto músicos tocavam melodias animadas em cada esquina.

Mas o que mais me impressionou foi a reação do povo ao ver a Hades. Todos pararam o que estavam fazendo, curvando-se em respeito profundo. Seus olhos brilhavam com admiração, quase veneração.

— Vossa majestade! — uma mulher gritou, segurando um bebê em seus braços. — Obrigada por nos proteger!

Um homem mais velho, apoiado em um cajado, fez uma reverência tão profunda que parecia prestes a cair.

— Sua justiça nos mantém seguros, imperatriz.

Eu fiquei ao lado dela, observando enquanto ela andava pelo meio da multidão com uma graça sobrenatural. Ela falava com os súditos, agradecia suas palavras e até segurava as mãos de alguns. Para uma vampira, ela era incrivelmente... humana.

Todos abriam caminho para vê-la passar. E ela “abençoava” os bebês, dando beijinhos em suas testas, parabenizou as grávidas, parabenizou os fazendeiros que tiveram uma boa colheita e apreciava a resiliência dos mais velhos. Não se engane, todos sabiam que sua imperatriz era uma vampira.

E, apesar disso, não tinham medo dela pois ela jamais atacou alguém inocente para se alimentar. Ao invés disso, ela sempre esvaziava todos os calabouços do reino — acho que você já pode imaginar para onde iam os condenados, ou melhor, o sangue deles.

— É... impressionante, vossa majestade. Não apenas o respeito, mas o amor que eles têm por você — eu assumi.

Ela sorriu, e por um momento, eu acreditei ver um lampejo de algo quase vulnerável em seu olhar.

— Amor conquistado com séculos de sacrifício, minha morceguinha. Nada disso é dado de graça.

Enquanto a noite caía e a lua cheia iluminava o céu, o festival se tornava ainda mais mágico. Fogueiras foram acesas, e dançarinos mascarados performavam sob a luz pálida. Muitos desfrutavam de um bom vinho sob a luz da lua cheia.

Mas, mesmo enquanto me deixava levar pelo momento, não conseguia afastar a sensação inquietante que havia me assombrado desde os pesadelos. Em certo momento, achei ter visto uma sombra alta e familiar na borda do festival, mas, quando me virei, não havia nada lá.

Ouvi a imperatriz me chamar, e sua voz me trouxe de volta. Ela me observava com uma expressão séria.

— Está tudo bem?

— Sim, está — sorri, tentando mentir. — Só não estou acostumada com festivais.

Ela assentiu, mas parecia não estar convencida.

A noite continuou, mas aquela sensação de que algo estava à espreita não me abandonou. Eu nunca conseguia ver aquela criatura dos meus sonhos, mas eu sabia que ele era alto e com certeza maligno, sempre se escondendo nas sombras e nunca me deixando ver sequer sua silhueta.

Retornando para o castelo, eu ainda estava inquieta depois de tudo o que aconteceu. E, eu confesso que tinha medo de tentar pegar no sono e ver aquele ser estranho de novo. Isso era algo que me deixava ainda mais confusa, pois eu pensei que Hades fosse a única vampira do mundo — será que estou enlouquecendo? Será que tem cura?

Fui tomar um bom copo de água fresca na cozinha, então saí do meu quarto e caminhei pelos corredores, vendo a luz fraca do fogo iluminar o caminho. Quando fui pega de surpresa, ouvindo passos fortes no terraço, e a voz de um dos guardas.

— Imperatriz! Um homem desconhecido se aproxima num cavalo branco. Suas ordens?

Ela estava com seu robe preto por cima da camisola de cetim, confusa pela notícia essa hora da madrugada, mas reagiu corretamente.

— Deixe-o entrar. Abram os portões.

— Abrir portões! — o guarda gritou para os homens no pátio.

Deixei a água de lado, e voltei para meu quarto às pressas, pegando um robe para cobrir minha camisola rosa, e manter minha dignidade. Encontrei Hades no corredor, descendo até o saguão principal do castelo, e eu a segui imediatamente.

O salão principal estava iluminado por uma luz pálida, e os guardas já estavam alinhados, prontos para abrir caminho ao homem que vinha a galope em seu cavalo branco. Ele desceu apressadamente, com os olhos arregalados, o rosto suado, apesar do frio da noite. Seus cabelos loiros e curtos estavam um pouco desgrenhados pelo vento.

Quando se aproximou mais, vimos que se tratava do pregoeiro da cidade.

— Vossa Majestade! — ele exclamou, quase tropeçando ao entrar enquanto fazia uma reverência rápida e desajustada. — Algo terrível aconteceu...

Eu mal conseguia acompanhar suas palavras entrecortadas enquanto ele relatava os horrores que haviam ocorrido na cidade.

— Três pessoas foram brutalmente assassinadas. Alguns animais mortos como se fossem gado de abate — o homem estava com o coração disparado. — Temo que não tenha sido um animal selvagem. As vítimas não tinham sangue nenhum no corpo.

A imperatriz cerrou os punhos, e por um instante, o ar no salão pareceu pesar.

Nosferatu… — ela disse entre os dentes.

Aquele nome fez minha pele arrepiar. Eu já ouvira histórias sobre o conde, o vampiro recluso que vivia isolado em um castelo nas colinas além das florestas. Mas ele não era só um mito?

— Avise a cidade — Hades ordenou ao pregoeiro, com sua voz firme como aço. — Mantenha todos dentro de suas casas ou na igreja. Mantenham crucifixos nas portas e janelas. Que ninguém saia até o amanhecer.

Ele assentiu, ainda tremendo, e saiu às pressas. Quando as portas se fecharam atrás dele, ela virou-se para mim. Seus olhos, geralmente tão calmos e misteriosos, estavam cheios de determinação.

— Providencie uma capa para mim, por favor.

Assenti, ainda tentando processar tudo. Me dirigi até seus aposentos e abri um enorme armário de madeira, pegando uma capa preta e grossa com capuz que ela tinha e usava com frequência. Então desci e entreguei para ela.

— Majestade, onde vai? — perguntei, e minha voz soou mais fraca do que eu esperava.

Ela me olhou de relance enquanto prendia a capa em seu corpo, fechando o pequeno “click” na frente.

— Não posso ignorar isso. Se ele voltou a atacar, é minha responsabilidade resolver. Ele precisa lembrar quem governa estas terras.

Eu engoli em seco, admirando sua coragem, mas sentindo um nó de ansiedade no estômago.

— Mas, e se for uma armadilha? — arrisquei perguntar.

Um pequeno sorriso tocou seus lábios enquanto ela ajustava sua capa sobre os ombros.

— Então será uma armadilha muito mal planejada. Ele pode ser poderoso, mas não é páreo para mim.

Eu não tinha outra opção a não ser acreditar nela naquele momento. Ela foi até os guardas do castelo, falar com eles.

— Preparem Nocturne!

E em poucos minutos vieram trazendo-o. Nocturne era seu cavalo, preto com uma crina sedosa e longa. Ele era forte e grande, provavelmente o dobro de qualquer cavalo adulto. Eu nunca havia visto um cavalo tão grande assim em toda a minha vida, e para complementar ele ainda tinha olhos vermelhos como o dela, como se ele também fosse um vampiro.

— Oi, garotão. Desculpa te acordar essa hora, mas é uma emergência… — ela acariciou o rosto do cavalo ouvindo ele relinchar levemente.

— M-Majestade, posso ir junto? — criei coragem e falei.

— Por que quer ir comigo?

— Não fico segura sabendo que vai sozinha. Por favor, me deixe te acompanhar! — que legal, uma humana tentando convencer uma vampira de que pode protegê-la.

Ela ponderou, olhou para o chão e depois voltou:

— Tudo bem. Você vai comigo. Mas pegue um casaco porque está frio.

Eu assenti e fui correndo até meus aposentos para poder um casaco mais quente e felpudo. E assim eu o vesti, sentindo como esquentava meu corpo do jeito que eu precisava no momento. Quando retornei ao pátio, ela me deu apoio para subir em seu cavalo, e assim me ajustei, segurando em sua cintura.

Nocturne era rápido, correndo com determinação. Sua crina longa e sedosa brilhava sob a luz pálida da lua enquanto trotávamos pela trilha sinuosa que levava ao castelo. Hades havia resistido à minha insistência para acompanhá-la, mas no final, cedeu. Não sei o que fez aceitar, mas espero que minha determinação não me abandone jamais.

O caminho era envolto por árvores densas, cujas sombras dançavam como espectros ao nosso redor. Acho que nunca ousei caminhar por essas partes da Transilvânia.

Quando finalmente avistamos o castelo sinistro, senti um calafrio percorrer minha espinha. Era uma estrutura imensa e opressora, com torres que pareciam rasgar o céu. Suas paredes de pedra negra estavam cobertas por trepadeiras secas, e apenas algumas janelas brilhavam com uma luz fraca e amarelada. O lugar parecia estar esperando por nós.

Os enormes portões se abriram assim que Nocturne se aproximou, rangendo de forma estranha. A imperatriz não hesitou, guiando o cavalo até o pátio. Eu desci primeiro, com as pernas tremendo levemente, enquanto ela descia tranquila. Ela pediu que o cavalo ficasse quieto até ela voltar.

No pátio, dois lobos pretos estavam à espera. Eles eram enormes, com olhos amarelos brilhantes que pareciam penetrar minha alma. Eles começaram a rosnar assim que nos aproximamos do castelo, e suas presas estavam brilhando na luz fraca.

— Quietos — Hades ordenou. Ela os encarou, e por um momento, o peso no ar era quase insuportável. Então, como se fossem dominados por uma força invisível, os lobos abaixam as orelhas e choramingam, deitando-se submissos no chão.

Eu quase não conseguia respirar enquanto seguia a vampira até a porta de entrada. Ela a empurrou, e o som ecoou pelo vasto salão principal. O interior do castelo era frio e sombrio, iluminado apenas por algumas tochas de chamas vacilantes.

E então eu o vi.

Ou melhor, quase vi. O vampiro da mitologia estava lá, à meia-luz, envolto pelas sombras que pareciam abraçá-lo como velhos amigos. Sua figura era esguia e alta, com ombros curvados de forma ligeiramente antinatural. O pouco que consegui distinguir de seu rosto era assustadoramente familiar.

Meu coração gelou. Era ele. O vampiro dos meus sonhos.

Tentei não vacilar enquanto Hades dava mais um passo à frente. Eu estava atrás dela, com minhas mãos trêmulas segurando as dobras de minha capa.

— Conde Orlok — disse, com sua voz firme e carregada de desdém. — A que devemos a desonra de sua violação do nosso pacto?

A resposta veio de forma arrastada, como se as palavras fossem feitas de veludo rasgado. E a respiração dele era pesada.

— Imperatriz... que surpresa recebê-la em meu lar nesta noite.

O som de sua voz fez minha pele arrepiar. Era como se ele falasse diretamente em minha mente, tocando cada parte vulnerável de mim.

Ela não mostrou qualquer sinal de hesitação.

— Três humanos mortos. Animais abatidos. Eu exijo uma explicação.

Ele deu um passo à frente, e finalmente pude ver um pouco mais de sua aparência. Olhos escuros, pele pálida e roupas quentes e pesadas como um casaco enorme. Ele me prendeu em seu olhar, e naquele momento, senti como se ele soubesse tudo sobre mim, cada pensamento, cada medo.

Ele parecia ser o mal puro.

A voz de Orlok era estranha. Era forte e nada sedutora, mas parecia me hipnotizar sem esforço algum.

— Não fui eu quem quebrou o pacto, imperatriz — ele disse, dando ênfase no pronome.

Hades não recuou, ela nunca recuava. E eu estava bem atrás dela.

— Então quem foi, hm? Não teste minha paciência — ela estava visivelmente irritada. — Três pessoas estão mortas, e se foi obra sua, eu mesma o destruirei. Ou eu posso muito bem estar desatualizada e um terceiro vampiro já existe e está aqui com a gente.

Aquele clima tenso era praticamente palpável. As palavras dela pareceram provocar o conde, mas acho que ele se divertiu com isso. Ele deu um passo para fora das sombras e assim eu pude ver mais de seu rosto. Sua pele era tão branca que mais parecia translúcida, os ossos de sua mandíbula pareciam ter sido lapidados com um bisturi e ele tinha um bigode. A presença dele me aterrorizava.

Ele exalava uma aura de um poder antigo, e certamente predatório.

— Há muitas forças que podem quebrar pactos, majestade — a voz dele era macabra. — Mas, de fato, devo confessar que há algo aqui que me interessa profundamente.

Antes que Hades pudesse questionar algo, os olhos escuros dele me encararam. Meu coração quase parou.

— Sua dama de companhia — disse lentamente, como se saboreasse cada palavra. — Ela é… uma joia rara.

Hades imediatamente deu um passo para frente, como se quisesse ser meu escudo.

— Você ousa? — sua voz tinha uma raiva contida.

Orlok apenas riu. Uma risada perturbadora que reverberou por cada osso do meu corpo. Em seguida, ergueu uma mão cadavérica, indo em minha direção. Suas unhas eram longas e pontiagudas. Eu não conseguia me mover.

O medo me prendia ao chão com suas correntes invisíveis. A mão dele se aproximou devagar, assim como um predador se aproxima da presa.

Nu-ți fie frică, îngerul meu… — ele disse, em romeno. — Eu não mordo… ainda…

Antes que sua mão pudesse me alcançar, Hades reagiu. Sem hesitar, ela ergueu a mão e deu um tapa forte no braço dele, o afastando.

— Se afaste dela! — ela estava brava. Pelos deuses, ela estava.

Orlok recuou, mais por diversão do que por medo.

— Ah, sempre tão protetora, minha imperatriz. Talvez um dia ela descubra que você também é uma fera.

— Eu sou a única fera que ela precisa ter por perto — ela retrucou, cuspindo essas palavras. — Dacă încerci ceva din nou, te omor, vampir prost.

Ele se virou, voltando ainda mais para as sombras de onde havia saído, Hades segurou minha mão e me levou para fora dali, voltando para o pátio, para que pudéssemos montar em Nocturne novamente. Ela me protegia, ela verdadeiramente me protegia.

Acho que eu não era somente sua dama de companhia. Eu era sua responsabilidade, e sua amiga.

[...]

O vento gelado da madrugada ainda parecia preso em minha pele quando chegamos ao castelo. Nocturne estava exausto, mas ainda elegante, como sempre. Descemos do cavalo, e a morena entregou as rédeas a um dos guardas, subindo os degraus apressadamente. Eu a segui, lutando contra o cansaço que me pesava os olhos.

Dentro do salão principal, a atmosfera era pesada, como se as paredes tivessem absorvido a tensão daquela noite. Hades não conseguia ficar parada. Ela andava de um lado para o outro, com os olhos brilhando de frustração e preocupação.

— Não posso permitir que Orlok continue a agir livremente — ela murmurou para si mesma. — Mas como ele quebrou o pacto? E por quê? Maldito vampiro miserável...

Eu a observei em silêncio, tentando encontrar as palavras certas. Mas enquanto a olhava, uma lembrança começou a se formar em minha mente, algo que eu havia tentado ignorar.

— Majestade… — minha voz saiu hesitante, quase inaudível.

Ela parou e olhou para mim, sua expressão suave, mas alerta.

— O que foi?

Eu hesitei. Meu coração martelava contra o peito. Será que eu deveria contar? Será que era mesmo o que eu temia?

— Há algo que talvez... eu tenha feito — comecei com minha voz vacilante. — Na biblioteca, uma noite, semanas atrás... eu estava curiosa. Peguei um de seus livros. De ocultismo.

Os olhos da vampira se estreitaram ligeiramente, mas ela não disse nada, me incentivando a continuar.

— Havia um encantamento. Parecia... inofensivo. Palavras que não faziam sentido para mim. Eu apenas... eu o recitei. Achei que fosse uma superstição. Mas agora... acho que pode ter sido isso que atraiu Orlok.

Um silêncio pesado caiu entre nós. A imperatriz ficou imóvel, me estudando. Então, lentamente, ela se aproximou e segurou meu rosto entre as mãos. Seus dedos eram frios, mas seu toque era gentil.

— Oh, querida… — ela disse, com sua voz cheia de tristeza. — Você não deveria ter feito isso.

— Eu não sabia! — eu explodi, com minha voz embargada. — Eu não fazia ideia do que estava fazendo! Eu só... eu só queria entender mais sobre o mundo que você vive. Sobre... você.

Ela fechou os olhos, respirando fundo. Quando os abriu novamente, seus olhos pareciam mais escuros, quase sombrios.

— Você criou um vínculo com ele. Algo que nem eu posso desfazer — sua voz era cheia de pesar. — Você mesma se amaldiçoou.

O peso das palavras dela caiu sobre mim como uma pedra. Meu corpo inteiro parecia congelar.

— O que isso significa?

— Significa que você o chamou. Que ele te ouviu. E agora, ele está conectado a você.

Eu senti lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto.

— Então isso foi culpa minha? As mortes... tudo isso?

— Não — ela respondeu firmemente. — Orlok é responsável por suas próprias ações. Mas você abriu uma porta que ele não deveria ter atravessado.

— Me desculpe, majestade. É que… eu não sabia que…

— Tudo bem. Tudo bem. Há muitas pessoas que ainda são céticas sobre o ocultismo… eu devia ter te avisado.

— E-E agora?

A vampira suspirou e afastou as mãos, voltando a andar pelo salão.

— Agora, precisamos encontrar uma forma de proteger você. E o reino. E eu preciso pensar rápido, antes que ele ataque novamente.

Enquanto ela falava, eu sentia um peso esmagador de culpa e medo. Mas também senti algo mais: a determinação de fazer o que fosse necessário para consertar meu erro. Mesmo que isso significasse encarar o próprio Conde Orlok.

A imperatriz pensava e pensava no que fazer. Apesar de ela ter força o suficiente para matá-lo, seria algo demorado e ela não poderia colocar seus súditos para sofrerem mais riscos.

Mas nada parecia suficiente.

— Conheço Orlok há centenas de anos. Duvido que ele tenha feito isso por pura vontade. Provavelmente fez para chamar atenção.

Eu a olhei por um longo momento, sentindo o peso de tudo que estava acontecendo. Tudo isso começou comigo. Com a minha curiosidade insensata. E agora, o reino estava pagando o preço.

— Talvez haja uma forma de adiar isso — eu disse com minha voz baixa, hesitante.

Ela levantou os olhos para mim, um brilho de esperança cintilando, mas tão breve que desapareceu quase no mesmo instante.

— Não consigo pensar em nada que o apazigue.

Foi quando as palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse ponderar as consequências.

— Eu posso ir até ele.

O choque que atravessou o rosto da imperatriz foi quase palpável. Ela ficou de pé num salto, a cadeira arrastando-se para trás no chão de mármore.

— Espera, você não está sugerindo... Não! Isso está fora de questão!

— Majestade, escute — insisti, tentando manter minha voz firme apesar do medo que pulsava em meu peito. — Fui eu quem criou esse vínculo. Eu trouxe Orlok de volta para o reino. Se há alguém que pode deter isso, sou eu.

— Detê-lo? — ela riu sem humor, com os olhos brilhando com uma intensidade perigosa. — Você acha que ele quer apenas conversar e tomar um chá da tarde? Você não entende o que está propondo, né. Ir até o castelo dele é... é entregar-se a um destino que nem eu posso prever.

— Talvez seja exatamente isso que ele quer — repliquei, com minha garganta apertada. — Eu não sei quais são as intenções dele. Mas se ele quer algo de mim, talvez isso o distraia. Talvez isso nos dê tempo.

— Ou talvez você acabe se sacrificando à toa! — a voz dela ecoou pela sala, mais um rugido de dor do que de raiva.

Mas eu não recuei. Não podia.

— Imperatriz, eu preciso assumir a responsabilidade pelos meus atos. Foi a minha curiosidade que causou isso. Não vou deixar que o reino sofra mais por causa de mim.

Ela me encarou, os olhos queimando com algo que parecia uma mistura de raiva, preocupação e tristeza. Por um momento, achei que ela fosse recusar. Que fosse insistir em proteger-me a qualquer custo.

Então, lentamente, ela deixou escapar um suspiro profundo e se aproximou de mim. Quando seus dedos tocaram meu rosto, havia uma gentileza que quase me fez chorar.

— Você é corajosa — ela disse; a voz carregada de melancolia. — Corajosa, mas imprudente. Eu não queria que você tivesse que carregar esse fardo.

— Eu não carrego isso sozinha — respondi, sentindo as lágrimas ameaçaram cair. — Você está comigo. Sempre esteve.

Ela abaixou a mão, com os ombros curvados sob o peso do momento.

— Se é isso que você quer fazer... eu não vou impedi-la. Mas saiba disso: se algo acontecer com você, Orlok enfrentará a minha ira como nunca antes.

Eu assenti, o medo ainda vibrando em mim, mas sendo abafado pela determinação. Eu sabia que estava entrando em território desconhecido, talvez até mesmo fatal. Mas era a única forma de tentar reparar o caos que eu havia causado.

E eu faria isso. Pelo reino. Pela minha imperatriz. Por mim.

— Bom, se você realmente vai ao castelo dele, não vou te mandar para lá desprotegida. Vem comigo.

Ela me conduziu até uma sala que eu nunca tinha visto antes, uma pequena câmara escondida nos corredores mais antigos do castelo. As paredes eram revestidas de pedra áspera, e havia uma leve umidade no ar. Ao centro, uma mesa de madeira antiga estava coberta com itens que eu não reconhecia – símbolos, objetos sagrados e até algumas coisas que me pareciam pertencer a um mundo muito além do nosso.

Finalmente, ela segurou um pequeno crucifixo. Era delicado, mas tinha uma aura quase palpável, como se emanasse algo além do que os olhos podiam ver. Ela se aproximou de mim e colocou o objeto na minha mão, segurando-a com firmeza enquanto me olhava nos olhos.

— Isso vai protegê-la — disse ela, em voz firme. — Orlok não é como eu. Ele é um vampiro de outra natureza. Um que nunca deveria ter existido.

Eu olhei para ela, confusa, mas não interrompi. Sabia que ela tinha mais a dizer.

— Eu não me machuco na luz do sol, ele se machuca. Eu apareço em espelhos, e crucifixos não me afetam — começou ela, soltando minha mão e cruzando os braços. — Orlok era um ser humano, como qualquer outro. A única diferença é que ele era da realeza. Mas quando foi transformado... algo deu errado. A magia que deveria ter preservado sua humanidade e concedido imortalidade o amaldiçoou. Sua carne começou a deteriorar, mesmo enquanto ele continuava vivo. Ele não é um vampiro como eu. Ele é uma criatura de puro desespero, vivendo em constante agonia.

Ela prosseguiu:

— Eu nunca fui humana. Já nasci assim por conta da maldição que jogaram no útero da minha mãe. Já ele era formoso e bonito, e se tornou uma maçã podre e farelenta. Acho que podemos perceber que tem algo claramente errado quando eu sou mais velha que ele e não temos nada a ver.

Eu engoli em seco; o crucifixo pesando em minha mão.

— Por que ele ficou assim?

Ela suspirou, afastando-se e encarando a chama de uma vela que iluminava o quarto.

— Dizem que foi um ritual malfeito, conduzido por alguém que não compreendia os segredos da imortalidade. Outros acreditam que foi o próprio Orlok quem tentou criar sua imortalidade, sem entender o preço que teria que pagar. De qualquer forma, ele não vive... ele sobrevive. Ele se alimenta não apenas de sangue, mas de medo, de sofrimento. É isso que o mantém ativo, mesmo quando seu corpo insiste em ruir.

Eu senti um arrepio percorrer minha espinha. Pensar em Orlok como algo além de um vampiro — algo ainda mais sombrio — tornava tudo ainda mais aterrorizante.

— Então ele é mais perigoso do que eu pensava — sussurrei, olhando para o crucifixo.

— Mas ele também é vulnerável. Esse crucifixo não apenas repele sua presença, mas o enfraquece. Orlok odeia tudo que remete à luz, à pureza. Você deve mantê-lo com você o tempo todo.

Eu assenti, apertando o objeto contra meu peito.

— E você? Ele não pode feri-la?

Ela sorriu, mas havia uma melancolia naquela expressão.

— Ele não ousaria. Ele sabe quem eu sou, e o que posso fazer. Mas você… — ela hesitou, colocando uma mão em meu ombro. — Você é especial para ele de uma forma que nem eu consigo entender. E é isso que me preocupa.

As palavras dela ecoaram em minha mente enquanto ela me guiava de volta ao salão principal. Eu sabia que estava prestes a enfrentar algo muito além do que eu podia compreender. E, pela primeira vez, eu temia que nem mesmo a Hades pudesse me proteger completamente.

— Arrume sua bolsa. Eu vou te levar até o castelo dele ao anoitecer.

Naquela noite eu fiquei inquieta, e mal consegui dormir. Estava muito ocupada, arrumando minha bolsa, pegando todos os meus pertences e guardando tudo em seu devido lugar.

No dia seguinte o céu tingia-se de dourado e laranja enquanto o sol começava a se pôr, e eu sentia o ar se tornar mais frio conforme cavalgávamos pela trilha sinuosa que atravessava a floresta. O som das patas de Nocturne contra o chão era quase hipnótico, mas minha mente estava inquieta, repetindo o mesmo pensamento: estou realmente fazendo isso?

Hades estava séria, com as mãos firmes nas rédeas, e sua expressão, embora calma, revelava a mesma preocupação que ecoava no meu peito. Eu sabia que ela não queria me deixar ir. E, para ser honesta, eu não queria deixá-la também.

Então, vimos uma carruagem.

Ela surgiu do nada, como se tivesse brotado da própria escuridão. Os cavalos eram enormes, tão negros que pareciam absorver a luz ao redor. E, mesmo de longe, eu sentia a aura sombria que emanava deles. Não havia cocheiro, apenas aquela carruagem antiga, com detalhes góticos em suas portas, que pareciam contar histórias esquecidas.

A imperatriz parou Nocturne e desceu graciosamente, me ajudando a desmontar. Eu estava tremendo, mas não sabia se era por causa do frio ou do medo crescente que se espalhava em mim.

— Morceguinha… — ela disse, virando-se para mim e segurando minhas mãos com força. — Lembre-se: você carrega o crucifixo. Ele é sua maior proteção. Não se esqueça do que conversamos. E... seja forte.

Eu assenti, com minha voz presa na garganta.

Ela me abraçou, rápida, mas firme, e então deu um passo atrás.

— Eu prometo que isso não será para sempre — ela disse, quase num sussurro.

Eu queria acreditar.

Com um último olhar para a vampira, caminhei em direção à carruagem. Assim que minha mão tocou a maçaneta da porta, um calafrio percorreu meu corpo. A porta se abriu sozinha, com um som longo e profundo, como se a própria madeira estivesse viva. Eu me virei para Hades uma última vez, mas ela já estava montando novamente em Nocturne. Seus olhos não me deixaram, mesmo quando o cavalo começou a se afastar, lentamente.

Respirei fundo e entrei.

O interior da carruagem era maior do que eu imaginava, mas apertado de um jeito que fazia o ar parecer pesado. As cortinas negras bloqueavam qualquer visão do lado de fora, e o assento era de veludo vermelho, gasto em algumas partes, como se muitas almas já tivessem se sentado ali antes de mim.

A porta se fechou com um estalo seco, e imediatamente senti a carruagem começar a se mover.

Eu não sabia quanto tempo os cavalos iriam correr até chegarmos no castelo. Tudo o que eu sabia era que, a partir daquele momento, minha vida estava irrevogavelmente ligada àquela criatura.

E eu não sabia se algum dia conseguiria escapar.

[...]

Finalmente cheguei ao meu destino.

Os grandes portões do castelo se abriram lentamente, rangendo como se estivessem acordando de um sono profundo e eterno. Eu desci da carruagem com cautela, sentindo o peso da atmosfera densa e fria que pairava ao meu redor. No pátio, os lobos de Orlok estavam parados, e suas formas escuras mal eram distinguíveis na penumbra. Seus olhos brilhavam com um tom amarelo fosco, seguindo cada um dos meus movimentos. Não rosnaram desta vez. Apenas me observaram, como se me julgassem, esperando para ver quem eu era.

Com o crucifixo bem preso sob meu vestido, dei os primeiros passos para dentro do castelo, tentando ignorar o som do meu coração, que parecia querer fugir do meu peito. Eu carregava minha bolsa com a mão firme.

A sala principal era tão grandiosa quanto assustadora. O teto alto parecia se perder na escuridão, e as paredes eram adornadas com tapeçarias antigas e quadros que, de tão gastos, mal revelavam as figuras pintadas. Candelabros pendiam do teto, suas velas espalhando uma luz bruxuleante que fazia sombras dançarem nas paredes, criando formas que minha mente quase podia jurar que eram vivas.

E então, eu o vi.

A sombra dele foi a primeira coisa que notei, esticada pela luz irregular, projetando uma silhueta monstruosa e retorcida na parede ao fundo. Orlok emergiu da escuridão como se fosse parte dela, com seus movimentos lentos e calculados. Ele era exatamente como Hades o havia descrito: alto, cadavérico, com a pele de um cinza pálido que parecia prestes a se desintegrar.

— Bem-vinda, minha pequena — ele disse, com sua voz reverberando pelo salão como um eco sinistro. — Estava esperando por você.

Engoli em seco, mas mantive minha postura, embora cada parte de mim gritasse para sair correndo.

— Conde Orlok — respondi, tentando soar firme, mas minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria. Fiz uma reverência como pude.

Ele sorriu, ou talvez fosse apenas um movimento estranho de seus lábios finos e ressecados.

— Você não é apenas uma convidada aqui — ele continuou, aproximando-se, mas parando a uma distância segura. — Agora, você é parte deste castelo.

Minha mente se encheu de perguntas, mas antes que eu pudesse formular alguma, ele fez um gesto com a mão, como se não quisesse ser interrompido.

— Preparei um quarto para você.

Assenti, incapaz de dizer qualquer coisa. Ele esticou a mão longa e ossuda, apontando para um corredor à minha direita.

— Siga-me — disse ele, e, sem esperar por uma resposta, começou a caminhar.

Eu o segui, com meus passos ecoando pelo chão de pedra. Enquanto andávamos, senti os olhos invisíveis do castelo sobre mim, como se ele também estivesse vivo, observando cada movimento meu. Eu não sabia o que esperar do quarto ou do que viria a seguir, mas uma coisa era clara: eu estava oficialmente dentro do domínio do Conde Orlok, e não sabia se algum dia sairia.

No final do caminho, ele sumiu. Simplesmente desapareceu, como se tivesse evaporado. Eu olhei confusa ao redor, e uma porta de madeira se abriu. Entendi que era um sinal para adentrar.

O quarto era surpreendentemente acolhedor; uma diferença gritante em relação ao resto do castelo. As paredes eram cobertas por um papel de seda floral bem pálido de um azul meio cinza, e refletiam a luz suave de um lustre pequeno, mas elegante, que pendia do teto. O ar estava levemente perfumado com algo doce, talvez lavanda ou rosa, e a cama, adornada com lençois de cetim azuis num tom mais escuro, parecia convidativa, embora eu soubesse que o descanso não viria fácil.

No centro da cama, um vestido estava cuidadosamente dobrado, uma obra de arte em tecido preto com detalhes em renda que pareciam teias de aranha. Toquei o material hesitante, sentindo sua maciez entre os dedos. Era claro que Orlok havia escolhido aquilo para mim, e a ideia de que ele pensava em cada detalhe para a minha chegada fez minha ansiedade aumentar.

Suspirei profundamente e comecei a me trocar. O vestido caía perfeitamente, como se feito sob medida. Ao me olhar no espelho do pequeno aparador no canto, quase não me reconheci. O reflexo mostrava uma mulher que parecia pronta para uma noite de gala em um baile, mas meu rosto denunciava o turbilhão de emoções que eu tentava esconder.

Pouco depois, um criado silencioso bateu à porta e me guiou até o salão de jantar. Ele era muito estranho, parecia um fantasma.

O salão era imenso, iluminado apenas por candelabros e uma lareira que mal aquecia o ambiente. Uma longa mesa de madeira maciça dominava o espaço, e no final dela, à penumbra, estava Orlok. Ele não se levantou quando entrei, apenas indicou, com um gesto lento e elegante, a cadeira que havia sido preparada para mim.

— Você está... encantadora — disse ele, com sua voz grave ecoando no vazio. — O vestido lhe cai muito bem.

— Obrigada, milorde — murmurei, tentando esconder o tremor na voz enquanto me sentava.

Um prato simples estava diante de mim, uma sopa fumegante com aroma reconfortante, mas eu mal conseguia olhar para ela, quem dirá comê-la. Minha fome havia desaparecido completamente, substituída por um nó no estômago que parecia apertar mais a cada segundo. Ainda assim, tomei algumas colheradas, temendo que ele pudesse interpretar minha recusa como ingratidão.

Orlok, no entanto, permaneceu em silêncio por algum tempo, observando-me das sombras. Eu mal podia vê-lo, apenas vislumbres de sua figura, o brilho de seus olhos que pareciam perfurar a penumbra. Era como se ele gostasse de se esconder, de ser mais uma presença ameaçadora do que um ser tangível.

— Você está tão tensa… —  ele finalmente disse, quebrando o silêncio com uma voz que parecia deslizar pelo ar. — Por quê? Não lhe fiz mal algum, não é?

Engoli em seco, sentindo o peso do olhar dele sobre mim.

— É apenas... tudo isso é novo para mim, milorde. O castelo, você... é muita coisa para processar.

Ele soltou um som baixo, que poderia ser um riso ou apenas um movimento estranho de sua garganta.

— Humanos são frágeis, sempre sobrecarregados pelas mudanças.

Não soube o que responder. A tensão no ar parecia palpável, como um fio prestes a se partir. Desviei o olhar para meu prato, tentando acalmar meu coração disparado.

— Por favor, coma mais — ele insistiu, com uma gentileza que parecia forçada, quase teatral.

Peguei outra colherada, mais para agradá-lo do que por fome. Não comi tudo, e ele sabia que era por medo e ansiedade pois eu tinha certeza que ela conseguia escutar meus batimentos cardíacos extremamente acelerados, que esmurravam minha caixa torácica.

— Vou me recolher. Afinal de contas, sou uma humana. Sinto sono.

Levantei-me da mesa.

— Boa noite, conde.

Foi o que eu disse antes de virar as costas e voltar para o meu quarto. Ele não respondeu, mas assentiu com a cabeça.

— Fique ciente de que poderá explorar livremente os cômodos do castelo.

Eu não disse nada tão extravagante, só murmurei algo como um “tudo bem”.

Assim, fui para o meu quarto a fim de poder tentar encontrar algum descanso, por mais que eu soubesse que ia manter uma maldita vela acesa a noite toda na minha mesinha de cabeceira e me enrolaria naqueles lençois para ficar observando o teto.

Acordei no dia seguinte e tomei meu café tranquilamente, sozinha naquela sala de jantar.

O castelo parecia um labirinto sem fim, com corredores que se estendiam até o infinito e portas que escondiam segredos há muito esquecidos. A promessa de Orlok de que eu poderia explorar livremente parecia quase uma provocação, como se ele soubesse que minha curiosidade acabaria me levando a lugares que talvez eu preferisse não encontrar.

Os servos que passavam eram quase etéreos, movendo-se em silêncio absoluto, suas presenças eram mais sentidas do que vistas. Pareciam espectros, com olhos que pareciam mirar além de mim, como se eu fosse invisível. Era desconcertante.

Passei por uma galeria onde retratos antigos cobriam as paredes. Em cada pintura, figuras solenes me observavam, seus olhos pareciam seguir meus passos. Um deles chamou minha atenção: um homem jovem, de feições angulares e olhos profundos. Bem jovem, talvez tivesse 14 anos naquela pintura. Ele era inconfundível, mesmo com sua aparência menos monstruosa. Orlok, antes de ser consumido pelo tempo.

— Então você realmente foi humano — murmurei para mim mesma, tocando o quadro com a ponta dos dedos.

Continuei explorando, passando por salões cobertos de poeira, bibliotecas com prateleiras abarrotadas de livros antigos, e corredores com janelas que filtravam a luz do dia, criando padrões intrincados no chão de pedra. Foi então que me deparei com uma porta ornamentada, diferente de todas as outras. Ela era pesada, de madeira escura, com detalhes em ouro que pareciam serpentes enroladas.

Empurrei a porta com algum esforço e entrei em uma sala que me deixou sem fôlego. Era uma sala de tesouros, sem dúvida. O brilho das moedas de ouro e das joias refletia a luz de candelabros que queimavam com chamas bruxuleantes. Havia espadas de empunhaduras cravejadas de pedras preciosas, coroas que pareciam pertencer a reis esquecidos, e pergaminhos antigos guardados em caixas de vidro.

Me aproximei de um pedestal no centro, onde havia um medalhão negro com um rubi no centro. Ele parecia pulsar, como se estivesse vivo. Estendi a mão para tocá-lo, mas um som atrás de mim me fez congelar.

— Gosta do que vê?

A voz de Orlok era um sussurro que preenchia a sala, e mesmo antes de me virar, eu sabia que ele estava lá. Emergiu das sombras como um predador, com os olhos brilhando com uma intensidade que me fez recuar instintivamente.

— Eu... eu estava explorando, como você disse que eu poderia — disse, tentando manter a compostura, embora meu coração estivesse disparado.

— Acho que esqueci de mencionar. Mas essa sala não é para curiosos.

— Eu não quis desrespeitá-lo — murmurei, abaixando o olhar.

Orlok se aproximou mais, até que sua presença fosse quase sufocante. Ele ergueu minha mão com a sua, tão fria quanto o mármore puro, e inclinou a cabeça levemente.

— Você não me desrespeitou. Apenas me lembrou do perigo de confiar demais em humanos curiosos.

Ele olhou para a joia mais uma vez.

— Você quer? Pode ser sua, tudo que é meu, é seu agora.

— I-Isso n-não faz sentido…

Mais uma vez, o vampiro ponderou.

— Diga-me, meu anjinho… teme a ideia de me pertencer? Ou teme o quanto deseja isso?

Soltei minha mão de seu toque e recuei, sentindo o peso de suas palavras. Ele deu um último olhar para a sala antes de virar e desaparecer novamente nas sombras, deixando-me sozinha com o eco de meus próprios pensamentos.

No dia seguinte, eu acordei com esse medalhão no chão do meu quarto, como se tivesse sido passado pela fresta debaixo da mesma. Que estranho, ele quis me dar esse artefato tão mágico e antigo. Ele realmente quis me presentear com isso — além dos inúmeros vestidos que ele me dava.

[...]

Eu não devia estar vagando pelos corredores tão tarde. A lógica dizia que aquele era o momento em que ele vagava pelo castelo, entre sombras e ecos. Mas algo me inquietava, algo que não me deixava dormir.

Meus passos eram leves, quase inaudíveis, enquanto me aproximava da sala de estar. Eu usava minha camisola branca de mangas longas e delicadas. A porta estava entreaberta, e foi por esse pequeno vão que vi a cena que me fez prender a respiração.

Lá estava ele. O Conde Orlok.

Ele estava em pé, voltado para a janela, com a luz da lua destacando suas feições grotescas e sua figura encurvada. Nas mãos, ele segurava algo pequeno, delicado... algo que, de imediato, reconheci como meu.

Um lenço.

Meu lenço.

Por um momento, fiquei confusa. Não sabia como ele o tinha conseguido. Eu me lembrava de tê-lo deixado em minha mesinha de cabeceira, junto com meu pequeno diário.

O que mais me assustava não era o fato de ele tê-lo, mas o que ele estava fazendo com ele.

Orlok levou o tecido ao rosto, apertando-o contra o nariz com um gesto lento e quase reverente. Seus olhos estavam fechados, e sua expressão, apesar de difícil de decifrar, tinha algo que parecia... humano. Uma melancolia, talvez, ou um desejo.

Meu corpo congelou no lugar. Não sabia o que fazer. Gritar? Entrar e exigir explicações? Mas o medo me prendeu ali, imóvel, apenas observando.

Depois de alguns segundos, que mais pareceram uma eternidade, ele abriu os olhos e, como se sentisse minha presença, virou a cabeça lentamente na minha direção. Meus olhos se arregalaram, meu coração disparou, e antes que pudesse reagir, ele falou, sua voz como um sussurro que atravessou a sala:

— Não tenha medo, minha pequena.

Não consegui responder. Apenas fiquei ali, presa pelo olhar intenso dele, que agora parecia atravessar minha alma.

Ele segurou o lenço com mais firmeza e deu um passo na minha direção, mas antes que pudesse chegar mais perto, minha coragem — ou talvez meu instinto de sobrevivência — voltou. Eu me virei e corri, indo até o meu quarto.

Eu sabia que Orlok era perigoso. Mas, naquele momento, senti que o perigo era mais profundo do que eu imaginava.

Entrei no meu quarto, fechando a porta e mantendo o crucifixo na mesinha de cabeceira.

Eu estava quase pegando no sono. Depois de duas noites sem dormir naquele lugar tão estranho e sombrio, eu finalmente estava conseguindo. A luz da lua crescente invadia levemente o quarto pelas cortinas finas que davam acesso à sacada.

O som das dobradiças da porta se abriu em um rangido lento, e eu sabia quem era antes mesmo de levantar os olhos. Meu corpo enrijeceu enquanto eu puxava os joelhos para junto do peito, mas não adiantava. Não havia como fugir dele, nem mesmo dentro da segurança do quarto que deveria ser só meu.

— Não se esconda de mim, anjinho  — a voz de Orlok veio suave, quase gentil, mas com aquele tom que sempre carregava uma ameaça implícita.

Meu crucifixo estava em cima da mesinha de cabeceira, mas eu não sabia dizer porque eu não conseguia esticar a mão para pegá-lo. Eu sentia que queria, mas meu próprio corpo se recusava a me deixar realizar essa ação.

Ele avançou lentamente, e seus passos eram quase inaudíveis no chão de pedra. Eu não conseguia falar, minha garganta parecia seca. Meu coração batia tão forte que eu tinha certeza de que ele podia ouvir, talvez até sentir. Quando chegou ao lado da cama, eu me encolhi ainda mais, com o lençol sendo meu único escudo.

Orlok se sentou na beira da cama, com sua figura esquelética curvada para frente, como se cada movimento fosse um estudo meticuloso. Ele levantou a mão lentamente, e meu instinto foi recuar, mas antes que pudesse, sua palma fria tocou meu rosto. Sua pele era fria como um abraço do alasca, e o contraste com a minha pele quente fez um arrepio percorrer todo o meu corpo.

— Tão viva... — ele murmurou, e seus dedos longos foram traçando minha mandíbula com uma delicadeza surpreendente para alguém tão monstruoso. — Tão bonita…

— O que... o que quer de mim? — minha voz saiu trêmula, quase inaudível. — E-Eu estava descansando.

Ele não respondeu imediatamente. Seus olhos profundos e famintos se fixaram nos meus, e por um momento, vi algo que parecia... ternura? Não. Era desejo, mas não o tipo que um mortal poderia compreender.

— Apenas um pouco — ele disse, sua voz agora era quase um sussurro. — Você já sabe o que quero. É uma mulher astuta.

Eu sabia. E mesmo assim, quando ele segurou meu pulso, senti meu corpo lutar contra a ideia. Meu instinto dizia para gritar, correr, fazer qualquer coisa para impedir o inevitável. Mas não fiz nada. Não disse nada. Apenas deixei que ele levantasse meu braço com sua mão fria e apertasse meu pulso com cuidado, como se fosse algo precioso.

— Não confia em mim? — ele perguntou, embora seus olhos já soubessem a resposta.

Eu não confiava. Não completamente. Mas mesmo assim, assenti levemente, quase contra minha própria vontade. Foi o suficiente para ele.

— Tenho certeza que já deixou sua imperatriz fazer isso…

Suas presas brilharam à luz fraca da lua enquanto ele inclinava a cabeça. Quando seus dentes perfuraram minha pele, uma dor aguda percorreu meu braço, mas logo se transformou em algo mais... algo que eu não sabia descrever. Era como se cada gota de sangue que ele tirava levasse consigo um pedaço de mim, mas ao mesmo tempo, eu sentia um calor estranho, uma conexão que era tão aterrorizante quanto viciante.

Quando ele finalmente se afastou, vi o sangue manchar seus lábios pálidos. Ele olhou para mim por um momento que pareceu uma eternidade, e depois, com um movimento quase carinhoso, limpou o pequeno fio de sangue que escorria do meu pulso.

— Boa menina — ele murmurou antes de se levantar e desaparecer na escuridão. — Agora descanse.

Fiquei ali, deitada, sentindo o coração desacelerar e a dor latejar suavemente no pulso. Eu deveria ter medo, mas tudo o que sentia era um vazio estranho e uma certeza inquietante: aquilo não seria a última vez.

Meu corpo estava ficando mais sonolento, até eu deitar minha cabeça no travesseiro e sentir meu corpo perder os sentidos, relaxando aos poucos.

[...]

Noites como essa se repetiram algumas vezes, de um jeito que eu não gostaria de me lembrar para ser honesta. Ele vinha e tomava o sangue em meu pulso e isso era muito estranho para mim já que a única criatura que tinha permissão para fazer isso era Hades. Nós estávamos nos correspondendo por cartas, que eram até mesmo velozes.

A única coisa que a impedia de matá-lo era eu.

Já que criamos esse vínculo, se ela matasse Orlok, eu poderia morrer junto. Então no momento ela buscava uma alternativa ou alguma forma de quebrar esse selo que nos unia. Não duvido que ela tenha convocado reuniões com os feiticeiros e místicos do reino.

Eu sofria de poucos terrores noturnos agora que estava nesse castelo, mas em alguns momentos eles voltavam. Era como se o conde estivesse me controlando para deixar que ele me tocasse. Isso foi outra coisa que avisei a imperatriz e ela me disse que era impossível, já que não se pode manipular totalmente a ação e os desejos de outra pessoa, só se pode trazer para a superfície aqueles que estavam ocultos.

Não entendo. Eu sinto desejo por um monstro?

A lareira do meu quarto nem aquecia tanto assim, e era uma noite consideravelmente fria, mas o calor estava insuportável. Não aquele calor físico, mas algo que fervia sob a minha pele, uma inquietação que eu não conseguia nomear. Os uivos dos lobos vinham da floresta como um coro de aviso, ou talvez de saudação.

Eu me remexi na cama, puxando os lençóis até o peito enquanto olhava para a janela aberta. A luz pálida da lua crescente entrava em finos feixes, dançando entre as cortinas de seda que balançavam suavemente. Foi então que o vi.

A sombra.

Ela surgiu entre as cortinas, projetando-se na parede como algo opressivo e, ao mesmo tempo, fascinante. Meu corpo se enrijeceu. Eu já sabia quem era antes mesmo de vê-lo por completo.

— Conde Orlok... — sussurrei, com minha voz tão fraca que talvez nem tivesse atravessado o espaço entre nós.

Mas algo estava diferente.

— Venha até mim…

Eu escutei seu chamado e meu corpo imediatamente respondeu. Me levantei da cama, caminhando pelo chão frio até a sacada. Ele deu um passo para frente, saindo da escuridão, e a luz fraca da lua tocou seu rosto. Eu senti meu coração parar.

A figura monstruosa, aquela pele que parecia desmoronar, os olhos fundos e sem vida, as garras cadavéricas... tudo havia desaparecido.

No lugar disso, estava um homem. Jovem, belo. Sua pele ainda era pálida, mas agora parecia feita de mármore liso e perfeito. Seus olhos, antes sombrios e predatórios, agora eram de um verde hipnótico, intensos e cheios de algo que eu não conseguia decifrar.

Meus lábios se entreabriram em surpresa.

— O que... como...?

Ele tinha uma expressão suave, como se fosse humano. Minha destra instintivamente foi até seu rosto, acariciando sua bochecha.

— Está surpresa, pequena?

Sua voz também era diferente. Antes, parecia o eco de algo que morria lentamente. Agora, era grave, mas com uma cadência sedutora, quase melódica.

Ele se aproximou, e meu corpo se recusou a reagir. Eu não conseguia desviar o olhar.

— Não é isso que você queria? — ele perguntou, parando a poucos passos de mim.

— Queria...? — minha voz falhou.

— Me ver como eu era antes. Como eu sou, sob certas circunstâncias.

— Mas... como? — minha mente girava em círculos, tentando encontrar uma explicação.

— A feitiçaria tem seus segredos, assim como eu.

Ele estendeu a mão, não mais cadavérica, mas forte e elegante, com dedos longos e perfeitamente formados. Minha respiração ficou presa na garganta enquanto ele tocava levemente meu rosto, o polegar roçando minha bochecha.

— Você está com medo? — ele perguntou, com seus olhos fixos nos meus, como se quisesse arrancar a verdade de dentro de mim.

Eu não conseguia responder. Porque, naquele momento, não sabia o que sentia. Ele ainda era Orlok, mas ao mesmo tempo não era.

E isso era mais assustador do que qualquer monstruosidade.

Eu estava paralisada. Ele ainda estava ali, diante de mim, mas parecia alguém completamente diferente. Sua mão quente — não mais fria como gelo — ainda tocava meu rosto, e seus olhos me prendiam como correntes invisíveis. Não era apenas o impacto da transformação física. Era o que ela implicava.

— Por quê? — consegui sussurrar, finalmente. Minha voz tremia. — Por que essa forma agora?

Orlok inclinou a cabeça levemente, com seus lábios formando um sorriso quase melancólico.

— Porque é a única forma de me aproximar de você... sem que sinta medo — sua voz era baixa, quase um murmúrio, mas cada palavra parecia cravar-se em minha mente.

Eu quis recuar, quis desviar o olhar, mas não consegui. Aquele sorriso, aquela expressão... ele não estava mentindo.

— Eu não... — comecei a dizer, mas minha garganta secou. — Eu não entendo.

Ele deu um passo mais perto, e o espaço entre nós tornou-se inexistente. Minha respiração acelerou, e meu coração parecia pronto para saltar do peito. Seu peito estava encostado no meu, e era de um nervosismo imensurável pois ele conseguia sentir meu coração batendo — mas eu não sentia o dele.

— Você acha que eu não percebo? — ele parecia cansado, como se carregasse um fardo por séculos. — O quanto você treme quando me aproximo. O quanto evita me olhar diretamente.

Eu quis protestar, mas não havia sentido negar. Ele sabia.

— Esta forma... — continuou, gesticulando para si mesmo. — É limitada. Não posso mantê-la por muito tempo. Mas achei que você merecia ver.

— Por quê? — perguntei, com minha voz finalmente ganhando força. — Por que isso importa para você?

Seu sorriso desapareceu, e algo mais profundo tomou conta de sua expressão.

— Porque um conde precisa de uma condessa.

As palavras pairaram no ar como uma sentença. Eu senti meu corpo ficar tenso, meu sangue gelar.

— O que está dizendo? V-Você não pode amar, você é um monstro…

Ele se inclinou um pouco mais, e seus olhos capturaram os meus novamente.

— Se sou monstro ou homem, pouco importa. O que importa é que você é minha, e não há poder neste mundo que seja capaz de quebrar esse vínculo.

Eu abri a boca para falar, mas nenhuma palavra saiu.

— Você já é minha. Só quero que aceite isso e se entregue de livre e espontânea vontade.

Suas palavras eram carregadas de uma intensidade que me deixava sem ar. Eu quis rir, chorar, fugir... mas tudo o que consegui fazer foi ficar ali, encarando-o.

— Você está me dizendo que... está apaixonado por mim? — perguntei, quase sem acreditar nas palavras que saíam da minha boca.

Ele não respondeu imediatamente.

— Eu estou dizendo... — ele finalmente disse, com sua voz um pouco mais baixa. — Que nossas almas já estão entrelaçadas pela eternidade.

E, pela primeira vez, eu vi algo que parecia vulnerabilidade em seus olhos.

Eu não sabia o que fazer. Meu corpo estava tenso, minhas mãos tremiam, e as lágrimas começaram a escorrer antes que eu pudesse sequer pensar em contê-las. A intensidade da situação, suas palavras, tudo aquilo... era demais.

— Anjinho... — ele disse, sua voz agora suave, quase um sussurro. — Por que chora?

Eu balancei a cabeça, incapaz de responder. Como eu poderia explicar? Estar tão perto dele, ouvir aquelas palavras, sentir aquela mistura de medo e algo que eu não conseguia nomear... era como estar presa em um pesadelo e um sonho ao mesmo tempo.

— Não... não consigo... — tentei dizer, mas minha voz falhou.

Ele deu um passo mais perto, seus olhos nunca deixando os meus.

— Pequena… — sua voz era firme, mas gentil. — Se entregue para mim. Você pertence a mim.

Eu congelei. As palavras reverberaram em minha mente como uma ordem, mas havia algo mais. Um convite. Um apelo.

— Eu... — comecei, mas minha voz morreu novamente.

Seus olhos pareciam penetrar minha alma, e mesmo que tudo dentro de mim gritasse para que eu recuasse, meus pés começaram a se mover na direção dele. Era como se algo além de minha própria vontade estivesse me puxando para perto.

Quando me aproximei, ele ergueu a outra mão, tocando meu rosto com aquela suavidade que eu jamais esperaria dele. Sua pele, apesar de quente em sua forma atual, ainda me causava arrepios.

— Não tenha medo de mim — ele disse, sua voz baixa e quase suplicante. — Por favor.

As lágrimas continuavam a escorrer, mas agora eu nem sabia mais por que estava chorando. Eu queria fugir, mas ao mesmo tempo queria ficar. Estava aterrorizada, mas também fascinada.

Então ele se inclinou, seus olhos fixos nos meus. Cada movimento era lento, calculado, como se me desse tempo para recuar... mas eu não o fiz.

Quando seus lábios tocaram os meus, foi como se o mundo inteiro desaparecesse. O beijo era estranho, intenso. Minha mente gritava que aquilo estava errado, mas meu corpo parecia se render completamente.

E, naquele momento, mesmo que por um breve instante, o medo deu lugar a algo diferente. O desejo. O desejo latente que percorria minhas veias e se fixava em meu cérebro. A língua quente dele deslizava sobre a minha, e seus dentes puxavam um pouco meu lábio inferior enquanto eu sentia a respiração quente contra a minha boca. Aqueles lábios eram macios e adocicados, não secos e estranhos como o de sua versão apodrecida.

— Sim… — eu sussurrei.

Senti ele sorrir contra meus lábios.

As mãos firmes dele foram até minha cintura, apertando por cima do tecido fino da camisola que eu usava e eu sentia meus mamilos ficarem enrijecidos, roçando contra o peito dele, coberto por uma camisa branca de botões. Pelos deuses, eu estava nervosa. Quando foi a última vez que me entreguei dessa forma a um homem?

Orlok começou a caminhar enquanto me beijava e eu fui andando lentamente para trás, sentindo finalmente a cama contra minhas pernas. O vampiro parou de me beijar por alguns instantes, olhando bem no fundo de meus olhos, com as pupilas dilatadas.

— Fique nua…

Minha mente estava consumida por aquele desejo imperdoável, e a única coisa que eu consegui fazer foi obedecer sua ordem. Levei minhas mãos até o tecido branco e deslizei por meu corpo, expondo minha pele sensível e quente. Agora eu estava totalmente nua e juro que eu o ouvi emitir um som que parecia um rosnado.

Fiz menção a cobrir meus seios, porém ele foi mais rápido, segundo meus pulsos e olhando em meus olhos.

— Não. Não — ele disse suavemente. — Não ouse cobrir essa obra de arte…

Foi então que sua boca encontrou meu pescoço, distribuindo beijos sutis que pareciam queimar minha pele com aquele calor que subia e formava o rubor em minhas bochechas. Eu gemia baixinho, sentindo ele segurar meus pulsos e mantendo essa área mais exposta.

— Tão viva… — ele lambeu meu pescoço. — Tão minha… minha noiva…

Meu coração palpitava no peito ao ouvir sua voz sensual dizendo essas coisas. Minha mente era um emaranhado de linhas confusas que formavam um novelo de desejo e estranheza. Mas ele finalmente me deitou na cama e continuou de pé, tirando a blusa de botões e jogando em algum canto do meu quarto, deixando seu peito forte e pálido totalmente a vista.

Pele macia e viçosa.

Eu me ajeitei na cama, deixando meu peso nos cotovelos enquanto ia até os travesseiros e o vi se aproximar lentamente por cima de mim, como se quisesse me consumir por inteiro. Confesso que me arrepiei e ele notou isso, parecia que aquilo só deixou ele mais excitado.

— Permita-me envolvê-la nas sombras, onde ninguém poderá tocá-la… — ele disse nesse tom extremamente sedutor enquanto olhava meu corpo nu. — Onde só eu vou poder sussurrar o seu nome.

— Eu permito… — eu disse, timidamente, quase num sussurro.

Imediatamente ele levou a boca até meus seios, chupando um enquanto apertava o outro com a mão forte e macia. Fazia tempo que eu não sentia o calor de um homem, e sentir o calor de um vampiro era algo completamente diferente. Parecia que eu estava mil vezes mais excitada do que o normal. A língua de Orlok passeava por meu mamilo, deslizando e sugando lentamente, fazendo barulhos sutis de sucção.

Os beijos dele foram descendo por meu corpo, beijos molhados e lentos que seguiram uma trilha por minha barriga até chegarem em meu baixo ventre e finalmente irem até minha virilha. Ele não foi para o que tanto almejava inicialmente, preferiu beijar minhas coxas. E ele fechava os olhos enquanto fazia, como se estivesse aproveitando cada mínimo centímetro da minha pele macia.

Quando de repente, ele morde o interior da minha coxa.

— ORLOK! — eu praticamente gritei seu nome por conta da dor.

— Perdoe-me… — ele sorriu malicioso. — Meu anjinho não sabe lidar com a dor…

Quando suas presas penetraram na minha pele, foi a sensação de receber uma injeção, mas depois disso a sensação se torna prazerosa e a dor evapora como fumaça. Ele segurava e apertava minhas coxas enquanto bebia meu sangue desse jeito e eu escutava o barulho de sua garganta engolindo o conteúdo viscoso e vermelho.

Não foi muito, somente o suficiente para matar sua vontade estridente de me sentir.

Vi ele erguer o olhar para mim e limpar o canto de sua boca com o polegar, onde escorria um pouco do sangue. Minha perna jogada por cima de seu ombro, ele dando beijinhos em cima da mordida e lambendo levemente o local enquanto olhava para mim.

Aquela foi a visão mais erótica que já tive em toda a minha vida.

Os beijos foram subindo por minhas coxas novamente, dessa vez chegando num ponto sensível que já estava praticamente pingando de tanto desejo por ele. Eu precisava. Eu necessitava sentir a boca de Orlok.

Sem dar sequer tempo de ouvir algum choramingo que viesse de minha parte, ele abocanhou minha intimidade com uma vontade voraz que já deixava bem claro o quanto ele queria isso. Eu gemi alto e afundei minha cabeça no travesseiro ao primeiro contato que sua boca quente teve com meu clitóris, fazendo minha mente ficar nublada de tamanho desejo que percorria meus nervos agora.

Não me recordava do quão bom era isso, mas definitivamente era melhor do que eu pensava.

A língua dele estava se enrolando e desenrolando em meu interior enquanto ele ficava alternando entre ritmos. Às vezes era mais rápido, às vezes mais contido, mais lento. Eu gemia baixinho, ficava clamando por ele de forma involuntária enquanto sentia ele afundar o rosto em minha intimidade molhada e apertar minhas coxas com vigor, fazendo pressão com as pontas dos dedos fortes.

— Eu não sei dizer o que é mais viciante… o seu sangue ou essa sua buceta, meu amor — ele dizia num tom baixo, mais grave, que se assimilava a um rosnado, fazendo meu corpo estremecer.

Ele voltou a abocanhar minha intimidade, mas dessa vez, sua língua se movia para lá e para cá dentro de mim enquanto seu nariz — extremamente charmoso — era esfregado contra meu ponto sensível, me fazendo ter vontade de fechar as pernas. Mas ele não permitia, me mantinha com a intimidade exposta, segurando minhas coxas sem esforço. Minha respiração estava ficando descompassada e afoita, meus batimentos cardíacos aceleravam.

— O-Orlok… eu vou-ngh

— Isso, não resista. Se entregue para mim…

E em poucos segundos, eu atingi meu ápice. Senti-me desfazer em sua boca enquanto minhas pernas tremiam de um jeito incontrolável, assim como meus quadris e eu senti meus olhos revirarem enquanto ele fazia questão de esfregar o rosto contra meu sexo, prolongando meu orgasmo.

Meu coração esmurrava meu peito agora, e eu senti que estava de fato vendo estrelas.

Nem pude permanecer por muito tempo em meus devaneios pós-orgasmo, porque o vampiro logo se levantou para se livrar da calça que usava e voltou para a cama, beijando-me novamente e deitando-se sobre mim. Eu me sentia vulnerável e ao mesmo tempo extremamente desejada, são dois extremos que eu não soube muito bem explicar como ou porque estavam acontecendo, mas de fato estavam.

Enquanto ele me beijava, senti sua glande pulsante encostar em meu sexo sensível e uma corrente elétrica percorreu todo o meu corpo enquanto eu inevitavelmente inclinei meus quadris como se buscasse mais contato com ele. Uma das mãos fortes do conde foi até minha coxa, puxando minha perna para obter um encaixe melhor em seu quadril, e assim foi deslizando aos poucos.

Centímetro por centímetro, até estar completamente dentro de mim.

Eu gemi contra seus lábios e senti ele lamber meu lábio inferior lentamente, saboreando cada mínima extensão de minha pele. Orlok retirou as mãos de minhas coxas e levou até minha cintura, apertando e me fazendo arfar enquanto ele começava com seus movimentos de vai e vem num ritmo irregular. Bem lento, para que me acostumasse com seus longos centímetros.

— Está vendo como é bom se entregar a mim? — ele gemeu, olhando em meus olhos e eu vi aquelas íris verdes sensuais. Tão marcantes. — Percebe agora como você pertence a mim? Como esse corpo e o meu tem o encaixe perfeito.

— S-Sim… p-por favor, não para… — eu pedi, numa súplica, sentindo como aqueles sentimentos estavam à flor da pele.

— Não irei parar, meu anjinho. Não até você se entregar para mim mais uma vez.

Seu corpo grande me cobria com facilidade e sua pele macia encostava na minha, me fazendo sentir falta dele toda vez que se afastava por um milímetro sequer. Os poucos pelos que haviam em sua virilha estavam em contato com minha intimidade por conta da fricção, e eu sentia que ficava mais sensível com isso. Era uma sensação boa.

Sensação essa que eu estava com medo de me viciar. Orlok sabia o que estava fazendo, ele sabia muito bem me possuir.

E fazia isso como nenhum homem jamais havia feito.

As mãos dele foram até meus pulsos, imprensando contra os lençois macios, um pouco acima da minha cabeça. Me deixando mais vulnerável e mais exposta. E ele olhava nos meus olhos. Eu juro que ele estava enxergando a minha alma enquanto me fodia sem pudor algum, movendo os quadris e fazendo aquele som de nossos corpos ecoar pelo cômodo.

— Minha noiva… — ele gemeu num tom arrastado mais uma vez antes de nos trocar de posição.

Orlok se sentou na cama, perto da borda, com os pés no chão e me puxou para o colo dele como se eu não pesasse nada. Ele encaixou novamente, indo bem devagar, mesmo assim ainda temia que me machucasse. Eu gemi de satisfação mais uma vez, sentindo esse nosso encaixe perfeito.

Segurei carinhosamente seu rosto, olhando no fundo de seus olhos enquanto ele estava com os lábios entreabertos, assim como eu, e dividimos o mesmo ar. Suas mãos grandes seguravam minhas costas, obtendo e me proporcionando apoio antes dele começar a se mover. Movia os quadris para cima e para baixo num ritmo tão sensual que eu nem sabia descrever.

Eu fechei meus olhos e inclinei o pescoço para trás, expondo a minha pele macia. Era óbvio que o vampiro não iria resistir.

— Tão deliciosa… porra, você é absurdamente bela… — ele beijou meu pescoço lentamente antes de finalmente afundar suas presas em minha carne, sugando meu sangue pouco a pouco.

— Q-Querido… hmmm — eu gemi manhosa, abraçando seus ombros.

Aquilo despertou algo em Orlok que talvez nem ele soubesse que existia. Mas ser chamado de forma carinhosa por mim, me ver suplicando por ele, foi mais do que o suficiente para que ele ficasse completamente inebriado pelo prazer, gemendo como se não houvesse amanhã. Os gemidos dele eram roucos, rasgados pelo desejo visceral de me possuir.

Ele parou de tomar meu sangue, mas eu senti uma ou duas gotas escorrerem pelo meu ombro, pingando no abdômen dele. Ele não se importa, e acho que a essa altura, eu muito menos.

— Mova os quadris comigo, meu anjinho. Busque o prazer comigo… — quando isso é dito enquanto a pessoa olha nos seus olhos é mil vezes mais intenso.

Eu timidamente assenti, e comecei a fazer o que ele havia me instruído a fazer. Já foi mais que o suficiente, pois o vi jogar a cabeça para trás e morder o próprio lábio inferior. Isso sem contar que agora ele estava atingindo um ponto mais sensível e eu queria parar mas não conseguia, meu corpo já não respondia mais à razão que meu cérebro pedia, respondia somente ao próprio prazer.

— Eu tô quase… quase, Orlok… caralho — minha respiração já estava tão irregular quanto meus batimentos cardíacos.

— Isso, isso mesmo. Pode deixar vir que eu te seguro — ele beijou meu braço. — Nas mãos que sempre vão te segurar…

Senti que o desejo estava me abraçando, me consumindo num abraço apertado, tão forte quanto o da satisfação que percorria minha mente e me deixava ainda mais entregue. O nó que se formava em meu ventre estava prestes a se romper e eu não conseguia nem ao menos tentar me segurar. Foi quando meus quadris tremeram e eu me senti desmanchar no pau dele, apertando seus ombros enquanto um gemido erótico e necessitado deixou meus lábios e minha buceta ficava se contraindo involuntariamente.

— Porra… hmm… que linda. Muito bem, muito bem… — ele estava com o tom arrastado pelo tesão. — Agora é a minha vez…

E em pouco menos de um minuto ele finalmente obteve o seu ápice. Me preenchendo com a porra quente perfeitamente enquanto fechava seus olhos e inclinava a cabeça para trás, me fazendo ver como seu pomo de Adão subia e descia enquanto sua respiração estava afoita e seus cabelos estavam bagunçados.

Meu corpo estava fraco depois de tudo isso. Então o próprio vampiro nos deitou na cama e envolveu nosso corpo com os lençois. O fogo crepitante na lareira ainda queimava, deixando o cômodo um pouco mais quente.

Os lençóis pesavam sobre minha pele quente, contrastando com o frio que exalava do corpo de Orlok. Estava envolta em seus braços, sentindo o toque gélido de suas mãos percorrendo minhas costas de forma lenta, quase reverente. Seu rosto estava próximo ao meu pescoço, e a respiração dele era um sussurro morno contra minha pele.

Ele não dizia nada por alguns segundos, apenas me segurava firme, como se temesse que eu desaparecesse. Então, ouvi sua voz, baixa e rouca.

— Minha noiva… — ele murmurou, com os lábios roçando minha clavícula.

Meu corpo ficou tenso por um momento, e antes que eu pudesse responder, ele deslizou a mão pelo meu rosto, virando-o suavemente para que nossos olhares se encontrassem.

— Você entende o que isso significa, não entende? — ele me fitava com olhos verdes tão intensos que parecia ver através de mim. — Agora não há mais volta. Sua alma... seu corpo... são meus.

Engoli em seco, incapaz de desviar o olhar. Havia algo tão assustador quanto apaixonante naquilo tudo.

— Eu esperei tempo demais para isso. Não vou permitir que nada a tire de mim — suas mãos deslizaram possessivas pela minha cintura, puxando-me ainda mais para ele.

Ele aproximou seus lábios dos meus mais uma vez, mas parou a um centímetro de distância.

— Você não é mais apenas você. Você é minha futura esposa. Minha condessa. Minha eternidade.

Senti o coração martelar descompassado no peito. Era como se cada palavra dele se entrelaçasse em mim, me prendendo. E, mesmo com o medo que ainda rondava meus pensamentos, havia uma parte de mim... uma parte sombria e silenciosa... que aceitava.

Não tinha mais como fugir do meu veredito. Eu o queria.

[...]

ESSE FOI OFICIALMENTE O IMAGINE MAIS LONGO QUE EU JÁ ESCREVI NA MINHA VIDA 🗣️🗣️🗣️

QUEM GOSTOU BATE PALMA, QUEM NÃO GOSTOU PACIÊNCIA 🤙🏼🤙🏼

Mas enfim morceguinhos, eu espero que vocês tenham gostado. Tô muito feliz que graças ao remake mais pessoas estão consumindo conteúdo gótico de verdade, e o Conde Orlok entra assim para a lista de "hear me out" ‼️‼️‼️

MEU DEUS EU QUERO DAR PRA UM VAMPIRO CAINDO AOS PEDAÇOS, ME SINTO ASSIM DEPOIS DE ESCREVER TUDO ISSO

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