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ψ Dynastyψ - Uma outra versão...

As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas

Talvez apenas o toque de uma mão

∞𝄞∞[...]

Amor, seu sorriso estará sempre na minha memória

♬♫ Thinking out loud. (Ed Sheeran).

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Século XVI

Há 3 lugares que eu mais amo estar dentre milhares de lugares no mundo inteiro, meus favoritos eram: a biblioteca do palácio, os jardins com todos os tipos e cores diferentes de flores que ficavam ao redor do palácio e os braços aconchegantes e confortáveis do príncipe Jung Hoseok.

Desde os meus 15 anos, quando vim para o palácio depois que minha tia Haneun estava muito enferma e impossibilitada, fiquei sob os cuidados de uma mulher já avançada de idade, que pra minha sorte, era doce, educada e gentil. Se não fosse por ela eu nunca iria aprender a ler, nem a escrever. Se não fosse por ela, eu jamais teria como vir ao palácio, ela quem cuidou da minha tia Haneun e agora de mim, eu devia muito a senhora Joo Bloom.

Depois de 6 anos vivendo no palácio, eu me sentia parte da história das pessoas que estavam ali. Como o soldado Jungwoo, que foi o primeiro a puxar conversa comigo e apesar de hoje eu ter 21 e ele 26, continua sendo o mesmo jovem de sempre, Jungwoo estava sempre à disposição, para qualquer serviço ou batalha, ele era um dos soldados que eu mais admirava. 

E foi só quando eu vim para o palácio e ficar debaixo da saia da senhora Bloom, que pude ter um irmão que eu nunca tive, Jeon Jungkook, que assim como eu foi parar no palácio, por algum motivo ou outro. O pai dele era soldado e a mãe dele era uma bela costureira, que vez ou outra frequentava o palácio. A história dos pais de Jungkook eram tão tristes quanto a história de vida dos meus pais, que morreram queimados por serem confundidos com bruxos, (fora o fato de eles pensarem que minha mãe era envolvida com magia e demônios, a mesma amava matemática e por essas e outras não era muito bem vista aos olhos das outras pessoas).

E bom, consequentemente era pra eu ter morrido com eles, mas tia Haneun me escondeu em sua casa, que ficava dentro da floresta. Até que a "poeira abaixasse" eu teria que ficar com ela. 

Pela história que eu tinha ouvido da senhora Bloom a história dos pais do Jungkook era mais ou menos assim:

Jeon Kwan era o braço direito do rei e era ele quem mandava e desmandava no exército do rei. Jeon Kwan era considerado o homem mais lindo de toda a região, essa seria uma das razões para ele viver recebendo cantadas e bilhetinhos, todas queriam ter Jeon Kwan como marido. (A senhora Bloom havia me confessado que chegou a ter "sensações estranhas" em seu corpo por se imaginar com um homem do nível dele. E ela pensava isso não só no quesito beleza, por ele ter uma "boniteza estonteante" mas sim porque tinha uma voz de hipnotizar qualquer um, além de ter sabedoria e boas táticas de agrupamento e defesas nas batalhas que liderava). 

Jeon Kwan vivia rejeitando pedidos de casamento e propostas de terras e dotes em troca de uma união com uma moça bonita do campo, ele era focado demais em outros assuntos, qualquer um que não envolvesse relacionamentos. Mas ele não esperava que o rumo da sua vida mudaria após conhecer a costureira mais habilidosa que já esteve no palácio real, Min Areum, moça delicada e meiga. Quando aconteciam comemorações e banquetes os dois estavam sempre juntos, sorrindo e conversando. Eles combinavam muito juntos, segundo a senhora Bloom, eles eram o tipo de casal que a gente para, olha e pensa "imagina como vai ser o filho desses dois!". Dito e certo, Jeon Jungkook sempre foi dotado (corrigindo: super dotado) de beleza. 

Os pais dele tinham tudo pra se casarem, planejarem uma vida juntos, com direito a filhos e uma linda e grande família, passaram bastante tempo ao lado do outro, com certeza tiveram uma relação intensa e forte, pois meses se passaram e Min Areum já estava grávida, não demorou muito Jeon Jungkook nasceu. Nesse ano, muitas moças foram enviadas para outros lugares próximos do nosso reino, o rei acabou ficando com poucas concubinas e foi solicitado a presença de Min Areum, para divertimento do rei, contudo, Jeon Kwan conversou seriamente com o rei, poupando Min Areum, para Jeon Kwan isso era inadmissível, sua única mulher com outro, ele jamais poderia compactuar com aquilo. Na realidade não era uma ideia que ele estava de acordo em hipótese alguma.

Foi depois de um discurso sábio perante as figuras mais importantes de decisões do reino que o pai do Jungkook conseguiu convencer a todos, inclusive o rei, dessa ideia sem cabimento algum. (A rainha foi a pessoa que mais estava feliz naquele momento, dava de ver pelo sorriso estampado no rosto dela, seria menos uma que suscitaria ciúmes).

Depois de 8 longos anos, estando a frente do comando do exército, o comandante Jeon Kwan morreu em um confronto bastante decisivo contra outros soldados do exército da China, a senhora Bloom diz que até hoje essa espada que atravessou o coração do brilhante Jeon Kwan está guardada, próximo dos aposentos do rei, um lugar onde só a família real tinha acesso, um lugar onde os objetos que simbolizaram dor e tristezas, conquistas e alegria estão reunidos. Perder alguém tão importante para o exército do rei foi de doer o coração, eu só conseguia pensar no quanto Jungkook sofreu antes e muito mais depois, quando sua mãe veio a falecer de tanta tristeza e sentimento de vingança. De tanto se negar a comer, Min Areum morreu, seu filho Jeon Jungkook, estava sob os cuidados da senhora Bloom. 

Passei boa parte da minha adolescência e início da juventude brincando e me divertindo com Jungkook, como se fossemos da mesma família, nós tínhamos sido cuidados como filhos da senhora Bloom, irmãos inseparáveis, irmãos de outra mãe...

Nossos destinos que eram considerados como caos e perca de vida sem os pais, começou a ganhar um sentido quando passamos a construir memórias por nossas histórias terem sido cruzadas, e que boas memórias!

Senhora Bloom, Jungkook e eu estávamos lendo obras do dramaturgo William Shakespeare, a obra da vez era O Rei Lear. Senhora Bloom era a narradora, Jungkook o rei Lear e eu fazia ao mesmo tempo as três filhas do rei.
Sem sombra de dúvidas, as tardes de domingo eram minhas prediletas.

-Lear, rei da Bretanha, decide dividir o seu reino entre suas três filhas: Goneril, Regana e Cordélia. O rei quer diminuir o peso que carrega, pois acha que sua idade já está avançada demais para tanta responsabilidade, e só assim ele poderá descansar. -A senhora Bloom começa falando a parte narrada, ela já tinha decorado tudo! -Ele reúne as filhas e conta a elas a sua intenção, mas antes quer saber qual das filhas lhe tem maior amor. A filha mais velha, Goneril, é a primeira a falar. -A anciã prossegue assentindo calmamente com a cabeça em minha direção. Gostava de fazer o papel das 3 princesas, mas sempre preferi fazer a parte da Cordélia.

-Majestade, eu o amo mais que qualquer palavra pode expressar. Amo mais que a luz dos meus olhos, mais que a liberdade, mais que tudo que existe. -Falei reverenciando Jungkook, que tinha um chapéu que era do Bobo da Corte em sua cabeça, ele fez um olhar de superior e eu me segurei pra não gargalhar, ele estava sentando segurando um mapa de alguma província antiga.

 Não tem como manter a pose de conceito seriedade com Jungkook de sobrancelhas arqueadas.

-Lear, que tem um mapa nas mãos, ouve satisfeito a declaração de Goneril e aponta no mapa qual a parte do reino que a partir de agora lhe pertencerá. A próxima a se pronunciar é Regana. -Quando a senhora Bloom termina de falar eu mudo minha voz, um pouco mais fina, fazendo Jungkook e senhora Bloom darem risinhos. Agora eu era a Regana. Momentaneamente. Ainda bem.

-Faço minhas as palavras de minha irmã. Só acrescento que nada me dá mais prazer que enaltecer a Vossa Amada Majestade. -Segurei as barras do meu vestido de muitas camadas de panos finos e outras partes aveludadas, fazendo uma breve reverência, eu já estava ansiosa pra parte da filha derradeira.

-Com essas palavras Regana garante a sua parte no reino. Cordélia está quieta, observando a atitude das irmãs que tanto falaram, mas que não amam o pai como ela. Lear sempre teve preferência pela filha caçula e espera dela palavras mais apaixonadas do que das outras. (Era essa parte em que Cordélia senta próximo aos pés do seu pai, havia um desenho no livro onde Lear acariciava o rosto de sua filha mais nova. Imitando essa cena, Jungkook e eu nos dedicamos a passar emoção à senhora Bloom, que parecia se divertir tanto quanto a gente; não importava quantas vezes a gente já tivesse feito aquelas mesmas cenas, era sempre um ótimo passatempo. 

-Agora falará a mais moça, cujo amor é disputado pelo rei da França e pelo duque de Borgonha. O que me dirá que possa valer um pedaço maior do meu reino? -Jungkook declama com um tom de voz melodioso e um timbre de arrepiar.

-Nada, meu senhor. -Falei pausadamente e senhora Bloom continua a narrar. 

-Cornélia responde, para a surpresa de todos.

-Nada? -Jungkook pergunta, fazendo o papel de rei Lear meio intrigado com as duas mãos na cintura e eu balancei minha cabeça em afirmativa.

-A jovem confirma a resposta e provoca a ira de seu pai...

-Nada virá do nada. -Jungkook disse sussurrando perto do meu rosto. O hálito dele tinha sabor de pêssego.

-Eu não consigo transformar em palavras o que sinto. Amo como é meu dever de filha. -Essa era a parte que eu fazia com todo gosto.

-O rei tenta fazer com que a filha se corrija, mas não consegue. Cordélia é por demais sincera e realmente ama o pai, porém não concorda em trocar esse amor por um pedaço de terra, por mais valioso que seja. O rei não entende a atitude da filha caçula e se revolta contra ela. Ele não dá nada a Cordélia e ainda retira o dote que havia prometido aos pretendentes. Fazendo isso, acredita que ambos desistirão do casamento e Cordélia estará perdida sem ter nem onde morar e...

-Chegueeeiiii! Abram alas! -Feng Xing  interrompe a fala da mais velha e consequentemente minha encenação com Jungkook.

-Onde você deixou seus bons modos, hum? -Jungwoo aparece atrás do chinês, Jungwoo dá um soco de leve no braço do tagarela do Feng Xing, tudo perdia a graça quando este arqueiro de meia tigela chegava. Parecia mais uma tortura! 

Entre ser trancafiado, preso por correntes por um dia ou semanas é melhor do que passar um dia perto dele, que tinha comentários muito repentinos, e esse não era o problema, e sim o quão inconvenientes eram as barbaridades que ele falava; chegando a ofender muitas vezes, só pra se sentir bem.

-Na próxima vez eu vou me lembrar, Jungwoosseu! -Ele fala correndo entre os corredores da biblioteca, passando as mãos pelas prateleiras de madeira, recheadas de livros com poeira.

-Feng Xing é muito anormal. -Jungkook fala, tirando seu chapéu de bobo da corte.

-Anormal parece eufemismo perto do que ele de fato aparenta. -A senhora Bloom diz, observando ele espirrar enquanto abria um livro gigante cheio de poeira. Jungkook sorriu tanto quanto eu. Jungwoo parecia meio desligado.

-Jungkook, eu preciso te levar pra treinar comigo, se eu não me encarregar de te preparar pra ser um soldado futuramente, quem mais vai fazer isso? -Jungwoo se dirige a Jungkook e depois se vira pra mim. -Hoje não tem pêssego, senhorita? 

-Não tive muito tempo hoje, mas provavelmente eu não teria encontrado nem um sequer, não é mesmo Jungkook?!

-O que foi? Acha mesmo que eu comi, Helene? Santa piedade, você sempre pensa que sou só eu que apanho pêssego?

-Você tá com bafo de pêssego, vai negar?

-Como assim você sabe disso? Vocês se beijaram? -Jungwoo pergunta com as mãos tapando a boca. Jungkook ficou com as bochechas tão rosadas feito pêssego e eu com o intuito de explicar que foi por causa da nossa encenação teatral por termos ficamos com os rostos perto um do outro, acabei gaguejando. Ou seja, perdi o argumento.

-Anseio por esse dia, talvez esse seja o motivo de eu estar até hoje viva. -Senhora Bloom pensa alto, tão alto que todos do recinto ouvem, se duvidar até o Feng Chato.

-SENHORA BLOOM! -Jungkook e eu falamos como se fosse um coral bem ensaiado, eu estava com muita vergonha! Queria me esconder num porão agora!

-Sonhar não custa nada, crianças! -Ela disse sem mostrar os dentes. -É só brincadeira! Sei que vocês se tratam como irmãos.

-Sim! -Falei sorrindo, nervosa.

-É... -Jungkook diz passeando a mão freneticamente na nuca. 

-Senhora Bloom, eu terei um tempinho livre mais tarde, queria conversar um assunto muito sério com a senhora. -Jungwoo puxa assunto com a minha senhora.

-Sobre livros de lanças ou como atirar flechas. Acertei?

-Não... Tem a ver com alguns documentos históricos, coisas do passado que são motivo de vitórias e derrotas hoje... -Ele disse meio baixinho, mas Jungkook e eu escutamos, tanto que ele olhou meio desconfiado para o soldado Jungwoo. Escutar essas palavras, vitórias e derrotas despertavam o máximo de curiosidade em todos nós.

-Ahw, imagino até o que seja... Vou estar esperando, não falte, se for sobre o que eu estou pensando devo começar a me preparar, eu virarei mira muito fácil...

-Senhora Bloom, o que a senhora quer dizer? - Pergunto ansiosa pela resposta.

-Helene, vamos casar um dia, não vamos? -Feng Xing fala de repente, girando um livro na palma da mão esquerda.

-Por quê essa pergunta do nada, Feng Xing? 

-É só algo que eu gostaria de saber, formamos um belo casal! Não acha, Jungkook?

-Não. -Jungkook diz e se eu conheço Jeon Jungkook ele está agora tentando não dar uma gargalhada alta. -Nossa, não mesmo!

-Helene não tem tantas opções... Hoseok já está prestes a se casar e... -Fechei os olhos com muita força me segurando pra não dar um murro na boca dele e quebrar cada um daqueles dentes.

-FENG XING! -Senhora Bloom fala exasperada e eu tento manter a calma, calada.

-Se você gostasse de Helene de verdade, entenderia os sentimentos dela! Mas você não passa de um mimadinho insensível! -Jungkook não mediu o tom de voz, totalmente irritado.

-Olha só que coisa engraçada... Um bastardo me falando de sentimentos! -Aquele foi o ápice para Jungkook, que estava com as mãos fechadas em punho, num movimento de muita rapidez Jungkook pega a espada que estava na cintura do soldado Jungwoo e eu me intrometo na frente do Feng Xing, depois de senhora Bloom começar a chorar e Jungwoo tentar pará-lo.

-Isso não vai compensar absolutamente nada! -Tento acalmar Jungkook, que joga a espada numa direção vazia da biblioteca. Ele estava chorando de tanta raiva!

Feng Xing vivia confrontando quem quer que fosse, cada vez que alguém tentava dizer algo em minha defesa, era sempre assim... Feng Xing descontava, relembrando do passado, era assim que esse maluco tirava todo mundo do sério.

-Só pra sua informação, Feng Xing, meus pais se casaram! Não sou um bastardo, sou fruto de um amor verdadeiro e se você continuar sendo extremamente implicante, eu juro que não vai ficar assim! Fica longe das pessoas que eu amo, se não vai sobrar pra você!

-Uau! Parece que temos um insensível egoísta... -Jungkook tenta alcança-lo pra lhe dar um soco, mas Jungwoo o segura a tempo.

-Vai fazer alguma coisa de produtiva, vai, Feng Xing! Saí daqui! Saia imediatamente da minha frente! -A voz de Jungwoo ressurge no breve silêncio que se instalou.

-Mas soldado Jungwoo, eu...

-AGORA! -Jungwoo aumenta o tom de voz, totalmente zangado e com razão.

-Esse garoto chinês é uma provação completamente. -Senhora Bloom diz respirando profundamente.

-Parece que ele faz de mal! -Jungkook diz, bufando de raiva ainda. -Qual a necessidade de tocar na ferida dos outros?

-É o jeito que ele encontra pra se sentir melhor. E é totalmente incompreensível imaginar as coisas que ele faz  e trama fazer... -Jungwoo se pronuncia, depois de pegar sua espada do chão e guardar em seu suporte, na cintura.

-Helene e Jungkook. -Senhora Bloom diz, parecendo meio ansiosa, mexendo as mãos uma na outra. 

-Sim, senhora? -Falamos ao mesmo tempo. Vejo Jungkook sorrir fechado quando o olho de soslaio e repito o ato.

-Podem me deixar a sós com Jungwoo? Precisamos adiantar um assunto, há muito tempo adiado...

E foram com essas palavras que Jungkook e eu saímos da biblioteca. Emburrados com o interrompimento da nossa encenação do rei Lear, brabos com as atitudes e baboseiras de Feng Xing e imaginando qual seria o "assunto adiado" que ela precisava falar com Jungwoo.

Eu pensava que era somente eu quem estava com um pressentimento estranho, até Jungkook dizer que também estava; pensava que era só coisa da minha cabeça e que eu talvez estivesse misturando meus sentimentos com medos bobos, mas o que antes era ruim, ficou ainda pior.

 A presença de Feng Xing parecia um jogo de damas, a qualquer momento ele daria xeque-mate, não importava pra qual lado nós escapássemos. Feng Xing no fundo, era como uma marionete, quem o manipulava não estava interessado em nada mais, além de poder, poder e mais poder. 

Imaginava que em seu tabuleiro, estivessem a rainha ou o rei de Gwangju, que os pais do Hoseok, que eu tanto amava, fossem lidar com a questão dele ser mandado de volta pra China. Como as outras pessoas, eu sabia que era uma jogada política. 

Só não sabia que essa jogada política, tiraria de vez as duas pessoas que estavam nas minhas melhores lembranças..

E arrancariam de mim, a melhor de mim, a parte pela qual eu ainda continuava no castelo:

Jung Hoseok.

[...]

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Jung Hoseok, príncipe herdeiro

-Filho? -Minha mãe diz entrando no meu quarto, com uma bandeja repleta de frutas. Seu vestido longo atrapalhava ela de entrar em meu quarto, já que a mesma devia puxar pela laterais. Fui até ela, pegando a bandeja de suas mãos, depois de dar um beijo carinhoso em sua testa.

-Hoje veio frutas demais! -Falei, sorrindo largo enquanto sentava na minha cama e ela foi até minha escrivaninha. -Assim eu vou explodir!

-Deixa de drama! Olhando assim parece até que você come muito!

-É que acontece que eu não me acostumei a comer nesse ritmo, geralmente haviam batalhas nesse horário, a senhora sabe que mesmo estando aqui eu sempre pulava essa refeição... -Ela me olha com preocupação, enquanto se aproxima e eu pego uma pêra, mas na real eu não estava sentindo vontade de comer, nem minha fruta favorita. Olhar aquelas frutas e ver um pêssego entre elas, me fez lembrar de Helene Kim e das tardes que passávamos caminhando juntos pelos jardins.

Sentia saudades de vê-la.

-Mas você precisa se reacostumar a comer, pra não ficar fraco, meu filho! -Minha mãe diz acariciando minha bochecha e eu sorri de leve. -A DaeHa vai vir aqui pela tarde, esteja pronto pra receber sua noiva. -Suspirei pesado, me controlando pra não começar um diálogo nada legal sobre minha vida sentimental que se resumia com a presença de Daeha e de outras 8 mulheres que eu precisava, com certa frequência, me relacionar.

Comecei a puxar assunto sobre o treinamento de arco e flecha e bem quando eu estava me empolgando e me animando com o rumo da conversa, minha mãe se despede depois de me assistir comer o café daquela manhã. 

Me dirigi até o local de banho e depois de sair de terminado, vesti minha roupa de príncipe, onde haviam inúmeras cores, daquele mesmo modelo. Coloquei meus anéis preferidos e fui até meu pai. Fiquei esperando ser chamado do lado de fora, tentei ajeitar o laço que ficava abaixo do meu pescoço, em mais de dez tentativas falhas acabei desistindo de fazer alguma coisa com aquele tecido.

-O príncipe ruivo precisa de alguma ajuda? -Escutei a voz de Helene ao meu lado e foi inevitável não dar um sorriso bobo, ela estava tão linda, mas tão linda com aquele vestido colante no corpo, que nunca pensei que precisasse ver ela usando um vestido dourado, até ver ela usando um vestido dourado!!!

-Se não for pedir demais... -Falo quando vi minha princesa se aproximando, mordendo o lábio inferior enquanto fazia o laço. -Como você tem estado?

-Até que bem, apesar dos apesares. -Ela me olhava enquanto fazia um laço perfeito. -E você?

-Já estive bem melhor... -Sussurrei perto dela, que me olhou carinhosamente e se eu pudesse queria correr dali com ela, mas precisava passar pelo rei, antes de qualquer coisa.

-Bem que eu queria poder te... -Minha fala foi entrecortada pelo soldado Yukhei, que diferente do Feng Xing, era um chinês muito educado e gentil. (Lindo, very lindo, vale destacar).

-Príncipe Jung! O rei lhe aguarda. -Ele disse acenando com a cabeça pra porta da sala real. -Helene Kim! Quanto tempo não a vejo! -Yukhei continua, seu sorriso era muito bonito, assim como sua aparência (ah! já disse isso, mas também né...). Hoseok se despediu brevemente de mim, depois de me lançar um sorriso fechado e piscar em minha direção quando Yukhei não estava olhando pra ele.

-Como está o humor do rei hoje? -Perguntei sem flertar.

-Um pouco imprevisível. -O moreno suspira, abrindo e fechando os dedos. -Tenho um pouco de medo que ele acabe descontando isso no Jungwoo.

-Tomara que não. Ou no Hoseok também, se é possível...

-Não duvido. -Esbugalhei os olhos, com um nervosismo prestes a tomar conta de mim. -Tô brincando, Hoseok é filho dele, não acho que ele repreenderia o filho assim na frente dos outros. O príncipe nunca ergueu a voz para o rei, ao menos não publicamente.

-Realmente, mas eu quase cheguei a acreditar que ele fosse, sei lá, acabar sendo castigado ou levando a culpa que nem é dele. -Yukhei continuou a abrir e fechas as mãos, desconfortado com alguma coisa.

-Há algo de errado com seus dedos?

-Acho que sim, estão muito doloridos, devem estar assim por conta que eu ajudei a fazerem centenas de arcos e flechas.

-Não entendo o porquê dessa obsessão toda por arcos e flechas. Não é como se fossem a qualquer momento começar uma guerra de arcos e flechas. -Yukhei me olha enviesado.

-Você acabou de falar uma grande verdade, Helene!

-Mas essa seria uma realidade distante, não é Yukhei? Não é?

-Queria dizer que não, mas estaria mentindo. -Respirei com calma, balançando a cabeça como se com isso os pensamentos de caos e desesperos sumissem. -Helene? Você gosta do príncipe?

-Conheço bem uma massagem que pode ajudar a aliviar a dor entre os dedos.

-Helene, para de desdobrar conversa.

-Que conversa que eu tô desdobrando, Lucas? -Falei informalmente entregando logo de cara o quanto aquela perguntava me deixava nervosa.

-Estamos deixando nossas formalidades de lado? Você nunca me chamou de Lucas! Que fofa! -Ele disse apertando minhas bochechas. -Quero saber em quem você tem interesse, nele ou no Jungwoo.

-Por quê eu gostaria do Jungwoo?

-Não sei, mas veja bem; ele é fofo, tem uma voz bonita, é delicado, gentil, romântico, carismático, doce, amoroso e...

-Hummm! Você falando assim dele parece até que... Uoouu! Lucas! Desde quando você gosta do Jungwoo? Como eu nunca suspeitei? -Falei a última parte um pouco alto, por estar alterada e animada por saber disso acabei não dando conta do meu tom de voz.

-Shiih! Não é pra contar pra ninguém! Me prometa que vai guardar segredo?

-Eu, Helene Kim, dou a minha palavra ao soldado chinês Yukhei, que minha boca é um túmulo no que diz respeito a Yukhei e seus sentimentos guardados para seu companheiro da Guarda. -Fiz um juramento levantando 3 dedos como sinal de comprometimento.

-Você é uma figura, Helene! Hoseok é mesmo um privilegiado. -Continuei mantendo meu sorriso enquanto permanecia com meus três dedos levantados. -Pode abaixar a mão. -Ele disse rindo e com as bochechas rosadas. -Esse tipo de juramento me lembra muito meu país. -Fiquei olhando ele olhar para o outro pavilhão do palácio, quando de repente o moreno pega meus pulsos e sai às pressas me levando.

-Aconteceu alguma coisa? -Ele sussurrou "Feng Xing" e eu sussurrei de volta um "obrigada" em chinês. 

Depois de verificar se Feng Xing já havia passado, saímos dali, fiz a massagem entre os dedos dele e permaneci no jardim, olhando e cheirando algumas flores. Jungkook estava perto dali, vi ele desenhando de uma forma meio que prosaico mas ao mesmo tempo tão única e sofisticadamente; achei muito bonito seus "rabiscos", que segundo ele eram apenas rabiscos; às vezes me pergunto se Jungkook não se dá conta do tanto de talentos que possui consigo. Queria estar perto do mesmo pra acompanhar ele descobrindo todas as vezes em que se surpreende com algo de novo e diferente. 

Como "irmã" -entre aspas- ele tem todo meu apoio e muita da minha admiração!

Quando começou a chover, nós ficamos embaixo de uma pequena casinha que havia atrás do canteiro de flores, que era um canteiro gigantesco, local perfeito pra brincar de esconde-esconde.

-Esse ficou bom? -Jungkook estende uma folha pequena pra mim, era o desenho de um lírio.

-Ficou muito bem feito! 

-Sei que você só tá falando isso pra me agradar. -Ele disse olhando pra chuva que caía lá fora, estava sendo um fim de tarde muito diferente do que estamos acostumados. Pela falta do sol poente, a tarde não parecia ser completamente tarde sem as cores alaranjadas espalhadas pelo céu diurno.

-Mas é verdade, Jungkook! Para pessoas como eu, que só sabem desenhar margaridas, esse seu lírio ficou uma obra de arte! Leonardo da Vinci iria ficar de queixo caído se visse seus desenhos!

-Não sei como te explicar, mas eu gosto do jeito que você me ilude! -Ele diz me fazendo cócegas e eu retribuo. -Margaridas? E o certo não seria bem-me-quer?

-Senhora Bloom disse que esses é um outro nome pra margaridas, ela ainda não terminou de ler o livro sobre flores, eu tô ansiosa pra ler e saber identificar de longe cada florzinha desse jardim! -Jungkook sorriu e depois ele continuou a me mostrar mais e mais desenhos. -Quem é essa moça que você desenhou? Ainda não finalizou o rosto dela?

-É uma certa pessoa que chama muito a minha atenção, até quando ela não quer, quando menos percebo lá estou eu desenhando ela, é inevitável.

-Ela mora aqui na Coréia? Ela sabe dos seus sentimentos?

-Provavelmente nunca vai saber... -Abaixou seu olhar, com as mãos unidas, o polegar da sua mão direita junto com o da esquerda davam um ar tão gracioso a ele.

-Por quê nunca?

-Porque... É que... Porque... -Ele levanta seu olhar, indo de encontro ao meu, que o olhava com a cabeça um pouco torta. Já preparada pra arquitetar um plano de encontro com sua amada.

-Ufa! Que sorte não ficar aqui sozinho! -Hoseok entra na casinha, sorrindo de orelha a orelha, meu coração começou a palpitar feito louco. -Lembra que essa casinha era mais famosa por nós 3 na hora do esconde-esconde? Saudades de quando éramos apenas adolescentes.

-Verdade, Helene e você viviam aqui dentro, nós 3 era bem raramente mas vocês 2... -O príncipe pigarreou e eu senti minhas mãos ficarem soadas de repente, minha cara devia estar tão vermelha quanto um tomate. -Se escondendo, claro, claro. 

-É... Óbvio, apenas esperando a hora de sair de fininho e correr até a árvore e gritar "salve todos!" -Os dois gargalharam alto quando mencionei isso e ficou um clima de nostalgia, começamos a lembrar de várias coisas do passado, aventuras pra lá de inesquecíveis.

-Vou indo nessa. A chuva já passou um pouco. -Jungkook acena e dá passos largos para fora.

Tentei pedir pra ele esperar passar, ainda não estava serenando.

-Nesse lugar só podem ficar duas pessoas, Helene. -Jungkook diz tirando minha mão que segurava firme seu bíceps. -Te vejo antes da hora de dormir. -Falou baixinho, rapidamente. -Até mais, príncipe! -Se despediu do alaranjado e saiu correndo pelo jardim.

-Parece que somos só nós dois... -A voz grossa de Jung Hoseok atrás de mim saiu de sua boca como uma música melodiosa, viciante demais.

-Parece que sim... -Me virei, ficando em sua frente, quando ele tentou me dar um selinho, eu por alguma razão desviei o rosto, ele segurou minhas mãos, entrelaçando nossos dedos. -Fiz alguma coisa de errado?

-Não é que você tenha feito algo de errado, esse momento é que é errado...

-Mas estamos só nós aqui e...

-Não vai demorar muito pra você casar, não é?

-Podemos não falar disso? Pelo menos, não agora?

-Como não vamos falar disso? Até quando o assunto "nós" vai ser adiado? Não posso esperar por toda eternidade, Seok! -Falei esbaforida.

-Helene, eu cumpro obrigações como filho do rei desde que me entendo por gente, se eu não realizá-las tudo fica bem pior... É você quem eu amo, é você que eu quero, porque é com você que eu sonho todas as noites! Deixa eu te falar o quão impotente me sinto?

-Quero que você me responda outra pergunta, Hoseok. ‐Tentei manter as lágrimas que se formavam nos meus olhos e falei o que estava preso na minha garganta.

-E qual seria essa pergunta, Helene?

-Até onde seu amor por mim iria? Até onde ele chegaria? -assisto ele engolir a seco e virar o rosto, fechando os olhos, respirando bem fundo. Naquele instante queria ele inteiro em sinceridade.

-Enfrentaria qualquer coisa! Como eu posso te fazer entender que não importa o quê, eu não vejo mais ninguém como mulher da minha vida, além de você, Helene Kim! Se isso implica passar pela vontade dos meus pais, que é bem diferente da minha, eu vou fazer! Se é isso que você quer que eu faça, basta me dizer, eu o farei! -Lágrimas rolaram do seu rosto, ver ele soluçando e fungando era demais para o meu pobre coração. -Limpei as lágrimas de suas bochechas e dei um beijo em cada uma. No fim, acabei chorando junto também mas logo cuidei de secá-las.

-Me perdoa se eu só estiver pensando em mim? Mas me revolta nossa situação... A culpa é minha, eu devia carregar esse fardo sozinha.

-Muito pelo contrário, Helene! Você não está amando sozinha! Estou amando junto com você! O que sentimos não é unilateral. Mas eu tenho medo, medo demais!

-Que tipo de medo? -O rumo da conversa começou a mudar, a chuva parecia cessar aos pouquinhos.

-De que você se apaixone por outro homem, e aqui no palácio existem tantos homens esbeltos e bonitos...

-E eu escolhi o amor mais desafiador que já pude me imaginar um dia! -Fiz ele sorrir, foi quando começamos a conversar sobre as flores do jardim,  minha mão esquerda abraçada com a mão direita dele, apenas aquele toque de mãos eram capazes de me fazer sentir sensações inéditas e maravilhosas.

-Quer saber de uma flor que me lembra você?

-Quero sim! Seria um girassol?

-Passou um pouco longe, mas você me lembra uma peônia.

-Peônia? Como seria uma peônia?

-Deixa eu te mostrar! -Ele sai puxando minha mão e me leva para um pouco mais longe do meio do jardim. Apontando para uma flor de cor rosa. -Ela é uma flor que está apta a crescer independentemente do lugar, é muito bonita e resiste às estações e tem um perfume muito agradável ao olfato. Essa flor é tão Helene Kim! -Fiquei totalmente sem fala, o jeito como ele disse cada uma daquelas palavras foi como uma flecha certeira no coração.

-Te amar é o mesmo que insistir em me surpreender! Como você consegue ter esse efeito sobre mim tão marcante?

-É apenas como me sinto, é o que você me faz, em resumo, é o que são essas palavras! -Antes que eu falasse alguma coisa, ele segura minha cintura e eu toco em sua nuca. Um beijo molhado e completamente cheio de carinho e afeição foram o suficiente pra me deixar sem fôlego, eu só queria voltar no tempo pra reviver aquilo tudo de novo, e de novo.

-Quando estou dormindo em uma escuridão extrema, há uma luz sempre que lembro do seu sorriso, entende? Uma sensação, um brilho eterno que me faz ficar tão apaixonado por você, que nem sei como demonstrar direito. Te amo!

-Obrigado por me amar, de volta. -Sorri de orelha a orelha. -E não se esqueça de sorrir, jamais! Te amo, amor da minha vida! -Pensei em algo romântico pra falar, algo que por mais que não fosse perfeito fosse bom, porém o que o dia prometia não era nada bom.

Yukhei e Jungwoo chegaram até nós, depois de tanto correr e estarem cansados por isso, falam desesperados uma notícia nada satisfatória.

-A senhora Bloom, ela... Ela está morrendo por falta de ar! -Jungwoo fala inspirando e expirando freneticamente, assim como seu companheiro. Hoseok aperta levemente minha mão e eu o olho com um olhar que denunciava o quão triste eu estava me sentindo. Um olhar tristemente inacreditado do que acabara de ouvir.

-Helene, vá até ela, você precisa ir até ela! -Concordei, sem falar nada, soltei as mãos do Hoseok e saí em disparada até seu quarto.

Senhora Bloom estava com o pescoço erguido, enquanto lutava por espaço de ar nos pulmões. Meu coração apertava de dor, há pouco tempo atrás ele batia apaixonadamente e agora ele parecia diminuir de tristeza. Um nó se formou na minha garganta, me aproximei dela, que sorriu.

-Helene... É você! Deixa me te falar algumas palavras. -Ela parecia se esforçar pra falar cada palavrinha.

-Apenas descanse, senhora Bloom, não precisa se apressar em explicar nada agora, só repouse. Aguente firme, por favor!

-Mão!

-O quê? Sua mão dói? Senhora Bloom? Senhora? -Me desesperei quando ela começou a respirar fora do normal e em como seus olhos abriam e fechavam rapidamente. 

-A mãe esquerda me sufocou, Helene! -Ela falava bem baixinho e eu tentava inutilmente tentar fazer com que ela continuasse me olhando e sendo mais objetiva. Ela não estava falando qualquer coisa.

-Que mão lhe sufocou? Senhora Bloom? -Ela fechou os olhos, lentamente, até que fecharam, por completo. -SENHORA BLOOM?! POR FAVOR, ACORDE, POR FAVOR SENHORA BLOOM!

-Feng Xi...Xing... Aquele...

Ela não terminou e logo suas mãos soltaram as minhas, me debrucei chorando sobre ela. Parei por um instante pra raciocinar.

Mão esquerda... Feng Xing não é destro e sim canhoto! Mas por quê ele fez isso? 

Jungkook aparece esbaforido ao meu lado.

-Ela... -Jungkook não termina, de falar, abaixei minha cabeça, depois de assentir. -Não pode ser possível! Ela só está cansada, doente não é? É a idade avançada que a deixou tão vulnerável? -De repente ele começou a se alterar e a ficar totalmente agitado, chacoalhando a senhora Bloom de um lado para o outro.

-Jungkook... -A voz de choro estava nítida.

-Senhora Bloom vai acordar e narrar as histórias que sempre lemos, não vai? ME DIZ QUE ELA VAI! -Empurrei ele para o meu colo e acariciei o cabelo que cobria sua nuca, tentando passar conforto. -Só posso ser um inútil! Por que não fiz companhia pra ela?! -Eu não sabia o que dizer, eu me perguntava o mesmo. -É tão repentina a morte dela, eu me sinto imprestável, de verdade!

-Não foi algo natural, deve ter sido planejado...

-E o que houve? -Ele disse passando os olhos de mim para a senhora Bloom.

-Feng Xing... -Sussurrei próximo do ouvido dele.

-QUÊ?! ISSO É SÉRIO, HELENE!

-EU NÃO TÔ FALANDO NENHUMA MENTIRA! -Respirei fundo e contei até 3 antes de continuar. -A senhora Bloom falou quando eu cheguei aqui! 

-O que ela disse, exatamente?

-Ela disse "mão esquerda" e depois o nome do Feng Xing. Demoraria tempos pra saber que era ele, não é querendo defendê-lo, mas acho que ele não faria isso, acho que ele não chegaria a esse ponto.

-Você tá mesmo dizendo que a senhora Bloom, a pessoa que nos cuidou, mentiria com essa informação? 

-Não quero dizer que ela mentiu, mas a ficha não caiu até agora... A questão é: por quê ele faria isso com ela...

-Talvez porque ela saiba de alguma coisa, e somente ela...

-Detesto ser burra, você tem algum palpite?

-Acho que Feng Xing já estava há um bom tempo sondando a senhora Bloom, pedindo que ela contasse algo muito confidente a ele, pode ser que ele tenha té pressionado ela...

-Disso eu não duvido, o que tanto a gente fazia que não estava prestando atenção direito?

-Me pergunto o mesmo, Helene. -Ele olhou para o corpo pálido da senhora Bloom sobre a cama. -Vou fazer justiça! Isso não vai ficar assim, não mesmo!

-Façamos isso juntos! -Ele sorriu, maneando a cabeça, parecia reflexivo. -O Jungwoo deve saber de alguma coisa, certo?

-É bem possível que sim. Me acompanha? -Quando ele segura minha mão e nos dirigimos para fora do quarto, vi uma sombra, como se fosse na verdade um vulto, passar por trás de mim, só soube disso quando enxerguei  pelo espelho. Me espantei quando vi, o que chamou a atenção de Jungkook.

-Tá tudo bem com você?

-Acho que tô vendo coisas demais. Vamos? -Andamos apressadamente e a rainha disse que prepararia tudo para o sepultamento da senhora Bloom. Parecia que quando eu estivesse sozinha no meu quarto, choraria litros, já que estava segurando o máximo. Precisava dar suporte e forças ao Jungkook, que era apegado com a senhora Bloom tanto quanto eu.

Enquanto eu estava conversando sobre os detalhes do sepultamento da senhora Bloom, Yukhei e algumas ajudantes da rainha estavam me ajudando a organizar os detalhes.

Uma gritaria se fez presente, Jungwoo e outros soldados saíram correndo e alguns estavam com espadas de todos os tamanhos, a figura de Jungkook sagrando na barriga me fez soltar um grito e sem pensar duas vezes saí de onde estava e fui tentar ajudá-lo a andar. 

Jungkook gemia de dor, o líquido de sangue que saía da lateral do seu corpo me faziam tremer, eu tinha que chegar até a ala de cuidados, mas estava muito longe.

-Helene, para.

-Não! A gente vai conseguir chegar lá, só precisamos andar mais um pouco.

-Helene... para...

-Posso fazer isso, irei me lembrar, não é tão difícil, vamos estancar o sangue de algum jeito aqui...

-HELENE!!! -Ele esbraveja se jogando no chão. -NÃO VAI DAR... NÃO VOU CONSEGUIR CHEGAR LÁ A TEMPO, EU JÁ PERDI BASTANTE SANGUE, NÃO HÁ O QUE CONTER, RETER OU ESTANCAR, FENG XING É UM CRETINO GANANSIOSO! -Um grito agoniante de dor escapou da sua boca, as expressões faciais dele só me faziam querer dividir aquela dor, pra ver se apaziguava, mas não tinha como eu fazer isso...

-Não posso perder você, Jungkook, eu não posso!

-E não vai, a menos que queira, eu sempre serei seu irmãozinho amado, huh?-Ele disse chorando, enquanto lágrimas desciam pelo seu rosto e o meu também estava totalmente encharcado. -Foi muito bom brincar de encenação com você e com a senhora Bloom! Foram os melhores 20 anos da minha vida, e eu te agradeço, te amar foi uma honra que eu nunca achei que merecia, seu sorriso sempre me salvou, seus abraços, suas brincadeiras. -Eu estava em prantos, enquanto segurava a cabeça dele em meu colo. Me inclinei sobre ele, sem me importar em manchar meu vestido de sangue, isso não era nada demais se comparado a dor brutal de sentir meu coração dilacerando por inteiro. -Obrigada por sempre me apoiar, por me inspirar, por ser a garota dos meus desenhos, dos meus sonhos e pela sua presença na minha vida! -Ele disse fazendo uma careta de dor, olhando pra baixo, uma poça de sangue cobria boa parte do chão. -Seja feliz, apenas... SeJa...muito... Fe-liz... -Ele segurou minha mão e aproximou do seu peito. ‐Te amo como nunca amei alguém, te amo como meu pai amou minha mãe, eu...- Sua fala cessou, assim como seu respirar.

Senti o canto dos meus olhos arderem, e chorei feito recém-nascido.

2 perdas em 1 dia. 

Já não sabia mais como é sentir alegria que antes eu sentia, por cada coisa que passei com a senhora Bloom e Jungkook.

Logo escuto a voz do Hoseok ao longe, chamando o Jungkook e meu nome. Ao nos ver de bem longe, ele corre apressadamente e tão veloz, mas tão veloz, que eu senti meu coração parar quando uma flecha atravessou a parte esquerda do seu peito,  fazendo ele cair de joelhos no chão. 

Olhei para o lado e lá estava a pessoa que eu menos queria ver, que era o motivo de toda a desgraça que estava me acontecendo.

-POR QUÊ RAIOS VOCÊ TÁ FAZENDO ISSO? TEM NOÇÃO DO QUE VOCÊ FEZ? -Gritei quando me levantei, suja de sangue, consumida por um ódio mortal.  Feng Xing deixou o arco com a flecha no chão e me olhava com uma expressão sádica no rosto.

-Me encontre daqui uma semana, não precisa contar os dias! Óh, não sinta saudades! Logo você vai saber que eu eliminei quem empatava nosso caminho, Helene! -Me agachei próximo do Hoseok, que parecia zonzo, e sorria fraquinho, descontroladamente lágrimas rolaram solta enquanto o infeliz gargalhava triunfante.

-Se você soubesse o nojo e raiva que eu sinto dessa sua cara! Nunca! NUNCA! VOU FICAR COM VOCÊ! VOCÊ É UM LOUCO, COMPLETAMENTE LOUCO!

Antes que ele pudesse responder, o barulho de espadadas e gritos de homens se fez presente, alguns homens do exército do rei levaram Jungkook, depois de passarem por homens que manuseavam cruelmente suas espadas.

A figura de Hoseok no chão, com seu peito escorrendo sangue, completamente debilitado foi não somente nosso fim, foi meu fim também.

-Amor... Você já é tão linda com o rosto sem sangue, como consegue ficar ainda mais mesmo com o rosto ensanguentado? Helene, você é tão angelical e... argh! Isso arde tanto, parece fazer cócegas e... 

-Para de brincar com isso, eu não vou permitir que você parta assim! POR FAVOR! FICA COMIGO!

-Helene... Te amei cada minuto, eu sou muito feliz por antes de ir poder te olhar, pelo menos uma últma vez...-Ele sussurrou depois de nos beijarmos.

-Isso não... é... fica, não... Não fala isso! -Segurei seu rosto com as duas mãos, encostando nossos narizes. Ele sorriu, e suas covinhas se mostraram perfeitamente. 

-Meus pais ao me mandarem para um campo de batalha sabem do risco que eu teria de tomar, eu era o príncipe mas mesmo assim tinha obrigações como um soldado qualquer...

-Isso é tão injusto com você...

-Mas não chore por isso, eu já chorei o bastante, Helene! Tô feliz, sabia?

-Por estar assim agora? Como estar feliz num momento desses, seu bobo?!

-Sempre imaginei que fosse morrer cruelmente num campo de batalha, mas olha só onde eu estou, aliás, com quem estou... Argh! O amor da minha vida, tá do meu lado! -Minha cabeça estava em seu ombro direito, levantei meu olhar e dei um último beijo, curto, porém apaixonante, eu já sentia saudades dele... Muitas! -Te amo, Helene Kim!

-Te amo, Jung Hoseok! -Os lábios eram os mesmos que beijei minutos atrás, as trocas de declarações bem como "eu te amo" igualmente, mas... a sensação de ter que lidar com o fato de que nunca iríamos nos ver me deixou extremamente abalada.

Falei entre soluços mais algumas palavras na esperança dele responder, lágrimas incessantes e um coração amargurado que batia dolorosamente no peito.

3 perdas.

3 grandes perdas.

-Nunca vai esquecer do meu sorriso, me promete? -Hoseok disse engolindo a seco. Um fio de lágrima desceu por seu rosto macio. Ao ouvir sua voz fraca, meu coração bateu forte.

-É impossível de esquecer! -Sorri minimamente, mas logo sorri mostrando os dentes quando vi ele sorrindo de um jeito tão doce! Não queria acreditar que iria mesmo perder ele... -Seu sorriso estará sempre gravado na minha memória! -Enxuguei o nariz e quando me virei pra olhar em seus olhos castanhos, me senti totalmente sem chão, quando ele fechou os olhos e não abriu mais...

Juntei nossos rostos e colei nossos lábios. Fiz carinho em seu maxilar, ainda sem acreditar na realidade, de tudo aquilo que tinha me acontecido; quanto caos!

Olhei em volta e não havia ninguém, além do homem que sempre irei amar.

E foi assim, que a ganância de uma pessoa e sua possessão doentia, fazendo pó todos os meus sonhos que eu perdi meu mundo, eu perdi tudo que eu mais tinha de valioso: meu mundo, minha mãe e meu irmão.

E o motivo de eu ter falecido 2 anos mais tarde ao acontecido foi tentar sobreviver ao mar de tristezas que me levaram a naufragar no oceano do luto.
Uma dor triplicada que nunca me conduzia para o alto, com segurança na superfície mas só ao fundo de mim mesma e me deparando com o vazio ensurdecedor e sem cor, me direcionando às lembranças do pior dia de toda minha vida.

[...]

➸➸➸ 

➸➸➸ ❦

THE END

N/a: Ai gente, fiquei sad *-*

Demorei demais pra poder bolar algo, eu sei que deveria ter atualizado em novembro de 2019, mas sabe quando você ainda não sente a vibe da fanfic e precisa estar envolvida para o que planeja fazer?

Foi exatamente assim que me senti nessa versão, e caraca! Valeu por ler até aqui! amo Healed demais! foi minha primeira oneshot, depois dela nasceram Mil opções, Wait, e ainda planejo umas trocentas com o Hoseokão kk 

Futuramente quero fazer outras o.s com os demais integrantes do Bangtan, já tenho Coffee (JK) e penso em escrever com os outros meninos também. Sem data marcada, porque não me saio bem me compromissando assim kkkk ter bloqueio criativo é um saco! Quem concorda respira!

A primeira versão (2018) teve umas 12 mil palavras e essa teve só a metade de palavras, eu fiquei - "?!"

Mas enfim, espero que tenham gostado, mais da primeira versão, é claro! ☛♡☚

😘😘😘😘😘😘😘









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