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Acho que as leitoras de Discombobulate não vão gostar dessa atualização, porque estou devendo capítulos... sinto muito
MIAMI
4 DE MAIO DE 2023 - MADRUGADA
O enorme grupo do grid desceu dos dois jatinhos com certa preguiça, depois de dez horas de viagem, o humor não era o melhor, principalmente da Louise, que estava abraçada ao pescoço de Pierre. Kika, ao que parecia, tinha a "adotado" como a sua criança, depois que a menina começou a fazer críticas construtivas quanto a seu perfil. Charlotte não sabia dizer de onde a filha sabia tanto, mas ao que parece, sabia.
— Filha, vamos para o carro?
Max tentou a puxar, entretanto, a garotinha de quatro anos e oito meses, gritou.
— Quem sabe ela pode ir conosco?
Kika tentou, enquanto Charlotte se aproximou com Anthonie grudado em si. Vincent e Dominique já estavam apagados no banco da minivan que a Red Bull havia enviado. Max estava se recusando a dirigi-la, coisa que Daniel queria, antes de perceberem que existia um motorista. Anthonie resmungou algo sobre as luzes.
— O que tá acontecendo aqui?
— Ela quer ir com Pierre e Kika.
— Não. — Charlotte declarou ao final da frase de Max — Louise, solte agora o Pierre e vamos.
— Não. — ela mostrou a língua. E a belga realmente não sabia o que estava acontecendo, porque a menina vinha tendo umas mudanças de personalidade do nada. Um dia ela está feliz, outro ela está discutindo por qualquer coisa. Não fazia sentido, porque ela achava que as duas estavam finalmente se acertando.
— Filha, a Red Bull alugou um apartamento enorme para nós, lembra? Ela até mesmo mandou as fotos para que escolhêssemos. Você mesmo ajudou a escolher. Por favor, vamos lá. Está tarde, a mama não quer brigar, o titio Pierre e a tia Kika também estão cansados.
— Eu queria o apartamento com piscina.
Louise fez um pequeno biquinho.
— Mas é ruim um apartamento com piscina, se ele não tem grade de proteção na volta. Tem os gêmeos, você sabe, eles são pequenos. Fora que vamos ficar só até domingo, segunda as aulas do seu irmão volta.
— A madrinha disse que o apartamento dela com o padrinho Danny tem piscina.
Charlotte olhou na direção de onde o carro que Daniel, Kelly e Penelope tinham ido embora, se perguntando o motivo de sua amiga ser uma grande bocuda e comentar aquilo com Louise, mesmo depois que a filha tinha chorado por conta da piscina.
— No que ficamos também tem. — Francisca comentou, fazendo Louise sorrir, grudando o rosto com o de Pierre.
Max viu Charlotte respirar fundo.
— Filha, a mamãe está com medo, porque é um fim de semana importante para a nossa família. Por causa disso, queríamos que você fosse para o apartamento que escolheu junto com seus irmãos ontem e ficasse abraçada com ela em cima da cama. Será que pode fazer isso?
— A mama tá com medo?
Por algum motivo, a mentezinha infantil não parecia achar aquilo possível. A mamãe quase nunca tinha medo de alguma coisa. Uma vez, a Louise tinha visto a mamãe bater com a vassoura em uma cobra e espantar o Sir Leôncio, o cordeiro rebelde, que conseguiu passar pela cerca e corrido atrás do Domi. O papa brigou com ela, mas os titios que trabalhavam na fazenda a parabenizaram.
— Um pouquinho. Se lembra quando você não queria ir no balé, por que tinha entrado uma menina e a Penelope virou amiga dela? Que você ficou com medo da baby P te esquecer?
— A mama disse que era só porque era uma situação nova.
— É o que tá acontecendo com a mama. A mama nunca tinha vindo para uma corrida do papa com todo mundo sabendo que a mama e o papa são um casal ou que vocês eram os nossos filhos.
— Isso te dá medo, mama?
— Me dá, princesa.
A menininha soltou Pierre, espichando os braços para o pai. Max a pegou em seu colo, ganhando um abraço apertado da sua pestinha. Charlotte passou a mão por suas costas, causando uma pequena reclamação de Anthonie.
— Obrigada pelo colo, tio Pierre e tia Kika.
— Eu que agradeço. — Kika deixou um beijo em sua bochecha — Boa noite, querida.
— Eca, tia! — Louise fez careta — A mama chama de "querida" as vadias que dão em cima do papa.
— Louise! — Charlotte a chamou, os olhos arregalados — Eu não chamo não.
— Chama sim.
— Não sei de onde ela tirou isso. — Charlotte declarou a Pierre, Kika e Max, o rosto vermelho.
— A senhora diz para a madrinha e a tia Isa que o papa sempre tá rodeado de "vadias" e que elas são um bando de "queridas". — Louise cruzou os bracinhos — Eu tenho uma memória bem boa, mama. E os olhinhos bem abertos para te ajudar esse fim de semana. Nenhuma vadia vai chegar perto do papa.
Os quatro adultos ficaram em silêncio, a vendo com um sorriso enorme, enquanto Anthonie seguia dormindo abraçado a Charlotte. E Max acabou se recuperando antes, dizendo que não sabia se a Louise ia para a corrida, porque ele gostava da presença de "queridas" perto dele. Charlotte só o deu uma olhada que fez Pierre se arrepiar e o desejou um "Boa noite". Louise esperneou no colo do pai, o chamando de "bobo" antes de correr atrás da mãe.
— Louise e Charlotte me dão dor de cabeça desde 2018. — ele contou aos dois — Acho que a Louise é a única que consegue tirar a santa paciência da minha schat, mas é só falar que a Lottie está triste ou com medo de alguma coisa, que ela se torna uma leoazinha.
— Todos seus filhos tem um sério problema de não poder ficar longe da mãe. — Pierre comentou, abraçando Kika — Quando elas foram no mercado só com o Domi, você lembra o gritedo que foi quando os gêmeos perceberam que a Charlotte não estava na casa?
— O problema não foi os gêmeos, foi o Charles correndo do Vincent. — Kika riu, a lembrança a alegrando — O menino nem tinha percebido que ele estava perto, quando Charles gritou "Aí minhas bolas" e correu. Anthonie ainda perguntou onde estava a bola, porque achou que Charles estava brincando de futebol.
Max riu, porque seus filhos eram engraçados e colocavam medo em todos seus colegas de grid.
— Vai vir ou não?
O grito de Charlotte sobressaltou os filhos, os fazendo piscar um pouco, a vendo com Louise em seus braços antes de voltarem a dormir. Vincent, diferente de Anthonie e Dominique, que abriram os olhos, apenas abraçou seu dinossaurinho. E Max se despediu dos dois, declarando que os veria no media day mais tarde. E Pierre o desejou boa sorte, visto que todos estavam ciente da convocação que Max recebeu da Red Bull no dia anterior. Ele teria uma reunião com a equipe antes de ir para as entrevistas com o pessoal.
Louise estava bem desperta o caminho todo, olhando encantada pela janela a todas as luzes, enquanto Charlotte tinha a cabeça apoiada no ombro de Max, o braço do bicampeão mundial na sua volta, a mantendo junto consigo, enquanto tinha os olhos focados na segurança das crianças. E, por algum motivo, uma coisa retornou a sua mente. Algo que nunca havia chegado a questionar, os últimos acontecimentos, abafando sua curiosidade. Ou o medo da resposta o deixando receoso.
— Loui...?
— Sim, papa? — ela o olhou com aquele rostinho fofo, sempre tão parecida com a sua schat.
— Quando você me ligou no domingo antes da corrida...
— Sim, papa...?
— Da onde você tirou que a sua mama estava dormindo com o Jonathan?
— Eu vi, papa. — ela o olhou séria, Louise sempre olhava para qualquer coisa menos para a pessoa que mentia, quando o fazia — Eu acordei para ir pro quarto da mama e eles estavam se beijando no corredor, na frente da porta da titia Violet e, então, a mama entrou no quarto dela e ele ficou no corredor, eu corri pro meu quarto quando vi.
— Isso foi quando?
— No sábado, papa.
Max olhou para a mulher encostada contra si, sua mente trabalhando. E aquilo não fazia sentido nenhum. Ele lembrava muito bem do sábado. Charlotte estava furiosa que o tal cara que a contratou tinha marcado uma reunião no domingo e eles ficaram em ligação até ela apagar. Os gêmeos até mesmo choramingaram, porque ela não fechava a boca. E... E... E a Charlotte não era a única que morava na casa. A compreensão chegou a si.
— Quem estava no sábado lá em casa?
— A mama, a tia Isa, a madrinha, a tia Violet, Jonathá, a P, os maninhos e eu.
E a coisa toda ficou tão clara, porque a Isabel era mais velha que o estagiário, enchia a boca para falar que nunca ficaria com alguém mais novo. Kelly tinha Daniel e ela nunca trairia ele. E... E, então, existia Violet... Mas... Mas, a Violet era a sua menininha. Não podia ser Violet. Ela era inocente. Violet... Céus! A Violet era inocente!
— Você não viu o rosto da sua mama né?
— Não... Mas ela entrou no quarto, papa.
Max sentia vontade de chorar. Não sabia dizer se era pela percepção da merda que havia gritado e exposto no seu rádio, ou porque a primeira das suas menininhas provavelmente tinha ficado com o babaquinha do estagiário. Charlotte nunca o trairia. Charlotte surtou apenas com a ideia dele a deixar. E ele havia agido da pior maneira possível e a feito se sentir insuficiente na relação dos dois, quando nem ao menos tirou a saber a história da filha sério. E... E ele a tratou mal, mesmo que de forma indireta e estava fervendo por dentro por algo que Charlotte nem deveria saber...
— O vovô Jos sempre disse que deveria contar coisas assim para o papa.
— Como, Louise? — A mente dele ficou confusa. Por que quando seu pai havia falado com a Louise ou a instruído a tal coisa?
A sua menininha o olhou, desprendendo o cinto de seu banco e se espremendo entre o corpo da mãe até chegar a seu colo. Ele provavelmente não deveria a deixar fazer aquilo, era irresponsabilidade. Uma criança ou adulto não deveria estar sem cinto. Domi era bem rígido como Charlotte quanto a isso. Porém, ele queria entender a filha e se ela se sentia mais segura para falar vindo a seu colo, ele deixaria.
— O papa promete não contar a mama?
— Contar o quê, filha?
— O senhor tem que prometer antes de saber, papa.
— Como vou prometer algo sem saber do que se trata?
— O papa é igual a mama. — Louise rolou os olhos, parecendo uma adolescente e Max a agarrou, porque já tinha sido demais pensar que Violet tinha crescido, dois baques de uma vez, ninguém aguentava — Sabe o vovô Jos?
Ele a encarou, o fazendo franzir a testa. Ela realmente estava perguntando aquilo?
— Imagina, filha. — ele riu debochado — Quem é vovô Jos? É só o papa do papa né? Puff! Quem será o vovô Jos?
— Mama diz que é feio usar esse tom.
Pronto! Max tinha uma mini-Charlotte que não gostava de sarcasmo. Isso porque diziam que Louise tinha o seu temperamento. Quando aquela menina tinha o seu temperamento? Charlotte sapateava todas as vezes que ele não fazia o que ela queria. Charlotte era tão mimada pelo Carlos Sênior que era irritante. Charlotte era mandona e infreável na maioria das vezes. Mas não, Louise havia o puxado.
— O que tem o seu avô Jos?
— O vovô gosta de me ver fazendo balé.
— Como?
— O vovô gosta de me ver fazendo balé... Ele gosta de mim, quando a mama não tá perto... Ele diz que sou a garotinha dele e que vai ser igual o abuelo quando formos morar com ele...
— Como assim, Louise?
— Ele me visita na hora do balé... A mama me leva no balé e depois volta para casa, o senhor sabe... Minhas aulas tem duas horas, sempre que fecha uma, toda quinta, ele me busca e a gente come sorvete no verão ou toma chocolate quente no inverno... Ele diz que sou a princesinha dele...
— E por que sua professora não conta para sua mama?
— Porque se ela contar, a mama não vai deixar o vovô me ver, porque ele não tá com aquele tio que tem o mesmo distintivo do Chase da Patrulha Canina...
— Ele fica sozinho no carro com você, Louise?
— Sim, papa. Ele gosta de mim.
— E vocês conversam o quê, filha?
— Sobre as coisas lá de casa. — Louise sorriu, encostando a cabecinha em seu peito, o sono começando a surgir — Ele pergunta muito da mama, sempre pergunta quem nos visita, com quem ela conversa... Uma vez, o senhor não pode contar para a mama, é segredo... Uma vez, ele pediu para que eu mandasse foto da mama para o número dele... E... Por favor, não conta para a mama... Mas eu ganhei um celular dele...
— E onde tá esse celular?
— Eu pedi para ele guardar para quando eu for mais velha... A mama diz que exposição a muita mídia social faz mal para os olhos... Mas o vovô não gostou muito, porque ele bateu na minha mão.
— Ele bateu em você?
— Ele pediu desculpa, papa. Não se preocupa, e fez como a mama sempre diz, pediu desculpas e me abraçou... Ele diz que sou a menininha dele. — e Max a sentiu bocejar contra seu peito — Eu não entendo o porquê dele e da mama não se darem bem, ou porque ele fica dizendo que a mama pula cerca e que sou filha do tio Florence... Quando estamos sozinhos, ele diz que mesmo eu sendo filha do tio Florence, ele me ama... Mas eu sou sua filha né papa?
— Claro que sim, princesa.
— Eu amo o senhor, papa.
— Eu também te amo, filha.
— O senhor não vai contar para a mama né papa? É um segredinho nosso né?
— Seu vovô te pergunta isso?
— Sim, ele diz que não posso contar, porque se não os meninos vão ficar com ciúmes... Mas eu não sei... A vez que o vovô disse que visitou o Domi, o Domi chorou e não quis falar com ele... O vovô diz que só eu sou especial e gosta dele... Mas não é verdade né papa? Todos amamos o vovô né?
Max ficou em silêncio, passando a mão pelos fios castanhos da filha, a sentindo dormir contra si. E foi coisa de cinco ou sete minutos, ele não tinha ideia, quando a minivan parou e as luzes se acenderam. Os meninos se assustaram, Anthonie começando a chorar e acordando Charlotte no susto. Ela o olhou meio confusa, tentando se ambientar, antes de soltar os gêmeos. E Dominique se soltou sozinho, vindo para perto dele ao descer. Louise estava em seu colo e apenas se manteve. E ele não sabia se queria ou seria capaz de a soltar.
— Você está bem? — Charlotte perguntou, descendo atrás de si.
Sua resposta se perdeu, porque mesmo sendo quatro horas da manhã, existiam fãs na porta do prédio alugado pela Red Bull, juntamente com muitos fotógrafos. Dominique se agarrou a Charlotte, enquanto os gêmeos estavam em seu colo. O porteiro correndo para informar que pegaria as malas. Seguranças contendo as pessoas. E ele tentou guiar Charlotte e as crianças para dentro, sentindo sua mulher quase congelada contra si. E a sua mente só conseguia repetir e repetir tudo que Louise havia o contado.
— Max, por favor, o que houve?
Charlotte exigiu saber. Os meninos já estavam nos quartos do apartamento. Tudo pareceu um enorme borrão e ele sabe que Charlotte pegou a chave com o porteiro, que abriu o apartamento e até mesmo fez um tuor animado com as crianças. Ele conseguia ouvir as risadas, antes de sua mulher os fazer voltar a dormir. Charlotte sempre sendo mais responsável que ele. Mas seu pai passava uma hora com Louise dentro do carro. Ele não sabia bem o que falavam, ou a quanto tempo eles tinham esse encontro. Mas eles passava . E havia passado despercebido por ele e Charlotte por sabe Deus quanto tempo... E ele estava chorando.
— Meu amor... — Charlotte se abaixou na sua frente, se ajoelhando antes de o puxar para um abraço, sua boca contra seu rosto — O que tá acontecendo? Fala comigo, Max.
Ele não conseguia falar, apenas abraçando a mulher.
— O que houve? Foi as pessoas lá fora? Os flash's? Eu sei que parece assustador, mas estamos juntos... Eu estou junto com você, amor... Eu... O que foi?
Ele negou, se apertando a sua mulher.
— Eu estou aqui... Não sei o que tá acontecendo, mas eu estou aqui... — Charlotte beijou suas bochechas, tocando seu rosto e o obrigando a ficar a olhando — Eu estou aqui com você.
E a coisa toda parecia a semana após o nascimento dos gêmeos, ele pegando o rosto apático e quase sem cor de Charlotte, enquanto seus filhos estavam na UTI neonatal. Ela precisando ficar dopada com remédios para não gritar.
— Leãozinho! — ela tocou os lábios dele — Por favor, fica comigo. Eu estou aqui.
Schat, eu preciso de você... Eu sei que tá doendo, mas eu preciso de você... Ele não acreditava que aquele inferno parecia estar voltando. Por que eles tinham que ser assim? Por que eles nunca podiam ter qualquer tipo de paz?
— Porra, Max! — ele estava com ela no chão, agarrado a mãe de seus filhos — Me fala o que aconteceu?
— Eu...
Ele parou de falar. Como ele dizia a Charlotte o que seu pai estava fazendo? Porque agora fazia muito sentido a ele todas as mudanças de humor de Louise. Ela não compreendia. Jos a tratava bem uma vez na semana, mas então ignorava a sua existência na frente de sua mama. E colocava na sua cabeça que a Charlotte era errada. E ela ficava perdida. E ele estava perdido.
— Você...?
Ele negou, não conseguindo falar.
— Certo, meu leãozinho, certo.
Charlotte o puxou para mais perto, Max se encaixando contra seu peito, ouvindo o seu coração batendo. Era como se ele não conseguisse respirar agora.
— Eu estou aqui. Não sei o que aconteceu, mas eu estou aqui. Nunca mais vou me afastar como antes, nossa família sempre vai estar junta agora. Eu te prometo. — ela encostou suas costas no sofá, sentindo o gelado do piso contra suas pernas, Max tremendo entre seus braços — Amanhã você tem o seu media day e o primeiro treino livre. Vou te deixar falar um pouquinho sobre nossa família, está autorizado a falar que Dominique é um pequeno convencido e que venceu todo mundo. Pode contar que a Louise é uma fera indomável, mas a menina mais incrível que poderíamos ter. E que Vincent causa medo em todos os pilotos, porque ele socou as bolas do Charles. E que Anthonie é um pequeno chorão, mas que se derrete todo em um abraço... E pode falar que sou ciumenta e que não quero nenhuma "querida" perto de você e se tiver, vou adquirir a prática que a Kelly fala que existe no Brasil e raspar as cabeças de todas.
Max não falou nada, apenas continuou ali, deitado contra ela.
— Você pode contar sobre as vezes em que te assustei e te fiz pensar que te deixaria, mesmo sendo completamente doida por você. Pode contar de como já aceitei namorar com você através de um cara e coroa... Ou de como deixamos Florence e Carlos a pé, porque você tentou me perseguir pelas ruas de Maaseik com o carro, mas acabou abandonando o carro ao perceber que eu não entraria nele... Ou como eu chorava toda vez que diziam que Dominique nasceria parecido com você, porque queria uma mini-cópia minha, mas quando ele nasceu igualzinho a você, me senti a mulher mais sortuda do mundo... Ou como o abuelo te chama de tilápia e o Domi de tilapinha ou como eu amo você.
Max ergueu o rosto.
— Como eu não sei viver sem você, ou como só de pensar isso, meu peito dói.
Max havia parado de chorar e os olhos castanhos de Charlotte estavam aguados.
— Eu sei que eu não falo muito, mas eu amo você, leãozinho.
— Você tem falado bastante ultimamente.
— É porque ultimamente estou com muito medo de te perder.
— Você nunca vai me perder, schat. Eu amo você desde o dia que descobri o que era amor.
Eles apenas ficaram ali. Subir parecia impossível, mexer nas malas deixadas perto da porta um serviço desnecessário. E eles apenas ficaram ali. Charlotte brincou que as costas dos dois estariam gritando, porque eles estavam no chão. Mas quando você está repleto de medo, ficar abraçado a sua segurança se torna confortável. Enquanto eles estivessem juntos, ele estariam bem. Ou era o que eles pensavam, enquanto continuavam naquele chão de apartamento, enquanto os filhos dormiam nos quartos.
MIAMI
4 DE MAIO DE 2023 - MANHÃ
— Dominique, deixa sua irmã em paz!
Charlotte pediu ao primeiro de seus filhos, depois que o viu tentando a abraçar. Normalmente, ela tentava fazer que seus filhos fossem carinhosos, porém Louise estava deixando bem claro que não queria ser abraçada, que ele estava a incomodando e amarrotando seu vestidinho.
— Mas eu quero abraçar.
— Abraça seu pai.
Max levou um susto quando o corpinho de Dominique bateu contra sua cintura. E Charlotte conseguiu agarrar Vincent que vinha fugindo de colocar a camisa, quando o gêmeo mais gordinho achou que ela estava olhando pro lado, começando a gritar como se colocar a roupa fosse a pior coisa existente do mundo.
— Mama! — Anthonie gritou, espichando a mão com a mamadeira para cima, sentado na cadeirinha próximo a mesa. E Max se sentia levemente sobrecarregado por tudo naquela manhã... E suas costas estavam doendo.
— Meu amor, não precisa gritar.
Charlotte o tirou da cadeirinha, pegando a mamadeira e colocando na pia da cozinha. O apartamento que a Red Bull tinha os disponibilizado era de bom tamanho e bem funcional. A belga tinha adorado poder voltar a usar a máquina de lavar louças, já que a da Holanda havia estragado e até agora não tinha sido concertada.
— Você precisa de ajuda?
Max perguntou, mesmo Dominique já o carregando para o sofá e se jogando em seu colo. Anthonie correu, achando uma boa ideia imitar o irmão mais velho. Vincent tinha um olhar enojado a camisa que a mãe botou nele. Detalhe: era sua camisa preferida. Ela achava que era birra. E Louise estava sentada no sofá, uma boneca entre os braços e assistindo o desenho que passava na TV.
— Eles já tomaram café, só falta trocar o Anthonie e eu me arrumar. — a castanha informou, estendendo os braços para o Nini — Precisava a meia hora atrás, mas você me fugiu dizendo que estava em uma ligação importante.
— Tenho uma surpresa para você.
— Mais uma?
— Mais uma. — ele tentou espichar a mão para tocar a mulher, mas Domi a puxou e o fez abraçá-lo.
— Que horas precisamos ir para a tal conversa com seus chefes?
— As nove.
— Meus últimos dois dias de férias e vocês me fazendo acordar cedo. — Domi murmurou contra o peito de Max, como se não tivesse acordado cedo todos os outros dias.
— É por isso que tá manhoso? — Charlotte perguntou, o vendo concordar.
O casal sabia que aquilo provavelmente se devia pela viagem de dez horas que passaram para vir da Holanda para Miami. Porém, Max não negaria que gostaria de apenas ficar atirado no sofá com seus filhos. Ele não achava que estava no seu melhor momento. E Charlotte se moveu para o corredor dos quartos, voltando ao escutar o barulho na porta, nem ao menos tinha tirado a camisa de Anthonie ainda.
— A tal surpresa?
— Provavelmente.
Max sussurrou algo no ouvido de Dominique, o fazendo pular animado. Louise olhou enciumada para os dois estarem trocando cochichos. E Vincent finalmente se moveu, deixando de ser uma pequena estátua na sala e sentando no sofá.
— Posso abrir a porta, mama?
— Eu acabei de te mandar abrir a porta e você ainda está perguntando a ela?
— É a mama. — Domi falou como se aquilo explicasse tudo.
— Se o seu papa deixou, pode fazer, filho.
E Charlotte arrumou Anthonie em seus quartos, uma posição que sempre achou feia de ver as outras mães fazendo, mas que adquiriu desde a primeira gravidez. Max se levantou, passando a mão pela frente de seu corpo e vendo Domi destrancar a porta. E ele ainda lembrava de como precisava tirar a chave de tudo, porque Domi ensinou Louise, Anthonie e Vincent a abrir tudo. Dos quatro, o mais perigoso era Vincent. Não que ele admitisse.
— ¿Pero cuánto tiempo se tarda en abrir una puerta? — Mas quanto tempo se demora para abrir uma porta? E Vincent gritou mais uma vez, enquanto Louise empurrava Dominique da porta e o chamava de tonto por não conseguir nem abri-la, Anthonie esperneando até chegar ao chão.
— ¡Abuelo!
Os quatro gritaram, se jogando em cima de Carlos Sênior. Reyes nem tentou disputar pela atenção dos netos, os deixando agarrados ao avô e apenas os afastando da porta e mandando os funcionários entrarem. E Charlotte sentiu o braço de Max na sua volta, enquanto caixas eram trazidas e depositadas na sala do apartamento.
— O quê?
— A minha parte foi só dizer o endereço, ele já estava vindo de qualquer jeito. — Max se defendeu ao ver o olhar julgador da mãe de seus filhos em cima das caixas.
— ¡Sorpresa! — Surpresa! Reyes chegou até os dois, abraçando apertado a mulher — E antes que me fale algo, não achava mesmo que a deixaríamos sozinha?
— Eu vou chorar. — Charlotte fez um pequeno bico, ganhando um aperto em sua cintura de Max — Aí!
— ¿O qué fue? ¿Te lastimó? — O que foi? Ele te machucou? E Max nem respondeu, apenas rolou os olhos para as perguntas do "sogro".
— Bom dia, seu Carlos. Bom o ver! — o holandês sorriu ao espanhol, vendo seus filhos pendurados no mais velho como se ele fosse o último bote salva vidas em um Titanic — Você não estava reclamando que ia amarrotar seu vestido?
— É o abuelo. — Louise apontou como se fosse óbvio.
— Claro, filha. Você não pode abraçar seu irmão, mas seu avô pode.
— Vejo o Domi todo dia, o vovô só uma vez por mês.
Até mesmo Dominique concordou com a justificativa e Charlotte tocou seu braço, como quem o dizia para nem tentar entender.
— E tudo isso é...?
— As roupas do fim de semana. — O abuelo parecia feliz ao declarar — Trouxe para todos vocês, Blanca e Ana nos ajudaram a escolher.
— Eu trouxe roupas.
— Não vai os apresentar assim. — O abuelo a avisou, apontando para as crianças.
Charlotte não entendeu, porque Dominique parecia muito fofo com sua camiseta da Mercedes que fez Max quase chorar quando o viu antes do café e a bermudinha azul, era sua roupa favorita. Louise estava com o vestidinho rodado e florido preferido. Vincent não estava feliz com a camisa da Red Bull e o shortzinho, mas ele não ficava feliz com nada além das fraldas naquele "calo do dezeto" — palavras dele e não dela —, mas ainda era a roupinha que ele escolheu. Anthonie ainda estava com o pijama, mas ela tinha o macacãozinho que ele gostava na mala.
— Eles estão fofos.
— Eles são fofos. — o abuelo a corrigiu — Mas eles não podem apenas serem fofos hoje.
— E eles precisam ser o quê?
— A atração do dia. — o abuelo apresentou, fazendo as crianças sorrirem, como os bons aparecidos que eram — Eles são os netos de um bicampeão mundial de rali.
— E filhos de um bicampeão mundial de Fórmula 1. — Max completou.
— É... Tanto faz. — o mais velho não deu importância — Quem quer presente?
— Eu! — os quatro correram para o sofá, as perninhas se mexendo com animação.
Eles haviam sido ensinados que só ganhavam presentes se estivessem sentados, depois que na hora da animação, derrubaram Reyes e a abuela quebrou o braço. E Charlotte estava deixando tudo acontecer até ver que não eram simples presentes e, sim, roupinhas de marca que provavelmente devia ser mais caras que toda a mala de Max.
— Eles não vão usar isso.
Charlotte avisou, vendo Reyes apertar os lábios como se achasse graça.
— Eles vão.
— Meus filhos não são propagandas ambulantes.
— Si la tilapia puede caminar como un anuncio ambulante de Red Bull, ¿por qué mis nietos no pueden estar en Gucci y Dolce & Gabbana? Al menos compramos la ropa y no recibimos la bolsa de inicio de año como otros. — Se o tilápia pode andar como um anúncio ambulante da Red Bull, por que meus netos não podem estar na Gucci e na Dolce & Gabbana? Pelo menos compramos as roupas e não recebemos a bolsa de início de ano como uns e outros. Carlos Sênior apontou, o dedo em riste para o Verstappen.
Charlotte não entendeu metade do que ele disse, porque seu espanhol era horrível perto do que as crianças tinham, porém, não foi necessário uma explicação muito grande para saber que foi algo que os seus pestinhas mais velhos não acharam justo, porque Domi e Loui estavam gritando em espanhol algo sobre o papa ser obrigado pela Red Bull a usar aquilo.
— Eu sei que eles estão me defendendo, mas não sei do quê.
Max confessou, um sorriso orgulhoso.
— ¡Ya llega! — Já chega! Reyes gritou, fazendo Carlos agarrar os netos e colocar na sua frente — Charlotte, as meninas deram essa ideia, porque acham que qualquer roupa que vocês colocarem, a mídia vai julgar e, se forem fazer isso, eles vão ser mais temerosas por serem marcas conceituadas.
— Não vou colocar um tênis da Gucci de US$470,00 no Dominique que se enxerga uma poça com água, enfia os pés. Fora que eles são crianças.
— O que tem?
— Eles são crianças e devem se vestir como crianças, não se tornarem pequenas estrelas em um Met Gala do paddock.
— Você nem viu as roupas ainda, mi hija.
— Vocês querem colocar roupas minimalistas em crianças. Crianças tem que usarem roupas de crianças. — ela apontou para Vincent e Louise — Isso é roupa de criança.
— Você vai levar ele com a roupa da Red Bull?
— Ele gosta da Red Bull, fora que ele fica fofo.
— Ele vai ficar fofo com uma roupa da Dolce & Gabbana.
— Não, apenas não.
Carlos Sênior pegou o celular do bolso, se enrolando um pouco, antes de levá-lo até o ouvido. E Max sussurrou um "Acho que é melhor só aceitar antes que elas atendam" e com o "elas", Max estava falando de Ana e Blanca, porque elas eram tenebrosas do tipo que Charlotte estava com quatro crianças vestidas dos pés a cabeça com a maldita logo da D&G.
— Lê para mim?
Louise tinha um "panfleto" de explicação sobre o vestido que usava nas mãos, um sorriso meigo no rosto que Charlotte apenas se sentou no sofá e a menina parou em seu colo. Max estava terminando de colocar um conjuntinho nos meninos com Reyes. E seus quatro filhos, na opinião de Charlotte, não se pareciam crianças. Mas ela era voto vencido, mesmo os filhos tendo saído de dentro dela.
— O vestido de chiffon com flores bordadas. Inspirado no visual das bonecas Dolce&Gabbana, este vestido é o epítome da elegância e da alfaiataria. — Charlotte não achava que aquele era um vestido bom para correr, Louise corria muito, fora que tinha mangas, Louise iria querer o tirar no momento que chegasse no paddock.
— O que é epítome? — Louise tinha a testinha franzida.
— Eles quiseram dizer que é "o resumo da elegância e da alfaiataria", é quando junta as coisas.
— Eu tô elegante?
— Pelo valor que ele é, sim.
— É presente, mesmo sendo caro, não podemos devolver. — Louise sussurrou para ela — A mama diz que não é educado.
— Eu vou levar seu vestido de antes?
— Vai? — ela tinha um sorriso maior.
— Sim, filha.
— Eu só preciso de um suquinho e a gente tira.
— Feito.
Max estranhou o sorriso que as duas compartilharam.
— Onde vamos agora?
— Vamos? — Max olhou para o abuelo.
— Vamos passar o dia com as crianças, ajudar a ficar de olho. — ele sorriu ao pegar Anthonie.
Max olhou para Charlotte, os dois tendo uma pequena conversa de sobrancelhas e expressões que ambos estavam com os ombros caídos, mas dizendo ao casal mais velho que precisavam ir na sede da Red Bull em Miami. E até que não seria ruim ter os dois próximos, porque assim quando chegaram na sede e os pais foram para uma sala de reunião com Christian, Adrian, Hanna, Gianpietro e Bradley.
— Bradley! — Charlotte sorriu feliz ao vê-lo, se aproximando em passos rápidos e o abraçando.
Christian, que antes mesmo da reunião, havia perguntado se ele a conhecido e recebido um silêncio como resposta o encarou com os olhos arregalados.
— Lottie! — o personal a ergueu do chão, a apertando e vendo Max sorrindo — Hey, cara!
— Por que não foi lá para casa com o pessoal?
— Porque eu tinha que pegar umas encomendas lá em casa, minha ideia era ir ver as pestes depois de Miami, mas você os trouxe! — Brad tinha um sorriso grande e orgulhoso — Estou tão feliz por vocês, Lottie!
— Você viu meu vídeo?
— Acho que todo mundo viu. — Horner os interrompeu, fazendo a atenção da mulher cair nos demais — Por isso chamamos vocês aqui. Eu sou o Christian Horner.
— Eu conheço o senhor. — Charlotte começou, mesmo que o sorriso já não fosse o mesmo que era direcionado a Bradley.
— Schat, essa é a Hannah, estrategista da Red Bull. — Max tocou a cintura da "esposa", praticamente grudado a ela ao apresentar — O Gianpiero, que é o engenheiro. E o...
— Pequena Lottie! — Adrian abriu os braços.
— Senhor New! — Charlotte o abraçou, porque em todas as vezes que vinha ao paddock, eles se encontravam. Não propositadamente, mas o engenheiro projetista parecia sempre a reconhecer — Tudo bem com o senhor?
— Melhor agora que finalmente tive minhas teorias confirmadas por vocês. — ele riu ao vê-la voltar para perto de Max — Sabe que eu desconfio de vocês desde quando te vi pela primeira vez? E quase tive certeza no aniversário de Max em 2016, quando Bradley brincou que não era para colocar coisas na sua cabeça. Não sei o porque, mas quando Max começou a gritar que era corno, só conseguia pensar em você.
— Pera aí. — e Christian se aproximou muito rápido, tocando o rosto da Charlotte, e a feição da mulher se fechou automaticamente — Você é a amiga de infância, a grávida que o Jos não suport...
— Não encosta nela. — Max empurrou o dirigente da Red Bull, colocando a "esposa" para trás.
— E sim, eu fui a "amiga de infância" que vim no aniversário do Max em 2016, 2018 e 2022. — Charlotte confirmou, tocando os braços do "marido" — Está tudo bem.
Hannah viu muito bem quando a mulher encostou contra as costas de Max, sussurrando alguma coisa que o fez retornar a ter aquela expressão relaxada. Mesmo que os olhos continuassem firmes em Horner.
— Então você que tem aguentado o Max? — Charlotte puxou a conversa ao perceber o clima começando a azedar, puxando Max para a abraçá-la e olhando Gianpiero — Eu falo para ele que não deve xingar no rádio, mas ele me ignora.
— É... Sim, sim... Mas ele diminuiu esse ano até. — o engenheiro coçou a garganta.
— Vincent adora o seu trabalho, diz que você é a mulher mais inteligente. — Charlotte elogiou Hannah — Bom, depois de mim... Mas isso foi ele quem disse...
— Sim que foi ele. — Brad a provocou.
— Por que vocês não se sentam e podemos conversar melhor? — Adrian ofereceu e tudo parecia mais profissional quando a mesa ficou com a equipe da Red Bull de um lado e Max com Charlotte e Bradley do outro.
— Kendra disse que acabou de chegar no prédio. — Christian comentou, não havia saído do radar de Max depois de sua pequena estripulia — Ela e Camila já estão vindo para darmos início.
— Exatamente por que estamos aqui? — Max questionou, o braço caindo atrás da cadeira da namorada.
— Tudo no seu tempo, Max. Tudo no seu tempo.
Charlotte odiou como o Horner parecia deixar tudo formal e trazer aquela sensação de que eles estavam errados. Aquilo estava óbvio até na maneira como organizou os lugares. Max estava relaxado na visão dos outros, mas Charlotte via a tensão.
As portas se abriram, duas mulheres entraram. Kendra McKellen, a relações publicadas da Red Bull Racing e Camila Moretti, uma das funcionárias mais antigas. Charlotte e Max apertaram suas mãos, antes de sentar. E o último a chegar foi Checo.
— Atrasado. — Max o provocou.
— Tente se livrar de jornalistas perguntando minha opinião sobre seu possível chifre. — o mexicano rebateu, tomando a atitude de ir até os dois e espichando a mão para Charlotte — Sérgio Perez, mas pode me chamar de Checo.
— Charlotte Bakker, mas pode me chamar de...
— Charlotte Bakker. — Max a interrompeu — Não de intimidades para pessoas que acabou de conhecer. Você diz isso para as crianças, mas não segue.
— Cala a boca. — Charlotte mandou, fazendo o "marido" rir — Pode me chamar de Char ou Lottie, assim que os outros pilotos estão me chamando.
— Só toma cuidado, meu filho gosta de socar bolas e ele me obedece se eu não gostar de algo. — Max sorriu de maneira maliciosa.
— Vincent não obedece nem a mim, dirá você.
— Para de sorrir, Bradley! — Max mandou ao ver o preparador físico tentar abafar o riso — Só o que me faltava.
— Depois eu te conto sobre o lance com o soco nas bolas. — Charlotte prometeu a Bradley.
Bradley concordou, preferindo se abster de falar ao perceber como todos pareciam ansiosos para o que viria.
— Então, vai começar ou vamos ficar todos em silêncio?
— Max! — Charlotte bateu a mão na sua barriga, o fazendo inclinar o corpo para frente soltando um "mão pesada" — Machucou?
— Sim. — ela arregalou os olhos — Dá beijinho que passa.
O tapa foi na cabeça daquela vez. Christian coçou a garganta, uma pequena tosse. E Bradley se perguntou se deveria dizer ou não que eles eram daquele jeito desde 2016. Eles amadureciam em partes.
— Certo. Agradeço a todos vocês por terem tirado um tempo para virem aqui. — Max lembrou das palavras no e-mail sobre não poder faltar — Mas precisávamos dessa reunião, porque muitas informações novas chegaram até nós e precisamos todos entender a situação para que a mídia não acabe vendo isso como uma grande rachadura na união que a família Red Bull Racing é.
Max passou o braço novamente por trás de Charlotte, apoiando a mão em seu ombro. A belga tocou sua perna, dando um pequeno apertãozinho.
— Estão aqui as pessoas que mais trabalham com Max. — GP, Hannah, Bradley, Adrian e Checo concordaram — E a nossa querida Kendra, que chefia a área midiatica e uma de suas melhores funcionárias, Camila.
Charlotte sorriu para as duas.
— Acredito que nos deva uma pequena explicação, Max.
— Como?
— Explicação.
— Sobre o que? — Charlotte forçou as unhas nas calças do "marido" — O que foi, schat?
— Não aja assim. Sabe muito bem sobre o que ele está falando e quer saber. — o holandês suspirou, fazendo a belga lembrar de seus filhos.
— Charlotte e eu estamos juntos desde 2016, temos quatro filhos, Dominique que nasceu em 2016, Louise que nasceu em 2018 e os gêmeos que nasceram em 2021. Nunca falamos sobre isso, porque não era de nosso interesse ter tanta exposição. Mas como as crianças estão crescendo, achamos que seria uma boa ideia começar a nos inserir mais, porque agora elas já não são tão pequenas e não serão tão afetadas. Pronto.
Hannah novamente reparou como a mulher se moveu um pouco mais na direção de Max, o fazendo respirar fundo. Ela não sabia dizer se era pela situação em si, ou para buscar o cheiro dela.
— E não achou que seria interessante nos contar isso desde o início?
— Não, isso não afetava no meu desempenho ou mudava qualquer coisa.
— É, mas você não pode simplesmente soltar informações imprecisas no rádio, sair da corrida, juntar os pilotos e desaparecer, deixando toda a mídia querendo respostas. E quando surgir, no momento que não conseguimos nem abafar a primeira notícia, surgir com uma mulher e quatro crianças.
O tom do Horner saiu um tonzinho mais acima que o necessário para ser entendido. Bradley reparou bem como os olhos de Charlotte deram uma leve estreitada. Talvez ela tivesse o achando meio deselegante. Horner não deveria chegar perto de Louise, foi o pensamento da belga.
— Certo, qual é a estratégia que vamos adotar agora? — Max perguntou, porque a chefe de relações públicas estava presente e era óbvio que a Red Bull tinha o chamado apenas para os comunicar. Ele apenas torcia para não ser algo muito grande, porque Charlotte não iria aceitar.
— Kendra...
Horner passou a palavra a mulher.
— Certo. Nós pensamos em uma estratégia, porém, antes de conversarmos sobre ela, queríamos saber algo.
— Claro, podem perguntar. — Charlotte sorriu, porque a mulher só estava fazendo o trabalho dela, sabia que quando isso acontecesse a sensação seria de estar fazendo algo errado e sendo julgada.
— Max a perdoou por ter o traído?
Bradley que havia pegado o celular apenas para conferir o horário, deixou o aparelho cair em cima da mesa. O barulho parecendo retumbar no ambiente. Max queria se encolher por ter sido burro e gritado que era corno no rádio. Charlotte engoliu em seco ao falar:
— Eu não trai, Max. Então ele não tinha o que perdoar.
— Não foi o que ele disse no rádio.
— Mas é a verdade.
— Uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade. — Camila citou, ganhando a atenção — Joseph Goebbels, um político alemão e fiologista disse.
— Uma mentira contada mil vezes, ainda continuará sendo uma mentira, porque não muda os fatos. — Charlotte se arrumou na cadeira — Eu não trai, Max.
— Mas as pessoas...
— As pessoas podem achar o que quiserem.
— Não é assim que funciona, querida. — Max sentiu o aperto em sua perna aumentar — Max gritou no rádio e obviamente perdeu o controle do carro por causa dessa "mentira". — Charlotte odiou o modo como a tal Kendra fez o uso das aspas — E, então, alguns dias depois que ele desaparece misteriosamente, a suposta mulher que o traiu, surge contando que se casaram em uma cerimônia em casa feita por Daniel, sabendo que Daniel Ricciardo possui uma grande quantidade de apreciadores, usando do nome dele e, ainda mostra que tem quatro filhos. Usando da imagem forte que isso transmite, claramente sem a autorização da pessoa que descobriu a traição, fazendo com que ele se obrigue a parecer feliz e radiante e não queira mais te largar.
— Não foi isso que aconteceu. — Charlotte sentenciou, mexendo as mãos em cima da mesa, deixando claro sua ansiedade e inquietação quanto ao citado.
Camila, a publicitária que estava com Kendra, se perguntou até que ponto aquela reunião para decidirem a melhor forma de agir, era para acalmar a mídia ou trazer algum tipo de julgamento a mulher. Porque, se levando em consideração que Max continuou ao lado da tal Charlotte, da mãe dos filhos dele, conhecendo o mínimo do Verstappen, não se espera que ele perdoe uma traição. E Kendra tinha acabado de colocar Charlotte como a errada da situação, mas Max estava quase se fundindo a cadeira desde que foi citado o seu momento no rádio. O que poderia ser uma reação causada pela culpa.
— E o que aconteceu? — Bradley acabou perguntando, fazendo todos o olharem — Quer dizer, eu estou com vocês desde 2016 e até agora não entendi nada.
— Max acha que fiquei com meu estagiário. — Charlotte informou Bradley — Não aconteceu, mas ele achava.
— Max...? — Bradley exigiu a resposta dele, porque ele estava parado que um paspalho ali, sua estrutura de certa forma encolhida e se ele não conhecesse Charlotte, também acabaria tomando as dores por aquela visão.
— Eu fui um... Idiota. — Max queria morrer — Louise, nossa filha me ligou no domingo antes da corrida, ela disse que Jonathan, o estagiário estava dormindo com Charlotte.
— O que? — Charlotte tinha os olhos arregalados, ela já imaginava que tinha um dedinho de Louise, até dito a Max isso, mas inventar aquilo era demais. Ela imaginou que Louise tinha dito que os viu de mãos dadas, sei lá.
— Eu gritei no rádio e fiz aquele escarcéu, porque fiquei irritado e com medo. Não pensei nas crianças ou em você, sendo sincero. — GP tinha os olhos arregalados ao ver Max passar a mão no nariz, olhando para cima, ele obviamente estava se segurando — Então decidi que ia levar meus amigos lá para casa e te provar que podíamos dar certo. Estava nem aí para se me traiu ou não, eu só queria que você ficasse... E aí você disse que não tinha acontecido e eu sabia que estava falando a verdade, só que nem lembrei que tinha gritado aquilo e que as pessoas poderiam estar furiosas com isso... E aí você fez o que eu sempre quis e te pedi que foi abrir a todos sobre as crianças e nós e eu realmente não lembrei, schat.
— Tudo bem, Max. — Ela suspirou, o rosto quente por estar fazendo aquilo na frente de todos e apenas inclinando o corpo, passando o nariz pela bochecha do homem em carinho, o sentindo a puxar para mais perto — Está tudo bem, eu disse que estaríamos juntos, não disse? Ontem mesmo. Está tudo bem. — ele concordou, mesmo ainda parecendo estranho — Okay. Vocês já sabem o que aconteceu agora.
— Mais ou menos. — Camila encarou Kendra ao ouvi-la — Ele acabou de admitir que levou os outros porque queria provar a ela que podiam dar certo, que não ligava se tivesse o traído e ela falou que não traiu. Mas e as provas?
— Você tá falando sério? — Camila questionou sua supervisora.
— Só estou apontando os fatos e...
— Violet está com o estagiário. — Max revelou, Charlotte chocada com a nova informação — Louise a viu com ele no corredor e depois a "mama" entrar no quarto, mas isso foi no sábado e no sábado a Charlotte apagou em ligação comigo. E eu falei com Violet, ela confirmou. Então tudo não passou de um grande mal entendido.
— Quem é Violet? — Kendra perguntou, parecendo entediada — Na Live, nenhuma Violet foi anunciada.
— Violet é minha irmã.
A chefe de mídia olhou para Charlotte e depois para Max.
— Entendi agora porque tá aí parecendo um cachorro caído da mudança. — Checo, que tinha se mantido em silêncio como Adrian, GP, Hannah e Christian, falou ao perceber a possível briga que surgiria — Se eu fosse burro de gritar em rádio que sou corno e ainda descobrir que na verdade sou só um idiota, também ficaria.
Bradley riu.
— Cara, nem se eu fosse pago, eu gritaria que sou corno. — Checo continuou, causando mais risos de Bradley.
— Ele não gritou apenas, ele soletrou.
Gianpiero comentou como quem não queria nada. E até a Charlotte precisou apertar os lábios.
— Como ele falou? Como ele falou?
Bradley parecia uma criança. E Gianpiero continuou:
— Ela me colocou chifres! Chifres. C. H. I. F. R. E. S. Ela está me colocando chifres. C. H. I. F. R. E. S.
Checo chegou dar um tapa na mesa ao rir.
— Você gritou isso no rádio? — Charlotte perguntou querendo rir também.
— Eu estava nervoso.
— Quando eu achei que tinha me traído também fiquei nervosa, mas não sai gritando que tinha chifres.
— Sim, você pegou as crianças e foi para a Espanha. E depois pro Brasil. E depois pra...
— Eu entendi.
— Não é tão inocente, schat.
Charlotte ficou quieta.
— Certo, então aparentemente ela não traiu.
— Aparentemente? — Charlotte encarou Kendra, a tal Camila parecendo espelhar a antiga ideia de Max ao querer se desaparecer na cadeira.
— É. Seguindo, nossa ideia é trazer a sensação de amor jovem. Um casal eternamente apaixonado.
— Nós só não podemos seguir a vida? — Mas perguntou, não gostando que Charlotte tenha retornado a se sentar direito na cadeira e o deixado sozinho na sua.
— Não, porque você disse que foi corno.
— Meu Deus! Mas que drama todo por causa de uma fala idiota! — Checo murmurou sem paciência, ganhando apoio do Adrian, GP, Hannah, Bradley, Max e Charlotte — Ele falou merda no rádio, que milagre, Yuki xinga até a alma das pessoas e não ganha todo esse drama.
— Perez, isso é uma coisa séria.
— O que é uma coisa séria? — Charlotte perguntou a Christian — Max falou que o chifrei no rádio, bem alterado, mas isso não deveria ser justificativa para uma reunião com esse tanto de gente. Não querendo ofender ninguém.
— Ótimo ponto. — Hannah confirmou — Até agora não estou conseguindo entender o motivo para o qual fui chamada até aqui para saber isso, quando meu trabalho é analisar dados e montar estratégias.
— A verdade é que ninguém precisava estar aqui, porque isso tem a ver com o meu pessoal e não com a equipe. — Max apoiou as duas.
— Isso tem a ver, porque as pessoas estão bisbilhotando e postando comentários nas redes sociais da equipe, nas suas redes sociais e nas de todos a sua volta.
— E não é só ignorar?
— Não quando os patrocinadores estão exigindo providências. — Christian bateu na mesa.
— Eu não estou conseguindo entender...
— Você é burra? — Christian tinha o tom alterado ao interromper Charlotte — Vocês dois se mantiveram seis anos sem revelar isso e agora que revelaram os patrocinadores querem respostas.
— Um empurrão não foi o suficiente para você entender que não é para mexer com ela?
Max pulou da cadeira, Charlotte se erguendo também para empurrar o corpo do "marido" e o censurar com os olhos.
— Desde que chegamos a única coisa que eles estão fazendo é colocar a culpa em você ou tentar te atingir. Você percebeu isso? — Max perguntou a ela.
— E levar tudo a ponta de faca não é o caso aqui. — ela pressionou o corpo ao do "marido", as mãos acariciando a lateral do seu corpo — Eles não estão de todo errado, Max. Sabe disso.
— Os patrocinadores estão irritados, ninguém sabia que você tinha uma família, Max. Estamos felizes em saber, mas isso era algo nem cogitado antes, eles assinaram com um piloto solteiro, sem filhos e...
— O que isso tem a ver? — Charlotte era quem estava começando a se irritar — O que tem a ver ele ser casado e pai?
— Tem a ver que estatisticamente pilotos que possuem esposas e filhos são mais lentos. Os patrocinadores estão com medo que isso aconteça e...
— Max tem quatro filhos e uma mulher a seis anos e nunca foi lento, mas agora magicamente só porque ele nos apresentou, ele vai ficar? — o tom irritado da mulher deixou claro que não estava feliz com a insinuação — Você tá falando sério?
— Você tem que entender que...
— Eu não tenho que entender nada. — Charlotte interrompeu Christian — Acho que vocês estão tão focados em problematizar algo que criam coisas nas suas cabeças. Max é um excelente piloto, consistente e vencedor. Qualquer pessoa que tem olhos vê isso.
— Nós vendemos a imagem de um homem solteiro e sem filhos.
— Então agora vocês vão vender a imagem de um homem casado e com filhos. Pronto.
— Não é assim, querida.
— Ele deve isso a equipe que o acolheu. — Christian decretou, a fazendo erguer as sobrancelhas.
— Ele deve isso a equipe que o acolheu? A equipe de vocês só é a atual campeã por causa dele. — Charlotte não achava que estava gritando, mas ela estava — Dois campeonatos mundiais vencidos por ele.
— E estamos felizes com isso, mas ele devia explicações para nós...
— Que explicações da vida pessoal do Max, ele deve a vocês? Vocês por acaso são a mulher dele? Porque até onde eu sei, a única pessoa que tem algo a ver com a vida pessoal dele é a minha pessoa. — ela respirou fundo, buscando se acalmar, olhando para o "marido" somente para ter uma breve noção se estava saindo da linha ou indo bem, Max tinha aqueles olhinhos arregalados e ela queria beijar ele por algum motivo — A Red Bull e os patrocinadores devem se preocupar apenas em fazer um bom carro para que o meu marido dirija bem. Se ela conseguir fazer isso, pode deixar que eu cuidarei muito bem da vida pessoal do meu piloto.
Todos pareceram meio impactados, enquanto a mulher pegava a mão de Max e o puxava pra a porta. Seu coração estava acelerado quando abriu, mas ela ainda se voltou para os presentes, desejando um "bom dia" e os deixando na peça.
— Meu marido... Meu piloto... Meu...
— Cala a boca!
Charlotte o empurrou na primeira sala que viu. Max estava pronto para receber algum tipo de reprimida por se manter em silêncio, ou porque agiu na impulsividade, ou por ser um idiota. Quando na verdade, foi atingido pelo corpo feminino. E a boca da Bakker estava junto a sua.
Max mudando a posição de forma quase automática e arrastando o corpo da mulher até a primeira parede que encontrava. Charlotte prendeu os dedos na camiseta, respirando fundo, os dois se afastando apenas o mínimo possível, enquanto tentavam recuperar a respiração. Nem fora um beijo completo, foi como um selar violento e implacável. Era a urgência. A necessidade.
— Eles insinuaram que podia perder por causa nossa.
— Eu sei.
— Você não vai perder.
— Eu sei.
— Eu proíbo você de perder, estamos entendidos. — ela agarrou os fios loiros, ao mesmo tempo que sentia a mão de Max subir até seu pescoço — Você vai vencer com quantos segundos for preciso a frente de todo mundo.
— Schat...
— Vai detonar a porra do seu companheiro se for preciso.
— Não pode falar palavrão, mama.
Max sibilou, a fazendo praticamente rosnar irritada. E esse era o poder que eles tinham um sobre o outro. Charlotte havia atingido o ponto em que estava furiosa simplesmente porque duvidaram da capacidade dele. Max se perguntou o que ela seria capaz de fazer, se a Red Bull soubesse da rixa existente entre a sua schat e seu pai. Se a Red Bull seria cara de pau de tentar usar isso... Charlotte seria capaz de voar em cima de alguém.
— Vamos pegar as crianças e vamos embora daqui. Não quero passar mais um minuto dentro dessa sede com a possibilidade de ver seu chefe agindo como um babaca ao falar que vendiam sua imagem solteira e mais a merda toda.
— Acho que ele finalmente entendeu o porquê me recusava a fazer comercial ou qualquer tipo de marketing com modelos, assim como o Checo.
Charlotte tinha os olhos castanhos banhado em fogo. Max não sabia dizer como, mas ele sabia o nível de irritação dela, apenas ao encarar as íris escuras.
— Quer fazer um comercial comigo? — ela estreitou os olhos — Podíamos fazer um com os pestinhas, como diz o Bradley.
— Não vou vender a imagem de um marido e de um papai bom para ninguém. — os dedos dela voltaram a puxa-lo para perto — Você vai ganhar todas as corridas e as que não ganhar, espero que seja para Daniel ou para Carlos que perca, compreendeu?
— Daniel está sem assento.
— Então só resta Carlos.
— Isso é uma exigência?
— Isso é uma ordem da sua mulher.
— As coisas estão ficando interessante.
Ela virou o rosto quando o holandês tentou a beijar, o fazendo encostar a boca contra a bochecha macia. E Charlotte suspirou, o dando um pequeno selinho.
— Vamos achar as crianças, quero abraçar elas.
— Por quê? — Max a empurrou de volta para a parede, afundando o rosto em seu pescoço e apenas respirando o cheiro doce da mulher.
— Porque estamos em Miami e somente essa reunião de merda me tirou toda a paciência, então preciso abraçar meus filhos e apenas me acalmar... É por eles que estamos fazendo isso também. Quero garantir que esse seja o melhor primeiro fim de semana acompanhando o papa deles. — Max ergueu o rosto, a olhando — É tipo aquele filme que vimos com eles, do "Divertidamente", estamos criando uma memória base.
Max assentiu, a vendo sorrir daquele jeitinho que sempre sorria ao falar das crianças. Eles tinham quatro filhos e haviam se afastado desde o nascimento dos gêmeos, mas agora eles estavam ali... Planejando a próxima memória base dos quatro pestinhas.
Eu adoro essa fotinho deles
A Char parece tão fofa
Sabe que eu recebi umas mensagens que me deixaram confusa quanto a sentimentos, juntando isso ao fato de que recebi críticas falando que não acreditam que a Charlotte ame o Max, fiz esse capítulo na intenção se trazer mais sobre eles
Nenhum dos dois é realmente maduro, eles ficaram em uma incrível gangorra que não tem um equilíbrio
Ou eles são extremamente maduros para algo, ou eles são extremamente imaturos. E agora eles vão viver algo novo. No qual não estão preparados
Charlotte nunca foi ao paddock com as crianças
Max nunca levou uma chamada da equipe
São extremos que acabam se batendo e estilhaçando
Espero que esse capítulo venha para mostrar que eles estão tentando
Existe sim muito amor da parte da Charlotte, só que ela ainda é a pessoa que mais fica com as crianças, então ela automaticamente vai acabar sendo mais rigorosa e não demonstrar tanto
Não sei se deu para entender, ou apenas os confundi um pouco mais
Aí, aí, aí
O que acharam?
O mistério da traição foi solucionado
Vovô Jos tem feito visita
Max coitado só tá levando na cara
As crias terríveis desde manhã
Abuelo Carlos e abuela Reyes aparecendo
Muitas roupas de marcas
Acho que a Charlotte tem razão sabe? Criança tem que se vestir como criança, estampas, cores fortes, coisas baratinhas... elas não cuidam
Seguimos para a reunião de equipe...
O que acharam do Christian?
Bradley sempre um fofo com a família Buscapé
Charlotte metendo marra em tudo eles
E ainda sentenciado o Max a ganhar e ganhar com quantos segundos de vantagens der
Essa mulher
Aí, aí, aí
2023 é o ano dela
Enfim, espero que tenham gostado
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