0.40
Vamos comentar né?
Por favor, meus docinhos
E eu adoro muito essa foto, eu que fiz, domi tá muito cabeçudo, mas ficou tão bonitinho
ESPANHA
27 DE MARÇO DE 2017
Max não havia respondido as mensagens de Charlotte. E ela estava sentada do lado de fora, o clima ainda estava frio, por conta da época do ano. Dominique estava do lado de dentro, porque Johannes estava na Espanha, porque aparentemente saiu da corrida direto para a Espanha, pois estava com saudades do neto. E a Bakker estava olhando o celular, mesmo que tenha dito que iria sair pois queria ler o livro... Caco havia a dado o mesmo livro de poesias do outro dia, um presente personalizado, visto que era escrito em holândes... O livro estava ao seu lado na cadeira de descanso.
— Lendo muito?
A morena ergueu os olhos, vendo Carlos arrumar sua toca na cabeça, esfregando seus braços e se sentando na cadeira ao lado. Charlotte sorriu para ele, dando de ombros, um pouco envergonhada.
— Ele só deve estar bêbado no quarto de hotel, não deveria estar tão preocupada.
— Não estou preocupada.
Carlos a olhou, daquela maneira que deixava claro não acreditar em uma palavra.
— Ele me mandou um "Boa noite" era três da madrugada, sei que foi dormir tarde.
— Então por que está assim?
— Porque o pai dele venho depois de uma corrida ver o neto, pois estava com saudades e ele não está aqui.
Charlotte bateu a mão contra sua perna.
— E o que mais...?
— E ele saiu para beber com Daniel e eu recusei um convite para ir no cinema, porque não quis deixar Dominique com a sua mãe, porque não é responsabilidade dela ficar com ele.
— Então está brava com a saída dele.
— Mas não pelo motivo que está achando. — ela olhou bem para Carlos — Confio nele, Carlos. Realmente confio, mas ele estava em um bar, enquanto eu estava cuidando do nosso filho e isso me pesou muito ao abrir a porta e dar de cara com o Jos.
— Por que não quis o deixar com a mamãe?
— Porque ele não é responsabilidade dela. Dominique é filho do Max e de mim. Não de qualquer um de vocês e pode parecer que estou sendo mal agradecida, porém eu já não acho justo estar de favor aqui, apenas porque tenho medo de morar nos primeiros meses com a Sophie e Victoria.
Carlos não sabia o que dizer, apenas se arrumando melhor na cadeira. Charlotte olhou o celular, ele não tinha vibrado ainda e ela suspirou, se arrumando na cadeira que estava e olhando o céu. Estava um dia bonito.
— Quer ir no cinema?
Ela olhou para o espanhol, a expressão confusa, tinha acabado de declarar o motivo para não ter aceitado no dia anterior.
— Você não quer deixar Domi com a mamãe porque sente que estaria se aproveitando, mas o pai de Max está na cidade... Está na sala.
— Não posso deixar meu filho com Jos. Você lembra o que ele ameaçou fazer?
— Jos não seria louco de fazer qualquer coisa a Dominique, sabe disso. Aquele gorduxo conquistou todos nós e não é nenhum pecado ter uma folguinha. — ele fez uma pausa, a cabeça tombando para o lado — Max está tendo.
— Eu precisaria esgotar leite e eu não fiz.
— Eu espero.
Charlotte o olhou, os olhos castanhos parecendo mais brilhantes que antes, como se estivesse com medo de ser apenas uma brincadeira. Carlos se sentou, ainda a olhando, esperando sua resposta.
— Esperaria mesmo? É meio demorado e eu teria que tomar banho, lavar os cabelos...
— Podemos fazer isso.
Carlos a interrompeu, a fazendo abrir um sorriso.
— Podemos mesmo fazer isso.
Charlotte concordou, se levantando também.
— O que você quer que eu faça? — Carlos a perguntou.
— Eu acho que vou tomar banho primeiro, então depois esgoto o leite... Será que dou mama a Dominique antes de esgotar?
— Não. — Carlos passou o braço por seus ombros — Deixamos para fazer quando voltar, ele está com o avô agora.
Carlos tinha certeza que nunca havia visto Charlotte tomar um banho tão rápido, porém, nem duas horas depois, os dois estavam no corredor, prontos para sair, depois que ela tinha arrumado tudo o que Dominique poderia precisar. E estava claro pela maneira como descia as escadas que estava considerando se devia ou não sair realmente. As vezes, mesmo que seja uma coisa necessária, ficamos com medo de o fazer.
— E se ele chorar?
— Quando falar que Domi está com Jos, a mamãe vai estar em cima e ela conhece o Domi. Não o deixará chorar.
— E se ele for embora e deixar Domi com sua mãe, ainda estaria sobrecarregando ela.
— Se ele for embora, aposto que a mamãe irá mandar mensagem reclamando e voltaremos na hora.
— Promete?
— Prometo.
Charlotte tomou fôlego, descendo um pouco mais decidida as escadas.
— Olha! — Jos o colocou de bruços, sorrindo na direção de Charlotte, coisa que ela não esperava, enquanto apontava para Domi, que conseguia erguer a cabecinha e um pouquinho dos ombros do tapetinho — Ele tá muito adiantado, Blue só conseguiu isso com quatro meses e ele tem três.
— Faço tummy time desde a segunda ou terceira semana. — Charlotte o informou, estufando o peito — Seu Jos, será que o senhor ficaria de olho em Dominique para mim?
— Claro. — o holandês nem ao menos a olhou, mexendo em um brinquedinho de Domi que fazia barulho — Aqui mesmo?
— Sim.
— Vai demorar?
— Umas três horas. — Carlos falou por ela e Jos ergueu o rosto, os olhando arrumados.
— Vai sair com o Sainz?
— Sim, algum problema? — Lottie cruzou os braços.
— Nenhum. — Jos sorriu de novo, aquilo estava ficando assustador.
— Vamos então. — Carlos pegou seu braço, não a dando tempo de desistir ao ver aquele olhar confuso na face de Charlotte — Mamá, lo vigilas, ¿verdad?
Mamãe, você fica de olho né? Carlos confirmou com Reyes, ganhando um aceno e ele arrastou Charlotte para a garagem, pegando a chave do Golf e sorrindo para a belga.
— Você vai ter a honra de entrar no "cabrón".
— Cabrón?
Carlos piscou ao parar ao lado do golf, abrindo a porta para a mulher.
— Senhorita?
— Senhor.
Ela sorriu ao entrar, os olhos faiscando na direção de onde ficava a porta que dava para a garagem, quase imaginando Reyes correndo na direção deles com Dominique nos braços, enquanto Johannes os perseguia. Aquilo a causou um arrepio, a fazendo mexer os ombros, tentando se livrar. E Carlos entrou no carro.
— Procura para nós os filmes que estão em cartaz?
Carlos pediu, arrumando o celular no console do painel, o GPS aberto e Charlotte estava o olhando o tempo todo, porque parecia mais fácil não ficar tão preocupada com a ideia de deixar o filho sobre os cuidados de Jos — mesmo que Reyes estivesse de olho — se estivesse concentrada em alguém. Carlos percebeu isso, começando a contar a ela que fazia tempo que não ia no cinema, desde que começou as corridas e tentava ser um pouco mais discreto.
— Nós poderíamos ver um filme em casa se achasse melhor.
— Aí não sairíamos de casa.
Carlos descartou a possibilidade, ligando o carro e saindo da garagem de forma rápida.
As ruas de Madrid estavam sendo preparadas para a Semana Santa, o que fazia os estabelecimentos estarem enfeitados ou coloridos ainda e Carlos percebeu que isso prendia a atenção da belga, explicando as poucas coisas que lembrava de quando saia com os pais. E eles chegaram rápido ao Cines Callao.
— Eu gosto mais desse aqui, mas se quiser, podemos ir em outro.
— Pode ser esse aqui.
Carlos concordou, antes de levar a mão para trás, pegando um óculos e boné. Trocando sua touquinha.
— Por que você...?
— Nunca viu "Superman"?
Charlotte riu, saindo do carro assim que ele o fez, segurando sua bolsa de mão. Ela estava usando uma calça branca e um casaco grosso e quentinho por cima. A touca branca combinando também. E Carlos a puxou para perto dele, a cabeça meio baixa, e ele tinha estacionado bem perto da entrada.
— Você não disse o que estava em cartaz.
— Logan, Power Rangers, Vigilante do amanhã, Fragmentados e... — Carlos sabia que esse seria o escolhido apenas pela maneira como fez a pausa e o olhou com expectativa quando puxou a porta, a deixando sorrir ao ver o grande cartaz com o último filme.
— Tá brincando né?
— É um clássico.
— É um filme infantil, Lottie.
Ela piscou os olhos e ele bufou irritado, agradecendo que aparentemente tinha encaixado os horários pois não precisariam esperar muito para entrar na sala, se movendo para o balcão com ela.
— Tem a Emma Watson.
— Quem é essa?
— Hermione, do Harry Potter.
Carlos bufou novamente, só tinha um casal na frente deles e Charlotte continuou.
— Pelo que li nas críticas, não tem muito musical e...
— Dois ingressos para "A Bela e a Fera". — Carlos pediu a atendente, enquanto Charlotte passou os braços pelos seus ombros, o abraçando — E dois potes grandes de pipoca e dois refrigerante. Quer doce ou salgado?
— Mista. — ela sorriu, ouvindo o barulho de notificação do seu celular.
Carlos concordou, a sentindo o soltar e mexendo na bolsa. Ele percebeu muito bem como os ombros murcharam um pouco ou como ela não digitou nada, antes de guardar o celular.
MAX
"Boa tarde. Como vocês estão?
Eu cheguei em casa naquele horário que mandei mensagem, só cai na cama e dormi
Acordei agora
A equipe pediu para mim e Daniel ir para a fábrica
Então não vou conseguir ir para a Espanha
Qualquer coisa manda mensagem
Vou desligar agora porque estou no avião"
— Eu quero aquele chocolate ali. — pediu a atendente, passando a mão pelos cabelos e olhando para Carlos — Qual lugar escolheu?
— Meio.
— Boa escolha.
— Eu pago. — Carlos murmurou ao vê-la pegar o cartão, a lançando um olhar irritado — Aí sim, eu convido e você paga. Onde isso? Max faz isso? Porque se ele fizer, você precisa o socar e...
— Nunca saímos em um encontro.
— Nunca?
— Nunca. Primeira vez na casa do Florence, depois ele ia na minha casa e quando eu ia nas corridas, ficávamos mais no quarto e só saímos para aquele jantar com sua família e depois a festa.
— Um casal normalmente tem encontros.
— Você levou a Isa para sair?
— Sim.
Charlotte deu de ombros, recebendo seu chocolate.
— Vocês realmente adiantaram muitas coisas com Dominique.
— Sério? Não tinha percebido.
Carlos percebeu o sorriso no rosto, mas também o tom levemente amargurado.
— Bom, como seu quase irmão... — ela o olhou estranho — Vou te mostrar como é um encontro, apenas sem a parte romântica, assim você vai ter como base alguma coisa para quando o Max virar gente.
— Eu sei como é um encontro.
— Você acabou de dizer que o Max nunca te levou a um.
— Eu não sai só com o Max né?
— Você tem 18 anos, Charlotte.
— E você era virgem nessa idade?
Carlos pegou os potes de pipoca em silêncio, a fazendo rir. E Charlotte era engraçada, do tipo que o fazia rir ao comentar o filme, ao mesmo tempo que quase chorou com a valsa e tinha a mão na boca quando a Fera quase caiu por conta de Gaston. E ele pensou que parecia não conhecer Charlotte. Eles tinham uma boa relação e tudo, mas era a primeira vez que a conhecia realmente, sem a presença de Max, sem a presença de Dominique, apenas ela.
CHINA
9 DE ABRIL DE 2017
O telefone de Max estava tocando, ele sabia disso ao cair na cama. Ele até mesmo sabia quem estava ligando, porque ela tinha mandado uma mensagem dizendo que o faria naquele horário e ele não tinha saído para comemorar seu pódio, porque sabia que ela ligaria, foi um combinado antes da corrida. Ela nem ao menos sabia que ele ficaria em terceiro. Mas eles tinham combinado. E ele não tinha ido a Espanha desde os dias após o segundo mesversário de Dominique, mas eles ainda trocavam mensagens.
O telefone parou de tocar e ele suspirou, fechando os olhos por alguns instantes.
Ele tinha mais um pódio.
Terceiro lugar.
Quinze pontos.
Por que estava triste mesmo?
Ah, é! Sua mulher não queria o deixar falar com ninguém sobre ela e seu filho. Isso parecia uma resposta boa o suficiente e uma desculpa para não estar a atendendo também.
ESPANHA
25 DE ABRIL DE 2017
Max chegou para o quarto mesversário de Dominique com um ursinho de pelúcia de um chassi da Red Bull. Quem abriu a porta foi Ana e ela o olhou de cima a baixo, o fazendo erguer um pouco do queixo, não querendo ficar por baixo.
— Lembrou que tem filho e mulher?
— Cala a boca. — ele mandou, entrando na casa.
— Espero que saiba o quão babaca está sendo por não ter vindo antes.
Max ergueu o polegar, entrando na sala e vendo a pequena decoração da Bela e a Fera. Ele sabia que Charlotte tinha escolhido com Carlos, porque Carlos o contou no Grand Prix do Bahrein. Ele e Charlotte trocavam mensagens, mas eram mais sobre como estava a rotina de Dominique e ela perguntava quando ele vinha e então ele fingia que estavam o chamando, quando na verdade apenas estava no apartamento de Milton Keynes.
Ele estava de saco cheio.
— Olha quem chegou, pessoal. — Ana anunciou, porque Charlotte estava sentada no chão, de costas para a entrada, Dominique em seu colo, meio sentado, enquanto ela o mantinha com uma mão.
— Que bom que chegou, filho! Olha o que aprendemos! — Jos sorriu ao filho ao pegar Dominique do colo da Charlotte — Vamos lá, Domi!
E o bebê apoiou as mãos no chão, só erguendo a cabeça, não era propriamente uma grande coisa, mas todo mundo estava batendo palmas. Max estava olhando para as costas de Charlotte.
— Muito bom, mijn prins!
Charlotte beijou a cabeça de Domi ao pega-lo de volta e Max finalmente viu seu rosto. Ela estava com uma franja, ele não sabia dizer bem o que era, os cabelos um pouco mais curto.
— O que foi? — ela riu ao perguntar, se levantando com Domi — Fez uma boa viagem?
E ela tocou sua bochecha. Como se ele não tivesse recusado suas ligações e se negado a ir ver os dois. Domi o olhou, os grandes olhos azuis em cima do pai, demorando um pouquinho a mais de tempo para se atirar em seu colo. Max o pegou, apertando bem contra si. A pior coisa tinha sido não ver Dominique. Nao ver Charlotte era bom, porque o dava raiva para continuar.
— Estava com saudades do papa? — Char brincou com o bebê, passando os dedos pelo seu corpinho e o fazendo rir contra o colo de Max.
Max prendeu melhor as mãos no filho, o erguendo um pouquinho mais acima do rosto, o olhando bem. Domi abriu a boquinha banguela, soltando um risinho baixo que fez Charlotte dar mais um passo e o olhar toda orgulhosa. E por que Max estava com raiva dela mesmo? Oh! Ele começou a repetir os motivos ao perceber que já estava se perdendo.
A tarde foi rápida, a maior parte do tempo, Max ficou meio zanzando na volta, sem conseguir se encaixar direito. Kelly não tinha ido, porque Daniil e ela tinham compromisso. Isa tinha prova da faculdade na manhã seguinte. Carlos parecia grudado em Charlotte. Daniel estava na Austrália. Existia Ana e Blanca, ambos o olhavam irritadas. E Caco... Ele não se dava bem com Caco, mas pelo menos os dois conseguiram manter uma pequena conversa quando estava sozinho.
— Amanhã vou para casa. Quero ver como Blue Jay e Kelly estão. — Max ouviu seu pai falar a Charlotte, enquanto tinha Domi no colo — Já faz alguns dias que não vou.
— Mas o senhor vem para o batizado no dia 15 né?
— Sim, Charlotte. Claro que venho ao batizado do Domi.
— Ótimo. — Charlotte sorriu para o pai de Max, causando estranheza para o número trinta e três — Obrigada por ter ficado com ele ontem.
— Você ficou com o Domi? — Max questionou ao se aproximar, aproveitado a deixa.
— Aham. — Jos murmurou sem dar muita atenção, se voltando a Charlotte — No próximo dia, eu o levo para passear na cidade. O que acha?
— Eu...
— Você só o leva se eu for junto. — Carlos Sênior se intrometeu.
— Se você quer sair comigo, Sainz. É só dizer. Fica igual um urubu na minha volta já. Não posso nem brincar com meu neto que você fica em cima, como um abutre.
— Preciso ficar de olho.
— De olho no que? Meu neto é muito bem cuidado por mim. — Jos devolveu irritado, enquanto Domi tinha a cabeça contra seu ombro, os olhos pescando — Eu teria que ficar de olho se ele estivesse com você. Um velho.
— Pois o velho aqui bate de frente com um bando de novinhos. Não me aposento por qualquer coisinha. Diferente de uns e outros por aí.
— Eu me aposentei para ficar mais com minha família e, levando me consideração que a minha nora pede para que eu cuide do meu neto, ao invés de você. Isso significa muito e...
— Deu os dois. — a belga mandou, tomando Domi do colo de Jos — O que estão pensando ao brigar perto dele? Eu já tinha falado que não queria. Parece que não aprendem.
Max viu os dois pedindo desculpas a ela, antes da Charlotte declarar que precisava dar mama a Domi, subindo as escadas. E Jos foi embora, não dando muita bola ao filho.
— Meu pai tá chamou de "minha nora"?
Max questionou ao invadir o quarto, Charlotte estava colocando Dominique no berço quando ele entrou. A belga deu de ombros.
— E por que ele ficou com Dominique? Você não podia ficar?
Charlotte suspirou, arrumando a camisa que ainda estava torta de ter dado mama.
— Charlotte, eu estou falando com você.
— E você quer falar agora? — ela se virou para ele, finalmente — Quer dizer, porque eu entendi bem o recado quando desligou todas as minhas tentativas de chamada.
— O que tá acontecendo?
— Eu não sei, Max. Você que está me ignorando.
Max bufou, parecendo irritado.
— Que tal conversarmos?
Charlotte se sentia meio estúpida por sugerir aquilo, porque eles já estavam conversando. Porém, tinha algo bloqueando de alguma forma os dois... ela não sabia explicar.
— Você... Você quer conversar? — Max tinha um tom irônico ao questionar, a fazendo ficar vermelho — Okay. Vamos conversar. Por que meu pai está ficando com Dominique?
— Porque me sinto envergonhada de pedir para a tia Reyes e o tio Carlos ficarem com ele, já que moro de favor. — Charlotte foi sincera ao menos.
— E por que Dominique esta ficando com meu pai?
— Eu já respondi.
— Onde você está nesse tempo? Porque se o meu pai fica com o Domi, você está onde?
— Eu saio com o Carlos.
— Que Carlos? — Max já estava preparado para escutar um "Oras, o Caco".
— O Junior.
Max franziu a testa.
— Carlos que é piloto?
— Aham.
— E vocês fazem o que?
— Vemos filmes, jantamos, tomamos café...
— Por que isso?
— Sei lá. Só saímos.
Charlotte deu de ombros.
— Você tá tendo encontros com o Sainz?
— Que? — os olhos da Charlotte se arregalaram.
— Você... Café, jantar, cinema... Vocês...?
— Não. Claro que não.
Max nunca pensou que respiraria aliviado, porque ele nunca tinha se dado de conta que Carlos podia ser uma ameaça. Então, a Charlotte vinha com esse de café, jantar e cinema... E, meu Deus, graças a Deus que ela parecia indignada.
— Eu só estranhei, okay?
— Não precisaria sair para café, jantar e cinema com Carlos se você saísse comigo.
— Charlotte, uma hora você não quer ser assumida, outra hora você quer. Precisa se decidir.
— Não saiu nenhuma nota sobre Carlos e eu na imprensa. Nós planejamos nossas saídas, somos discretos e nos divertimos. Se tivesse interesse em sair comigo, teria pensado nisso.
— Eu nem sabia que você queria sair, Charlotte.
— O que pensou? Que eu adoro ficar trancada dentro de casa apenas cuidando de nosso filho?
Max não a respondeu.
— Está ficando tarde, talvez seja hora de você ir.
— O que? Eu... Eu durmo aqui, eu sempre durmo aqui.
— Você não fala direito comigo a pelo menos um mês. Não pode fazer isso e achar que pode apenas assumir o lugar que tinha antes.
Max estava boquiaberto, a vendo apontar para a porta. E ele quase foi embora, apenas para lembrar que quem tinha feito merda foi ela e não ele. Resultando em apenas trancar a porta, se voltando a mulher.
— Nós tínhamos combinado que iria falar a equipe sobre nós. — o dedo dele apontou na sua direção — Você começou a chorar no corredor e jogou todo mundo contra mim. Não pode me culpar por me afastar e pensar sobre isso. Você conversa com todo mundo, menos comigo sobre nós. Isso não é legal, Charlotte.
— Se estava incomodando sobre eu não falar contigo, por que não venho falar comigo?
— E você me dá abertura para falar contigo? Você se emburra com tudo, Charlotte. Fica com um bico do tamanho do mundo e se acha certa.
— Eu te escutaria. Se você não gostou, precisa falar e...
— Porque eu tenho que fazer tudo nessa relação?
— Eu estou com Dominique, Max. Desculpa se não consigo falar sobre nossa relação com você, quando me sinto tão esgotada e...
— Você não trabalha. — a belga tinha a boca aberta, o encarando — Se você trabalhasse saberia o que é estar esgotada de verdade.
— E você acha que eu queria ficar em casa com ele, Max? — ela gritou, sem conseguir controlar a voz, fazendo os olhos de Max ir para o berço, vendo Dominique se mexer incomodado, mas seguir dormindo — Eu passo todos os dias desde que Dominique nasceu pensando em como eu poderia estar na minha casa, com a minha mãe, com a minha irmã ao invés de estar sendo sustentada por pessoas que acabei de conhecer e você. Eu perdi tudo quando engravidei, enquanto você está viajando para cima e para baixo, mal fica com nosso filho e ainda se acha no direito de sair para beber depois de uma corrida.
— Eu sabia que você não estava bem com minha saída com Daniel. — ele riu, apontando novamente o dedo — Eu disse a Daniel que você surtaria.
— Meu Deus, você só pensa em você!
— Quer mesmo falar sobre só pensar em si? — Ele gritou também. Dessa vez Dominique abriu os olhos. Não que eles estivessem prestando atenção. — Você é a pessoa mais egoísta que conheço. Você não pensa em mim. Você só pensa em você e você.
Dominique começou a chorar. Um gritinho estridente. Charlotte fechou os olhos, respirando fundo, enquanto Max a olhava.
— Você estava de saída, não?
Charlotte o sentenciou, se movendo para o berço. Ela tinha certeza que não fazia nem meia hora que estavam no quarto. E Domi estava vermelho quando o tirou do berço, o colocando contra seu peito e já sentindo as mãozinhas contra sua roupa.
— Oh, mijn prins! Mama is hier. Je hoeft niet te huilen.
Oh, meu príncipe! A mamãe está aqui. Não precisa chorar. Max a viu passar a mão pelas costinhas de Dominique, enquanto o bebê parecia tremer contra ela. E ele sentou na ponta da cama, a vendo acalmar o filho deles.
— Mama isso hier! — A mamãe está aqui. Charlotte seguiu repetindo, porque ele estava cheio de mama ainda e se oferecesse tinha certeza que acabaria aceitando, isso geraria refluxo e não ajudaria em nada.
— Você quer que eu o pegue um pouco? — Max se ofereceu, a vendo o olhar irritada, mesmo assim aceitando. E ele se moveu para perto dos dois, o pegando de Charlotte, e os gritinhos que haviam acalmado recomeçaram — É o papai, filho. Fica um pouquinho com o papai... — Ele balançou o nenê, os olhos se encontrando com os da mulher — O papai está aqui.
— Ele não vai se acalmar, Max. — ela chiou, aquele nervosismo de apreensão, o choro não tinha acabado ainda — Me dá aqui de novo.
— Não. — o piloto deu um passo para trás — Eu consigo.
— Não, não consegue. Domi é nenê, duvidar nem lembra de você.
— Foram alguns dias, Charlotte.
— Você saiu daqui o dia 28 de fevereiro, faz cinquenta e sete dias. Não foram apenas uns dias. E você recusava chamadas de vídeos e Dominique chorou, porque ele queria o pai, porque era acostumado com você. E você não pensou nisso, porque estava magoado comigo e isso é injusto, porque em todas as vezes que faço algo, preciso pensar nele.
Dominique ainda estava berrando. O choro estridente. E Max o entregou a Charlotte, levando as mãos a cabeça e soltando um som frustrado. A belga nem ao menos lembrou do possível refluxo, indo parar ao lado do holandês na cama e tirando o peito para fora. Dominique tinha o rosto em um vermelho forte assim que pegou o peito.
— Merda! — ela precisou afastar o seio, o fazendo gritar irritado — Eu não limpei! Me alcança o lenço!
Domi gritou, a mãozinha tentando afastar a da mãe.
— Anda, Max! — o loiro se assustou com o pequeno empurrão em seu braço e ele arregalou os olhos — O lenço umedecido! Preciso limpar o peito.
Max pegou o pacote, alcançando a mulher, a vendo enrolar seu dedo e enfiar na boca de Dominique. O bebê brigou e Charlotte o tirou de forma rápida, pegando outro e passando no bico de seu peito.
— O que...?
— Meu bico estava rachado, passei pomada. O médico pediu para Dominique não mamar antes de limpar. — ela finalmente deixou o bebê colocar a boca no seu seio e um gemido dolorido saiu — Errei o peito! Mas vai agora...
— Errou?
— O outro não está rachado.
Eles ficaram em silêncio, apenas deixando a tensão do choro de Dominique sumir, respirando aliviados ao ver como o rostinho não estava tão rosado mais e Max encarou os dois. Charlotte parecia concentrada.
— As vezes parece que esta comigo apenas porque fui a única opção que tinha.
Max declarou, a vendo franzir a testa, ainda com os olhos fechados.
— Você não era minha única opção.
Ela finalmente o olhou.
— Eu escolhi você.
— Não parece que fez a escolha que queria.
— Você sempre foi a minha escolha, Max. Mas isso não significa que vou anular tudo que sou para me encaixar no que deseja. Eu também sou importante. Eu não quero realmente que fale sobre nossa família, porque tenho medo da mídia e combinamos no primeiro mês de Dominique que seria apenas quando ele tivesse dois anos. Aquilo foi um combinado. Se você não queria, deveria ter falado. Você não falou. Assim como eu não falei quando quis contar a equipe. Nós dois apenas aceitamos. Nenhum de nós estará feliz enquanto não conversarmos. Mas nós não conversamos.
— Eu não me sinto amado por você.
— Que?
— Eu não sinto que sou importante para você, que me ama.
— E você acha que está me fazendo sentir amada? — Eles se olharam — Desde o momento que venho com essa ideia de contar a sua equipe e terminar com nosso combinado a única coisa que penso é como você não me escuta. Então eu fiquei com medo, estou com medo, precisei falar com alguém e você não tocou no assunto depois, apenas foi embora e me deixou. Você nem ao menos me respondia direito. Acha que isso é a atitude de quem ama outra pessoa?
— Você não me respondeu quando imaginou coisas com aquelas modelos.
— Talvez nenhum de nós tenha maturidade para isso então.
— Talvez devêssemos dar um tempo.
Max não acreditava que estava dizendo aquilo. Ele tinha mesmo sugerido que era para darem um tempo? Ele só poderia estar louco. Era isso. Será que era o álcool ingerido a dois dias? Só poderia ser.
— Você quer dar um tempo?
— Parece sensato.
— O Ross traiu a Rachel no tempo.
— Que, Charlotte?
— O Ross traiu a Rachel quando eles deram um tempo. É por isso que quer terminar?
Max riu, negando com a cabeça.
— Você só pode estar brincando. — Domi tinha dormido — Não, Charlotte. Não quero dar um tempo porque quero ficar com alguém. Quero dar um tempo para que possamos pensar se isso é realmente o que queremos. Porque só sabemos brigar.
— Você quer isso?
— Não, não quero ficar com alguém além de você.
— Não. Você quer dar um tempo?
— Quero.
Ele a viu confirmar, se levantando da cama com Dominique ainda entre seus braços. Max a encarou se afastar, se abaixando para largar o filho dos dois no berço. E esperou, percebia o cobertorzinho ser posto, a maneira delicada como arrumou a cabecinha no travesseiro.
— Tudo bem.
Ela concordou ao se virar, o tom mais baixo, as mãos encostando nas grades do berço. E era a feição quase cínica, como se não se importasse, que irritava Max.
— Eu ainda vou vir aqui, obviamente. Acho que só precisamos colocar a cabeça no lugar.
Ela concordou.
— Tudo bem para você mesmo?
Charlotte deu de ombros.
— Só é meio engraçado, porque até dezembro, eu era tudo o que você queria.
— Você ainda é tudo o que quero.
— Você que está pedindo "um tempo".
— É impossível falar com você.
— Bom, agora você não precisa.
— Charlotte, eu vou ter que falar até o final da vida com você. Querendo ou não. Você é a mãe do meu filho.
Ela virou o rosto.
Max se levantou, se aproximando do berço, um pequeno olhar para o bebê deles, antes de encostar as mãos na grade, assim como ela estava antes. Os dois focaram na parede do outro lado, o tom em creme com um enorme quadro com flores.
— Querendo ou não. No momento não né?
Max a escutou o ferroar, antes de tirar a mão direita da grade, se virando de lado, encostando na face feminina, antes de juntar a boca dos dois. Charlotte prendeu ambas as mãos contra a camisa do piloto, o puxando para si. Fazia um tempo, no dia que Max saiu depois do segundo mesversário, Dominique chorou como um desesperado quando Max abraçou a mãe dele, segundo o piloto, Charlotte disse que foi apenas o acaso.
— Sinto saudade sua.
Charlotte confessou quando ambos se separaram. Max concordou, se colocando contra ela, as mãos em seu rosto, encostando suas testas e apenas respirando junto.
— Eu sinto muito.
Charlotte encostou suas bocas novamente, acariciando as bochechas de Max, as deixando coradas. E Max saiu depois de mais um beijo. Domi chorou quando a mãe dele o acordou para deitarem juntos na cama. Não sei se ele estava feliz com isso.
Nem tudo é alegria
Eu preciso comentar que eu chorei
Chorei demais escrevendo
E para provar que não esperava isso, vou mostrar minha conversa surtando com minha amiga
Apagando algumas coisas, porque é muito spoiler
Embasbacada, chocada e chorona
Max pedindo tempo não estava nos meus planos
Carlos sendo um irmão para a Charlotte
Jos finalmente mostrando algum respeito pela Charlotte
O que deixar o Domi com ele não faz né?
Aí, os dias de glória vem
Prometo
Segundo capítulo que prometi, de quatro títulos
Espero que gostem
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