0.39
ESPANHA
25 DE JANEIRO DE 2017
Dominique tinha uma das "grandes" mãos tocando o peito direito de Charlotte, enquanto a outra estava embaixo do braço da mulher. Os grandes olhos azuis estavam abertos e encarando o rosto da mãe com preguiça. A boquinha posicionada no bico do peito. Charlotte nem ao menos se animava a reclamar sobre a ardência sentida cada vez que o filho mamava, apenas sorria para o rostinho redondo.
Os cabelinhos loiros haviam adquirido um "corte" novo, graças ao fato dos fios de trás da cabeça terem caído. E a belga nem sabia como isso tinha acontecido, porque pelo que sabia, eles apenas cairiam se Dominique ficasse no bebê conforto ou carrinho, a criança precisaria estar deitada e Dominique passava mais balançando de colo em colo, do que em qualquer lugar que deveria estar.
— Você é a coisinha mais totosa né?
Charlotte tinha jurado que não faria voz de bebê ou falaria as palavras erradas. Mas olha quem estava errando a palavra de propósito apenas para ver o filho abrir a boquinha daquela maneira engraçada e rir para ela? Exatamente. Não tinha promessa que durasse quando o assunto era Dominique.
— Você já está babando nele? — a voz sonolenta de Max soou embaixo da coberta.
O abuelo tinha, em teoria, o proibido de dormir na mansão Sainz. Todavia, Max exigiu estar presente pela madrugada para ajudar a cuidar de Dominique, visto que passou todos esses dias longe. E o abuelo aceitou de maneira muito mal humorada, a abuela havia o levado para uma sala privada antes disso acontecer... Todos ouviram os gritos.
Charlotte não tinha o que reclamar do loiro, porque nas últimas noites, conseguiu dormir que era uma beleza, porque Max acordava a qualquer choramingo de Dominique para o trocar e também cuidava quando a coberta saia de cima de seu corpo. Max também dava banho, mesmo que só fizesse quando Sophie-Marie estava presente, na hora da visita, porque gostava de como a mãe o orientava a fazer. E ele também corria sempre que Dominique queria peito, o levando para Charlotte a velocidade da luz quase.
— Ele tá acordado.
— E isso é sinal que deve babar nele?
Charlotte arrumou melhor as pernas, o bebê resmungando, como se ela fosse capaz de o tirar do seu tete. A mulher estava com as costas contra a guarda da cama, uma almofada nas costas e os pés postos de maneira a ficar com as pernas dobradas e poder deixar Dominique bem seguro em seu colo.
— Ele esta mamando.
Max se virou, estando antes de bruços, mas virado para o outro lado, onde o berço acoplado a cama estava, onde Dominique estava até meia hora atrás, antes de Charlotte acordar e o puxar para seu colo, murmurando baixinho que estava com saudade. Max olhou para a mulher, sentindo o tecido da coberta fazer cócegas em suas costas.
— Você está linda.
A belga fez um barulho estranho, como um pequeno deboche, o fazendo passar o braço por baixo do travesseiro e se arrumar melhor. A encarando, esperando sua resposta.
— Acho meio difícil quando estou usando um sutiã de gestante e uma calça de pijama do Bob Esponja.
— Acho que você ficaria linda até saindo de um tsunami.
— Eu não sei nadar, então é provável que acabasse morta antes que me visse novamente.
— Você não sabe nadar?
— Não...
— Não sabe mesmo?
— Não, Max, eu não sei nadar. Tenho certeza.
— Eu poderia te ensinar a nadar. — ele sorriu maior — Depois, poderíamos ir a praia... Ou, quem sabe, você já aprenda direto na praia. Deus sabe o quanto eu ia gostar de te ver em uma praia.
Max percebeu muito bem como as bochechas de Charlotte atingiram o tom rosado de quando estava envergonhada. Ou como ela mordeu os lábios para não sorrir na sua direção. E ele moveu o corpo, passando o rosto pela perna feminina e se encaixando próximo aos pés de Dominique.
— Ele vai te chutar.
— Não vai não. Ele sabe que é o papa.
Charlotte confirmou, mesmo ainda estando desconfiada, antes de arrumar Dominique melhor, afastando as perninhas de Max e levando a sua mão livre para os cabelos do mais velho. Muito mais carinhosa do que ele esperava.
— Ele esta com um mês... Hoje.
— Acho que ainda lembro do nascimento de nosso filho.
Charlotte o encarou séria, daquele jeito que o deixava com vontade de a beijar para trazer um sorriso a seu rosto. E ele chegou a apoiar a mão no colchão, deixar os pensamentos intrusivos ganharem e apenas beijar sua namorada, a mãe de seu filho, quando ela desviou sua atenção, soltando um suspiro e o perguntando:
— Ainda estamos fazendo um bom trabalho né?
— Você está.
Domi se remexeu, a mãozinha ainda contra o seio da mãe, os olhinhos dorminhocos, quase pegando no sono novamente.
— Desculpa pelo drama desses dias. — Charlotte murmurou ao piloto — Sei que não precisa escutar tudo o que digo quanto a estar cansada.
— Charlotte, você pode ficar cansada. — Max sibilou, sentindo os dedos femininos contra a raiz de seus cabelos, acariciando e quase o fazendo dormir — Dominique é nosso filho. Quer dizer, a carga deveria ser a mesma para nós, porém, com o fato de não querer que a mídia saiba de vocês, isso acaba deixando a maior parte a você e...
— Ele tem menos de um mês. Não é como se pudéssemos coloca-lo dentro de um avião e simplesmente o arrastar para onde você for.
— Mas se a equipe soubesse, as coisas seriam mais rápidas.
— Sim, a mídia estaria em todo lugar que você vai, apenas esperando tirar uma foto sua para deteriorar sua imagem e nos fazer brigar. É assim que funciona. Você sabe disso.
— Está com medo da mídia?
— De quem você achava que eu estava, Max? — ela empurrou um pouco a coxa para cima, o fazendo se afastar — Eu vejo os comentários, sei como funciona isso e eu sabia antes mesmo de ter engravidado de Dominique... Bom, quando estava e não sabia que estava grávida... Não importa. Enfim, qualquer pessoa sã iria preferir esperar a criança ter um, dois anos, pelo menos, antes de leva-lo a esse mundo com a mídia.
— Um ano então?
Max estava apoiando as duas mãos no colchão, o rosto a centímetros da Charlotte. Não era apenas uma pergunta, era um trato. E a mulher passou a língua pelos lábios, os olhos seguindo para o garotinho deitado em seus braços.
— Dois anos.
Max concordou, mesmo que tenha apertado a mandíbula. Dominique finalmente soltou o peito da mãe e o Verstappen o puxou para si, o colocando contra seu ombro e a auxiliando para que o bebê arrota-se. Charlotte sorriu na direção dos dois, fechando o sutiã, após colocando o algodão contra a mama.
— Em dois anos, você vai roubar o coração de todo mundo.
Max afirmou ao bebê, mesmo que Dominique tivesse regurgitado um pouco contra seu ombro. E ele tinha uma euforia diferente ao pensar em poder os apresentar a equipe, ao seu mundo, como sua mulher, junto a seu filho, isso parecia o ápice da perfeição. Aqueles dois eram o seu mundo todo, apenas a esperança de os apresentar o dava um gás a mais. Apenas mais dois anos... Dois anos passam rápido... Era o que ele esperava.
ESPANHA
28 DE JANEIRO DE 2017
A primeira festinha de mesversário do Dominique foi de um bruxinho verde, no sábado, visto que algumas pessoas não iriam conseguir comparecer na quarta-feira... Charlotte não o conhecia o tema, mas Blanca e Ana pareciam completamente realizadas, ainda mais quando Domi ficou em seus colos e elas tiraram foto com suas amigas. Em determinado momento, quando o bebê começou a choramingar, querendo a mãe, Charlotte quase achou que as duas poderiam brigar com ele por não estar colaborando. Ela não ficaria surpresa.
— Elas sabem que você é a mãe né?
Max acabou perguntando ao se aproximar com um pratinho cheio de frios em mãos, ao parar ao lado da cadeira onde Charlotte estava sentada, apenas observando Domi sendo trocado de colo em colo. Ele estava apagado, adorando toda a atenção, sendo enchido de balda, do tipo que nem se mexia, apenas resmungava se não estivesse na velocidade que gostava. E Charlotte encolheu os ombros, não sabia dizer se Blanca e Ana sabiam ou não. Elas haviam se declarado madrinhas depois de uma cerimônia de batizado de madrugada a alguns dias, ganhando até mesmo de Carlos... Aquilo deveria ser preocupante, mas ao menos o bebê parecia gostar de as ter como madrinhas.
— Que dia vamos batizar ele mesmo?
— 15 de maio, um dia depois do Grand Prix da Espanha. Vocês todos vão estar aí e... — ela percebeu a falta de uma pessoa — Por que o Bradley não está aqui?
— Ele foi para a família dele nesse fim de semana.
— No aniversário do Dominique?
— Mesversário. — Max a corrigiu, a vendo o olhar com a pior expressão possível — Ele vira daqui uns dias para iniciarmos o treinamento mais pesado. Não se preocupe.
— Ele já perdeu o batizado de Dominique.
— Charlotte, até eu quase perdi o batizado de Dominique. Quer dizer, a Ana e a Blanca nem nos avisaram, apenas enfeitaram e nos acordaram de madrugada. Se eu não estivesse aqui, o que teria acontecido? Perderia o batizado do meu filho?
— Elas tinham boas intenções.
— Ter boas intenções e consultar os pais da criança que se convidaram a batizar são coisas diferentes. — Max estava sério ao comentar aquele assunto, não era a primeira vez que tocava naquilo — Você já o pegou hoje sem ser para dar mama, schat?
A belga desviou os olhos.
— É isso que estou querendo dizer, entendo que elas estão animadas sendo o primeiro "sobrinho", mas elas acabam perdendo a mão e nos tratando como se fossemos apenas uma incubadora. Aposto que se fosse agora até lá, iriam fazer careta para entregar o nosso filho para nós.
— Não é por mal.
Max percebeu muito bem como Charlotte se inclinou na sua direção, a boca raspando sua bochecha e o fazendo respirar seu cheiro. Ele sorriu, a fazendo apertar seu braço.
— Você está tentando me distrair?
— Aham. — ela riu, passando o nariz por sua bochecha — Está funcionando?
O holandês sorriu, olhando na volta, apenas para confirmar a falta do Carlos Sênior, antes de levar uma de suas mãos até os cabelos castanhos da belga, prendendo seus dedos, antes de encostar suas bocas. Charlotte apertou seu braço novamente, deixando sua língua escorregar pela sua, os olhos fechados e apenas aproveitando o momento, ao menos, até a mão alcançar o ombro do Verstaooen, o puxando para trás e, antes mesmo de abrir os olhos, Max já sabia quem era. Só existia uma pessoa naquela casa que o faria.
— Opa!
Ele não se surpreendeu ao se separar da sua namorada e encontrar o piloto de rali.
— Olá, seu Carlos.
— Atrapalhei? — Max queria revirar os olhos — Uma pena. Hija, queria te apresentar meu grande amigo. — Charlotte franziu a testa, se levantando assim que o pai de Carlos a ofereceu a mão — Querida, esse é o Omar e o José, filho dele. Eles estavam muito animados para te conhecer.
— Me conhecer? — a belga não conseguiu esconder a expressão confusa, vendo Max se erguer de sua cadeira também.
— Sí, sí. — Max começou não gostando do velho, o achando desagradável ao não aceitar a mão de Charlotte e a fazendo segurar um pequeno grito surpreso ao ser levada a um abraço — Carlos solo supo hablar de tien nuestros últimos encuentros.
Carlos só sabia falar de você em nossos últimos encontros. Max encarou o pai de seu antigo companheiro de equipe, vendo Charlotte encarar o homem sem entender a última frase, enquanto o tal José pegou sua mão. Por que ele estava pegando a mão da sua schat mesmo?
— Le dije que era hermosa, ¿no es así, José? — Eu disse que ela era bonita, não disse, José? E o homem olhou a belga — José duvidou quando eu disse que você era linda, hija. Precisei o trazer para mostrar.
— Un placer conocerla, señorita Charlotte e... — Um prazer conhecê-la, senhorita Bakker. Max percebeu muito bem a maneira como aquele espanhol estava olhando sua namorada e, resolveu ser um bom momento para se pronunciar.
— Mijn vader arriveerde, mijn vriendin. — Meu pai chegou, minha namorada. Max falou um pouco mais alto que todos, ganhando a atenção — Lo siento, no debes haberlo entendido. Pero yo le dije que mi padre se había puesto en contacto con mi novia. Perdona. — Perdão, vocês não devem ter entendo. Mas eu disse que meu pai chegou a minha namorada. Com licença. Max não tinha o seu melhor espanhol, porém já foi o suficiente para fazer o abuelo o encarar com raiva e ele sussurrar antes de puxar Charlotte para ir até seu pai — Boa tentativa, vel-abuelo.
— O que foi isso? — Charlotte o perguntou assim que se afastaram o suficiente.
— Seu pai postiço sendo um idiota, como sempre. — Max passou o braço por seus ombros — Nada com que nos preocupar.
— Não entendi uma palavra que Omar e José falaram... Eles sabem que eu não falo espanhol?
— Não e nem precisam. — Max beijou sua cabeça, vendo Johannes chegando a frente com Kelly van der Waal, sorrindo ao perceber o embrulhinho no colo da esposa de seu pai — Hey! Você vai conhecer a Blue Jaye!
Charlotte concordou, se recordando vagamente de Max ter comentado sobre a garotinha de dois anos e alguns meses, filha de Jos e Kelly. E Max tocou sua mão, a puxando para ficar entrelaçada com a sua, mesmo tendo o braço nos ombros femininos, não a dando muita escolha, mesmo que devesse tomar seu filho dos braços de Ana para os cumprimentar antes.
— Boa tarde! — ela sorriu a eles, tentando passar a impressão de que eram bem-vindos, coisa que era verdade e recebendo um sorriso forçado de seu sogro — Tudo bem?
— Onde está meu garotão? — Jos não deu tempo de Kelly a cumprimentar, pulando a frente e Charlotte mordeu a parte interna de sua boca.
— Ele está com Ana. — Charlotte garantiu, soltando a mão de Max, pronta para ir até onde o filho estava, quando Max ofereceu os braços a irmã, sorrindo ao dizer que não via a hora de Dominique estar grande como ela.
Blanca foi quem fez a careta ao vê-la se aproximar, Ana só faltando tentar esconder o bebê deitado em seu colo e Charlotte suspirou. A belga gostava de brincar que Max nunca tinha razão, porém as meninas pareciam a desafiar a concordar com o Verstappen.
— Só mais um pouquinho.
— Não, meninas. Vamos lá.
— Mas eu nem peguei ele ainda. — foi a amiga de Blanca que falou, a tal Lucia e Charlotte nem tentou disfarçar seu tédio ao encará-la.
— Que pena. — o tom foi falso e Charlotte se aproximou de Ana, a fazendo dar um passo para trás — O filho é meu, Ana. Sei que vocês gostam dele, mas está na hora dele ir ver o avô dele e ficar um pouco comigo e Max, depois, se der tempo, pode pegar ele de novo.
— Mas...
— Não. Max já estava reclamando sobre ele não estar conosco.
— Max é um chato.
— Faça um para você que aí não vai ter esse problema.
Charlotte não queria parecer grosa, mas estava claro que foi e ela pegou o bebê do colo de Ana. Dominique abriu uma pequena frestinha dos olhos, como se para conferir se a pessoa deveria ganhar toda sua atenção ou não, abrindo as duas safiras azuis.
— Hallo, mijn prins.
Dominique pareceu entender muito bem o "Oi, meu príncipe", soltando um sonzinho baixo em contentamento, enquanto Charlotte o arrumava no colo e a mãozinha foi rápida em tentar tocar os seios da mãe, achando ser para o mama, passando pela gola em V da roupa usada pela belga apenas para bater contra o sutiã... Charlotte suspirou ao ver o biquinho se formando, o queixinho tremendo e os olhinhos se apertando.
— A mama já te da tete, mijn prins. — ela tentou conversar, vendo as bochechas começando a avermelhar — Vem! Vamos ver o vovô antes!
Ela estava no meio do caminho, tentando o enrolar, quando o gritinho irritado pareceu chamar a atenção das poucas pessoas presentes no jardim. Dominique nem ao menos tinha lágrimas nos olhos, apenas aquele olharzinho vermelho e pedinte. E ela o trouxe mais para perto, arrumando a mantinha pequena no seu corpo, o fazendo mexer os bracinhos, como se odiasse estar com ela.
— Ele queria ficar com elas? — Max perguntou assim que ela retornou, soltando Blue Jay no chão, percebendo que a meia-irmão não retornaria a um colo e, sim, pegaria o caminho para a piscina de bolinha. Ele não a julgava por isso.
— Não. — Domi gritou novamente, a boquinha tremendo — Ele tocou o sutiã.
Max soltou um pequeno riso, antes de pegar o filho do colo de sua namorada, buscando o acalmar ao afastá-lo do motivo de "sua irá". E Johannes encarava a nora de maneira irritada, como se ela tivesse culpa do bebê ser um mimado que odiava sutiãs. Vai ver era.
— Deixa que eu acalmo ele.
Jos se ofereceu quando Max não parecia conseguir, tomando o neto do colo do filho antes que Max ou Charlotte reagisse bem a isso. E não era como se pudessem pensar que Jos agarraria Domi e fugiria a qualquer momento, porém, foi meio surpreendente ver que o bebê começou a se acalmar, enquanto Jos o colocava frente a frente com ele, o suspendendo ainda inclinado, conversando com o bebê como se fossem velhos amigos.
— Ela fez de propósito, Domi? Ela fez isso de propósito né? Colocar uma coisa que não usa só para te incomodar. Uma verdadeira megera sem coração, fazendo o bebêzinho do vovô chorar, sendo que deveria estar te dando o mundo. — o bebê parecia estar entendendo ao abrir a boquinha, o rostinho menos vermelho — Eu também não gosto de sutiãs, mas você é novo demais para conversarmos sobre isso, te juro que te levo em um lugar especial quando tiver idade e você vai poder tirar quantos quiser e...
— Pai, por favor. — Max chamou a atenção do mais velho, agradecendo que Kelly, a esposa de Jos, estivesse entretida com Blue na lateral da piscina de bolinha para não escutar aquilo, enquanto se sentia estranho por Charlotte precisar escutar aquilo — Não precisamos falar disso aqui, Dominique tem um mês.
— E é homem. O que tem demais falar que irei o levar para tirar sutiãs? — Max suspirou — Você está cheio de "não me toque" desde que se juntou com essa outra e...
— É a primeira festinha dele e eu não quero brigas, ou ser chamada de "megera sem coração" apenas porque estou usando sutiã. — Charlotte o interrompeu — Tudo bem se o senhor levou seu filho para tirar sutiãs antes dele me conhecer ou querer levar Dominique quando ele tiver idade e quiser ir. Mas, por favor, será que podemos apenas focar no fato dele ainda ser um bebê? Obrigado.
Domi soltou um pum, fazendo todo o discurso de Charlotte perder um pouco da validez e ela soltou uma pequena risada, que foi acompanhada por Jos e Max. E Johannes não pareceu tão ruim naquele dia, fazendo aviãozinho com Dominique, mesmo ele estando bem pesadinho. E as coisas se desenvolveram rápido, de certa forma, mesmo que Charlotte e Max precisassem ficar andando de um lado a outro com seu filho, ou como Domi acabou capotando na maioria das brincadeiras. Ele ainda era um bebê de um mês.
ESPANHA
25 DE FEVEREIRO DE 2017
— Esse aquecedor está funcionando?
— Tá, Max.
Charlotte confirmou, enquanto passava o talquinho com maisena nas dobrinhas das pernas de Dominique, vendo o bebê com as mãos na boca. Domi tinha acabado de completar dois meses, estava enorme, do tipo que o doutor Guzmán pedir para a Charlotte diminuir a livre demanda de leite e ficar mais atenta a sua respiração. Ao que parecia, o sobrepeso poderia o deixar com dificuldades para respirar se mexesse muito e mais um monte de coisas.
A única coisa que a belga reparou depois da consulta foi que seu filho parecia mais irritado ao não conseguir mamar a hora que queria, chorando como se seu mundo acabasse toda vez que sentia o sutiã embaixo da camisa. Domi ainda odiava o sutiã.
— Você não pode se apressar um pouco para colocar a roupa nele?
Bakker parou, olhando o namorado, antes de tirar a fraldinha do ombro e colocar no dele.
— Se está com tanta pressa, por que não faz você?
Max tinha chegado de viagem a uma semana com Bradley e os dois acabaram de embarcar em uma rotina mais rigorosa de treinamentos, visto que a temporada começaria no dia 26 do próximo mês. Um dia depois do mesversário de Dominique, o que significava que Max estaria no sábado de qualificação no dia e não iria comparecer ao mesversário. E isso estava o deixando levemente irritado.
— Nossa, Charlotte.
O holandês chiou, se movendo para a frente da cama, onde Charlotte estava antes e ganhando a atenção do filho. Dominique parou de tentar enfiar a mão na boca, o encarando sério, como se não confiasse no pai e mexendo a perna quando o pai a erguia.
— Filho, tem que deixar o pai erguer.
Se ele ouviu, fingiu muito bem que não, afastando a perna para o lado, um sorriso banguela ao bater com o pézinho na proteção da cama. Charlotte sorriu, nem tentando disfarçar. Max quase a perguntou se estava querendo ir ao dentista, já que mostrava a arcária dentária toda de maneira debochada a ele.
— Ele não vai ficar quieto para você.
— Claro que não vai ficar, sabe que ele não fica com qualquer outra pessoa além de você.
Charlotte deu de ombros para a clara insinuação, se movendo para acabar a um passo atrás do corpo de Max, enquanto ele se inclinava tentando controlar a situação e colocar a fralda em Dominique. E a verdade era que Charlotte até poderia ter colocado a fralda bem mais rápido, porém, Max tinha voltado irritado das últimas reuniões com a Red Bull e vinha enchendo o saco sobre o combinado que tinham de esperar os dois anos de Dominique. Então, mesmo que ele ficasse toda hora reclamando sobre o aquecedor não estar aquecendo o quarto corretamente, mesmo que estivesse a 25 ºC, eles ainda estavam tendo um momento em família.
— Charlotte, para.
Max mandou quando percebeu o sorrisinho banguela junto aos olhinhos focadas mais a cima, onde podia ver a mãe. E a belga riu, empurrando suas costas quando foi se levantar.
— Charlotte, por favor.
A mulher revirou os olhos, parando de fazer caretas para o bebê e caindo no espaço ao lado na cama.
— Você está chato hoje.
— Não, eu não estou chato. Eu só quero que ele se vista para podermos ir lá embaixo cumprimentar um monte de pessoas nas quais nem conhecemos, apenas porque Ana e Blanca queriam fazer um festa de mesversário.
Max fechou a fralda, passando a mão pelos cabelos em seguida, enquanto Dominique o encarava com os dedinhos na boca. Charlotte mordeu os lábios.
A festinha era do Super Mario e existia um macacãozinho que imitava jeans, mas com um tecido quentinho e confortável, do lado da camisa vermelha e das fraldas. Domi seria o "Super Mario" obviamente. E isso não era um problema, porque ele ficava fofinho naquelas roupas. O problema era que Max estava irritado.
— O que aconteceu na reunião, Max?
— Isso não tem nada a ver com a reunião, Charlotte.
Eles se olharam, a mulher concordando, como se estivesse cansada também e se levantando. Dominique realmente ficava paradinho para ela.
— Eu só acho que eles seriam mais flexíveis se soubessem de vocês.'
— Você quer contar a eles, Max?
— Quero.
Ele nem ao menos pensou, apenas confirmou, a olhando sério.
— Dominique não tem quase nenhuma vacina.
— Podemos contar e só liberar a vinda deles para o conhecer quando estiver maiorzinho. Pronto.
Charlotte não o respondeu de primeira, terminando de fechar o macacãozinho em Dominique e o puxando para seu colo, o apoiando para pegar a escovinha e pentear os fios ralos. Max a esperou, mesmo que sentisse vontade de a confrontar quanto ao assunto.
— Okay.
— Sério? — ele estava sorrindo.
— É.
Era como se houvesse acontecido uma pequena troca de personalidades, porque Max estava irritadiço até aquele momento, mas então desceu as escadas com um sorriso enorme no rosto, enquanto a de Charlotte parecia ter sido feita em gesso de maneira a parecer insatisfeita.
— Quer conversar sobre essa cara de bunda?
Kelly e Isa a confrontaram assim que saiu do banheiro.1
— Não.
— Quer um abraço? — Isa tentou, ganhando um empurrãozinho de Charlotte quando tentou.
— O que tá acontecendo? — Kelly perguntou.
— Max acha que a Red Bull vai pegar mais leve com horários e ser mais flexível se souber do Dominique. Por isso, vamos contar sobre nossa relação a equipe.
Kelly e Isa se entreolharam.
— Não façam essa cara. — Charlotte pediu — Eu sei que estou sendo injusta ao não querer isso, porque Max merece sentir todas as alegrias de ser um pai, de poder contar a todos de Dominique e tudo. Mas eu não quero, okay? Acho que isso é uma péssima decisão, mas vou fazer, porque somos um casal e eu não quero que ele fique com aquela cara de merda me olhando, ou me respondendo de maneira grosseira.
— Char...
— Não, Isa. Sem liçãozinha de moral agora. Eu só... Nunca estava nos planos ter uma relação assim, eu só preciso me acostumar com a ideia e eu acho errado o Max querer que eu me acostume com isso de uma hora para outra.
— Não é de uma hora para outra, Charlotte. Você teve a gravidez e esses dois meses. — Kelly a lembrou.
— E isso lá é muito tempo? Na maior parte eu estava tão sobrecarregada com a ideia de ser mãe do Domi que nem ao menos conseguia pensar em mim. Quer dizer, o Max tem o direito de querer mostrar o Dominique, mas ele já cogitou parar para pensar que eu, como pessoa, não apenas como mãe do Dominique, não quero esse bando de pessoa tentando contato comigo e falando de mim?
— Amiga, você sabia muito bem como seria ao se envolver com o Max.
— A ideia ao me envolver com o Max era que ia ser uma coisa qualquer, não que eu ia criar uma família com dezoito anos. — Charlotte fez aquela mesma carinha que Dominique fazia ao começar a chorar, projetando o lábio inferior para a frente e tremendo o queixo — Nada disso estava nos planos. Era para me formar, acompanhar a Violet na escola, trabalhar duro, construir um lugar para nós e só depois me casar e ter filhos. E eu tenho um bebê e eu fui expulsa de casa, da faculdade e... O que a mídia vai falar quando descobrirem que minha mãe me expulsou? Ou que eu não tenho ninguém sem ser os Sainz, vocês e o Max? — ela fungou, tapando o rosto — Merda! Eu queria a minha mãe, okay? É idiota, mas eu queria minha mãe.
— Posso saber o que está acontecendo aqui?
A voz masculina fez as três olharem para a ponta do corredor que dava a sala.
— Não é nada, tio Carlos. — Charlotte murmurou, mesmo que tenha dado uma pequena fungada e estivesse com o rosto vermelho.
— Estava chorando? — Claro que ele não acreditaria, se aproximando de onde as três estavam — Aconteceu alguma coisa?
— Não, eu... Apenas estou com saudades de casa.
Charlotte não mentiu.
— Pero ella está en casa, pequeña. — Mas está em casa, pequena. O abuelo a puxou para seus braços, passando a mão por suas costas — Papá está aquí.
Papai está aqui. E ele beijou os fios castanhos da belga, mexendo com a mão para que as outras duas saíssem. Kelly e Isa se olharam confusas, como se não soubessem o que fazer.
— Cuéntame qué pasó. — Me conta o que houve. Charlotte negou. — Pode contar, eu prometo que não vou falar a ninguém.
Charlotte se abraçou a ele, fungando.
— Max fez alguma coisa? Se ele fez, sabe que pode contar né? Eu expulso ele daqui e...
— Eu gosto do Max. — ele ficou quieto — E ele gosta de mim.
— Sí, sí, ¿y qué? — Sim, sim, e daí? Charlotte percebia o tom desgostoso — Nem tudo é sempre as mil maravilhas, mesmo que você goste de alguém. As vezes, não apenas o gostar é o suficiente para uma relação funcionar e...
— Não funciona porque eu não consigo. — ela fungou de novo — Ele, eu sabia com quem eu estava me envolvendo, eu sabia que tinha a mídia e eu sabia disso. Então, por que eu não posso apenas chegar com ele e nosso filho? Eu não tenho vergonha do que temos, abuelo. Eu... Eu amo o que temos, mas por que eu não consigo apenas ir com ele até a equipe, ir a qualquer lugar sem sentir um aperto no peito?
— Mi hija... — Minha filha... Charlotte negou.
— É como se eu soubesse o que vão falar. Eu não tenho casa, eu não tenho família e só tenho um bebê. Eu sei do que irão me chamar, porque o pai de Max já me chama, então por que eu apenas não consigo?
— Não acho que devemos falar sobre isso hoje. — ela o olhou confusa — É o mesversário do Dominique, o nosso Dominique, não acho que quer lembrar desse momento por ter tido uma conversa comigo sobre sua relação com Max e seu medo da mídia.
Ela puxou o nariz, concordando em seguida.
— Amanhã, quando estiver com a mente mais limpa, podemos conversar sobre isso, okay?
Ela concordou de novo.
— Está fazendo um ótimo trabalho, Charlotte. Mesmo que não ache que tenha uma casa para chamar de sua, ou uma família de sangue para a apoiar. Você conseguiu muitas coisas. Você tem a nossa casa, você tem a minha família e, eu gostando ou não, possui um marido. Não tem apenas o Dominique. Está ganhando de um monte de pessoas com isso.
Charlotte concordou, ganhando um pequeno carinho no rosto, antes do abuelo se afastar, a deixando se arrumar na frente do espelho. Max a recebeu na festa quando retornou, Dominique estava em seu colo e ele percebeu o rosto inchado e os olhos avermelhados, soltando um pequeno suspiro, antes de oferecer Dominique a sua mãe e apenas passar os braços na sua volta. Charlotte se arrumou contra ele, sentindo os dedos masculinos deslizando por suas costas e até mesmo conseguindo soltar um ou dois sorrisos a quem falava com ela.
Max nem ao menos a convidou para arrumar as coisas quando foi para a corrida, ou tocou no assunto. Ela não sabia dizer se as meninas ou o abuelo falaram com ele sobre o que sentia, ela se manteve em silêncio e apenas deixou o barco seguir. Felizmente, ele seguiu para onde ela queria e não precisou falar com ninguém sobre sua situação.
ESPANHA / AUSTRÁLIA
26 DE MARÇO DE 2017
Max tirou o capacete, vendo seu pai escorado na parede, um olhar nada bom para quem costumava brincar de avião e sorrir para os vômitos de Dominique. O Verstappen mais novo o viu arrumar a postura, se movendo para a sua sala individual, enquanto ele era cumprimentado pelos mecânicos por ter conseguido o P5. Daniel, infelizmente tinha saído. Mas Max havia conseguido faturar 10 pontos ainda. Bradley se aproximou, o dando dois tapinhas nas costas.
— Reunião em dez minutos, o Danny falou algo sobre precisar sair para distrair a mente.
A Red Bull não costumava se importar se os pilotos tinham algum compromisso ou não, se havia uma reunião para fazer, não sairiam até terem conversado tudo e resolvido cada detalhe. Mas Max tinha conseguido 10 pontos, o que certamente levou Daniel a Bradley, pois não conseguiria se aproximar para ele mesmo contar sobre a saída. Danny queria que ele apressasse as coisas. Levando em consideração o fato de Johannes estar no circuito, Max não gostaria de ficar muito tempo na reunião também.
— Vou só passar na sala e já vou.
Bradley concordou, o alcançando seu celular. Max sorriu em agradecimento.
— Acho que ela mandou um monte de mensagens, o celular não parava de vibrar.
Max concordou, não dando muita atenção, antes de se mover para a sua sala. Sua relação com Charlotte estava estranha desde o segundo mesversário de Dominique. Eles tinham combinado uma coisa, para depois ela começar de choro no corredor com Kelly e Isabel, sem nem ao menos ter tentado conversar com ele. E isso era chato para caralho. Eles eram um casal, qual era a porra da dificuldade de apenas conversar com ele?
— Ganhou muitos tapinhas nas costas?
Jos questionou, estava de costas para a porta quando Max chegou, mexendo no mini frigobar disposto pela Red Bull.
— Alguns.
Jos riu, tirando algo de dentro e fazendo Max sorrir. A equipe costumava deixar muitas garrafinhas de Red Bull disponível, assim como algumas de água e, incrivelmente, naquele dia, um mini champanhe. Era para Max comemorar, ele havia pontuado na primeira corrida, o carro não foi para a merda e ele conquistou o quinto lugar. Não era tão ruim. Se considerado que era a primeira corrida do ano.
— Quantos pontos?
— 10.
— Que lindo! 10 pontos! Quinto lugar! Vamos comemorar!
Max engoliu em seco quando seu pai balançou a mini garrafa, abrindo o rótulo e o olhando ao estourar. Jos se aproximou quando a espuma saiu, apertando o gargalo e mirando seu rosto. O líquido o atingiu em cheio, o esperado. E Max prendeu a respiração. Não era muita bebida, mas ainda poderia o sufocar. E Max levou a mão para a frente, meio cego, ao tentar empurrar as mãos do pai.
— Você vai comemorar! — Johannes gritou, a raiva estava presente em cada letra. Max percebia. — É a porra do quinto lugar. Você vai comemorar com champanhe, Max Emilian!
— Eu entendi. — Max gritou de volta, conseguindo bater na garrafa, a fazendo voar na parede com a força, os dois olhando quando quebrou e os cacos estavam no chão. Havia muito pouco líquido ali, mas muito em Max. Do tipo que pingava.
— Ligue para a vadia da sua mulher. Ela provavelmente é a única comemorando esses pontos. Ou não, levando em consideração que tem vergonha até mesmo de vir a uma corrida, sabendo o fracasso que você é.
CHARLOTTE
"Novo segredo revelado
DOMI GOSTA DE CORRIDA!!!
Estou sentada com ele no colo, esperando o início e ele parece fissurado... Acho que é as cores, não sei dizer, mas ele está quietinho.
Domi aproveitando o melhor da vida dele, vulgo, meu tete, e olhando corrida
Novo vício
Heheehhehe
Opa! A corrida já vai começar
O que houve com o carro do Daniel? Problemas na volta de apresentação, que pena.
Que susto o Magnussen e o Ericsson me deram agora
Duas voltas e o Daniel entrou... finalmente
Domi mexeu as maozinhas, acho que comemorado
Você está mantendo Lewis Hamilton atrás de você, sendo que ele voltou com pneus novos, enquanto você está com pneus com 18/19 voltas
Esse é o meu namorado!
Bom pit stop!
Pena, Danny precisou abandonar!
Manda um abraço a ele e conta que o Domi comemorou quando ele entrou de volta
O Stroll errou sozinho? Eu ficaria irritada se fosse os mecânicos da Williams... Batida forte...
CHEGAMOS EM QUINTO
CHEGAMOS EM QUINTO
10 PONTOS
10 PONTOS
VOCÊ FOI INCRÍVEL
Domi está batendo Palmas
Ele sabe o pai vencedor que tem
Fora o padrinho Carlos chegando em oitavo e conseguindo 4 pontos
Campeões demais
Aí, tô tão feliz
Parabéns, meu amor
Estamos te esperando em casa"
Max se movia para a reunião, enquanto lia as mensagens. Charlotte estava aparentemente animada com os resultados, mesmo sendo medíocres. E Max estava irritado. Não que ela pudesse assumir todo o motivo para ele estar assim, pois seu pai tinha uma grande parcela também. Mas ele estava. Porque Charlotte poderia estar ali, acompanhando com Dominique, o fazendo sorrir ao descer do carro e os ver junto com ele. Mas não. Ela não queria. E talvez seu pai estivesse certo, as vezes, ela já sabia que ele seria apenas um fracasso e não queria fazer parte daquilo.
— Max, sem celular.
Christian sibilou depois que sentou em seu lugar e continuou com o aparelho. Max pediu um minuto.
MAX
"Aham.
10 pontos.
10 ponto de merda, mas ainda 10 pontos
Que bom que Domi gosta de corridas, mesmo sendo uma corrida de merda."
Ele estava irritado. Charlotte provavelmente percebeu pelas mensagens. Será que a transmissão mostrou o rosto de seu pai? Se bem que duvidava que Charlotte estivesse realmente prestando atenção, ela nunca parecia prestar atenção nas suas coisas. Duvidar, uma das meninas estava vendo e mandando a ela para que pudesse fingir. Vai ver, tudo era fingimento. O relacionamento, o amor, tudo. Ela só estava com ele por conta de Dominique. Ela o deixaria se pudesse, essa era a verdade.
CHARLOTTE
"Não foi 10 pontos de merda
Você foi bem
Excelente
Nós estamos orgulhosos de você
Não se cobra tanto, okay?
Não sei o que te falaram, mas foi a primeira corrida do ano, irá se sair melhor durante o ano
Esta tudo bem.
Estamos te esperando em casa"
O problema era que eles não tinham casa. Não uma deles. Charlotte esbanjava um sorriso ao declarar que a mansão dos Sainz era a casa deles, mas não era. Não quando o abuelo parecia sempre querer o expulsar. E se não cabia ele, em teoria, não deveria caber ela. Se eram uma família, Charlotte deveria o "defender" do abuelo não? Assim como ele precisava quando seu pai falava coisas idiotas, não?
— Max, será que eu vou ter que falar de novo?
Christian soou novamente, o fazendo gemer frustrado, soltando o celular em cima da mesa, a tela para baixo.
— Estava falando com o pessoal de casa.
— Sua mãe e sua irmã podem esperar.
O problema era que não eram sua mãe e sua irmã. Era sua mulher, seu filho. E ele sabia como isso funcionava. Sabia que ele conseguiria mais tempo se soubessem de Dominique. Mas ele não podia falar porque Charlotte não queria... Era frustrante.
— Primeiro gostaríamos de parabenizar Max por conseguir guiar o carro até conseguirmos dez pontos, pode parecer pouco, porém para um início de temporada, não podemos reclamar. Segundo, pedir desculpas a Daniel pelo péssimo resultado do carro, não sabemos ainda qual foi o problema, porém iremos trabalhar para resolver e no próximo Grand Prix estar pronto para ser um carro vencedor e...
Max não conseguia se concentrar, era como se tudo estivesse girando e ele apenas respondia as coisas no automático. Ele não queria estar ali. Também não queria estar com Dominique e Charlotte. Não parecia existir um lugar que ele gostaria de estar.
— Você está bem?
Danny o questionou, tocando seus ombros e o acordando de seus pensamentos, enquanto todo mundo saia. Ele olhou em dúvida para o australiano. O Ricciardo não parecia bem. Ele também não deveria aparentar, se ele estava na sua volta.
— Você vai sair?
— Vou.
— Só beber?
— Provavelmente não só isso.
— Posso ir junto?
— O seu Carlos não mandou o jato para buscar Carlos? Não irá com ele para a Espanha?
— Não, não quero ir.
— Vocês...?
— Não, estamos bem. — as palavras não eram tão verdadeiras, não pela parte de Max — Apenas queria beber um pouco.
— Não me metendo em encrenca com a sua senhora encrenca, pode.
Max não riu da brincadeira, apenas concordou. E os dois acabaram juntos no carro do Ricciardo. Max finalmente respondeu Charlotte.
MAX
"Eles me parabenizaram na reunião
Agora estou indo pro hotel
Daniel vai sair para beber e vou com ele"
CHARLOTTE
"Não vai vir para a Espanha?
Carlos vai sair duas horas depois da corrida finalizar
Foi o que ele avisou a nós
Não vai vir com ele?"
MAX
"Vou sair com o Daniel, como disse
Vamos a algum bar, beber alguma coisa
Não vai acontecer nada, só vamos beber juntos"
CHARLOTTE
"Tudo bem
É bom sair para comemorar"
MAX
"Quinto lugar não é posição para se comemorar
Pódio merece comemoração, só
E olhe lá"
CHARLOTTE
"Okay, sem comemoração
Vocês vao sair para chorar juntos então
Hehehehh"
Charlotte não reclamou sobre estar saindo, nem fez nenhum comentário sobre não aprontar ou qualquer coisa que ele estava esperando. Sua frustração aumentou. Não que ele fosse desistir de sair, mas ele estava esperando uma reação exagerada dela. Algum ciúme excessivo.
MAX
"Você entendeu que irei sair com Daniel né?
Depois de um GP"
CHARLOTTE
"Sim
Vocês vão sair para beber junto
O que tem?"
MAX
"Não vai brigar?
Dizer que é para voltar para casa?
Que está com saudade
E que agora sou um cara de família e devo ficar em casa com você e Dominique?"
CHARLOTTE
"Dominique e eu estamos bem
Você disse que queria ir beber com seu amigo, não existe motivo para estar com ciúmes.
Eu confio em você
Combinamos que até o Dominique nascer, você poderia ficar com outras mulheres, mas depois seria meu
Eu confio em você
Sei que não irá fazer nada para se arrepender depois"
Charlotte esperava que aquilo não soasse falso, porque existia uma centelha de raiva em seu peito ao pensar que Max iria comemorar depois de uma corrida. Mas ela precisava aparentar estar bem. Ela não iria ser uma vaca egoísta que não queria ele perto dos amigos apenas porque era insegura. Isa e Kelly conversaram com ela sobre situações como aquelas. Era o melhor para não acabar brigando por mais uma coisa inútil com Max. Precisava confiar nele. Não existia motivo para desconfiar... Bom, além do fato de estarem sem transar a uns quatro, cinco meses... Ah, merda! Estava tudo bem.
MAX
"Estamos saindo, não sei que horas volto
Não vou aprontar nada
Boa noite"
Okay. Nada estava acontecendo. Max apenas não iria para a Espanha porque combinou com Daniel de saírem e beber juntos. Isso é normal. Não precisa surtar. Charlotte se repetia aquilo, mesmo que estivesse tremendo o pé e apertando o celular com força entre os dedos.
— Estamos indo no cinema, quer ir?
Blanca perguntou ao abrir a porta de seu quarto, nem ao menos batendo antes, fazendo a belga puxar a coberta para cima, tapando o sutiã de amamentação, enquanto Dominique estava apagado ao seu lado. E talvez ela devesse ter colocado uma roupa, porque poderia ter entrada em uma chamada de vídeo com Max, mesmo tendo mandado uma mensagem apenas, porque ele poderia ter desejado a ver e ver Dominique e...
— Charlotte! — Blanca gritou seu nome, automaticamente acordando o bebê.
— Droga. — Charlotte sibilou, o puxando para seu colo, mesmo que o choro já tenha se iniciado.
— Vai querer ir no cinema? — Blanca perguntou novamente, mesmo que Dominique estivesse berrando, assustado com a interrupção de seu sono.
— Está tarde. — a belga chiou, olhando o relógio despertador ao lado da sua cama, na cabeceira.
— Eu sei, mas o papai não está aí e a mamãe deixou que fossemos com os meninos. Quer ir ou não? — Charlotte sinalizou o Dominique — Podemos deixar ele com a mamãe. Vamos lá!
Dominique, como se soubesse o que estava sendo falado, gritou bravo — a causa foi o sutiã — e a belga suspirou antes de negar.
— Vou ficar com ele.
— Você que sabe.
Blanca puxou a porta, a deixando com o Dominique.
— A mamãe já está tirando, filho.
Ela o informou, mesmo que isso não tenha adiantado em nada, porque Dominique só fechou a matraca quando seu peito estava em sua boca. E ainda era dolorido.
Eu sei
Vocês estão achando a Charlotte chatinha
Mas ela apenas está com medo
E espero que entendam isso...
Domi tá cada dia mais enorme
Max está ficando levemente impaciente
E eles tinham um combinado de dois anos...
Louise nasceu antes de dois anos
Ana e Blanca passam um pouco do limite, mas só querem ajudar
Não sei se perceberam, mas quando a Charlotte tentou falar como se sentia (no mesversário do domi), querendo demonstrar algo, porque aparentemente está começando a se sentir sobrecarregada, o abuelo pediu para ela respirar e eles conversarem depois pois ainda era o mesversário do Dominique
Tipo, agora não, ele é mais importante
Pode parecer certo, ela escolheu um péssimo momento, mas ainda parece injusto que ela não possa nem ao menos se expressar
Ela estava assustada
A mãe deixou ela, está sem faculdade e todos sabemos como a mídia, principalmente a britânica, pode ser injusta e impiedosa
E Max ficou em quinto
Jos tóxico como sempre
Max escolhendo ir para o bar com o Daniel
Charlotte precisando recusar o convite para o cinema
Temos dois extremos aqui
Mas então, o que acharam?
Espero que tenham gostado
A minha ideia é postar 4 capítulos até o final de semana que vem, por conta dos quatro campeonato
Espero que gostem disso
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro