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ESPANHA
25 DE DEZEMBRO DE 2016
Max saiu de dentro da sala onde Charlotte estava esperando para ser levada ao quarto com o embrulhinho entre os braços. Ele acompanhou a enfermeira, enquanto levavam Dominique para os primeiros exames, sem se quer lembrar de como deveria voltar a sala de espera para informar aos outros do nascimento. Sendo sincero, Max não se importava com os demais, apenas queria fazer o quanto antes tudo para poder retornar ao quarto onde Charlotte estava, pois eles eram uma família e mereciam ficar juntos.
O pequeno "x" da questão era que o pedido de Charlotte antes de sair da sala estava latejando em sua mente. Os dois avisaram juntos a Jos, Sophie-Marie, Victoria e, até mesmo, Chloe Bakker do nascimento de Dominique. O pai do piloto afirmou que estaria pela manhã do dia vinte e sete na Espanha, porque devido ao feriado natalino, tudo estava fechado.
— Certo, papai. — a enfermeira se aproximou, o entregando o embrulho coberto com a roupinha azul e o símbolo da Red Bull, o body havia ficado levemente justo, do tipo que parecia pronto para estourar, mas Dominique não estava reclamando, se estivesse Max colocaria a roupinha amarela que Charlotte queria antes... Mas a primeira roupinha precisava ser a da Red Bull... — Pode levar para a família.
Ele já havia sido informado que o hospital contatou o cartório, visto que em caso de nascimento, eles eram obrigados a mandar um representante para fazer o registro de recém nascido e a certidão de nascimento, mesmo sendo um feriado. Charlotte e Dominique só poderiam sair do hospital depois de dois a três dias, mas ele deveria ser registrado com, no máximo, um dia de diferença e Max precisava daquela certidão antes de seu pai chegar em Madrid.
Max pensou que precisaria encontrar o pessoal na sala de espera, mas encontrou o doutor Guzmán no corredor e foi informado que Charlotte já se encontrava no quarto particular e o grande grupo junto consigo. Até mesmo Isabel tinha sido chamada e ela largou a ceia de sua família para ir ver o afilhado. E ele não ficou surpreso em encontrar sua garota com uma expressão cansada na face, mas os olhos brilhantes de quem tinha acabado de dar a luz para a pessoa mais importante de suas vidas.
— Olha quem tá cuidando da sua mamãe, Dominique. — ele ergueu um pouco mais o braço, trazendo seu filho bem tapado pela mantinha infantil até perto de seu rosto — Os Sainz vieram te conhecer.
Todos pareciam sem saber bem o que fazer, então Max acabou caminhando até o lado da cama, pedindo licença a Reyes — que se encontrava ao lado de Charlotte — e vendo sua garota ainda com a roupa do hospital.
— Pode o pegar né?
— Claro que posso pegar meu filho. — ela chiou já começando a ficar brava por Max estar fazendo uma pergunta besta daquelas... Talvez um pouco influenciada pela maneira como sua mente estava cansada, pois tinha passado a madrugada de véspera de Natal fazendo esforço para Dominique nascer.
— Sempre um doce. — ele riu, se abaixando para passar o embrulho para o colo de sua parceira — Já passou as medidas a eles?
— Esperei você chegar para falar, sei que iria ficar orgulhoso e... — ela parou de falar, o olhando brava ao ver o símbolo embaixo da coberta — Isso é sério?
— Ele merece sair com um manto vencedor.
— Você só ganhou uma corrida até agora.
— Isso, joga na cara mesmo. — ele pode ter saído um pouco bravo também e o pessoal encarava a interação sem entender.
— Droga! Desculpa... — ela acomodou melhor o bebê em seu peito, não querendo se mexer muito por conta de não saber bem o que poderia ou não fazer — Temos orgulho de você. Sua primeira vitória foi esse ano, nos próximos anos fará uma hegemonia Verstappen.
— Dominâncias são chatas. O pessoal vai querer me matar.
Ele murmurou, mesmo existindo um sorriso em seu rosto, porque se Charlotte estava falando aquilo era porque confiava que ele poderia o fazer. Charlotte poderia ter alguns defeitinhos que ele nunca seria capaz de falar em voz alta, pois tinha medo dela o matar. Mas ela não era mentirosa.
— Vai existia uma Fórmula Verstappen, seguido da Fórmula 1 com os pilotos brigando pelo segundo lugar.
Ele acabou rindo. Inclinando o corpo para beijar sua, então, namorada. Ela disse que seria sua namorada depois que Dominique nascesse. Ele não precisava pedir agora, correto? Já estava combinado né?
— Papai, não olhe. — os dois se separaram, vendo Blanca pular a frente do abuelo Carlos — A caçula acabou de dar a luz e já quer meter outro.
— Vai pro inferno! — Charlotte mandou a outra e todos deram risada, menos o embrulho em seu colo, que se mexeu incomodado, fazendo todo mundo ficar em silêncio — Olha aí! Já irritaram meu filho.
— Aposto que ele se irritou com sua voz de taquara rachada. — Ana implicou, ganhando uma língua de fora da Charlotte — Mal educada ainda, deveria se envergonhar.
— Você não vai se aproximar do meu filho.
— Quero ver quem vai me afastar do meu sobrinho.
E as duas se encararam.
— Certo, crianças. — Reyes se meteu, os olhos indo para o embrulhinho e Charlotte "se lembrou" do motivo de todas aquelas pessoas estarem lá, era pelo bebê e ela tinha tido o bebê, ele estava em seu colo e sua mente parecia esquecer disso — Posso?
Charlotte se perguntou se Reyes poderia tentar fazer igual o Rafiki e tomar Dominique de seu colo e o erguer no alto, talvez como o Cameron fez ao apresentar a Lily. E ela se sentiu meio ingênua ao olhar para as luzes e se perguntar como ela faria para focar inteiramente em seu bebê, mas Reyes apenas o tirou de seus braços com delicadeza.
— Ele é pesadinho.
— Três quilos e setecentos. — Max respondeu antes de Charlotte, encostando seu corpo de maneira que estava com metade da bunda em cima do colchão e o braço passando na volta da, agora, namorada e Charlotte derreteu contra seu peito, mesmo que os olhos continuassem em cima de Reyes caminhando com Dominique nos braços — Cinquenta centímetros. A roupinha quase não coube.
— Tira a mantinha para mim. — Reyes pediu a Caco e Max não pode evitar o sorriso de satisfação ao ver o primo de Carlos vendo a mini-cópia sua que Charlotte tinha trazido ao mundo. Um filho dos dois, indiscutivelmente seu. — Coitadinho, Max. Ele tá quase espremido nesse body.
E Charlotte acabou rindo, escondendo o rosto contra a camisa de Max, porque a imagem de seu bebê todo gordinho e cheio de dobrinhas em um body da Red Bull minúsculo que mal parece ter sido fechado.
— Aí meu Deus! — ela ri contra Max, sentindo o braço do loiro na sua volta — Troca ele, Emilian!
— Eu troco! — Isa se oferece, os olhinhos quase pequenos pelo sorriso e Charlotte concorda, meio desconfiada, porque esperava poder pedir isso a Reyes que já tinha experiência e ela vê Isa mexer na bolsa da maternidade devagar, sorrindo ao tirar o conjuntinho amarelo que Max ignorou antes — Sendo sincera, não sei se esse vai ficar muito diferente desse outro...
— Garota, você também me pare um grandão. — Ana comentou, os olhos correndo pelas pernas tapadas da mais nova — Ele saiu da sua vagina mesmo? Porque o garoto para nascer grande em? Pobre do Max!
— Hey! — Charlotte puxou o travesseiro para cima de seu colo, os olhos raivosos em cima da outra — O médico disse que volta ao normal, tudo bem ele ter nascido grandinho.
— Grandinho? — Isa pergunta, vendo o tamanho do tal body da Red Bull — Amiga, isso é um P. Ele nem colocou o RN e já está apertado o P.
— Deve ser um P pequeno. — Charlotte cruzou os braços, emburrada contra Max.
— Claro, querida. — o abuelo Carlos concorda, a fazendo sorrir na sua direção.
Max e ele se olham, enquanto o Verstappen acaricia a lateral da mãe de seu filho, a ouvindo rir ao passar próximo de um ponto em sua cintura que a causa cócegas. E Charlotte acaba relaxando contra o número trinta e três, os olhos pescando e Max perceber, mexendo nos botões na cabeceira até conseguir deitar a cama.
— Eu preciso...
— Dormir. — ele a interrompe, beijando sua cabeça — Pode dormir, schat.
— O Dominique, preciso cuidar dele...
— Vai ter tempo para isso. — ele passou a mão pelos seus cabelos — Vou ficar acordado, ninguém fora os Sainz e eu vamos o pegar. Eu juro.
— Seus pais...
— Eles não vão chegar. Prometo a você. Ninguém vai o tirar de nós.
Foi uma olhadela rápida na direção do relógio para ver os ponteiros marcarem nove horas da manhã e quando ele olhou a ela, Charlotte já estava com os olhos fechados e Isabel estava usando o trocador para colocar a nova roupinha em Dominique. Max abriu a boca também, se negando a deixar aquilo o distrair.
— Dia.
Ele piscou, um meio sorriso pequeno a Carlos Sainz, o piloto de rali e pai de seu antigo colega de equipe. A situação dos dois nunca realmente foi a melhor, mas Max não podia ignorar o que ele havia falado quanto a possivelmente ter batido em sua schat. Uma coisa era não gostar de si, outra era fazer insinuações daquela patente.
— Bom dia.
Um pequeno silêncio, enquanto Max via Ana pegar Dominique do colo de Isabel, seu filho parecendo meio perdido. Porém não chorava. O que era um bom sinal. Na realidade, Dominique parecia estar apagado desde que Charlotte o amamentou. Talvez a schat tivesse algum sonífero nos peitos e ele não sabia. Não se negaria em descobrir quando o médico a liberasse para ele. E o pensamento o fez rir, porque Ana não estava errada em pensar como Max queria ter outro filho com sua mulher.
— Sobre mais cedo... — Max ficou tenso, os olhos voltando ao pai de Carlos, esquecendo seus pensamentos maliciosos — Sinto muito.
Max confirmou, não se animando a falar qualquer coisa.
— Você precisa entender que é difícil para mim. — Max arqueou suas sobrancelhas ao homem — Eu conheço seu pai, conheço a história dele com sua mãe e todas as merdas que ele fez a ela e... Charlotte é um doce. E eu não consigo acreditar que ela caiu no papo de um Verstappen e...
— Eu não sou meu pai. — Max o interrompeu, sorrindo a Reyes ao vê-la pegar Dominique de volta — Entendo que o senhor esteja com medo, porque deseja proteger a schat. Mas eu não sou meu pai, Charlotte não é minha mãe e Dominique não sou eu. O senhor não gosta de mim? Okay. Mas não admito que pense ou insinue coisas daquele tipo novamente. Eu sou completamente louco pela Charlotte e qualquer pessoa com olhos é capaz de ver isso. E ela acabou de dar a luz a coisinha mais linda e preciosa de nossas vidas. Se gosta da minha garota como sei que gosta, nós saberemos manter uma comunicação boa, seu Carlos. Mas não pense que eu hesitaria uma vez se quer de a levar para longe de minha família e da sua se isso interferir em nós... Charlotte adora vocês, mas agora somos uma família e eu sei que ela me apoiaria.
Os dois se olharam, ao mesmo tempo que Reyes se aproximou com o "netinho" no colo. Max foi pronto para pegá-lo, a enfermeira tinha o ensinado e, não que ele fosse contar, ele havia treinado em todas as chances que tinha. Entretanto, acabou parando antes de concluir sua ação, olhando para Carlos.
— Não vi o abuelo Carlos o pegar ainda, tia Reyes. — ele adorava a mãe de Carlos — Quem sabe esta na hora.
O piloto de rali se sentia péssimo ao perceber a enorme bandeira de paz que havia sido erguida por Max. O garoto nem ao menos tinha feito algo de errado, não tinha culpa de ser filho de quem era, e ele tinha o julgado mal. Provavelmente nunca o olharia como olhou para o namorado de Ana ou Blanca. Ele nem sabia o porquê de se preocupar com aquela garota que dormia na maca, pois a conhecia a poucos meses. Mas ali estavam os dois, a ligação que Carlos queria levar para sempre exposta no colo de sua esposa.
— Deseja pegar o meu filho e da Charlotte, seu Carlos?
Max o questionou, o indicador passando pela bochecha roliça. Tudo em Dominique parecia enorme. Todo gordinho e fofo.
— Sim, desejo pegar ele.
O número trinta e três viu o mais velho pegar de forma delicada seu filho. Se voltando para a garota deitada na maca. Charlotte parecia tão pacífica dormindo que não quis acordá-la, mesmo que tivesse quase certeza que ela gostaria de ver aquela imagem. Ele puxou o lençol de maneira a arrumar em cima do corpo feminino, tirando uma mecha castanha da frente de seu rosto em seguida. Charlotte parecia estar brilhando. Ele não sabia explicar, só sabia que ela parecia ainda mais bonita que era. E ele queria agarrar seu filho e ela para sempre, os manter seguro em seus braços.
ESPANHA
26 DE DEZEMBRO DE 2016
Faltava um dia.
Faltava apenas um dia para Johannes Franciscus Verstappen chegar a Espanha.
E Charlotte sentia todo seu corpo em alerta por isso.
— Você pegou?
Ela mordeu os lábios, os braços ocupados demais com o corpinho para poder fazer qualquer ação sem que acordasse Dominique.
Max concordou, deixando o envelope em cima de suas coxas, antes de pegar o bebê em seu colo. E Charlotte sabia que ele queria a matar, principalmente porque um dos fiozinhos quase invisíveis do bebê tinha sido retirado, junto com muita saliva e um pouco de sangue.
Em defesa da mãe do bebê, o sangue caiu do pezinho logo após o teste ser realizado. Então, não era de todo ruim.
— Você deveria se envergonhar.
— Max...
— Nosso filho é a minha cara, Charlotte.
— Eu sei.
Ele se sentou na poltrona, cruzando os braços, deitando a cabeça para trás, os olhos fechados e ela o observou de forma nervosa.
— Max, por favor...
— Você deveria ter vergonha de insistir em fazer um teste de DNA. — ela o ouviu falar, apertando o bebê contra seu peito — Qualquer pessoa com olhos consegue perceber que ele é meu. A menos que exista algum parente meu, um irmão desconhecido, que você tenha achado e feito algo...
E Charlotte entendeu que o final era uma brincadeira, passando a língua pelos lábios, escondendo o sorriso que queria se abrir.
— Seu pai ainda é uma opção.
— É por isso que ele não te aceita comigo né? Ele te queria.
Os dois deram risada. Eles eram tão idiotas! Charlotte esperava que aquela coisa de "Filhos amadurecem os pais" fosse verdade, pois se eles queriam ser bons para Dominique, precisavam amadurecer muito.
— Obrigada por fazer isso por mim.
— Tudo por vocês, schat. — ela sorriu para ele — Vê o outro papel com o teste.
Ela franziu a testa, apoiando melhor Dominique em seu colo. A enfermeira tinha pedido para ela não o acostumar em seu colo, que depois ficava baldoso e mais um monte de coisa. Ela não deu muita bola, gostando de sentir aquele pesinho a mais em seus braços e poder afundar o nariz na bochecha gorducha do filho.
— Me deixe pegar um pouco.
Max pediu e ela sentia pelo filho por precisar ficar pulando de braços em braços. Mas via como Dominique sempre parecia bem em seu colo e no de Max. Quer dizer, ele havia regorgitado e quase a matado do coração. Entretanto, isso foi em cima de Isabel e o doutor Guzmán falou que era normal.
— O que fez?
— Como você confia em mim. — ele beijou sua testa, debochando de sua pergunta, tomando o bebê de seu colo. E Charlotte poderia reclamar como fez com Ana mais cedo, sobre não gostar de dividir e mais um monte de coisa, mas seria puro drama, porque seu peito se acelerava de uma maneira gostosa ao vê-lo com o filho no colo. Não daquela maneira desesperada de quando era qualquer outro.
A belga o viu mexer o dedo pela testinha, passando pelas bochechas e reclamando que a boquinha era tão pequena entre as bochechas que parecia perdida.
— Isso não puxou você.
— Que?
— As bochechas... — Max encarou o dorminhoco — Elas são minhas.
— Não. Minha mãe tem uma foto, onde estou no colo dela e virado em bochecha também. Então, as bochechas são minhas também. — ela rolou os olhos — É bom. Assim, quando meu pai chegar, não vai poder dizer que não é meu.
— Ele vai ficar orgulhoso.
Max queria rir. Não conseguiria imaginar o famoso Jos Verstappen ficando orgulhoso de si. Tinha perdido essa esperança desde sua primeira vitória na Espanha. Sendo sincero, não achava que o pai algum dia ficaria orgulhoso de si.
— Nossos pais... Eles precisam ficar... Quer dizer, os Sainz estão orgulhosos de mim e de você... Acho que... Minha mãe não respondeu a mensagem que enviei, mas acho que ela deve ter ficado orgulhosa... E... E os seus pais... Eles devem ficar também... Somos... Somos filhos deles... Eu fiquei orgulhosa dele apenas por chupar meus peitos...
Max riu de forma sincera dessa vez.
— Eu fiquei com ciúmes, não orgulho.
— Vai a merda! — ela brigou, mesmo ainda existindo vestígios de sorrisos em seu rosto, pegando o papel pardo e o envelope com o teste — Não estraga o momento.
— Mas é verdade. — Max riu, olhando pro dorminhoco no seu colo — Nós vamos precisar combinar isso, porque ela não é só sua para usufruir. Ela é do papa também e...
— Emilian... — ele a olhou, vendo a certidão em suas mãos e os olhos arregalados — O que...?
Certificado que sob o número acima citados que aos vinte e cinco dias no mês de dezembro de dois mil e dezesseis, perante o juiz de vara infantil, o nascimento de Dominique Kumpen Bakker, no External Maternity Consultations. Filho de Max Emilian Verstappen e Charlotte Bakker, neto de Johannes Franciscus Verstappen e Sophie-Marie Kumpen e Chloe Suzanna Bakker. A belga não conseguia acreditar no que estava escrito.
— Eu falei com a minha mãe na última vez que fomos lá. — ele sorriu para ela ao começar a se explicar — O sobrenome Verstappen o ligava de forma ainda mais direta a meu pai e o advogado disse que o melhor seria que Dominique não o tivesse. Mas ele precisava de algum nome meu ainda e eu sabia que não iria querer um Dominique Emilian ou Dominique Max, então eu conversei com a minha mãe e se ela quisesse conviver com o neto, ela iria precisar escolher um lado.
— E ela...?
— Ela escolheu o nosso. — Max viu os olhos castanhos se enchendo de lágrimas — Ela escolheu você, Charlotte. Escolheu a mim. Escolheu a Dominique. Escolheu a nossa família. Mesmo que meu pai queira ser um maldito cretino e tentar abrir um processo para o tirar de nós, não irá conseguir, porque temos muito apoio e... Eu disse que daria um jeito.
Charlotte agradeceu internamente por Max saber a entender tão bem, porque se aproximou, enquanto ela abria espaço na cama, ficando quase com metade da bunda fora da maca, mas em um espaço bom o suficiente para dividir com os dois. Dominique foi posto no meio, espichando todo seu enorme corpo, como se estivesse preso. E ela beijou Max.
Eles vinham se beijando muito ultimamente.
— Dominique nasceu... — Max começou baixo.
— Não me diga, esse é o Dominique? — ela fingiu choque, até mesmo levou a mão a boca para incomoda-lo mais, vendo Max rolar os olhos — Eu não reparei que ele tinha saído de dentro de...
— Disse que namoraria comigo quando ele nascesse. — Max a interrompeu, antes que pudesse perder a coragem de tocar no assunto com as gracinhas da belga — Que estaria com seus hormônios mais controlados e seria minha namorada.
— Você ainda quer ser meu namorado mesmo nosso filho tendo saído tão grande?
— Podemos ver depois de tentar a primeira vez. — ele agarrou a mão da garota, antes que a mão batesse contra si — Sendo sincero, poderíamos sair direto daqui para um cartório e nos casarmos.
— Sério?
— Sério. — ele inclinou o corpo, encostando o rosto contra a pele nua por baixo da camisola enorme que Charlotte achava melhor de ficar por conta de Dominique e sua vontade de mamar de hora em hora, duvidar de vinte em vinte minutos — Somos uma família, não é? Você, Dominique e eu...
— Sim. — ela se arrumou em cima da cama, as costas contra os travesseiros a deixando meio sentada, passando o braço esquerdo pelos ombros do piloto e a mão direita tocando a bochecha rosada do bebê dormindo na cama — Somos uma família, para sempre.
— Para sempre é um tempo muito grande. — ela estreitou os olhos a ele — Para sermos apenas nós três, sabe?
— Eu acabei de dar a luz a um e você já está pensando em outro?
— Outros. — ele a corrigiu, a vendo rolar os olhos — Gosto da ideia de ter muitos filhos, já conversamos sobre isso.
— Meus hormônios estavam estranhos e não deveria ser levada em consideração quando grávida.
— No próximo, estará mais fácil.
— Max...
— Charlotte...
Ele apoiou o queixo em cima do peito da mulher, os olhos azuis parados nela. Charlotte provavelmente não era a melhor imagem, porque tinha engordado muito mais que o previsto e dado pelo doutor Guzman e deveria existir uma papinha. E ela sabia que seu rosto ainda estava inchado e seus cabelos estavam uma bagunça atados logo acima da cabeça no famoso coque bagunçado — desleixado — das histórias clichês.
— Não sei se nossos pais estão orgulhosos ou não de nós.
Ela concordou com as palavras dele.
— Mas eu estou orgulhoso de nós... Do que estamos fazendo.
— Eu também.
A fala feminina saiu em um fiapo de voz.
— Amo vocês.
Max declarou, não esperando resposta e beijando o queixo da mulher. Ela sorriu, a mão esquerda acariciando os fios da nuca e o nariz passando pelo do namorado. E Dominique se mexeu, os assustando e levando Max a pular de cima da cama, Charlotte rindo do seu "escandalo" e o Verstappen estava brigando que Dominique já tinha começado a campanha para ser o filho único.
E era claro que Max queria colocar o seu sobrenome em seu filho. Dominique Bakker Verstappen parecia mil vezes melhor que Dominique Kumpen Bakker. Porém, as vezes, era necessário ceder algumas vontades para conseguir ter paz no futuro. Principalmente quando tinha um pai como Jos Verstappen.
ESPANHA
27 DE DEZEMBRO DE 2016
Guillermo Comenge e Rodrigo Fontcuberta, namorados de Blanca e Ana, respectivamente, foram quem buscaram Jos, Victoria e Sophie-Marie. Charlotte havia estranhado o fato de seus sogros estarem vindo juntos, ainda mais levando em consideração que Kelly van der Waal, atual esposa de Jos, morava com ele em outro país. Mas ele parecia mais compromissado com Sophie a esposa atual.
— Rodrigo disse que já estão lá embaixo.
Ana comentou, vendo Charlotte abraçar com mais força o bebê e, consequentemente, o fazer chorar.
— Não, não, querido. — ela beijou o rosto redondo — Não precisa chorar.
Dominique não parecia nem um pouco preocupado com aquilo, a boquinha aberta e gritando de uma maneira que Blanca não achava mais tão fofinho.
— Só tira o precioso para fora, aposto que ele para de chorar.
O grupo se entreolhou, curiosidade banhando suas faces, antes de verem Charlotte apoiar melhor o bebê em seu colo e Max escorregar o tecido fino da camisola do hospital e Dominique abocanhou o peito da mãe. E ele nem estava com fome. Muito menos na hora de mamar.
— Você tá dando mama de novo? — Reyes perguntou — Ele tá mamando? Charlotte, você acabou de dar mama a ele. Vai estufar a barriga dessa criança.
E antes que a belga pudesse responder, a porta foi aberta, trazendo muitos balões azuis para ficarem juntos aos que já tinha no quarto e uma Victoria sorridente. Sophie-Marie vinha atrás da filha, as mãos nos ombros dela, como se precisasse de apoio e Jos fechava o grupo novo — Guillermo e Rodrigo já tinham a visitado no dia anterior.
Um silêncio caiu. Não que a presença dos pais de Max fosse ruim. Era terrível. Ou que o clima ficasse pesado com a energia caótica que Jos Verstappen trazia. Ficava. Muito menos era por existir uma rixa antiga do Carlos Sainz e de Jos Verstappen. Isso também pesava. Charlotte tentava se enganar e fingir felicidade, mas em meio segundo na presença do sogro, queria juntar a bolsa de maternidade, pescar a mão de Max e correr para o mais longe possível.
— Bem-Vindos! — Max sorriu a eles, dispensando alguns dos presentes como Caco, Ana, Blanca, Rodrigo, Guillermo e Isa da sala, após agradecer o carinho — Que bom que conseguiram vim!
— É o meu neto, claro que viria. — Jos foi o primeiro a reagir, tirando a ex esposa do caminho e se aproximando da maca — Qual o tamanho dele?
— 50 centímetros. — Max respondeu, estufando o peito, parecendo um pavão.
— Nasceu de quantos quilos?
— 3 e 700. — Max seguiu, sendo empurrado por seu pai e Jos assumindo a lateral.
Ambos os Carlos pareceram adquirir uma postura mais defensiva, como se Jos fosse capaz de tentar arrancar Dominique do peito de Charlotte e correr para fora, o roubando. Reyes tocou o braço dos dois, fazendo o papel de manter a calma. E Max nem sabia o motivo para ter deixado seu antigo companheiro de equipe na sala, visto que os únicos até então que sabia que ficariam era o abuelo Carlos e a Reyes.
— Eu posso vê-lo? — a pergunta saiu em um tom mais agressivo, mas ainda era educado.
— Olha, senhor. Eu posso tentar, mas ele acabou de pegar meu seio e ele fica carrancudo se o tiram.
— Esse é um verdadeiro Verstappen! — Jos sorriu, para a confusão dos presentes — Não deixando que tirem o que é seu por direito.
Dominique pareceu entender que o avô estava falando de si, soltando o peito da mãe e abrindo os dedinhos da mão minúscula. Charlotte tinha certeza que acabará de ver os olhos de Jos aguarem. Um momento curto, nem pode prestar atenção, já que precisou fazer seu filho arrotar.
Dominique espalhou os bracinhos, como se quisesse a abraçar depois de arrotar e Charlotte riu, uma das mãos apoiando a cabeça e a outra segurando o corpinho.
Dessa vez, Dominique não estava usando uma roupa apertava. Um M soltinho na lateral do corpo.
— Meu amor, não dorme ainda. — ela apertou seu rosto contra o dele, o ouvindo soltar um resmunguinho muito, mas muito baixo — Precisa conhecer o grootvader e a grootmoeder! — os termos em holandês saindo com facilidade — O grootvader Johannes venho te conhecer e trouxe a grootmoeder Sophie. Sabe quem mais? A tante Victoria. Você quer conhecer eles? Quer? Max, pegue ele para mim!
O número trinta e três se moveu com velocidade, aproveitando a outra lateral livre para pegar o bebê, arrumando a mantinha, apoiando a cabecinha ainda mole. Todos os Sainz haviam pego Dominique, mas eles tinham feito um trato que Jos e Sophie-Marie só o pegariam quando Charlotte deixasse. Era duro a Max precisar aceitar aquilo, pois eram seus pais. Entretanto, vinha tentando compreender o lado de Charlotte também.
— Essa é a grootmoeder Sophie. — ele falou ao filho, o vendo pescar os olhinhos, quase escondendo a cor azulada — Diz "oi" para a vovó, filho.
Sophie-Marie sorriu ao bebê, meio passo a frente, pronta para o tirar de seu filho, quando Max deu um passo para trás. Charlotte percebeu pela leve levantada de sobrancelha que aquilo doeu a ele. E Max soltou uma das mãos, nem parecendo que era um pai de primeira viagem e tocou a mãozinha, como se fizesse Dominique abanar.
— Ele é tão parecido com você, meu filho.
Sophie comentou, ganhando um aceno de Max e ele mesmo pegando o exame de DNA, lacrado, entregando a seu pai. Max e Charlotte sabiam o resultado desde o primeiro dia, não precisavam de nenhum exame para terem a confirmação.
— Quem sabe o senhor poderia ler alto para nós, pai.
Existia um rastro de ironia no rosto de Charlotte. Ela não era uma pessoa ligada a escândalos e balburdias. Entretanto, Jos havia apresentado desconfianças em todos os estágios de sua gravidez e Sophie-Marie a olhava como se fosse uma vigaristas. Então, sim, ela adorou que Max tenha pedido para ele ler em voz alta.
Todo mundo, de repente, parecia empenhado em focalizar suas atenções ao ex-piloto, deixando Jos sem saída, a não ser abrir o envelope, passando os olhos pelos documentos.
— Em voz alta, pai. — Max pediu, passando a mão pela bochecha rosada de Dominique.
— Como?
— Ele pediu para o senhor ler em voz alta. — Charlotte falou, os olhos castanhos em cima do sogro — Ele quer escutar o resultado.
— Não sei se será necessário e...
— Vai. Vai ser necessário. — Charlotte rebateu, o interrompendo — Eu acho muito necessário.
— Sophie-Marie! — ele empurrou o papel a ex-esposa — Não trouxe meus óculos.
— Sabe que eu também não?
— Eu leio. — Victoria se moveu, não percebendo o jogo de poder que estava acontecendo ou o motivo para tanta enrolação. Todos já sabiam o resultado de qualquer jeito. Dominique era filho de Max e pronto.
A loira pegou o papel da mão da mãe, desdobrando com cuidado e analisando primeiramente os números, até conseguir ver no final um tipo de conclusão para o exame.
— Aqui. — Victoria sorriu ao irmão — Posso?
— Faça as honras. — o abuelo Carlos se aproximou de onde Charlotte estava, vendo a felicidade exposta pela menina, tocando sua mão. Jos apertou a mandíbula ao ver aquele homem se intrometendo como se fosse parte da família. Jos faria o possível para aquela gente nunca mais tocar em seu neto.
— Considerando a coincidência em, pelo menos, um apelo entre o Suposto Pai e o(a) Filho(a) investigante, em todos os marcadores testados e em probabilidade maior que 99,999999%, concluímos que Max Emilian Verstappen é pai biológico de filho Dominique Kumpen Bakker. — ela leu de forma bem declarada, enquanto Charlotte encarava o sogro com sua face mais cínica, o vendo se contorcendo a cada palavra — Bom, não é nada do que não estávamos esperando né? Esse garotão é meu sobrinho.
Max sorriu, pronto para retornar para perto de Charlotte. Ele queria que sua família levasse aquilo como uma confirmação. Eles eram uma família agora. Seu pai ver os três juntos.
— Quem sabe o grootvader Johannes deseje o pegar, querido. — Charlotte comentou baixo, ganhando a atenção — Quer pegar seu neto, senhor?
No dia vinte e cinco, Max estendeu uma bandeira branca a Carlos Sainz, tentando colocar suas diferenças de lado para buscarem a felicidade completa de Charlotte. No dia vinte e sete, naquele instante, Charlotte estava tentando encontrar um equilíbrio com Jos. Ele não era como o abuelo Carlos que compreendia a necessidade daquela comunicação e como poderia fazer bem ao bebê. Mas ela estava tentando. Não por ela. Charlotte poderia muito bem viver sem a influência de Jos em sua vida. Porém, ele ainda era o pai de Max e ela amava Max. E agora ele era o grootmoeder de Dominique e ele precisava desse amor. Todo o amor era bem vindo.
Ela se ergueu da maca, ainda sentia como se a qualquer momento, algo mais fosse capaz de descer por sua intimidade e ela se mataria se sua bexiga achasse ser o melhor momento para fazer xixi. Mas, graças à Deus, ela foi ouvida e não aconteceu nada demais, a dando chance de se aproximar de onde Max estava com Dominique no colo, pegando seu filho e dando passos curtos. Era como se a sala tivesse sumido, todos os equipamentos e pessoas. Existiam apenas os três.
Johannes, Charlotte e Dominique.
Até mesmo Max parecia meio impactado.
O ex-piloto sentia tanta raiva daquela garota. Tanta, tanta, tanta raiva. Ele nunca gostou dela. Aquele sorriso simpático nunca o enganou, desde 2014, quando chegou naquela bendita festa para buscar Max e ela o enfrentou. Ele avisou a Max que ela não prestava e seu filho continuou insistindo, batendo na mesma tecla. E, agora, ela estava indiscutivelmente na família. Sujando seu nome. Sujando seu sangue. E, o pior, era que ela tinha acabado de dar a luz a seu neto.
O doce anjinho que não se aguentava acordado por muito tempo, que chegava estalar a boquinha ao se agarrar para mama.
Dominique era igual a Max.
Max que era igual a ele.
E agora ela estava ali, na sua frente, os braços na volta de seu neto, perguntando com a maior cara de pau se gostaria de o pegar.
Era óbvio que ele queria.
— Sim.
A palavra pareceu mais cuspida contra a Bakker do que falada e Charlotte estreitou os olhos. Era a primeira vez que existia realmente uma vantagem a ela para ser usada. Dominique se mexendo em seu colo, a roupinha cinza com detalhes branco combinando com a touquinha.
— Sim, eu gostaria de pegar meu neto, Charlotte. — Jos se obrigou a falar — Por favor.
— Claro, sogrinho. — Carlos riu, não se aguentando, fazendo Max arregalar os olhos na direção do ex-companheiro de equipe — O senhor deve saber pegar né? Ou prefere que eu o entregue quando estiver sentado?
— Eu sei pegar um bebê.
— Ótimo! — Charlotte o deixou pegar, os olhos castanhos acompanhando cada movimento, antes de sentir os braços de Max passarem na sua volta, a abraçando.
— Obrigado. — Max sussurrou contra seu ouvido, sentindo as mãos da mulher tocarem a sua e ela tombar levemente a cabeça, um convite para que ele se colocasse mais contra ela e Charlotte riu ao sentir o beijo pela pele — Obrigado, schat!
Bom dia, bom dia
Vou começar me explicando quanto a demora para atualizações
Na semana passada, acabei baixando o hospital, porque devido a troca de uma medicação, tive uma pequena hemorragia interna e isso acabou me deixando mais letargia, porque demorei para sair e, ainda por cima, tinha muita medicação forte sendo ingerido
Por conta disso, não estava conseguindo me concentrar para escrever e fui meio que empurrando com a barriga também
Mas hoje já voltamos ao normal
Um capítulo de Lullaby hoje
Quero fazer o restante da maratona que prometi a Discombobulate a partir de amanhã
Também temos Corrupted sem atualização a bastante dias e Heaven nem teve conversa de Lewis e Maeve ainda
Muitos, muitos planos
Espero que não me abandonem em
Agora sobre o capítulo de hoje:
Começamos com o abuelo Carlos se desculpando com o genrinho postiço, Max falando que é calmo, mas que seria muito capaz de só pegar a namoradinha e o filho e ir embora
Tivemos Max revelando o motivo para o Dominique não ter o sobrenome Verstappen
Ele disse que daria um jeito
Então jos, Sophie e Victoria chegaram
E vocês perceberam o pequeno paralelo?
A maneira como Max "cedeu" e foi compreensivo quanto aos Sainz e a Charlotte espelhou isso com os Verstappen também?
Eu queria mostrar como ambos mesmo com medo confiam um no outro.
Max sabe que os sainz são importantes a Charlotte
Charlotte sabe que os pais dele são importantes a Max
Ambos mesmo com medo aceitaram isso em busca do companheiro ser mais feliz
Acho que eles vão acabar amadurecendo um pouco, pouquinho, pouquinho, mas vão
E vocês?
O que acharam?
Espero que tenham gostado
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