0.27
BÉLGICA
31 semanas e 4 dias
01 DE NOVEMBRO DE 2016
Max não pensou que a sua garota poderia parecer tão feliz apenas em sair de um avião, até o jatinho do piloto de rali, Carlos Sainz, se abrir e ela praticamente correr para fora, um sorriso maior que o rosto quase. Ela parecia estar pulando e ele nem sabia se a schat poderia fazer tantos movimentos tendo o bebê deles em sua barriga. A criança poderia ficar tonta, não?
— Max! — ela o abraçou assim que o número trinta e três desceu o último degrau, o pegando de surpresa, o fazendo derrubar as mochilas que carregava em mãos — Estamos em Maaseik! Maaseik! — o piloto tentou abrir a boca, apenas para ela continuar — Será que Violet já saiu da escola? Podemos ir lá? Podemos ir lá?
O holandês tocou os ombros da belga, tentando a acalmar, a vendo respirar com dificuldade, uma das mãos paradas em cima da barriga e o casaco que estava usando fazendo ainda mais volume. O doutor Guzmán pediu para ela começar a pegar leve, que Dominique estava começando a se encaixar e automaticamente poderia apertar seus pulmões e a deixar sem ar, ou com dores.
— Respira comigo um pouco. — pediu, a vendo puxar o ar, enquanto rolava os olhos, como se fosse uma ofensa estar fazendo esse pedido — E sua irmã está na escola nesse horário, aquele dia que estive na sua casa, ela me falou que fica na escola até as cinco da tarde, porque sua mãe trocou o horário para estar em casa a noite.
— Chloe mudou o horário?
Max percebeu como a menina mordeu a parte interna das bochechas. Não era muito difícil entender que ela sentia falta, mas existia mágoa. E ele tocou sua cintura, ou o que achava se tratar da curvatura, visto que o corpo de sua schat estava se tornando menos curvilínea e mais redondinho, a puxando para mais perto.
— Provavelmente iremos a ver quando formos até Violet. Tudo bem para você isso?
— Quem me afastou foi ela, não fui eu quem o quis, Max. — ela encostou a cabeça contra o ombro do homem, o nariz passando pelo seu casaco, sentindo o cheiro do piloto — Você passou perfume?
— Não...? — ele sentiu vontade de rir, a sentindo colar o nariz contra seu pescoço — Por quê?
— Está com um cheiro gostoso. — Max a apertou quando a menina passou em uma parte sensível — Isso é tão bom.
— É? — ele se perguntou se seria repetitivo se reclamasse quanto a belga o deixar confuso.
— Queria poder ficar assim para sempre com você. — Max fechou os olhos, a mão subindo pelas costas da belga, até chegar a seus cabelos, um movimento mínimo e a fazendo deitar a cabeça para trás — Podemos ficar assim para sempre?
— Você provavelmente vai se cansar de mim, depois que o Dominique nascer e me empurrar para longe. — ela ficou na ponta dos pés, aproximando mais a face da dele — Isso é o que você fazia antes de descobrir estar grávida.
— Isso não vai acontecer. — as bochechas da belga estavam coradas de uma maneira adorável, segundo a visão do holandês e o seu peito se acelerou — Eu quero que de certo quando meus hormônios voltarem ao normal, porque realmente quero formar uma família com você... Se você quiser e...
— É claro que eu quero, schat. — ele forçou a mão entre os fios castanhos, a ouvindo soltar um pequeno suspiro — Eu sou louco por você... Antes do Dominique, antes de você se quer olhar na minha direção...
— Por favor, não apronta mais nada, ok? — Charlotte pediu baixo — Quando o Dominique nascer, será nós. Apenas nós. Sem Francine, sem ninguém da minha parte. Sem a porra de ninguém, Max. Por favor.
— Eu prometo a você, schat.
— Você pode fazer o que quiser até ele nascer, você terá dois GP's. — ela tocou o queixo do homem, as unhas forçando contra a pele branca, possivelmente deixaria marca — Mas depois... Depois você é meu.
Os dois se olharam. O castanho e o azul fixos um no outro. E Charlotte mordeu os lábios, fazendo as íris seguirem o movimento. E uma pequena tosse foi ouvida, os fazendo se afastar.
— Quando os senhores pretendem voltar? — o piloto perguntou, recolhendo as duas mochilas do chão e oferecendo a Max.
O loiro se afastou de Charlotte, pedindo perdão pela bagunça e encarando ela. Charlotte era quem decidiria quanto dias ficariam na cidade. Se gostaria de retornar para a Espanha. Internamente, Max gostaria que ela decidisse ficar e ter o filho deles na Bélgica. Na cidade que se conheceram.
— Ainda não sabemos. — Charlotte sorriu ao homem — Mas vamos informando.
Max se aproximou dela, uma mochila em suas costas e os dedos seguros na alça da outra mochila. Charlotte se apoiou nele, ambos reconhecendo o carro que dobrava a estrada e vinha os buscar.
BÉLGICA
31 semanas e 5 dias
02 DE NOVEMBRO DE 2016
Não era a melhor coisa. Mas Violet tinha matado aula para encontrar a irmã. Max achando melhor isso a fazer Charlotte se encontrar com Chloe. Mesmo sua garota dizendo que não se importava, era óbvio que acontecia. E ele não arriscaria Charlotte ou Dominique. E, agora, ele as observava deitadas em sua cama, no seu quarto, Charlotte com um top que deixava sua barriga a mostra, enquanto Violet estava deitada a sua frente.
Elas estavam rindo muito. E Dominique vinha chutando muito nessa fase, parecendo entender a euforia da própria mãe. E Max queria que o tempo parasse. Talvez ele pudesse ficar naquele momento para sempre. Ainda mais quando Charlotte o chamou com o dedo e ele foi incluído na conversa.
— Acho que volto para cá em junho né?
— Voltar?
— É... Não é recomendado que o bebê viaje antes dos seis meses.
O holandês arregalou os olhos e ela seguiu a explicar a irmã quanto ao motivo de estar tão longe. E Violet voltou a chama-lo de "Maxie", sua garota estava o abraçando e cheirando, seu bebê estava chutando a cada risada da mãe. E ele achava que o seu mundo estava naquela cama.
BÉLGICA
31 semanas e 6 dias
03 DE NOVEMBRO DE 2016
— Ora! Ora! Ora!
— Hey, Jos!
Charlotte suspirou ao erguer o rosto, Max havia ido ao mercado buscar alguns mashmello porque o Dominique queria e ele disse que não queria o filho com cara de mashmello. A belga odiava que Jos sempre aparecia quando ela estava sozinha. Sophie-Marie conseguia desaparecer sempre que o ex-marido chegava.
— Um garoto então?
— Tradição Verstappen, não?
Jos se sentou ao seu lado no sofá, os olhos parando em cima da tv.
— Qual é o nome? Ou ainda não decidiram?
— Dominique.
— Até que você não é tão inútil.
A castanha soltou um estilo estranho de risada, a mão parando em cima da barriga, passando devagar. Ela pode ter percebido o olhar do homem pairar no movimento. Seu bebê a deixando com as pequenas bolhas. A sensação estava se tornando diferente, mas ainda sabia que era ele.
— Ele esta chutando. — informou ao ex-automobilista, os olhos ainda na propria barriga — Você quer tocar?
— Sophie disse que não gosta que toque.
— Realmente não gosto. — ela foi sincera, o olhando — Mas ontem a noite, quando estávamos todos juntos, Sophie-Marie tocou e Victoria também. Pela parte da tarde, minha irmã. E até Bradley já encostou. Acredito como pai do Max, mereça isso também. Mas se não o deseja...
— Eu quero.
Ela suspirou, se arrumando no sofá.
— Estou com 31ª semanas... — o homem abriu a boca para falar — Sete meses, quase oito. Ele está mais espertinho agora, porque a menos de oito semanas, ele não se mexia.
Ela não comentaria com ninguém, mas percebeu as mãos de Johannes tremendo ao se aproximar de sua barriga. E ela poderia subir sua camisa, como fez com a irmã, mas a manteve no lugar. A ideia dos dedos dele a tocando sem um tecido separando a deixava enjoada.
— Você pode falar com ele também. — o homem a olhou como se fosse louca e ela suspirou — Dominique, esse tocando a barriga da mamãe é o seu vovô. O nome dele é Jos...
— Johannes. — o homem a corrigiu.
— Perdão, querido. Estou te informando errado. — ela se corrigiu, não se animando a sorrir para o mais velho — Esse é o seu vovô Johannes. Ele é o papai do seu papai.
Os dois se olharam. Charlotte gostaria de confiar naquele homem, mesmo sabendo por pequenos relatos de Max a maneira como ele era. Ela queria poder dizer com todas as palavras que confiaria seu próprio filho a ele. E ela queria estar errada ao julga-lo e não querer próximo a ela ou a Dominique. Porém, tudo nele gritava que era um perigo. Como se existisse uma luz em cima de sua cabeça. Perigo! Perigo! Perigo! E se ele sustentasse seu olhar, se ele a olhasse dentro dos olhos por um pequeno tempo... Não aconteceu.
— Sei o que está fazendo ao vir aqui. — ele retirou a mão — Está tentando usar meu neto para conquistar espaço.
— Ele virou seu neto agora? — ela sorriu, porque era cansativo o ver lutar contra aquilo. Ele não cansava as vezes?
— É o que você me diz.
— Achei que não confiava em minha palavra.
— Não teria conseguido manter a mentira se fosse mentira.
— Nisso concordamos.
Jos estava em pé, a mão contra a nuca, toda sua postura parecia gritar ainda mais alto um "Perigo, perigo, perigo". E a garota se manteve em cima do sofá. Não mexa um músculo, isso pode assustar e causar algo pior. Ela sabia como lidar em situações como aquela.
— Ainda pensa que ganhar o bebê na Espanha mudará alguma coisa?
Ela não conseguiu se segurar, o corpo sendo girado, os olhos parando em cima do homem. Sabia que em algum momento seria questionada, enfrentada, quanto a situação. E alguém entenderia seus motivos. Ter dito que foi um convite de Carlos Sainz, o piloto de rali, foi um risco. Mas ele aceitou a mentira, a acolheu e transformou em verdade. Porém, em algum momento, alguém entenderia sua verdadeira intenção ao falar aquilo.
— Ele ainda será filho de Max e meu neto, Charlotte. — o homem a encarou com um sorriso de escárnio — Não mudará que nosso sangue corre por suas veias. Mesmo se nascer em um lugar tão distante de suas raízes. Apenas estará adiando o inevitável.
— Por lei, se a pessoa está a mais de três meses no país, pode declarar moradia.
— Isso se estiver em sua própria casa, não? Você está de favor na casa dos Sainz, vivendo as custas deles. Sendo sincero, acredito que se tivesse ficado na Bélgica, em Maaseik, teria mais chances do que na Espanha sem uma família estabelecida ou uma renda fixa.
Seria mentira se Jos declarasse não gostar daquele olhar banhado de medo presente na face de Charlotte Bakker. Entretanto, era como se estivesse sendo inevitável. A menina precisava ser posta em seu devido lugar. Ela havia sido um caso de Max. Um caso mais longo, mas ainda um caso. E engravidou. Ok. Estava fazendo o favor de carregar o bebê de maneira segura. Ok. Mas era apenas isso. Era como uma barriga solidaria.
Ela não seria uma mãe. Ela não seria uma amiga da família. Ela não seria mulher do seu filho. Ela seria apenas um erro que precisavam conviver. E o bebê estaria muito melhor sem a sua presença para fazer sombra.
— Irei tirar Dominique de você. Estou sendo sincero e quero que saiba com bastante antecedência para que quando vá a justiça fazer uma defesa desnecessária, porque sabemos quem vai ganhar a guarda, não possa dizer que não foi avisada. Esta tendo seu momento de decisão durante a gestação, ainda fui misericordioso ao deixa-la escolher o nome. Porém, sabemos quem vai o criar.
Jos se virou, caminhando calmamente para a porta e Charlotte não conseguiu segurar a língua ao questionar:
— Se isso acontecer... — ela não queria, porém já estava chorando de qualquer forma — Será diferente da maneira como criou Max né?
— Claro que sim. — o homem a olhou, como se fosse louca — Max apresentou falhas. Você existiu. Vou me certificar pessoalmente que isso não acontecerá com meu pequeno neto.
Jos a encarou, esperando uma reação que não chegou até ele cansar e se retirar. Charlotte vomitou a frente sem nem conseguir desviar dos objetos, apenas deixou o líquido amargo e nojento cair por tudo.
BÉLGICA
32 semanas
04 DE NOVEMBRO DE 2016
Max não era a pessoa mais esperta, ele confirmava aquele fato, mas não era difícil saber que algo tinha mudado e que esse algo estava corroendo a belga por dentro. Ele poderia a cobrar, tentar tirar o mínimo de satisfação. Porém, aguardou. E quando a mulher a chamou para conversar depois de fechar a mala, ambos iriam para a Espanha naquela tarde, ele se sentou em cima do colchão e a esperou começar.
— Seu pai esteve aqui ontem, enquanto você buscava o mashmello.
— Por isso vomitou?
— Como você...?
— Achou mesmo que Victoria não me contaria, Charlotte? — ele não usou o apelido, percebendo que a coisa toda era mais séria do que imaginava — Vamos lá! O que meu pai disse?
— Ele vai tirar Dominique de mim.
— Já te disse que isso não é nem cogitado.
— Mas ele disse.
— Prefere confiar mais no meu pai ou no pai do seu filho? — questionou, tocando a mão da mulher em cima da barriga — Meu pai não irá tirar Dominique de você e, se ele tentar, vou estar do seu lado. Preciso que confie em mim. Você confia em mim?
Charlotte puxou o ar, inclinando o corpo, sua testa tocando a dele e os dois volvendo o mesmo ar. Ela encostou seu nariz ao dele, a boca entreaberta e as palavras presas em sua garganta.
— Charlotte, preciso que me confirme que confia em mim.
Ela tinha a respiração acelerada. Tudo indicava a resposta, mas Max precisava ouvir dela. O baque seria maior, mas mais fácil de lidar.
— Eu quero muito confiar em você. — ela foi sincera — Queria muito poder gritar que confio em você e bater no peito, o famoso colocar a mão no fogo... Mas eu não posso, Max. — ela estava chorando de novo e ele abriu os olhos, encarando os castanhos — Por mais que queira muito confiar em você é a vida do meu filho. Nosso filho. Você não esta sendo ameaçado. Mas eu estou. E eu preciso de um plano B, Max. Preciso de algo se der errado...
— O que você quer fazer?
— Eu não sei...
— Por isso quer voltar para a Espanha? Quer a ajuda dos Sainz, não é?
— Eles são as únicas pessoas que tenho além de você.
— E você não confia em mim.
Ela não confirmou. Porém era como calcular um mais um. E doeu. Max queria dizer que não doía. Mas doeu.
— O que quer que eles digam... — ele tocou a face, a forçando a olha-lo — Ainda vou estar lá no final, Charlotte. Não vamos precisar de um plano B, nem mesmo de um A.
Ela concordou, mesmo com as lágrimas correndo. E ele a puxou para um abraço, as mais passando por suas costas e seu próprio coração acelerado. E os chutinhos estavam presentes, trazendo mais responsabilidade para a situação toda. E mais pressão.
ESPANHA
32 semanas e 1 dia
05 DE NOVEMBRO DE 2016
Carlos e Reyes estavam no desembarque os esperando, fazendo a grávida sorrir e correr para eles. Max desceu com as mochilas, um pouco mais lento, mas ainda trocando um abraço com a mãe de seu antigo companheiro de equipe e um aceno com o piloto de rali.
— Vocês voltaram cedo.
— Ficamos com medo de você não querer voltar, hija. — Carlos complementou a fala da esposa, abraçando de lado a mais nova — Primeira vez que me sinto feliz em estarmos errados.
Charlotte levou a mão para trás, tocando o braço de Max e o puxando para ficar ao seu lado, mesmo que o braço do mais velho se mantivesse a sua volta. E o número trinta e três não entendia bem qual era a divisão entre eles. Charlotte não confiava nele. Charlotte o mantinha por perto. Ela queria voltar para a Espanha. Ela o queria junto consigo.
O caminho para a mansão dos Sainz ainda continuou sendo confuso para Max. Ele queria poder declarar o que ainda estava fazendo junto a ela. Porém, sentia medo de o fazer e ser expulso. Ele na queria. Mas estava esperando ser.
Tudo parecia um intenso borrão se perguntassem a Max. Ele possivelmente não saberia dizer o porquê de Charlotte ter gargalhado com Ana. Ou porque Charlotte precisou abraçar Blanca na sala. Ou porque Carlos, seu antigo companheiro de equipe, a fez cócegas. Ou como Caco escolheu a foto do perfil de um site de namoro. Ou o porquê Charlotte riu tanto no jantar com os Sainz. Mas ele lembra de como ela falou o motivo de estar tão relapso em todos esses momentos para Carlos Sênior, Reyes, Caco e Carlos no escritório.
— O pai do Max disse que não adianta estar aqui na Espanha, ainda vou continuar sendo uma menina sem moradia e sem renda, o que provavelmente pesará muito no processo para ficar com a guarda de Dominique.
Max não sabia nem como deveria reagir a maneira como todos o olharam.
— Max não deixará isso acontecer. — Charlotte informou, sentando ao lado dele no sofá — Mas eu preciso de um plano B.
— Caso Max desista de ficar ao seu lado? — Carlos Sênior parecia pronto para socar o holandês ao terminar de falar.
— Não. Max ficará do meu lado. — ela prendeu os dedos com os dele — Somos uma família. Max, o bebê e a mim. Mas Jos é influente, ele mesmo me disse isso e eu não duvidaria se ele usasse algo para inviabilizar a palavra do próprio Max ou o afastar do nosso bebê. Vocês tinham que ver o jeito que ele falou, como se o nosso bebê fosse um erro grotesco e...
— Não precisa falar, querida.
— Bom, eu não sei o que posso fazer.
O grupo encarou os dois. Max ainda estava desconfortável ali. Sua própria família parecia "jogar" contra si. E quando foi decidido que Carlos Sênior falaria com um advogado de família para saber qual seria a melhor opção para a situação e ele foi expulso da casa. Sua mente pareceu entrar em combustão.
ESPANHA
32 semanas e 2 dias
6 DE NOVEMBRO DE 2016
— Bom dia!
— Bom dia, Caco.
A belga sorriu ao espanhol, colocando mais uma colher de creme em seu café, e respirando o cheiro delicioso de sua mistura. Um pequeno aperto no peito a fez afastar, pensado em como gostaria de poder afundar o rosto contra o pescoço de Max. Aquele cheiro sim era delicioso. O cheiro dele. A maneira como ele a encaixava entre os braços.
Parecia estranho ter dormido sem ele aquela noite. E ela suspirou, empurrando o café na mesa e pensando em subir para o chamar para retornar... Para eles, ela.
— Irei visitar minha mãe hoje. Quer ir comigo?
A pergunta a pegou de surpresa, porque Caco nunca havia comentado sobre sua família, família. A parte não Carlos e Reyes. E ela negaria não se sentir curiosa.
— Claro.
— Certo. — Ele sorriu, seguindo seu café.
Alguma coisa havia mudado na convivência dos dois depois que pediu para não o acompanhar mais ao campo de golf, uma mudança que não a fez se sentir culpada. Não quando Max pareceu tratar Caco melhor.
Charlotte não sabia onde os pais de Caco moravam, nem muito quanto a Madrid, mas foi meio surpreendente quando ele pegou uma estrada de terra. Ele andou mais uns quilômetros e parou em uma fazenda.
— Ela tem uma plantação pequena que mais dá gasto do que retorno. — ele rolou os olhos ao falar, mas um sorriso se abriu ao ver uma mulher sair de dentro da casa, um pano de prato no ombro — ¡Madre!
— ¡Mi hijo!
Charlotte se manteve olhando de longe, eles não pareciam se ver a pouco tempo e ela sorriu quando a mulher finalmente a reconheceu.
— Vamos a necesitar hablar inglés, mamá. — ele falou, o braço passando pelos ombros de Charlotte — Essa é a minha amiga, Charlotte.
— Prazer em conhecê-la.
As duas trocaram um abraço.
A interação toda parecia uma loucura para a belga. Todavia, a trouxe uma sensação tão acolhedora. E ela riu muito com a mãe de Caco, ao ponto de Dominique começar a chutar. E elas riram mais um pouco. E o dia pareceu passar de maneira tão agradável.
— Por que a plantação?
— Por que não a plantação? — a mais velha devolveu a pergunta a Charlotte, as mãos tocando os pequenos brotos — Da terra semeia, a terra retornará. Não existe motivo, apenas o interesse de fazer algo. As vezes traz retorno, as vezes não traz. Mas o dinheiro segue rodando e pessoas trabalhando. As vezes, quanto mais temos, menos partilhamos. E pode não parecer, mas essa pequena plantação traz retorno a aqueles que trabalham comigo. E esse é o meu jeito de ajudar. São pequenos gestos que não parecem funcionar, mas que ajudam.
Quando retornavam a cidade, a mansão, Caco começou a falar.
— Minha mãe me teve muito nova e o meu genitor não foi como Max que te apoiou e escolheu ser uma boa pessoa. Ele a abandonou. Mas como sua mãe, meus avós a expulsaram, mas, graças a Deus, o tio Carlos a acolheu. E eu fui criado como se fosse um dos filhos dele. Ele apoiou meus estudos, deu a fazenda a minha mãe. E sempre me tratou como se fosse um filho a ele.
A garota não sabia o que dizer, então, apenas tocou a mão por cima do volante por alguns segundos, logo à retirando.
— O advogado ligou. Sua "melhor chance" seria apresentar um emprego fixo com mais de três meses e uma moradia. Um salário médio seria excelente também. Mas Dominique nasce em um mês, um mês e meio e isso seria impossível de conseguir.
— Ótimo! Minhas chances de continuar com meu filho se reduzindo ainda mais...
— Ou você poderia casar com alguém. — ela franziu a testa — Um casamento ainda é um acordo econômico e se a outra pessoa tiver uma casa e um salário fixo, ou relativamente alto que poderia sustentar uma família, isso contaria muito em um processo. Você não teria mais uma instabilidade familiar e financeira.
Por favor não proponha o que acho que vai propor.
— Poderíamos fazer isso. — ele fez — Não porque estou apaixonado por você, coisa que não acredito que esteja. Não mais pelo menos. Mas porque quero te dar uma chance de ganhar do pai do Max. Eu tenho vinte e nove anos, faço trinta esse ano, sou empresário do Carlos e quase não paro em casa porque o acompanho, então ainda não nos veríamos muito. Tenho uma casa no centro de Madrid, apesar de preferir passar os dias na casa de meus tios e...
— Por favor, para. — ele ficou em silêncio — Para o carro, por favor.
A rodovia não estava movimentada, o que Charlotte agradeceu, porque precisou sair na lateral da via e sentir o vento contra seu rosto. Parecia um pesadelo. Não que casar com Caco fosse terrível. Mas seria. Para ela, para ele, para Dominique, para todos.
— Charlotte...
— Eu gosto dele, Caco. — ela tocou o rosto, escondendo a face — Eu realmente gosto dele e sei que vou o amar. Se é que já não amo e não percebi. Não posso fazer isso... Eu achei que ter um plano B era tudo. Mas ele é tudo. Eles... Dominique... Ele... Os dois... E eu sei que se eu aceitar isso, terei muita chance contra Jos em um tribunal se ele levar isso adiante, mas não terei a Max. Então não. Eu prefiro me arriscar achando que Max dará um jeito, conseguirá controlar o pai, a perde-lo. Sinto muito.
— Por que está se desculpando, Charlotte?
— Por não conseguir fazer isso.
— Não precisa fazer isso, querida. — ele se aproximou, a abraçando — Foi apenas uma ideia, você não era obrigada a aceitar.
— Mas você preparou tudo e...
— Você não pode embarcar em uma coisa que sabe que não dará certo apenas para agradar outra. Isso serve para você e para mim. Sendo sincero, acho que é até um alívio que tenha negado. Sem ressentimento nenhum.
— Promete?
— Prometo.
E Caco foi a soltar, porém seu punho ficou preso a blusa de Charlotte, o levando a inclinar o corpo para desprender sem a machucar ou rasgar nada, quando a mão da mulher venho com tudo em seu rosto.
— ¡Maldita sea, Charlotte! ¿Está loca? — o espanhol gritou, a assustando, a vendo levar a mão sem entender a blusa, uma parte presa no relógio do homem.
— Você tentou me beijar!
— Eu não tentei te beijar, louca! — ele gritou novamente — Eu estava desprendendo meu relógio. — e ergueu o pulso, a vendo arregalar os olhos — Eu não ia beijar você! Só nos beijamos no início do ano porque me pediu ajuda para fazer ciúmes em Max!
— Mas você...
— Eu o que?
— Você tem dado em cima de mim.
— Eu posso ter me confundindo um pouco, mas mesmo assim nunca a beijaria sem pedir antes. Que tipo de pessoa acha que sou?
A mulher ficou em silêncio e ele choramingou ao tocar o nariz novamente.
— Droga de mão pesada! — vociferou, voltando para o carro — Vai vir ou prefere ligar para alguém te buscar? Vai que eu tento "te agarrar" de novo.
Ela entrou no carro.
Vermelha até a alma.
BRASIL / ESPANHA
33 semanas e 2 dias
13 DE NOVEMBRO DE 2016
"Mais quinze pontos
Dominique está orgulhoso do papa
Não para de mexer
Parabéns, leãozinho
Groom está com saudades da namorada dele
A traga logo para ele"
"Diga a Dominique que foi para ele
Cada ponto que faço
Cada pódio
Tudo
É para ele"
Max suspirou ao receber um vídeo da sua garota com a mão na barriga. "Dominique, o papai tá dizendo que os pontos são seus, sabia? Olha o chutezinho! Você gostou, meu amor? Gostou né?" E a risada de Charlotte era alta, os dedos passando pela barriga enorme. E ele havia escutado um mecânico dizendo que era a coisa mais estranha e feia ver a barriga da sua esposa naqueles momentos, con a filha mexendo. Mas, para ele, parecia uma das coisas mais bonitas do mundo.
"Você vem para a consulta dele né?"
"E eu lá falto a alguma consulta dele?
Claro que vou
Preciso cuidar aquele médico
Não confio nele"
"Deveria ter mais confiança em seu taco"
"Meu taco é incrível
Ele deu uma volta completa em uma pílula do dia seguinte
Mas cuidado nunca é demais"
"Isso foi engraçado
Mas você não precisa tomar cuidado"
"Não?"
"Não é apenas Groom e Dominique que estão com saudades
Você sabe disso
Então traga sua bunda para mim
Rápido"ŵwwŵ
"Não vou dar minha bunda a você
Sinto muito, schat"
"Idiota"
Max riu, a respondendo com uma foto sua com o troféu novo. Era o terceiro lugar, seu pai provavelmente o odiaria por mandar aquilo a uma pessoa. Era um perdedor. Mas Charlotte o mandou palmas e um "estou orgulhosa de você" e seu mundo parecia colorido.
ESPANHA
33 semanas e 6 dias
17 DE NOVEMBRO DE 2016
O doutor Guzmán estava brigando com a mãe do Dominique e Max não sabia como ele conseguia fazer aquilo sem a deixar chorando, mas Charlotte estava envergonhada. Aparentemente, ela tinha um peso máximo que poderia engordar e a menina tinha passado com folga.
— Pode ser ele. — Charlotte murmurou, ganhando olhos estreitos do médico.
— Seu bebê é um super bebê então, Charlotte. Porque ele está com quinze quilos.
Reyes começou a rir. Todo mundo estava tentando se segurar, mas a matriarca Sainz estava rindo. E o clima acabou se tornando menos pesado.
— Você vai entrar em uma dieta, mocinha.
E Max tentou ser discreto ao dar uma olhadela no corpo da mulher, porque realmente não parecia que Charlotte havia aumentado tudo isso. Certo que a barriga estava enorme, suas coxas bem grossas e, bom, ele tinha lido que as grávidas podiam acabar ficando com o "bumbum achatado", mas a sua garota estava uma delícia.
— Certo, chegamos as trinta e três semanas, oito meses.
Charlotte sorriu, o rosto quase se perdendo entre os ombros pela maneira como se encolheu de maneira fofa. Max queria a agarrar e a colocar em seu colo, beijar todo seu corpo e a ter junto consigo.
— Quero que venha toda semana aqui a partir de agora.
— Por quê? — Max estranhou, tinha algum problema com o bebê e ela.
— Estamos nas últimas semanas. Isso gera muita ansiedade e precisamos de algumas medições de rotina, sendo elas sua pressão arterial, a altura do seu útero, peso, que iremos prestar mais atenção para poder tornar o parto melhor e mais simples, e a revisão do colo de útero. Inclusive, a pressão é uma coisa que você pode começar a acompanhar de casa. Acha que pode acompanhar e ir colocando os resultados em sua caderneta de gestante, não?
— Podemos sim. — Charlotte confirmou, a mão de Max em cima da sua.
— Eu vou te dar mais uns requerimento de exames também. — o doutor continuou, já pegando os receituários — Tem tomado as vitaminas que passei na primeira consulta ainda né?
— Tenho sim, coloquei o despertador para não esquecer.
— Ótimo, Charlotte. — o mais velho sorriu para ela, então correu os olhos entre os dois — E a relação de vocês?
— Está boa. — Charlotte aproximou o rosto do corpo de Max, o nariz batendo em seu ombro e se sentindo intoxicada com o cheiro dele, o braço passando por trás das costas dele. Era incrível como Max vinha a deixando dessa forma. — O que você acha? Temos uma relação boa?
Reyes suspirou, porque desde que Charlotte retornou da tal ida a casa de Carmen — a mãe de Caco — Charlotte parecia mais agarrada que o normal do piloto. E Max parecia confuso com aquilo, mas não perguntava nada, apenas aproveitava, como se fosse apenas uma fase e ela fosse o esquecer em pouco tempo. Aquilo parecia impossível para a Sainz, mas não discutia com quem tinha o pensamento formado. Era esperta o suficiente para não o fazer.
— Estamos em um momento bom.
E eu nem falei o que confessei ao Caco. A belga pensou, a mão encostando a nuca do loiro e o fazendo sorrir, os olhos meio arregalados e Charlotte beijou seu ombro, se sentindo envergonhada. Talvez ela estivesse sendo demais. Ela se sentia estranha agora.
EMIRADOS ÁRABES / ESPANHA
35 semanas e 2 dias
28 DE NOVEMBRO DE 2016
"204 pontos, schat
204 pontos tendo mudado de equipe
204 pontos precisando se adaptar a um carro novo
204 pontos não participando de quatro corridas
204 pontos com você estando grávida"
As mensagens chegavam de maneira desordenada no celular, fazendo a mulher piscar confusa, antes de pegar o celular e ver o horário. Max estava a mandando mensagem de madrugada. Possivelmente bêbado.
"Parabéns!
Você foi incrível
Mil vezes orgulhosa"
Acabou respondendo apenas. Não queria puxar uma briga de madrugada. E era o último Grand Prix, eles já haviam se falado mais cedo. Max parecia ter esquecido.
"Eu adoro você
Adoro nosso filho
Vou ligar"
Ela nem teve tempo de negar, cansada demais para conversar com ele. Entretanto, o celular já tremia e ela o levou para o ouvido.
— Boa noite, querido.
— Schat...As luzes se apagaram e...
E ela o ouviu narrar toda a corrida, desde a maneira como a curva era a xingamentos quanto aos outros pilotos. E o mais engraçado era que Charlotte estava com muito sono, mas, mesmo assim, ainda falava um "continua" ou "aham, sei", o deixando ainda mais eufórico por poder compartilhar seu trabalho, seu sonho, com ela. E o dia amanheceu com ela falando com Max no celular e mexendo em sua barriga.
ESPANHA
35 semanas e 5 dias
30 DE NOVEMBRO DE 2016
— Última semana dos oito meses. — o doutor Guzmán bateu as mãos na mesa — Quem está querendo sair?
— Essa garotão! — Charlotte apontou para sua barriga, já procurando um lugar para se sentar — E isso se reflete nele me fazendo ficar inchada.
— E a animação de sempre parece um pouquinho reduzida?
— Dominique soluçou a noite toda. — ela suspirou, Max apertando a mão do homem, antes de se mover para perto dela, puxando a cadeira para perto dela e a recebendo quando Charlotte pula de seu lugar e se espreguiça em cima de si — E eu sei que o senhor disse que é seguro, mas eu não consegui dormir com ele soluçando.
— Você provavelmente será uma mãe que não vai dormir muito, se já está preocupada com soluços. — o homem se moveu para a cadeira, a vendo no colo do piloto — E você está se sentindo...?
— Com sono... E estranha... — ela suspirou, apoiando o rosto contra o ombro de Max, os olhos fechados e o sentindo massagear sua barriga — E quero muito ficar agarrada no Max, ainda mais agora que ele não tem mais corrida. Isso é ótimo, assim não preciso ficar com saudades.
— E você normalmente é assim?
— Não. — a resposta de Max foi rápida o suficiente para o fazer ganhar um tapa — Mas não estou reclamando. Gosto disso. — Charlotte tocou sua bochecha — Realmente gosto disso.
— E o que mais tem para reclamar nessa semana?
— Meus seios estão vazando. Estou usando um lencinho dentro do meu sutiã, que já está estourando. — ela suspirou, afundando o rosto contra o pescoço de Max, buscando se acalmar.
— Isso é normal, querida. Chamamos isso de colostro, que é uma mistura de nutrientes que seu bebê vai precisar ao nascer. E está tudo certo se vazar. — ela concordou, Max fazendo pequenos círculos em sua barriga — Inclusive, ele pode vazar até na hora das relações sexuais, se estiverem fazendo.
Charlotte queria se esconder ao ouvir.
— Ah! Não deve ser possível. — Reyes comentou pela primeira vez — Meu marido tem estado de olho nos dois. Não passam mais que dois minutos juntos sem que ele mande alguém conferir e nada de cobertor, ou lençol, ou qualquer coisa que possa esconder algo.
— Constrangedor. — Charlotte choramingou.
— Você fez os exames que pedi? — a mais nova concordou, apontando para Reyes e a Sainz abriu a pasta de plástico, entregando todos os documentos ao médico e ele a viu choramingar quando o piloto se mexeu — Você realmente está querendo que ele saia logo, não?
— Não, eu... Só está me pesando um pouquinho agora e preciso ir muito ao banheiro e minhas costas estão doendo. E eu sei que isso é normal, Max tem me ajudado muito em tudo, só... Não sei explicar...
— Tudo bem se sentir sobrecarregada em momentos como esse. Você é bem nova, tudo é muito novo. É o seu primeiro filho. Aposto que no segundo já estará tirando de letra.
— Até ele sabe que teremos mais filhos. — Max sussurrou a ela.
— Ele disse que no meu segundo filho estarei mais prática, não disse nada que ele será com você.
O número trinta e três estreitou os olhos, apenas para a belga se arrepender do que tinha acabado de falar e abraçar seu pescoço, o dando um selinho.
— Natuurlijk zal het bij jou zijn, liefje.
Claro que será com você, amor. E ela passou o nariz sobre o dele, voltando a sorrir quando o médico começou a falar os resultados dos exames. E Max sentiu o chutinho contra sua mão. O fazendo olhar para a barriga de sua schat. Oh, sim! Ela viveria cheia! Viveria com seus filhos na barriga. E aquilo devia ser um péssimo pensamento, mas ele não se importava em ser um homem das cavernas se isso garantisse aquilo que eles tinham.
Lembrando que a maioria dos fatos narrados na história são frutos da minha imaginação, incluindo a história do Caco
E bora lá
Domi nem nasceu e o Max já quer meter outro
Esse gosta de quebrar recorde
E a Charlotte estava adorando estar na Bélgica, até o Jos chegar
E ela deu passe livre pro Max nos últimos gps em...
Mas também depois do nascimento do domi, ela vai cravar a bandeira e declarar dela
E então ela falou pro Max que o Dominique era a prioridade dela, que precisava de um plano caso algo desse errado, porém, quando o Caco apresentou uma oportunidade, ela recusou porque isso automaticamente a tirava o Max
Ou seja, ela é confusa
Igual qualquer pessoa
É uma jovem, não esperem muito dela
18 aninhos só
E é isso
O que acharam?
Espero que tenham gostado
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