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0.19

Eu sinto muito

Boa leitura!

BÉLGICA
7 DE JULHO DE 2016

Sophie-Marie se considerava uma mãe superprotetora, mesmo com todos os erros do passado e a sua demora para dar um ponto final em sua relação com Johannes. Entretanto, ainda acreditava ser. E ela conhecia muito bem o que acontecia quando um piloto entrava em ascensão.

Muita mídia, muito reconhecimento... Muitas garotas aproveitadoras... E ela não deixaria uma garota qualquer, que não tinha nada, chegar a sua casa e passar a perna no seu menino. Porque era isso que Max era, um menino. E ele era bem ingênuo quando queria.

Charlotte Bakker era um problema antigo. Jos sempre a alertou sobre a possibilidade de um "retorno". A belga tinha se tornado um empecilho em 2014, enfrentando Jos assim que ele foi buscar Max naquela bendita festa e se tornado um fantasma quanto ao futuro do primogênito do ex-casal.

— Mãe, eu não sei se isso é certo.

Victoria murmurou ao ver a mãe parar o carro a frente da casa de Chloe Bakker. A kartista encarou a filha, sinalizando a casa logo em seguida, como se isso justificasse seu medo.

— Não ter tanta condição, não significa ser ruim. — a loira rebateu — Você sempre disse isso.

— Seu irmão acabou de ser promovido a uma equipe melhor, virou campeão de um Grand Prix de Fórmula 1, e, de repente, essa menina descobre que está grávida dele. Do nada. Absolutamente do nada. Ela descobre que está grávida, sendo que o teste que seu irmão me mostrou comprova mais de dois meses, Victoria. Ela esta com três meses e duas semanas, ninguém é tão desatenta para não descobrir uma gravidez com todo esse tempo.

— É o primeiro bebê dela, mãe. — Victoria insistiu, mesmo tendo ficado com um pézinho para trás — Eu também não saberia se estivesse no lugar dela.

— Você é igual seu irmão. — Sophie-Marie negou com a cabeça — Fique no carro!

— Mas, mãe...

— Fique no carro.

A kartista desceu, pegando sua bolsa no banco de trás e lançando uma olhadela nada boa a filha. Victoria se encolheu. Sophie-Marie nunca foi violenta como Jos era com Max, mas ela sabia como fazer a filha e o filho se encolherem apenas usando palavras fortes. Não eram ofensas, os dois quem sabe preferissem. Porém, o que não entrava na mente da irmã mais nova de Max, era como uma pessoa como sua mãe poderia estar tão "mente fechada" quanto a uma menina estar grávida de se irmão.

Era como se na mente de Sophie-Marie Kumpen, ninguém nunca fosse capaz de amar verdadeiramente seu filho. E não fazia sentido a Victoria. E ela não sabia como a mãe conseguiu sorrir tão falsamente assim que a porta foi aberta e Chloe aceitou a visita, mesmo parecendo confusa.

— Aí meu Deus!

Violet levou as mãozinhas na frente da boca, seus doze anos se comprovando naquele instante e os olhinhos brilhando. Sophie-Marie era uma pessoa a qual a criança dos Bakker idolatrava. Max era o principal ídolo, mas Sophie-Marie era uma campeã do karting.

— Olá!

A mãe de Max sorriu para a menina, antes da pequena correr na sua direção e abraçar sua cintura. Chloe rolou os olhos, vendo Violet arrastar a Kumpen até o sofá gasto. A mãe das meninas agradecia que já havia lavado os pratos sujos da pia.

— Desculpa por isso. — Chloe pediu a outra mulher, um sorriso amarelo — Violet consegue ser bem "tieti" quando o assunto é a sua família.

— Você conhece meu filho?

Sophie questionou a menina.

Quem sabe a fissura da mais nova a ajudasse a entender melhor a extensão do relacionamento de seu filho com Charlotte Bakker, já que Max apenas declarou ter certeza do caráter da "schat" e que colocaria sua mão no fogo por ela.

— Maxie? — Violet pareceu brilhar ao perguntar, ganhando um aceno positivo — Ele dorme aqui em casa né? A Char sempre diz que depois que dorme duas vezes é de casa.

— Ele vem muito aqui?

— Mais ou menos. Ele vem dias diretos, aí a Lotti some de quinta a segunda e quando volta... Eles nunca estão bem, mas então ele vem e eles voltam.

— Charlotte foi para as corridas? — Sophie questionou Chloe, ganhando um dar de ombros — Sua filha foi para alguma corrida?

— Se foi, quem sabe é ela. — Chloe apontou para a filha caçula — Charlotte não costuma me dar um relatório de como foi seus dias desde os dezesseis anos.

A kartista passou os olhos pela casa novamente, o queixo meio caído. Não conseguia acreditar que Chloe Bakker fosse tão irresponsável ao ponto de não se preocupar por onde a filha andava. Ela apenas não fazia Max a entregar um relatório porque ele era homem. Mas Charlotte era uma menina. Meninas deveriam ser cuidadas com zelo. Sophie-Marie não conseguia imaginar o que poderia vir a enfrentar se Jos soubesse que Victoria andava sozinha na cidade.

E então as três estavam na sala, o tempo passando, enquanto a kartista aguardava a menina, que dizia estar esperando um bebê de seu filho, chegar da universidade. Uma xícara de café tinha sido ofertada e Victoria acabou entrando conforme a primeira hora fechou. Sophie-Marie observava tudo a volta, desde as capas de almofadas gastas até os porta-retratos coloridos nas paredes.

— Exatamente o que deseja falar com minha filha?

Chloe Bakker questionou, ainda surpresa demais com a surpresa da kartista na sua sala. Violet ainda mantinha os olhos em cima dela. Violet já fazia uma leve ideia do que poderia ser falado, ela tinha mais convívio com a irmã e, mesmo tendo apenas 12 anos, ainda sabia o motivo da barriga da irmã estar crescendo. Ou o porquê de Charlotte ter chorado todos os dias anteriores até aparecer com um sorriso quase maior que o rosto e a notícia de Max estava na cidade circulando na escola.

— Ela ainda não contou a vocês?

— Contou o quê? — Chloe cruzou os braços, um olhar confuso.

— Com a faculdade, está meio difícil pegar Char em casa. — Violet acabou se intrometendo, apertando os lábios, antes de se voltar para Chloe, não querendo que a mãe descobrisse pela boca da outra mulher — Por falar nisso, mãe já está na hora de se arrumar para o trabalho.

— Verdade, querida. — Chloe piscou seus olhos, parecendo envergonhada ao se voltar para a kartista — Eu trabalho a noite, então vou precisar me ausentar daqui um pouco.

— Não vejo problemas.

Sophie-Marie via muitos problemas naquela casa. Desde a notícia na noite anterior, a kartista tinha abdicado todo o seu tempo para apenas pensar e saber como reagir a nova informação. Ela até mesmo observou o filho dormindo pela madrugada para ter certa clareza. E era óbvio que ele não tinha estrutura nenhuma para ser pai naquele momento de sua carreira. Ela duvidava que Max conseguisse ser um bom pai para qualquer criança em qualquer época de sua vida.

— Ela vai demorar muito para chegar?

— Depende. — Violet fez pequenos círculos com o dedo no sofá — Quando ela vem de ônibus, chega tarde, mas se arruma carona com Florence daqui a pouco chega...

— Florence...? — Os olhos de Sophie-Marie estreitaram em desconfiança — Florence Bilard, o que sofreu um pequeno acidente?

— Ele apenas torceu o pulso, ontem mesmo estava aqui em casa. — Violet percebeu que tinha falado demais ao ver a troca de olhares entre Sophie-Marie e Victoria — Max, as vezes, pede para que ele venha.

— E ela é bem próxima de Florence?

Vic perguntou, não por mal, mas tentando tirar qualquer ideia estúpida que poderia rodear a mente de sua mãe. E Violet virou um pouquinho, pegando o pequeno sinal de mão a loira, antes de negar, mentindo o fato do outro aparecer de forma seguida e salientando uma aproximação apenas a mando de Max. O que era uma mentira. Florence era legal, vinha bastante a casa das duas depois que pegou "nojo" de Alana e parecia determinado a afastar Charlotte da loira.

Chloe estava cuidando o relógio na parede para poder ir ao serviço, mas sentia que não podia o fazer enquanto não soubesse o motivo da filha estar sendo requisitada ao ponto da estrela da cidade estar sentada em seu sofá. E a Bakker mais velha sentiu o alívio fluir por seu corpo ao ouvir o barulho do portão sendo batido.

Charlotte estava cansada naquele dia. Não que tivesse coragem de reclamar dentro de casa, mas seus pés estavam inchados e não tinha conseguido ingerir nada além de uma panqueca dada por Florence ao meio dia. E ela nem gostava de panqueca, mas seu almoço tinha sido descartado completamente quando o abriu e sentiu o cheiro. Aparentemente, pela primeira vez no ano, ele tinha azedado dentro da mochila. E em qualquer outra ocasião teria apenas descartado a parte estragada e comido o restante, mas o cheiro já havia subido por seu nariz e o vômito saído por sua boca e ela queria morrer.

A garota apenas queria poder entrar, dar um tchau a sua mãe — caso ainda estivesse em casa —, tomar um banho e convencer sua irmã a deitar ao seu lado. Talvez precisasse de contato para melhorar, o conforto de saber que ainda tinha alguém por si. Max estava fora de cogitação, visto que aparentemente Sophie-Marie ainda o mantinha em cárcere de privado. E ela suspirou, tirando a chave da mochila e abrindo a porta, vendo seus planos desaparecer tal como a areia ao ser passada por uma peneira.

— Moederliefde!

Amor da mamãe! Charlotte foi pega de surpresa pela maneira que sua mãe a chamou, sendo esmagada por um pequeno abraço de urso. E ela encarou a mulher sentada no sofá com a filha. Violet estava na poltrona, o indicador passando de maneira discreta pela linha de seu pescoço, deixando claro que a irmã estava ferrada.

— Mama! — Char se afastou de Chloe, a dúvida presente em sua face — Boa tarde, senhora Kumpen e Victoria.

A estudante de arquitetura tentou sorrir, desconfiando que sua face entregasse o desgosto com a surpresa.

— A Sophie queria falar com você, dochter.

Charlotte se perguntou por quanto tempo o "filha" vindo de sua mãe sobreviveria ao que Sophie-Marie provavelmente venho conversar. A estudante não era burra, sabia que só existia um motivo para a kartista estar em sua sala. E ela não sabia se deveria ficar feliz ou não por isso.

— A senhora não está atrasada para o trabalho, mama? 

Chloe e Charlotte tiveram uma breve troca de olhar, onde a mãe deixava bem claro que gostaria de saber o motivo das duas outras estarem na sua sala. E a estudante apertou seu braço, maneando a cabeça, como quem pedia por confiança. E Sophie-Marie acabou queimando a largada:

— Por que sua mãe não pode estar aqui quando formos falar do bebê do meu filho?

Chloe soltou tão rápido a mão da filha e a olhou de maneira tão suja que fez a bile de Charlotte subir, a obrigando a prender a respiração e forçar a língua no céu da boca. Victoria bateu no braço de Sophie, deixando claro seu descontentamento quanto a maneira como a mãe tinha jogado a bomba.

— Do que ela está falando, Charlotte?

— Oras! Do bebê na barriga dela que acusa ser de meu filho.

Violet pulou da poltrona, se movendo a ficar com as costas viradas para a irmã e a frente para sua mãe, como um pequeno escudo de proteção. 

— Do que ela está falando, Charlotte?

Chloe repetiu a pergunta, porque apesar de ter trazido o teste de gravidez da farmácia na qual trabalhava ainda acreditava estar sendo ridícula e extremista. Charlotte era uma boa filha com boas notas, elogios e nada de preocupações. Era claro que estranhou o fato dos absorventes terem tido pouca saída, mas o ciclo menstrual de sua filha nunca foi muito consistente. Fora que elas tinham um combinado, apenas uma regra. Charlotte chegava a debochar de que nunca teria filhos sempre que questionava algo. E agora uma mulher que nem conhecia direito, que havia visto uma ou duas vezes pela cidade, estava na sua casa dizendo que a sua Charlotte estava grávida? Não, aquilo não era verdade.

— Estou falando que sua filha está dizendo que tem um bebê de meu filho na ba...

— Será que você pode calar a merda da boca? — Toda a educação oferecida por Chloe a Sophie-Marie tinha evaporado e ela se voltou para a kartista com fogo nos olhos — Estou falando com a minha filha, não com você.

— É! Mas a sua filha teve na terça dentro da minha casa e tentou empurrar a paternidade desse bebê na barriga para ele, então eu não vou calar a boca.

— Mama! — Charlotte segurou o braço de Chloe quando ela fez menção de se jogar na kartista, levando a um extremo que elas não teriam condições de pagar caso levassem um processo.

— Ótimo! Max além de dormir com uma oportunista também arrumou uma "sogra" desequilibrada.

— Será que você não pode ir embora? — Charlotte acabou questionando a kartista, não se dignando a olhar na direção de Victoria que parecia impactada demais desde a revelação de sua mãe.

— Não, eu vim conversar com você e...

— E eu não quero falar com você. — a estudante a interrompeu — Não tenho que falar com você, porque o que tenho a falar é apenas com seu filho maior de idade que está praticamente trancado dentro de casa, enquanto você se mete na vida dele. Pode mandar e desmandar em Max, mas eu não sou ele. Então, já que fez o grande favor de entrar na minha casa e contar a minha mãe sobre o meu bebê e me chamar de oportunista, está sendo convidada a se retirar.

Ela salientou bem os termos possessivos, vendo a mãe se mover para a cozinha, a acusação de estar agindo como uma "desequilibrada" tinha a feito querer voltar ao controle de suas ações. E Sophie-Marie pegou sua bolsa no sofá, agarrando o braço de Victoria, parando ao lado da porta aberta por Charlotte para sibilar:

— Não pense que vai conseguir qualquer dinheiro da minha família antes de um teste de DNA.

— Se você souber de algum teste seguro durante a gravidez, podemos fazer amanhã.

Sophie-Marie não olhou para trás depois de sair, batendo os pés até o portão. Já Victoria parou, mordendo os lábios, parecendo se sentir culpada.

— Sei que não teve nada a ver com isso, Victoria.

Charlotte acabou a relaxando, dando uma olhada para trás, vendo a mãe com a face irritada fixa nela. E Victoria também reparou, falando de maneira rápida para não acabar complicando a outra ainda mais:

— Ele não sabia. Ele nunca deixaria ela vir se soubesse.

Charlotte apenas fechou a porta quando viu o carro de Sophie-Marie arrancar, talvez estivesse usando do orgulho de sua mãe em tentar se manter equilibrada depois da acusação para pensar em uma maneira de recuperar a situação de maneira favorável a si. E, somente ao trancar a porta, se virando, focalizou na irmã.

— Violet, vá para o quarto.

Chloe olhou para a mais nova, deixando claro que não existia conversa ou negociação para sua ordem. E Violet acabou focando em sua irmã mais velha, ela passava mais tempo com Charlotte do que com a mãe de qualquer maneira. E existia uma espécie de lealdade na maneira como os olhinhos da garotinha questionavam se era para obedecer ou não.

— Vá para o seu quarto, klein.

Violet confiava que tudo daria certo. Charlotte a chamou de "pequena", aquele símbolo de carinho com apenas uma palavra. E a mais nova se aproximou da irmã, pedindo sua mochila. E Charlotte entendeu o que aquilo significava a ela. Violet sabia que Charlotte não iria embora sem sua mochila e levar o objeto ao seu quarto, remetia a mais velha indo buscar antes de sair.

— Guarde em meu quarto.

Violet confirmou, arrumando a mochila quase mais pesada que ela e saindo pelo corredor. Charlotte a acompanhou, os olhos de águia de quem cuidava da criança desde sempre. Um pequeno silêncio caindo sobre o cômodo, onde nenhuma das duas presentes parecia capaz de falar qualquer coisa.

Havia apenas uma regra na casa: Sem gravidez.

Isso sempre foi deixado claro. Não havia negociação, não havia dúvida, não havia chances.

— Pode perguntar, mama.

Charlotte sentia os olhos cheios de lágrimas, mas a voz ainda estava firme. E talvez ela tivesse colocado um pouco de prepotência no tom para parecer mais forte. Mas, ainda sim, não teve coragem de se virar para Chloe.

— É verdade? — a voz de Chloe era baixa, como o farfalhar de um predador ao se aproximar de sua próxima presa — Está grávida, Charlotte?

Ela poderia mentir, dizer que não. E Chloe iria ao banheiro e veria que a caixinha com o teste não estava mais no armário, então ela mentiria de novo e faria a sua mãe ir a farmácia mais próxima — concorrente a do seu trabalho — e trazer um novo. Mas nesse meio tempo, sabendo a distância de nove quadras, ela conseguiria sumir da casa sem precisar dar tanta explicação ou ouvir qualquer discurso fútil quanto a irresponsabilidade. Porque não existia qualquer coisa que Chloe pudesse falar ou jogar na sua cara que ela própria já não havia feito desde que aqueles dois risquinhos tinham brilhado ou o positivo do Beta HCG não a fez chorar.

— Estou.

Ela não iria mentir. Talvez conseguisse conversar com sua mãe. Mesmo que Sophie-Marie tivesse estragado tudo ao vir a sua casa. A antiga kartista tinha jogado a bomba de sua gravidez sem nem ao menos de dar ao trabalho de ser gentil, a chamado de oportunista e feito sua vida virar de cabeça para baixo.

— Está de quanto tempo?

— Catorze semanas.

Os olhos de Chloe pareciam lanças sendo jogadas em cima de sua filha, enquanto fazia a conta mentalmente. E Charlotte acabou falando "três meses e duas semanas" baixo. Ela não queria que a mãe se sentisse mal por não ter sido rápida suficiente.

— Faz quanto tempo que sabe disso?

Certo que Charlotte não esperava que a mãe reagisse bem a uma gravidez prematura e o fato de estar escondendo isso por tanto tempo pareceu compreensível quando os olhos castanhos da mãe pararam em cima de si. 

— Eu não tinha considerado a ideia até a senhora falar sobre os absorventes.

Ela sabia que conseguiria dobrar Chloe se tivesse ido com calma, ela tinha até mesmo programado o cronograma para a conversa, quando Sophie-Marie venho e destruiu tudo. 

— Por favor, fala alguma coisa.

Chloe soltou uma lufada risonha, os olhos parando em cima da filha e um aceno negativo sendo feito.

— Sabe as regras.

— Você está brincando né? — o nariz de Charlotte pinicou quando fez a pergunta, as vistas ficando úmidas.

— Estamos em 2016, Charlotte. Existem muitas formas de não conseguir engravidar, então...

— Então o quê?

— Então ficou porque quis.

— A senhora tá brincando comigo. — o que causava mais raiva na mais nova era o fato de sua mãe nem ao menos estar gritando. Ela parecia um robô, falando como se tudo fosse apenas preto no branco e a idade da pedra ainda existisse e ter um bebê fosse a pior coisa do mundo. — Eu tomei a pílula, mãe. Eu fiz o Beta HCG, fiz o cálculo certinho, a pílula falhou. Eu não tenho culpa.

— Você deveria ter parado no momento que não tivesse camisinha. 

— A camisinha só tem 98% de eficácia também.

— Ótimo! Você estaria sendo expulsa de casa mesmo se tivesse usado camisinha.

A mais nova abriu a boca, sem saber o que dizer.

— Mama...

Chorou, o pedido de perdão junto com o desespero embalando o tom de voz.

— Sabe as regras, Charlotte. — ela se manteve firme, mesmo vendo a filha começando a chorar — Junte suas coisas e saía da minha casa.

— Mama...

— Faça isso antes que eu a mande embora sem nada.

— Mama...

E Chloe se voltou para a filha, os olhos a analisando, parecendo estar pensando em alguma coisa.

— É até as quinze ou as doze?

— O quê?

— Permitido pelo governo é até as doze ou quinze semanas.

— Não! — a mais nova gritou, um passo para trás, os olhos assustados e as mãos sobre a barriga.

— Então é rua.

— Mãe! — não foi um tom choroso, foi o chocado.

— Eu teria abortado vocês se tivesse sido esperta.¹

Charlotte trouxe os ombros para a frente, erguendo as mãos até o rosto e começando a chorar alto, enquanto sua mãe seguia para o próprio quarto, já mandando mensagem ao seu chefe sobre precisar se ausentar do serviço aquela noite. A mais nova acabou soltando um riso ao lembrar de seu pensamento inicial sobre apenas chegar em casa e convencer a irmã de deitar consigo, porque queria o conforto de sua cama. E, agora, estava sem cama e casa.

A estudante se moveu para o "seu" quarto depois de alguns minutos, sendo pega pelos braços de Violet logo após abrir a porta. Era claro que a garotinha de doze anos estaria atenta a conversa e já havia entendido tudo o que estava acontecendo. E Charlotte acabou precisando arrumar forçar dos céus para controlar a crise de choro da irmã.

— Vai ficar tudo bem, klein.

Ela não sabia dizer o quão verdadeira era aquela sua declaração, porque aparentemente buscar apoio na casa de Sophie-Marie com Max estava fora de cogitação. E ela precisava se virar. Mas ela daria um jeito, sempre daria um jeito. 

Merda! Ela não podia falhar com aquele ser-humaninho em sua barriga! 

Não como estava com Violet.

Violet chorou em silêncio em todo o momento em que a irmã arrumava as coisas e Charlotte não sabia o que fazer, porque ela apenas queria abraçar a irmã e a trazer conforto, mas não sabia até quando sua mãe seria "benevolente" e a deixaria ficar. Seu aviso tinha sido claro, era para aproveitar para pegar as coisas enquanto ela ainda deixava. 

— Você vai voltar né?

Charlotte sentiu seu coração quebrar ao ouvir a pergunta da mais nova ao sair no corredor, sua mãe estava sentada no sofá, como se não tivesse acabado de expulsar a filha de casa. Parecia um fim de semana qualquer, a tv ligada em um programa de culinária idiota e ela com uma cerveja na mãe. Uma rica mãe.

— Klein, eu amo muito você. — foi o que conseguiu declarar, puxando a menor para o meio de seus braços, as malas que tinha arrumado ao lado do corpo e deixando um beijo no topo da cabeça — Muito, muito, muito.

Chloe não olhou para a filha assim que ela abriu a porta, mas falou:

— Para.

Charlotte olhou com tanta devoção a sua mãe, sabia que ela mudaria de ideia. Ela apenas estava a testando, vendo se aguentaria a "bronca", mas a apoiaria. Sua mãe não era ruim, apenas não sabia como reagir em alguns momentos e...

— Deixa a chave. Não a quero perambulando por minha casa.

E Charlotte apoiou a mão na porta, o peso caindo novamente em suas costas e Violet soltou um grito, correndo para seu quarto. Chloe não pareceu ligar, mesmo que tenha visto por canto do olho a filha com dificuldade para tirar a chave do chaveiro de leãozinho que usava. Max tinha a dado, era uma coisa completamente comum e sem importância, mas era importante. Confuso e complexo, como a relação dos dois e, por isso, que ela demorou tanto para tirar a chave.

— Mama... — ela prometeu que seria a última vez que tentaria.

— Boa sorte!

Charlotte puxou a porta com mais força que o necessário, odiando cada segundo em que pensou que sua mãe cederia. Se odiava por ser burra e não ter parado tudo quando começou. Merda! Max nem era o seu tipo. Por que ela insistiu? Porque apenas não levantou sua bunda gorda do sofá e foi embora quando Alana falou aquilo. Ela estava apenas brincando, de qualquer forma.

E ela se encostou na parede, sabia que sua mãe ouviria todo seu choro e era quase como se esperasse que Chloe ligasse para a polícia dizendo que ela estava a roubando, apenas por despeito, já que tirou alguns porta-retratos da parede e pegou suas roupas. Entretanto, eles eram seu. Por direito eram seus, tinha as suas fotos com seu falecido pai. Suas fotos com a irmã. Mas ela não sabia o que se passava na cabeça da mãe para ter certeza de que poderia ou não pega-los. 

Charlotte se sentia estúpida. Idiota. Estava despedaçada por dentro e deixando seu mundo ruim do lado de fora de "sua" casa depois de ser expulsa. Todo o dinheiro que tinha economizado tinha sido investido na droga do sofá novo que chegaria a "sua" casa daqui uns dias. O grande presente de Violet. E ela não tinha dinheiro nem para pedir um carro e levar até a casa de sua amiga. Que grande bosta, Charlotte Bakker!

— Schat...?

A voz a assustou a princípio, até vir novamente e ela voltar os olhos para o portão.

Max estava lá.

Max Emilian Verstappen estava atrás do portão.

Max tinha certeza que se estivesse em uma corrida, havia acabado de fazer a volta mais rápida, já que dobrou na esquina da casa de Charlotte fazendo a traseira do carro quase tombar para o lado. E, quando seus olhos a encontraram parada ao lado da casa, duas malas ao lado e um enorme ponche sobre os ombros, ele teve vontade de voltar em casa apenas para brigar com sua mãe.

O Verstappen abriu o portão, o fazendo bater no muro e apenas a deixou se atirar entre seus braços.

— Eu disse que estaria com você, não disse?

Ele sussurrou contra a cabeça da castanha, os olhos reconhecendo Chloe através da janela, a vendo fechar as cortinas, como se desse para disfarçar o sorriso que ela expunha no rosto apesar disso. E Max agarrou com mais força o corpo da sua garota, beijando a lateral de seu rosto.

— Ela me... Ela...

— Você está segura.

Ele repetiu, não a afastando, apenas a mantendo.

— Sua mãe... Ela... Ela...

— Eu sinto muito, mijn schat! — ele beijou os fios castanhos — Juro que vim correndo quando Victoria me contou... Eu não fazia ideia.

Charlotte afastou o rosto, o pouco de maquiagem que havia posto mais cedo tinha deixado seus olhos em um pequeno borrão e ela toda parecia um desastre. Os lábios trêmulos e a face inchada. E Max ainda assim achava que ela nunca estava menos que perfeita.

— Max, eu nunca quis seu dinheiro. Nunca, nunca, nunca.

— Eu sei.

— Nunca, Emilian. — ela mexeu a cabeça de um lado a outro.

— Eu sei, schat.

— E ele é seu. — ela puxou os braços do piloto, pegando ambas as mãos e colocando em sua barriga — Eu juro a você, o bebê é seu. Eu nunca... Eu nunca o faria assumir um bebê que não é seu e...

— Charlotte. — ele acariciou o relevo pequeno, aproximando o rosto da castanha e encostando sua testa a dela, a sentindo trêmula contra si — Eu sei que ele é meu. Vocês são meus!

Ela levou as mãos de forma automática até a nuca do piloto, o trazendo para perto e encostando os lábios um no outro. Max não se sentiu nem um pouco ofendido pelo fato de Charlotte estar chorando, enquanto eles se beijaram — talvez um pouco. Mas ele a guiou para o carro depois, um olhar nada bom na direção da casa, colocando as malas no banco de trás e ajudando a castanha a colocar o cinto. Qualquer outro dia, Charlotte brigaria com ele por isso, mas naquele apenas fechou os olhos e encostou a cabeça no apoio do banco.

— Vai ficar tudo bem.

Max sussurrou a ela, dando a volta e abrindo a porta do motorista. Seus olhos correram mais uma vez na direção da casa, uma promessa de que nunca mais deixaria sua garota morar naquele lugar e que possivelmente compraria no futuro apenas para colocar fogo, quando seus olhos encontraram a pessoinha. 

Violet estava na janela de seu quarto, os olhinhos parecidos com os de Charlotte os vendo. E Max ergueu a mão, um cumprimento singelo. E ela ergueu a mãozinha e Max sentiu sua garganta sendo fechada, porque estava tirando Charlotte daquela casa monstruosa que expulsava uma grávida e deixando uma criança. Aquilo não parecia certo. E ele apenas se moveu quando ouviu o soluço de sua garota do banco do passageiro.

Na próxima é você. Ele prometeu ao entrar, nem se dando ao trabalho de puxar seu cinto, apenas ligando o carro, quase rindo ao perceber que nem ao menos tinha puxado o freio de mão. E Charlotte acabou descansando o braço no console do meio. 

Depois de alguns minutos dirigindo, Max sentia a palma das mãos soarem com o silêncio. A Bakker esperava que Max não se importasse por estar invadindo o espaço. E a única coisa que o piloto se viu fazendo foi, de forma bem envergonhada, tirar uma das mãos do volante e levar o braço para perto do dela. A mulher olhou para ele, os olhos castanhos fixos no perfil do número 33, quando os dedos mindinhos roçaram-se. 

— O que está fazendo? — Charlotte questionou, sem mexer um músculo se quer, sentindo o seu coração batendo mais forte.

Max deu de ombros., entretanto, fez o próximo movimento. Primeiro enrolando seu anelar e mindinho, antes de tomar todos os cinco e Charlotte precisou piscar algumas vezes para afastar as lágrimas que começaram a se acumular em seus olhos novamente. A palma da mão do loiro estava quente, reconfortante e ela esperava que ele não se importasse com o fato das suas mãos estarem soando pelo contato.

— Eu e vocês?

— Nós e você. — ela acabou concordando, deixando algumas lágrimas caírem.

E Max puxou a mão, deixando um beijo nas juntas.

EXPLICAÇÃO:

¹

ABORTO: Apesar do aborto te sido parcialmente despenalizado, em 1990, podendo ser realizado até às 12 semanas, a mulher e a equipa médica podem ser processadas se os critérios não forem cumpridos à risca, se tiver passado das semanas indicadas.

Fotinho da Char com o motivo de tudo

Talvez ela tenha enfrentado muita coisa

Mas vai valer a pena

É uma pena para Chloe, porque ela perdeu a chance de ver a filha se tornando uma mãe maravilhosa e de conviver com os melhores netos

Mas vida que segue, não?

Muitas coisas aconteceram nesse capítulo

E ele serve de piloto para muitas relações, sendo futuras ou nesse tempo mesmo

O que acharam de Sophie-Marie?

O que acharam da Chloe?

O que estão achando?

Sei que foi um capítulo meio pesadinho... mas tudo melhora

Espero que tenham gostado

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